quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Lava Jato é para destruir Petrobras e empreiteiras



Lava Jato é para destruir
Petrobras e empreiteiras

Agora é a judicialização do entreguismo. Esses tucanos … – PHA

Conversa Afiada reproduz a partir do Viomundo:


BENAYON: LAVA JATO MANIPULADA PARA DESTRUIR PETROBRAS E EMPREITEIRAS NACIONAIS





por Adriano Benayon, via Desenvolvimentistas

1. Não é hipérbole dizer que o Brasil – consciente disto, ou não – vive momento decisivo de sua História. Se não quiser sucumbir, em definitivo, à condição de subdesenvolvido e (mal) colonizado, o povo brasileiro terá de desarmar a trama, o golpe em que está sendo envolvido.

2. Essa trama – que visa a aplicar o golpe de misericórdia em qualquer veleidade de autonomia nacional, no campo industrial, no tecnológico e no militar – é perpetrada, como foram as anteriores intervenções, armadas ou não, pelas oligarquias financeiras transnacionais e instrumentalizada por seus representantes locais e pelo oligopólio mediático, como sempre utilizando hipocritamente o pretexto de combater a corrupção.

3. Que isso significa? Pôr o País à mercê das imposições imperiais sem que os brasileiros tenham qualquer capacidade de sequer atenuá-las.

4. Implica subordinação e impotência ainda maiores que as que levaram o País, de 1955 ao final dos anos 70, a endividar-se, importando projetos de infra-estrutura, em pacotes fechados, e permitindo o crescimento da dívida externa, através dos déficits de comércio exterior decorrentes da desnacionalização da economia, e em função das taxas de juros arbitrariamente elevadas e das não menos extorsivas taxas e comissões bancárias para reestruturar essa dívida.

5. Ora, a cada patamar inferior a que o Brasil é arrastado, o império o constrange a afundar para degraus ainda mais baixos, tal como aconteceu nas décadas perdidas do final do Século XX.

6. Na dos anos 80 ocorreu a crise da dívida externa, após a qual o sistema financeiro mundial fez o Brasil ajoelhar-se diante de condições ainda mais draconianas dos bancos “credores”.

7. Na dos anos 90, mediante eleições diretas fraudadas em favor de ganhadores a serviço da oligarquia estrangeira, perpetraram-se as privatizações, nas quais se entregaram e desnacionalizaram, em troca de títulos podres de desprezível valor, estatais dotadas de patrimônios materiais de trilhões dólares e de patrimônios tecnológicos de valor incalculável.

8. A Operação Lava-jato está sendo manipulada com o objetivo de destruir simultaneamente a Petrobrás – último reduto de estatal produtiva com formidável acervo tecnológico – bem como as grandes empreiteiras, último reduto do setor privado, de capital nacional, capaz de competir mundialmente.

9. Quando do tsunami desnacionalizante dos 90, a Petrobrás foi das raras estatais não formalmente privatizadas. Mas não escapou ilesa: foi atingida pela famigerada Lei 9.478, de 1997, que a submeteu à ANP, infiltrada por “executivos” e “técnicos” ligados à oligarquia financeira e às petroleiras angloamericanas.

10. Essa Lei abriu a porta para a entrada de empresas estrangeiras na exploração de petróleo no Brasil, com direito a apropriar-se do óleo e exportá-lo, e propiciou a alienação da maior parte das ações preferenciais da Petrobrás, a preço ínfimo, na Bolsa de Nova York, para especuladores daquela oligarquia, como o notório George Soros.

11. Outros exemplos do trabalho dos tucanos de FHC agindo como cupins devoradores – no caso, a Petrobrás servindo de madeira – foram: extinguir unidades estratégicas, como o Departamento de Exploração (DEPEX); desestruturar a administração; e liquidar subsidiárias, como a INTERBRÁS e numerosas empresas da área petroquímica.

12. Como assinalam os engenheiros Araújo Bento e Paulo Moreno, com longa experiência na Petrobrás, a extinção do DEPEX fez que a empresa deixasse de investir na construção de sondas e passasse a alugá-las de empresas norte-americanas, como a Halliburton, a preços de 300 mil a 500 mil dólares diários por unidade.

13. Os próprios dados “secretos” da Petrobrás, inclusive os referentes às fabulosas descobertas de seus técnicos na plataforma continental e no pré-sal são administrados pela Halliburton. Em suma, a Petrobrás é uma empresa ocupada por interesses imperiais estrangeiros, do mesmo modo que o Brasil como um todo.

