Observações sobre os fatos do cotidiano. Uma pitada de bom humor extraída das vinculações da mídia e blogosfera. ESTE BLOG TEM LADO. FICA À ESQUERDA.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Feliz Ano Novo
O Linguarudo agradece a todos que visitaram o blog em 2011. Que 2012 seja de muita paz e saúde. Estaremos juntos em 2012 para continuar a batalha.
Voltaremos dentro de poucos dias após umas merecidas férias.
Informo que abaixo das postagem existe a opção "comentário". Os leitores podem usar à vontade.
BOM ANO A TODOS!
2012
2012
O nosso maltratado planeta
aguarda ansiosamente
que a humanidade encontre o seu caminho
Sem explorados e sem exploradores
Sem oprimidos e sem opressores
Uma só humanidade
Independente de nossas crenças
ou de nossas verdades
Georges Bourdoukan
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
CORDEL sobre o livro PRIVATARIA TUCANA.
PRIVATARIA TUCANA
E agora nem resta pó
Pois tudo na luz do dia
Está tão claro e exposto
E o que ninguém sabia
Surge revelado em livro
Sobre a tal privataria.
Amauri Ribeiro Junior
Um jornalista mineiro
Em mais de 300 páginas
Apresenta ao mundo inteiro
A nobre arte tucana
De assaltar o brasileiro
Pondo o Brasil à venda
Ao capital estrangeiro.
Expondo a crua verdade
Do Brasil privatizado
O livro do jornalista
Não deixa ninguém de lado
Acusa Fernando Henrique
Gregório Marin Preciado
Serra e suas mutretas
E o assalto ao Banestado.
Revelando em detalhes
Uma quadrilha em ação
O relato jornalístico
Destrói logo a ficção
De que político tucano
É homem de correção
Mostrando que entre eles
O que não falta é ladrão.
Doleiros e arapongas
Telefone grampeado
Maracutaias financeiras
Lavagem por todo lado
Dinheiro que entra e sai
Além de sigilo quebrado
Obra de gente tucana
Na privatização do Estado.
Parece mas não é
Ficção esse relato
Envolvendo tanta gente
E homens de fino trato
Que pra roubar precisaram
Montar um belo aparato
Tomando pra si o Estado
Mas hoje negam o fato.
Tudo isso e muito mais
Coisas de uma gente fina
Traficantes de influência
E senhores da propina
Mostrando como se rouba
Ao pivete da esquina
E a cada negócio escuso
Ganhando de novo na quina.
Se tudo isso não der
Pra tanta gente cadeia
Começando por Zé Serra
Cuja conta anda cheia
O Brasil fica inviável
A coisa fica mais feia
Pois não havendo justiça
O povo se desnorteia
Com CPI já pensada
Na câmara dos deputados
Não se fala outra coisa
No imponente senado
Onde senhores astutos
E tão bem engravatados
Sabem que o bicho pega
Se tudo for investigado.
Por isso, temos tucanos
Numa total caganeira
No vaso se contorcendo
Às vezes a tarde inteira
Mesmo com a velha mídia
Sua indiscreta parceira
Pelo silêncio encobrindo
Outra grande roubalheira.
São eles amigos da Veja
Da Folha e do Estadão,
Da Globo e da imprensa
Que distorce a informação
Blindando tantas figuras
Que tem perfil de ladrão
Mostrando-os respeitáveis
Como gente e cidadão.
Pois essa mídia vendida
Deles eterna parceira
E que se diz democrática
Mas adora bandalheira
Ainda não achou palavras
E silenciosa anda inteira
Como se fosse possível
Ignorar tanta sujeira.
Ela que tanto defende
A liberdade de imprensa
Mas somente liberdade
Pra dizer o que compensa
Não ferindo interesses
Tendo como recompensa
Um poder exacerbado
Que faz toda a diferença.
Mas neste livro a figura
Praticamente central
Sujeito rei das mutretas
Um defensor da moral
É o impoluto Zé Serra
Personagem que afinal
Agora aparece despido
Completamente venal.
É o próprio aparece
Sem retoque nem pintura
Tramando nos bastidores
Roubando na cara dura.
É o Zé Serra que a mídia
Esconde e bota censura
Para que o povo não veja
A sua trágica feiúra.
E ele sabe e faz tudo
No reino da malandragem
Organiza vazamentos
Monta esquema de lavagem
Ensina a filha e o cunhado
As artes da trambicagem
E como bandido completo
Tenta preservar a imagem.
