domingo, 11 de dezembro de 2011

A Fila Anda.

Breves litorâneas


De uma senhora bem vestida e com excesso de maquiagem na fila da feijoada em um restaurante da orla de Santos:

“Assim não é possível. Antigamente conhecia todas as pessoas da fila, agora não conheço ninguém. É tudo gente diferente, desconhecida, não dá nem pra gente puxar uma conversa. Onde que vamos parar meu Deus?..

De um senhor de meia idade no deque dos pescadores, ao divisar um transatlântico lotado de passageiros postados no alto tirando fotos:

“Tudo farofeiro. Não dá mais para viajar nesses navios. Agora só da farofeiro. Gente mal vestida e de hálito ruim. Não sabem nem se comportar a mesa”.

Na fila do caixa da padaria, alguém com a revista Veja na mão:

“Tudo aumenta e eles dizem que não tem inflação”. Com os olhos busca alguma alma solidária que endosse suas críticas ao governo.

A resposta veio, mas não como ele gostaria:

“Amigo, não sei quem é o senhor e nem de onde é. Mas eu vivi na época em que a inflação era 60 por cento ao mês. Tenha santa paciência...

Alguns clientes sorriem, outros fecham a cara.


Lentamente, a fila vai andando.

Postado por Georges Bourdoukan
 
Um vídeo para amaciar o Domingo:
 

 

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