14. Além disso, a Petrobrás teve de endividar-se pesadamente para poder participar do excessivo número de leilões para explorar petróleo, determinados pela ANP, abertos a empresas estrangeiras.

15. Para obter apoio no Congresso, os governos têm usado, entre outras, as nomeações para diretorias da Petrobrás. Essa política corrupta e privilegiadora de incompetentes, já antiga, é bem-vinda para o império, e é adotada para “justificar” as privatizações: vai-se minando deliberadamente a empresa, e depois se atribui suas falhas à administração estatal.

16. Tal como agora, assim foi nos anos 80 e 90, com a grande mídia, incessantemente batendo nessa tecla, e fazendo grande parte da opinião pública acreditar nessa mentira.

17. Mas as notáveis realizações da Petrobrás são obras de técnicos de carreira, admitidos por concurso – funcionários públicos, como foram os da Alemanha, das épocas em que esse e outros países se desenvolveram. Entretanto, a mídia servil ao império demoniza tudo que é estatal e oculta a corrupção oriunda de empresas estrangeira, as quais, de resto, podem pagar as propinas diretamente no exterior.

18. Para tirar do mercado as empreiteiras brasileiras, as forças ocultas – presentes nos poderes públicos do Brasil – resolveram aplicar, contra essas empresas, a recente Lei nº 12.846, de 01.08.2013, que estabelece “a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira (sic).”

19. Seu art. 2o reza: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.”

20. Como as coisas fluem rapidamente, quando se trata de favorecer as empresas transnacionais, a Petrobrás já cuidou de convidar empresas estrangeiras para as novas licitações, em vez das empreiteiras nacionais.

21. A grande mídia, tradicionalmente antibrasileira, noticia, animada, a possibilidade de se facilitar, em futuro próximo, a abertura a grupos estrangeiros do mercado de engenharia e construção civil, mais uma consequência da decisão, contrária aos interesses do País, de considerar inidôneas as empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato.

22. Recentemente, nos EUA, foi infligida multa recorde, por corrupção, a um grupo francês, a qual supera de longe os US$ 400 milhões impostos à alemã Siemens. Já das norte-americanas, por maiores que sejam seus delitos, são cobradas multas lenientes, e não está em questão alijá-las das compras de Estado.

23. Já no Brasil – país ocupado e dominado, mesmo sem tropas nem bases estrangeiras – somente são punidas empresas de capital nacional. Fica patente o contraste entre um dos centros do império e um país relegado à condição de colônia.

24. Abalar a Petrobrás e inviabilizar as empreiteiras nacionais implica acelerar o desemprego de engenheiros e técnicos brasileiros em atividades tecnológicas. As empreiteiras são importantes não só na engenharia civil, onde se têm mostrado competitivas em obras importantes no exterior, mas também por formar quadros e gerar de empregos de qualidade nos serviços e na indústria, inclusive a eletrônica e suas aplicações na defesa nacional.

25. Elas estão presentes em: agroindústria; serviços de telefonia e comunicações; geração e distribuição de energia; petróleo; indústria química e petroquímica; construção naval. E – muito importante – estão formando a nascente Base Industrial da Defesa.

26. A desnacionalização da indústria já era muito grande no início dos anos 70 e, além disso, foi acelerada desde os anos 90, acarretando a desindustrialização. Paralelamente, avança, de forma avassaladora, a desnacionalização das empresas de serviços.

27. Este é o processo que culmina com o ataque mortal à Petrobrás e às empreiteiras nacionais, e está recebendo mais um impulso através da política fiscal – que vai cortar em 30% os investimentos públicos – e da política monetária que está elevando ainda mais os juros.

28. Isso implica favorecer ainda mais as transnacionais e eliminar maior número de empresas nacionais, sobre tudo pequenas e médias, provedoras mais de 80% dos empregos no País. De fato, só as transnacionais têm acesso aos recursos financeiros baratos do exterior e só elas têm dimensão para suportar os cortes nas compras governamentais.

29. Como lembra o Prof. David Kupfer, a Petrobrás e seus fornecedores respondem por 20% do total dos investimentos produtivos realizados no Brasil. Só a Odebrecht e Camargo Corrêa foram responsáveis por mais de 230 mil empregos, em 2013.