Mas agora finalmente
Com a casa já no chão
E exposta em detalhes
Tão imensa podridão
Que nosso país invadiu
Com a privatização
Espera-se que Zé Serra
Vá direto pra prisão.
E pra não ficar sozinho
Que ele vá acompanhado
Do Fernando ex-presidente
Mais o genro dedicado
Marido da filha Mônica
E outro homem devotado
Ricardo Sergio Oliveira
E também o Preciado.
Completando o esquema
Deixando lotada a prisão
Ainda cabe o Aécio
Jereissati e algum irmão
Nunca esquecendo o Dantas
Que só rouba de bilhão
E traz guardado no bolso
O tal Gilmar canastrão.
Como estamos em época
De Comissão da Verdade
Que se investigue a fundo
E não se tenha piedade
Dos que usaram o Estado
Visando a finalidade
De praticar tanto crime
E ficar na impunidade.
Tanto roubo descarado
Provado em documento
Não pode ser esquecido
E ficar sem julgamento
Pois lesou essa nação
Provocando sofrimento
A quem sofre e trabalha
Por tão pouco vencimento.
Que o livro do Amauri
Maior presente do ano
Seja lido e comentado
Sem reservas nem engano
Arrebentando o esquema
Desse grupo tão insano
Abrindo cela e cadeia.
Pra todo bandido tucano.
Silvio Prado
Diretor Estadual da APEOESP
Caiu a casa tucana
Do jeito que deveriaE agora nem resta pó
Pois tudo na luz do dia
Está tão claro e exposto
E o que ninguém sabia
Surge revelado em livro
Sobre a tal privataria.
Amauri Ribeiro Junior
Um jornalista mineiro
Em mais de 300 páginas
Apresenta ao mundo inteiro
A nobre arte tucana
De assaltar o brasileiro
Pondo o Brasil à venda
Ao capital estrangeiro.
Expondo a crua verdade
Do Brasil privatizado
O livro do jornalista
Não deixa ninguém de lado
Acusa Fernando Henrique
Gregório Marin Preciado
Serra e suas mutretas
E o assalto ao Banestado.
Revelando em detalhes
Uma quadrilha em ação
O relato jornalístico
Destrói logo a ficção
De que político tucano
É homem de correção
Mostrando que entre eles
O que não falta é ladrão.
Doleiros e arapongas
Telefone grampeado
Maracutaias financeiras
Lavagem por todo lado
Dinheiro que entra e sai
Além de sigilo quebrado
Obra de gente tucana
Na privatização do Estado.
Parece mas não é
Ficção esse relato
Envolvendo tanta gente
E homens de fino trato
Que pra roubar precisaram
Montar um belo aparato
Tomando pra si o Estado
Mas hoje negam o fato.
Tudo isso e muito mais
Coisas de uma gente fina
Traficantes de influência
E senhores da propina
Mostrando como se rouba
Ao pivete da esquina
E a cada negócio escuso
Ganhando de novo na quina.
Se tudo isso não der
Pra tanta gente cadeia
Começando por Zé Serra
Cuja conta anda cheia
O Brasil fica inviável
A coisa fica mais feia
Pois não havendo justiça
O povo se desnorteia
Com CPI já pensada
Na câmara dos deputados
Não se fala outra coisa
No imponente senado
Onde senhores astutos
E tão bem engravatados
Sabem que o bicho pega
Se tudo for investigado.
Por isso, temos tucanos
Numa total caganeira
No vaso se contorcendo
Às vezes a tarde inteira
Mesmo com a velha mídia
Sua indiscreta parceira
Pelo silêncio encobrindo
Outra grande roubalheira.
São eles amigos da Veja
Da Folha e do Estadão,
Da Globo e da imprensa
Que distorce a informação
Blindando tantas figuras
Que tem perfil de ladrão
Mostrando-os respeitáveis
Como gente e cidadão.
Pois essa mídia vendida
Deles eterna parceira
E que se diz democrática
Mas adora bandalheira
Ainda não achou palavras
E silenciosa anda inteira
Como se fosse possível
Ignorar tanta sujeira.
Ela que tanto defende
A liberdade de imprensa
Mas somente liberdade
Pra dizer o que compensa
Não ferindo interesses
Tendo como recompensa
Um poder exacerbado
Que faz toda a diferença.
Mas neste livro a figura
Praticamente central
Sujeito rei das mutretas
Um defensor da moral
É o impoluto Zé Serra
Personagem que afinal
Agora aparece despido
Completamente venal.
É o próprio aparece
Sem retoque nem pintura
Tramando nos bastidores
Roubando na cara dura.
