quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

TRAGÉDIA

Está dificil escrever sem falar do imenso desastre ocorrido no centro do Rio.
Talvez seja mais adequado chamá-lo de milagre e não de tragédia, porque – embora cada ser humano seja um infinito – podem ser 20 e não são duzentos  ou dois mil os mortos nos escombros dos 32 pavimentos desmoronados dos três prédios e na calçada onde despencaram.
É inevitável pensar no que seria se aquilo tivesse ocorrido uma ou duas horas antes.
Este tempo, tão curto, foi imenso nos seus efeitos.
Foi o tempo do acaso ou da Providência, segundo cada um atribui em sua crença ou não-crença.
Mas o tempo pode ser decisão humana.
É aquele que define como agimos em relação ao mundo e às outras pessoas.
E, neste caso, o maior inimigo da sabedoria é o desejo de espetaculosidade.
É a pressa ou a imprudência que, embora seja preciso esperar os fatos e a apuração técnica para fazer juízos, alimentam o risco da tragédia, mesmo quando o milagre faz com que ela não seja tão imensa quanto poderia ser.
A intolerância, o “é órdi”, o desequilíbrio. A falsa inteligência dos que sabem tudo.
Que diferença dos homens simples que passaram esta madrugada removendo pedras com cuidado, não apenas pela esperança de encontrar vivos, mas pelo respeito com o corpo dos mortos.
Que luta contra o ímpeto e o vagar, para buscar, um a um, a todos!
Aqueles homens sabem que cada pessoa tem direito à vida e, se não a tiverem mais, ao cuidado que  ainda assim merece.
Eles não são doutores, eles não sabem citar em latim, não sabem artigos e alíneas.
Mas sabem que,  pobre ou rico, branco ou negro, vivo ou até mesmo morto, cada ser humano merece respeito.
POSTADO POR FERNANDO BRITO

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