30. A área econômica do Executivo parece não ver problema em reduzir o assustador déficit de transações correntes (mais de US$ 90 bilhões de dólares em 2013), causando uma depressão econômica, cujo efeito, além de inviabilizar definitivamente o desenvolvimento do País, implica deteriorar a qualidade de vida da “classe média” e tornar ainda mais insuportáveis as condições de vida de mais da metade da população, criando condições para a convulsão social.

31. Por tudo isso, há necessidade de grande campanha para virar o jogo, com a participação de indivíduos, capazes de mobilizar expressivo número de compatriotas, e de entidades dispostas a agir coletivamente.

Adriano Benayon é doutor em economia, pela Universidade de Hamburgo, e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.






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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O terror, o Ocidente e a semeadura do caos

Santayana e os espinhos sangrentos da “primavera árabe”

20 de janeiro de 2015 | 13:25 Autor: Fernando Brito
primaveraarabe
É longo como uma aula.
E é cheio de conteúdo como seria uma aula magnífica.
Poucas vezes pôde-se ler, em português, uma análise mais lúcida do que está acontecendo no planeta, nesta  “guerra ao terror” que, afinal, transformou o terror em algo quase onipresente no cenário mundial.
Mas o terror e os protestos contra o terror, como quase tudo neste mundo desigual não é igual entre os homens.
E como quase tudo neste planeta, é criado e manipulado.
Tomo emprestada, portanto, a grande lição de Santayana e a transmito aos leitores, num período em que minha situação pessoal não me tem permitido escrever com regularidade.