É o Zé Serra que a mídia
Esconde e bota censura
Para que o povo não veja
A sua trágica feiúra.
E ele sabe e faz tudo
No reino da malandragem
Organiza vazamentos
Monta esquema de lavagem
Ensina a filha e o cunhado
As artes da trambicagem
E como bandido completo
Tenta preservar a imagem.
Mas agora finalmente
Com a casa já no chão
E exposta em detalhes
Tão imensa podridão
Que nosso país invadiu
Com a privatização
Espera-se que Zé Serra
Vá direto pra prisão.
E pra não ficar sozinho
Que ele vá acompanhado
Do Fernando ex-presidente
Mais o genro dedicado
Marido da filha Mônica
E outro homem devotado
Ricardo Sergio Oliveira
E também o Preciado.
Completando o esquema
Deixando lotada a prisão
Ainda cabe o Aécio
Jereissati e algum irmão
Nunca esquecendo o Dantas
Que só rouba de bilhão
E traz guardado no bolso
O tal Gilmar canastrão.
Como estamos em época
De Comissão da Verdade
Que se investigue a fundo
E não se tenha piedade
Dos que usaram o Estado
Visando a finalidade
De praticar tanto crime
E ficar na impunidade.
Tanto roubo descarado
Provado em documento
Não pode ser esquecido
E ficar sem julgamento
Pois lesou essa nação
Provocando sofrimento
A quem sofre e trabalha
Por tão pouco vencimento.
Que o livro do Amauri
Maior presente do ano
Seja lido e comentado
Sem reservas nem engano
Arrebentando o esquema
Desse grupo tão insano
Abrindo cela e cadeia.
Pra todo bandido tucano.
Silvio Prado
Diretor Estadual da APEOESP
A revolução que os tucanos e o PIG( Partido da Imprensa Golpista )ainda não viram
Minha Casa: a revolução
que os tucanos ainda não viram
- Publicado em 28/12/2011
- | Imprima |
Saiu no Blog do Planalto a noticia sobre a inclusão de idosos e pessoas com deficiência no programa Minha Casa Minha Vida:
http://blog.planalto.gov.br/novas-regras-do-minha-casa-minha-vida-preveem-unidades-para-idosos-e-pessoas-com-deficiencia/
O jornal Brasil Econômico publica nesta quarta-feira o caderno especial “Desenvolvimento Social”, dedicado ao programa Minha Casa Minha Vida – Aqui para ir ao site
Lançado em 2009, o programa terá R$ 12 bilhões em subsídios este ano.
Já contratou 1 milhão 400 mil unidades habitacionais.
Já entregou 521 mil.
Está para entregar 884 mil.
Das unidades contratadas, 542 mil foram para famílias com renda até R$ 1.600, a chamada “faixa 1”.
Nessa faixa estão 21% do total dos desembolsos do programa.
O objetivo é construir 3 milhões de unidades até 2014.
Na fase 2 do programa, as casas tem que ter azulejos em todas as paredes da cozinha e do banheiro, piso cerâmico em todos os cômodos e energia solar para aquecimento da água.
Nas casas, a área construída passou de 35 metros para 39,6 metros quadrados.
No caso de apartamentos, de foi de 42 para 45,5 metros quadrados.
O maior obstáculo ao programa não é dinheiro.
Até porque o Banco do Brasil vai entrar firme no financiamento habitacional, inclusive com o Banco Postal.
O maior obstáculo é conseguir terreno para construir imóveis para a faixa 1 nas grandes cidades.
Segundo a Secretaria Nacional de Habitação do Ministerio das Cidades, Inês Magalhaes, a Presidenta Dilma Rousseff cobra muito, “principalmente a contratação na classe mais baixa de renda”.
O PiG (*), sempre mais atento, já teve uma leve ideia do alcance politico do Minha Casa.
Por isso, volta e meia, diz que o Programa encalhou, não cumpre o que promete, não saiu do papel, só tem roubalheira, que as casas desabam, falta água na pia da cozinha etc etc etcOs tucanos ainda não chegaram lá.
E ainda vão demorar a chegar, até que se destruam na batalha de morte entre Cerra e Aécio, incentivada pelo Privataria Tucana.
Ao tem muita importância, porque, afinal, o PiG É a VERDADEIRA Oposição.
Mas, um dia, eles vão se dar conta da profundidade da questão.
Primeiro, o efeito indutor da construção civil na economia.
Quando a construção civil vai tudo vai.
Segundo, o efeito político da transformação do locatário em proprietário.
Do favelado em morador de uma casa digna.
