Eu aqui, Polaco completamente Doido e pirado, gosto muito de escrever. Gosto tanto que escrevo quase todo dia. Se escrevo bem ou mal, não vem ao caso, o caso é que escrever me serve como uma válvula de escape, uma catarse. Gosto muito de escrever sobre religião e principalmente as presepadas e incoerências da igreja católica. Só não o faço com mais freqüência, em respeito a meu irmão, Paulinho, um dos seis leitores deste blog e também um cara que, apesar de ser “modernoso,” não aprecia muito as críticas ao catolicismo e ao suposto deus criador de tudo.
Paulinho, dessa vez não dá para segurar, se não quiser ficar puto mais uma vez, pare por aqui.
Como já deu para perceber ao longo de todo este ano de existência do blog, o cara que posta textos aqui é um polaco, além de polaco é doido sim, comprovadamente doido. Um polaco doido, criado no Bairro Santa Cândida, na cidade de Curitiba e que viveu a maior parte de sua vida ao lado e participando ativamente das atividades da igreja católica apostólica romana.
Fui Batizado, comungado, crismado. Já fui coroinha, participei de grupos de oração e debates, conheço razoavelmente bem as “sagradas” escrituras, participei de inúmeros retiros espirituais e conheço também muitos dos dogmas da doutrina católica.
É claro que nunca participei destas atividades por vontade própria, desde muito cedo a família impunha esta participação nas atividades da igreja e “deusolivre” se o polaco aqui faltasse um final de semana da missa, era capaz da vovó ter um chilique.
Ah! Se a vovó estivesse viva e soubesse que seu netinho virou comunista e ateu, provavelmente me deserdaria mais uma vez.
Nestes tempos de “pseudo-cristão” conheci os mais variados tipos de fiéis:
Existem aqueles carolas cegos que acreditam em tudo que o padre ou pastor prega sem nunca questionar, são os mais facilmente enrolados e quase todos debandaram e tornaram-se crentes neo-pentecostais.
Existem os carolas bunda-moles, eles se questionam sobre as doutrinas da igreja e este questionamento já mostrou que é muito improvável a existência do deus phodão, mas na dúvida e com o medo de arder no mármore do inferno eles aceitam como cordeirinhos todas as doutrinas da igreja.
Existe o carola torcedor, para ele a única religião que presta é a dele e todos os outros estão fudidos, não importa no que os outros crêem ou como vivem, se não acreditarem no mesmo que ele,vão agüentar uma eternidade no inferno. (tenho um amigo assim que me excluiu de todos os círculos por causa
deste textozinho que mandei para ele)
E tem o carola Maria-vai-com -as-outras, como gado, só seguem o movimento da maré.
Ainda existem fiéis fiéis, dizimistas e crentes incondicionais das doutrinas de Roma, mas eles são muito raros e estão em avançado processo extinção.
Nestes anos de convivência com católicos ainda aprendi muitas coisinhas muito mais interessantes.
Os ban ban bans da comunidade, aqueles cristãos acima de qualquer suspeita, líderes da comunidade e maiores fieis seguidores de Cristo adotavam posturas não tão “cristãs” na vida em comunidade.
Não foram raras vezes que vi senhoras da caridade embolsando as melhores prendas doadas para os bingos e mais de uma vez, vi a bicicleta ou o Atari doado para a rifa ou bingo ir parar nas mãos do filhote da senhora de caridade.
Ou então o assalto no caixa da quermesse ou festa da padroeira para bancar o cachorro-quente e o refrigerante da patotinha ou o cinema com a moçada.
As bolas, redes e equipamentos esportivos que seriam doados para a caridade, que misteriosamente iam parar nas mãos do grupo de jovens da igreja.
Grupo de jovens que era um caso a parte. Era para ser um grupo de jovens cristão, com foco no conhecimento, na caridade e no benefício e inclusão de todos os jovens cristãos da região, não apenas em benefício dos filhotes dos ban ban bans. Na prática, era um grupo excludente onde os membros estavam lá apenas para “pegar” as mais bonitinhas e humilhar os excluídos. Eu fiz parte disso e me arrependo profundamente por isso.
E o vigário que tinha conhecimento de todas estas falcatruas, não dizia e nem fazia nada, apenas fazia vistas grossas para estas atividades não “tão” cristãs.
É evidente que esta época ajudou a formar meu caráter e hoje sou um ex-católico, ateu e com sérias tendências comunistas. Não um comunista que defende a linha stalinista ou as ditaduras da China ou da Coréia do Norte, estas são deturpações do ideal comunista, um verdadeiro ideal comunista prega a igualdade entre todos os cidadãos do mundo e onde não existam diferenças entre sexos, raça, cor, origem, preferência sexual ou religião. Um ideal onde a pessoa é medida por aquilo que ele ou ela é e não, por aquilo que possui, pelos bens de consumo ou dinheiro que tem. Um ideal que coloca em primeiro lugar sempre a pessoa e a dignidade humana e não o capital e a capacidade de enriquecimento.
Portanto, nem fiquei tão chocado com o
vídeo do padre Paulo Ricardo afirmando que todos aqueles que de alguma maneira apóiam ideais comunistas são automaticamente excomungados. Ou seja, se você votou em Lula ou Dilma já foi excomungado. Se você deseja uma sociedade mais justa e igualitária, também já foi excomungado.
Ser excomungado pela igreja católica é ser expulso da comunidade católica, o excomungado não pode mais freqüentar os espaços da igreja, não pode mais receber nenhum dos sacramentos e perde completamente a sua ligação com deus, que é exercida pela igreja e pelos padres. Ser excomungado é uma das condenações mais pesadas da igreja.
Ora, é mais do que lógico que ele e outros tantos defendam estes pontos de vista, afinal a igreja católica e todas as outras igrejas e religiões são instituições que dependem do estado e do cidadão para sobreviver.
Os nativos do Brasil viviam muito bem em suas comunidades sem classes sociais, sem posses e sem propriedade até que os europeus chegaram por aqui com seus padres a tira-colo.
Se a igreja Católica Apostólica Romana não tivesse se vendido ao fascismo de Mussolini, ao nazismo de Adolf Hitler e depois ao neoliberalismo de Thatcher e Reagan, teria sobrevivido como instituição religiosa durante desenrolar de todo século 20?
Não, tenho certeza que não.
A igreja romana trocou o apoio de seus fieis a Mussolini, pelos benefícios do
tradado de Latrão. A igreja romana apoiou e ocultou as atrocidades do regime Nazista e esteve a lado de Hitler até seus últimos momentos (os dois últimos pedidos de Hitler foram os sacramentos do matrimônio e da extrema-unção). O muro de Berlin só caiu, levando consigo a União Soviética, graças ao trabalho do Papa João Paulo II.
Então, mesmo sendo ateu e apesar de ter o benefício da dúvida sobre a existência, ou não, de um criador, um deus onipotente e onisciente que reserva o paraíso a seus escolhidos. Quero mais que o padre Paulo Ricardo, o Santo Ofício e o Papa que escreveu que todos os comunistas e simpatizantes são automaticamente excomungados, vão todos para a puta que os pariu.
Se existe mesmo um deus phodão, criador de tudo, onipotente, onisciente e onipresente, que determina quem vai ou não para o inferno, eu não tenho nenhum receio em convidar este padreco o santo ofício e o papa para irem todos comer um delicioso container de bosta!
E faço isso com a consciência limpa, sem nenhum receio de responder por isso numa improvável vida além vida!
Sem muita pretensão, um pouco de tudo