O terror, o Ocidente e a semeadura do caos

Há alguns dias, terroristas franceses, ligados, aparentemente, à Al Qaeda, atacaram a redação do jornal satírico parisiense Charlie Hebdo, em represália pela publicação de caricaturas sobre o profeta Maomé.
Doze pessoas foram assassinadas, entre elas alguns dos mais famosos cartunistas e intelectuais do país, e dois cidadãos de origem árabe, um deles, estrangeiro, que trabalhava há pouco tempo na publicação, e um membro das forças de segurança que estava nas imediações.
Logo em seguida, houve, também, outro ataque, a um supermercado kosher na periferia de Paris, em que 4 judeus franceses e estrangeiros morreram.
Dias depois, milhões de pessoas, e personalidades de vários países do mundo, se reuniram nas ruas da capital francesa, para protestar contra o atentado, e se manifestar contra o terrorismo e pela liberdade de expressão.
Na mesma primeira quinzena de janeiro, explodiram carros-bomba, e homens-bomba, também ligados a grupos radicais islâmicos, no Líbano (Beirute), na Síria (Aleppo), na Líbia (Benghazi), e no Iraque (Al-Anbar), com dezenas de mortos, em sua maioria civis.
Mas, como sempre, não seria normal esperar que algum destes fatos tivesse a mesma repercussão do atentado em Paris, capital de um país europeu, ou que a alguém ocorresse produzir cartazes e neles escrever Je suis Ahmed, ou Je suis Ali, ou Je suis Malak, Malak Zahwe, a garota brasileira, paranaense, de 17 anos, que morreu na explosão de um carro-bomba, junto com mais 4 pessoas (20 ficaram feridas), no dia 2 de janeiro, em Beirute.
No entanto, os homens, mulheres e crianças, mortos, todos os dias, no Oriente Médio e no Norte da África, são tão frágeis e preciosos, em sua fugaz condição humana, quanto os que morreram na França, e vítimas dos mesmos criminosos, criados pela onda de radicalização e rápida expansão do fundamentalismo islâmico, nos últimos anos.
Raivosas, autoritárias, intempestivas, numerosas vozes se alçaram, em vários países, incluído o Brasil, para gritar – em raciocínio tão ignorante quanto irascível – que o terrorismo não tem que ser “compreendido” e, sim, “combatido”.
Os filósofos e estrategistas chineses ensinam, há séculos, que sem conhecê-los, não é possível vencer os eventuais adversários, nem mudar o mundo.
Além disso, não podemos, por aqui, por mais que muitos queiram emular os países “ocidentais”, em seu ardoroso “norte-americanismo” e “eurocentrismo”, esquecer que existem diferenças históricas, e de política externa, entre o Brasil, os EUA, e países da OTAN como a França.
Podemos dizer que Somos Charlie, porque defendemos a liberdade e a democracia, e não aceitamos que alguém morra por fazer uma caricatura, do mesmo jeito que não podemos aceitar que uma criança pereça bombardeada pela OTAN no Afeganistão ou na Líbia, ou porque estava de passagem, no momento em que explodiu um carro-bomba, por um posto de controle em Aleppo, na Síria.
Mas é preciso lembrar que, ao contrário da França, nunca colonizamos países árabes e africanos, não temos o costume de fazer charges sobre deuses alheios em nossos jornais, não jogamos bombas sobre países como a Líbia, não temos bases militares fora do nosso território, não colaboramos com os EUA em sua política de expansão e manutenção de uma certa “ordem” ocidental e imperial, e, talvez, por isso mesmo – graças a sábia e responsável política de Estado, que inclui o princípio constitucional de não intervenção em assuntos de outros países – não sejamos atacados por terroristas em nosso território.
As raízes dos atentados de Paris, e do mergulho do Oriente Médio na maior, e, com certeza, mais profunda tragédia de sua história, não está no Al Corão ou nas charges contra o Profeta Maomé, embora estas últimas possam ter servido de pretexto para ataques como o que ocorreu em Paris.
Elas começaram a se tornar mais fortes, nos últimos anos, quando o “ocidente”, mais especificamente alguns países da Europa e os EUA, tomaram a iniciativa de apoiar e insuflar, usando também as redes sociais, o “conto do vigário” da Primavera Árabe em diversos países, com a intenção de derrubar regimes nacionalistas que, com todos os seus defeitos, tinham conquistado certo grau de paz, desenvolvimento e estabilidade para seus países nas últimas décadas.
Inicialmente promovida, em 2011, como “libertária”, “revolucionária”, a Primavera Árabe iria, no curto espaço de três anos, desestabilizar totalmente a região, provocar massacres, guerras civis, golpes de Estado, e alcançar, por meio da intervenção militar direta e indireta da OTAN e dos EUA em vários países, a meta de tirar do poder, a qualquer custo, regimes que lutavam para manter um mínimo de independência e soberania em suas relações com os países mais ricos.
Quando os EUA, com suas “primaveras” – que não dão flores, mas são fecundas em crimes e cadáveres – não conseguem colocar no poder um governo alinhado com seus interesses, como na Ucrânia e no Egito, jogam irmão contra irmão e equipam com armas, explosivos, munições, terroristas, bandidos e assassinos para derrubar quem estiver no comando do país.
O objetivo é destruir a unidade nacional, a identidade local, o Estado e as instituições, para que essas nações não possam, pelo menos durante longo período, voltar a organizar-se, a ponto de tentar desafiar, mesmo que em pequena escala, os interesses norte-americanos.
Foi assim que ocorreu com a intervenção dos EUA e de aliados europeus como a Itália e a França – contra a recomendação de Brasil, Rússia, Índia e China, no Conselho de Segurança da ONU – no Iraque, na Líbia e na Síria.
Durante décadas, esses países – com quem o Brasil tinha, desde os anos 1970, boas relações – viveram sob relativa estabilidade, com a economia funcionando, crianças indo para a escola, e diferentes etnias, religiões e culturas, dividindo, com eventuais disputas, o mesmo território.
Estradas, rodovias, sistemas de irrigação, foram construídos – também com a ajuda de técnicos, operários e engenheiros brasileiros – com os recursos do petróleo, e países como o Iraque chegavam a importar automóveis, como no caso de milhares de Volkswagens Passat fabricados no Brasil, para vender aos seus cidadãos de forma subsidiada.
Na Líbia de Muammar Kadafi, segundo o próprio World Factbook da CIA, 95% da população era alfabetizada, a expectativa de vida chegava, para os homens, segundo dados da ONU, a 73 anos, e a renda per capita e o IDH estavam entre os maiores do Terceiro Mundo, mas esses dados nunca foram divulgados normalmente pela imprensa “ocidental”.
Pode-se perguntar a milhares de brasileiros que estiveram no Iraque, que hoje têm entre 50 e 70 anos de idade, se, naquela época, sunitas e xiitas se matavam aos tiros pelas ruas, bombas explodiam em Basra e Bagdá todos os dias, como explodem hoje, a qualquer momento, também em Trípoli ou Damasco, ou milhares de órfãos tentavam atravessar montanhas e rios sozinhos, pisando nos restos de outras crianças, mortas em conflitos incentivados por “potências” estrangeiras, ou tentavam sobreviver caçando, a pedradas, ratos por entre escombros das casas e hospitais em que nasceram.
São, curdos, xiitas, sunitas, drusos, armênios, cristãos maronitas, inimigos?
Antes, trabalhavam nos mesmos escritórios, viviam nas mesmas ruas, seus filhos frequentavam as mesmas salas de aula, mesmo que eles não tivessem escolhido, no início, viver como vizinhos.
Assim como no caso de hutus e tutsis em Ruanda, e em inúmeras ex-colônias asiáticas e africanas, as fronteiras dos países do Oriente Médio foram desenhadas, na ponta do lápis, ao sabor da vontade do Ocidente, quando da partilha do continente africano por europeus, obedecendo não apenas ao resultado de Conferências como a de Berlim, em 1884, mas também à máxima de que sempre se deve “dividir para comandar”, mantendo, de preferência, etnias de religiões e idiomas diferentes dentro de um mesmo território ocupado pelo colonizador.
Eram Saddam Hussein e Muammar Kadafi, ditadores? É Bashar Al Assad, um déspota sanguinário?
Quando eles estavam no poder, não havia atentados terroristas em seus países.
E qual é a diferença deles e de seus regimes, para os líderes e regimes fundamentalistas islâmicos comandados por xeques e emires, na mesma região, em que as mulheres – ao contrário dos governos seculares de Saddam, Kadafi e Assad – são obrigadas a usar a burka, não podem sair de casa sem a companhia do irmão ou do marido, se arriscam a ser apedrejadas até a morte ou chicoteadas em caso de adultério, e não há eleições, a não ser o fato de que esses regimes são dóceis aliados do “ocidente” e dos EUA?
Se os líderes ocidentais viam Kadafi como inimigo, bandido, estuprador e assassino, por que ele recebeu a visita do primeiro-ministro britânico Tony Blair, em 2004; do Presidente francês Nicolas Sarkozy – a quem, ao que tudo indica, emprestou 50 milhões de euros para sua campanha de reeleição – em 2007; da Secretária de Estado dos EUA, Condoleeza Rice, em 2008; e do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi em 2009?
Por que, apenas dois anos depois, em março de 2011 – depois de Kadafi anunciar sua intenção de nacionalizar as companhias estrangeiras de petróleo que operavam, ou estavam se preparando para entrar na Líbia (Shell, ConocoPhillips, ExxonMobil, Marathon Oil Corporation, Hess Company) esses mesmos países e os EUA, atacaram, com a desculpa de criar uma Zona de Exclusão Aérea sobre o país, com 110 mísseis de cruzeiro, apenas nas primeiras horas, Trípoli, a capital líbia, e instalações do governo, e armaram milhares de bandidos – praticamente qualquer um que declarasse ser adversário de Kadafi – para que o derrubassem, o capturassem e finalmente o espancassem, a murros e pontapés, até a morte?
Ora, são esses mesmos bandidos, que, depois de transformar, com armas e veículos fornecidos por estrangeiros, a Líbia em terra de ninguém, invadiram o Iraque e, agora, a Síria, e se uniram para formar o Estado Islâmico, que pretende erigir uma grande nação terrorista juntando o território desses três países, não por acaso os que foram mais devastados e destruídos pela política de intervenção do “ocidente” na região, nos últimos anos.
Foram os EUA e a Europa que geraram e engordaram a cobra que ameaça agora devorar a metade do Oriente Médio, e seus filhotes, que também armam rápidos botes no velho continente. Serpentes que, por incompetência e imprevisibilidade, depois da intervenção na Líbia, a OTAN e os EUA não conseguiram manter sob controle.
Os Estados Unidos podem, pelo arbítrio da força a eles concedida por suas armas e as de aliados – quando não são impedidos pelos BRICS ou pela comunidade internacional – se empenhar em destruir e inviabilizar pequenas nações – que ainda há menos de cem anos lutavam desesperadamente por sua independência – para tentar estabelecer seu controle sobre elas, seu povo e seus recursos, objetivo que, mesmo assim, nunca conseguiram alcançar militarmente.
Mas não podem cometer esses crimes e esses equívocos, diplomáticos e de inteligência, e dizer, cinicamente, que o fizeram em nome da defesa da Liberdade e da Democracia.
Assim como não deveriam armar bandidos sanguinários e assassinos para combater governos que querem derrubar, e depois dizer que são contra o terrorismo que eles mesmos ajudaram a fomentar, quando esses mesmos terroristas, além de explodir bombas e matar pessoas em Bagdá, Damasco ou Trípoli, todos os dias, passam a fazer o mesmo nas ruas das cidades da Europa ou dos próprios Estados Unidos.
O “terrorismo” islâmico não nasceu agora.
Mas antes da balela mortífera da Primavera Árabe, e da Guerra do Iraque, que levou à destruição do país, com a mentirosa desculpa da posse, por Saddam Hussein, de armas de destruição em massa que nunca foram encontradas – tão falsa quanto o pretexto do envolvimento de Bagdá no ataque às Torres Gêmeas, executado por cidadãos sauditas, e não líbios, sírios ou iraquianos – não havia bandos armados à solta, sequestrando, matando e explodindo bombas nesses 3 países.
Hoje, como resultado da desastrada e criminosa intervenção ocidental, o terror do Estado Islâmico, o ISIS, controla boa parte dos territórios e da sofrida população síria, iraquiana e líbia, e, a partir deles, está unindo suas conquistas em torno da construção de uma nação maior, mais poderosa, e extremamente mais radical do ponto de vista da violência e do fundamentalismo, do que qualquer um desses países jamais o foi no passado.
O ataque terrorista à redação e instalações do semanário francês Charlie Hebdo, e do Mercado Kosher, em Vincennes, Paris, foram crimes brutais e estúpidos.
Mas não menos brutais, e estúpidos, do que os atentados cometidos, todos os dias, contra civis inocentes, entre muitos outros lugares, como a Síria, o Iraque, a Líbia, o Afeganistão.
Quem quiser encontrar as sementes do caos que também atingiram, em forma de balas, os corpos dos mortos do Charlie Hebdo poderá procurá-las no racismo de um continente que acostumou-se a pensar que é o centro do mundo, e que discrimina, persegue e despreza, historicamente, o estrangeiro, seja ele árabe, africano ou latino-americano; e no fundamentalismo branco, cristão e rançoso da direita e da extrema direita norte-americanas, cujos membros acreditam piamente que o Deus vingador da Bíblia deu à “América” do Norte o “Destino Manifesto” de dirigir o mundo.
Em nome dessa ilusão, contaminada pela vaidade e a loucura, países que se opuserem a isso, e milhões de seres humanos, devem ser destruídos, mesmo que não haja nada para colocar em seu lugar, a não ser mais caos e mais violência, em uma espiral de destruição e de morte, que ameaça a sobrevivência da própria espécie e explode em ódio, estupidez e sangue, como agora, em Paris, neste começo de ano.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

“Caracas sem água”por Gabriel García Márquez, em comparação com São Paulo

“Caracas sem água”, por Gabriel García Márquez, em comparação com São Paulo

Por Edison Brito
Lendo o livro de artigos de Gabriel Garcia Márquez, intitulado  “Da Europa e da América – Obra Jornalística 3”, me deparei com um que tem muito a ver com a atual crise hídrica de São Paulo
Escrito em 6 junho de 1958 ele descreve os acontecimentos de uma  cidade que ficou simplesmente sem água.
Então, em vez de um exercício futurístico,  convido-os a se defrontarem com uma realidade “passadística”.
Eis alguns trechos do artigo.
“6 de junho de 1958: Caracas sem água.
Depois de escutar o boletim radiofônico das sete da manhã, Samuel Burkart… foi ao armazém da esquina comprar água mineral para se barbear . Caracas parecia uma cidade fantasma.
 Samuel teve de fazer fila no armazém para ser atendido…o único assunto das últimos quarenta dias e que naquela manhã estourava na rádio e nos jornais … a água acabara em Caracas… As últimas reservas se destinavam aos serviços essenciais. O governo tomava havia 24 horas medidas de extrema urgência para evitar que a população perecesse vítima da sede.
As edições dos jornais, reduzidas a quatro páginas, eram destinadas a divulgar instruções oficiais… e evitar o pânico
…esgotaram em uma hora  o estoque ( de água mineral) do armazém…a venda de suco de frutas e gasosa estava racionada… cada cliente tinha direito à cota-limite de uma lata de suco de frutas e uma gasosa por dia… (Samuel) se barbeou com suco de pêssego.
Uma senhora regando o jardim disse a respeito da necessidade de economizar água: são mentiras dos jornais para meter medo. Enquanto houver água eu regarei minhas flores.
Os bairros pobres ficaram sem água. Nos bairros residenciais se restringiu a água a uma hora por dia.
… a notícia explodiu em toda a largura dos jornais. As reservas de La Mariposa só davam para 24 horas… Burkart, que tinha o hábito da barba diária, não pode sequer lavar os dentes.
Nas ruas, os ratos morrem de sede. O governo pede calma.
Burkart se dirigiu a pé ao seu escritório. Não usou o automóvel  pelo temor de  que esquentasse. Simplesmente não havia água para os automóveis… No centro havia alguns automóveis com motores superaquecidos abandonados pelos proprietários. Os bares e restaurantes não abriram as portas.
… Durante toda manhã caminhões do INOS (a SABESP nossa), com capacidade para vinte mil litros, distribuíram água nos bairros residenciais. Com a colaboração dos caminhões-tanques das empresas petrolíferas, havia trezentos veículos para transportar água até a capital.
A população sedenta, especialmente nos bairros pobres, precipitou-se sobre os carros-pipas e a força pública teve de intervir.
Na praça Estrella,  curiosos assistiam a um espetáculo terrível: de todas as casas saíam  animais enlouquecidos pela sede.
À noite, às dez, foi imposto o toque de recolher
Quarenta e oito horas depois que a estiagem atingiu o ponto culminante, a cidade ficou completamente paralisada. O governo dos Estados Unidos enviou, a partir do Panamá, uma esquadrilha de aviões carregados com barris de água. A força área venezuelana e empresas comerciais que prestam serviço ao país substituíram suas atividades normais por um serviço extraordinário de transporte de água. Os aeroportos de Maiquetiá e la Carlota foram fechados ao tráfego internacional e destinados exclusivamente a essa operação de emergência.
Em Las Mercedes  e em Sabana Grande a polícia interceptou vários caminhões piratas que chegaram a vender clandestinamente o litro de água a vinte bolívares (preço aviltante).
Em San Agustín del Sur o povo se apoderou de outros dois caminhões piratas e repartiu seu conteúdo entre a população infantil.
Os boatos se espalharam. Dizia-se que os parque de Caracas começavam a pegar fogo. Nada se poderia fazer quando o fogo se propagasse.
Outro boato assegurava que á tarde, na velha estrada para Los Teques, uma multidão apavorada que tentava fugir de Caracas sucumbira à insolação. Os cadáveres expostos eram a origem do mau cheiro (na cidade).
Apesar de as autoridades tentarem evitar a desmoralização, era evidente que o estado de coisas não era tão tranquilizador como eles mostravam. Ignorava-se um aspecto importante: a economia. A cidade estava totalmente paralisada. O abastecimento fora reduzido e nas próximas horas faltariam alimentos. Surpreendida pela crise, a população não dispunha de dinheiro vivo. Os armazéns, as empresas, os bancos estavam fechados. As lojas dos bairros começavam a fechar as portas por falta de sortimento.
Às nove da noite,  Burkart abriu portas e janelas, mas se sentiu asfixiado pela secura da atmosfera e pelo cheiro.  Reservou cinco centímetros cúbicos, de seu litro e água, para se barbear… A sede produzida pelos alimentos secos começava a fazer estrago em seu organismo. Dispensara os alimentos salgados. Tomou um gole de água e dormiu. Despertou sobressaltado. Sentiu em todos os andares do prédio, um tropel humano que se precipitava para a rua… Necessitou de vário segundos para se dar conta do que se passava: chovia a cântaros. “
Bem , é evidente que os tempos são outros.  A tecnologia mudou. Mas, como se pode ver, contamos apenas com o fator chuva.
Apesar de todos os alertas não existiu, por parte do governo Alckmin, um trabalho de conscientização em relação ao uso de água. Um pano B durante estiagem. Não há nada. A não ser ações na bolsa de valores de NY.

Imagens

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Pedra ficará sob pedra ?

MPF prende Cerveró.
Pedra ficará sob pedra ?

Dr Janot, zé, de quem é o jatinho ? E o pó, de quem é ?
Saiu na Agência Brasil:

EX-DIRETOR DA PETROBRAS É PRESO PELA POLÍCIA FEDERAL


A Polícia Federal (PF) prendeu, nas primeiras horas da madrugada de hoje (14), o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, quando o executivo desembarcava no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, procedente de Londres, na Inglaterra.

Cerveró passou toda a madrugada em uma sala especial determinada pela PF nas dependências do terminal aeroportuário, de onde seguiu em avião de carreira para Curitiba, onde estão presos outros acusados de participar da Operação Lava Jato.

Em nota divulgada na madrugada, o Ministério Público Federal (MPF) informou que foi cumprido mandado de prisão preventiva contra o executivo, uma vez que havia indícios de que ele “continua a praticar crimes e a a transferir bens a seus familiares”.

Navalha
Conversa Afiada se rejubila com a eficiência e a presteza do Ministério Público e da Polícia Federal do zé.
A Presidenta Dilma pode ficar tranquila, porque, como ela exigiu na campanha, não ficará pedra sobre pedra.
A ação dessa madrugada leva a crer que, breve, a PF do zé e o Ministério Público do Dr Janot agirão com a mesma eficiência sobre:
- os tucanos gordos que infestam a Lava Jato;
- o esclarecimento definitivo sobre a propriedade do helicóptero do pó e a propriedade do pó propriamente dito;
- quem é o dono do jatinho do Eduardo Campos e da Bláblárina?
- o que o Youssef fazia com o Eduardo Campos e o Fernando Bezerra, em Pernambuco?;
- e a denúncia sobre o esquema montado em Minas para levantar dinheiro para as campanhas do Aécio? O MPF investiga. Já descobriu alguma coisa? Vai um dia descobrir? Terá a coragem de denunciar e indiciar?
- o que fazem a PF e o MPF junto ao Supremo para apressar a legitimação da Castelo de Areia, que esconde tucanos gordos, e a Satiagraha, que esconde tucanos obesos?
A PF e o MP estão interessados em respeitar seu patrimônio profissional, empenhado na Castelo e na Satiagraha?
(Como se sabe, a Castelo repousa nas mãos do Ministro Barroso, e a Satiagraha receberá, breve, o voto do Ministro Fux, relator do Recurso Extraordinário 680967.
Se as pedras continuarem a cobrir a Castelo e Satiagraha, que valor moral e político terá a Lava Jato ?)
Vai ficar pedra sob pedra, Dr Janot?
Ou prender suspeitos de madrugada ao chegar do exterior é um privilégio só daqueles que desgastam a imagem da Presidenta Dilma?
O MP é Republicano, como a Dilma foi?
Ou o MP tem lado?
É irremediavelmente o MPF do Gurgel, de saudosa memória?
O MPF é uma das pedras que não se reviram?
Em tempo:
Clique aqui para ler sobre o papel do Ministério Público Federal na montagem da arquitetura política que levou à denuncia do Ali Babá e os 40 ladrões e, por extensão, ao mensalão do PT.
Sim, porque o do PSDB dissolveu-se como um picolé ao sol.
A Justiça lembra muito o PiG, na forma de tratar os impunes tucanos – por isso faltam água e luz em São Paulo. Um dia, faltará à Justiça também – água e luz?




Em tempo do amigo navegante Luiz Antonio :

PHA, por falar em mídia nacional, no quesito “assuntos palpitantes do momento atual”, li em O GLOBO de ontem, na pág. 03 do primeiro caderno, que o “ex-governador e senador eleito” de Minas Gerais, Antonio Anastasia revela-se surpreendido e magoado com a acusação absurda de ter recebido R$ 1 milhão em 2010, tanto assim que vai solicitar audiência ao Presidente do STF para pedir providencias quanto ao vazamento e as próprias acusações, tidas pelo político mineiro com totalmente infundadas.

Voltando um pouco no tempo, já em vigência de “delações premiadas da Lava Jato”, ocorre-me perguntar: Quanto aos R$ 10 milhões que P. R. Costa afirma (segundo seletivo vazamento!) ter pago ao então Senador e Presidente do PSDB, Sérgio Guerra, no fim de 2009 para abafar a CPI da Petrobrás em curso no Senado Federal, seria de bom alvitre que se esclarecesse o curso deste montante no âmbito do PSDB, incluindo-se aí os possíveis destinatários, todos eles certamente em campanha eleitoral (2010), Aécio Neves e Antonio Anastasia entre estes.

Ou será que a exemplo de Bob Jefferson que se negou a explicar o destino de R$ 4 milhões recebidos do PT em 2002/2003, tb o PSDB se reservará o direito de não detalhar os destinos da bufunfa recebida pelo falecido Sérgio Guerra?

Assim como o PSB não explica quem era o dono do jatinho…..e a PF do Zé Cardoso fica aí fazendo cara de paisagem!!!!!



Paulo Henrique Amorim