O proprietário que vai deixar o imóvel de herança, usá-lo para comprar um maior, ou dar de garantia na abertura de um negócio, torna-se um sócio do sistema.
Não quer ver a canoa virar.
E quer regras fixas, estáveis, porque assumiu compromisso de 30 anos para pagar.
Na China, a transformação de locatários em proprietários teve um efeito político central, na reforma de Deng Xiao Ping.
Isso não significa necessariamente que o novo proprietário vá votar com o Governo.
Não.
Significa até que ele vai ficar mais conservador.
Um agente da estabilidade politica e econômica.
Ele entra para a classe média proprietária e pode, até, ser recrutado pelo neofascismo, como aconteceu na Italia de Berlusconi.
Mas, o jogo começou, no Brasil, a favor da dupla Nunca Dantes – Dilma.
Para a Oposição – quer dizer, o PiG – entrar nesse eleitor … vai ter que rebolar.
É uma pena que a Dilma faça tanto e a gente não saiba, como aconteceu com tudo o que fez em 2011 – Aqui para ler
Mas, isso é um problema entre ela e o Bernardo.
O que se tenta dizer, aqui, apenas, é que o Minha Casa é o maior programa de investimento em casa popular do mundo.
Faz uma dessas revoluções silenciosas do Brasil de Nunca Dantes e Dilma, e a oposição não percebe.
Quando perceber, 2014 já passou.
Também, não é para menos.
O Amaury tirou o Norte do PSDB.
Paulo Henrique Amorim
Terra de palmeiras e sabiás
O futuro previsto já bate à nossa porta.
Desde há muito tempo, vários pensadores referiam-se a esta terra de palmeiras e sabiás como “O País do Futuro.”
Mas somente depois de quase 500 anos de um colonialismo selvagem e extrativista.
Depois de incontáveis gerações de coronéis, senhores da casa grande e senzalas.
Depois de golpes e uma ditadura que apenas adiou o sucesso.
E principalmente, depois de Demos e Tucanos que comandados por FHC e José Serra, dilapidaram em forma de privataria, quase todo patrimônio da nação.
Finalmente esta terra faz jus a grandiosidade de seu povo.
Não, esta terra não é mais, apenas o país do futebol, das florestas, das belezas naturais e dos índios,
Hoje podemos estufar o peito e dizer que somos sim gigantes, a sexta economia mundial. Atrás, por enquanto, apenas de EUA, China, Japão, Alemanha e França.
E este fato não se deve ao desmanche do estado ou ao estado mínimo. Nem a abertura do mercado por Collor. Muito menos a megalomania dos ditadores militares. E muito pouco ao agronegócio e multinacionais, que aqui se instalaram movidas por incentivos fiscais descabidos, mão de obra barata e fartura de recursos.
Foi preciso que um retirante vindo de Garanhuns assumisse as rédeas da nação, que ele, humilde e simples como seu povo, encarasse os poderosos internacionais diretamente nos olhos e não baixasse a cabeça e nem tirasse os sapatos na presença deles, para que finalmente, esta mistura de raças, credos e culturas que falam uma mesma língua comum, hoje tenham orgulho de dizer que são BRASILEIROS, brasileiros de qualquer lugar!
Em apenas nove anos, deixamos de ser simples atores coadjuvantes do palco global, para nos tornarmos protagonistas da história atual.
Claro que é um bom motivo para se comemorar, mas comemorar com os pés no chão e com visões coerentes do futuro. Afinal ainda a muito que fazer.
É preciso diminuir muito das desigualdades regionais e sociais.
É preciso distribuir coerentemente toda esta riqueza.
É preciso recuperar o patrimônio roubado durante toda história e principalmente, no final do século passado.
É preciso acabar com a especulação financeira e a fuga do capital, proporcionada por esta taxa de juros descabida, fruto de estratégias econômicas ultrapassadas do final do século passado.
E principalmente, é preciso investir, investir muito!
É preciso investir em infra-estrutura.
É preciso investir em todos os níveis de educação.
É preciso investir e criar tecnologias em todas as áreas possíveis.
É preciso energia, muita energia e que ela venha de todas as formas e tecnologias possíveis.
É preciso preparar e formar os trabalhadores de hoje e do amanhã.
E também, é preciso investir nas nossas forças armadas, não pensando em tornar-se uma potência belicista, não temos histórico para isso, mas apenas para garantir nossa própria soberania, pois sem soberania, voltaremos facilmente a ser o que sempre fomos, apenas uma colônia, massacrada e sugada pelos donos do mundo.
Por fim, é preciso ficar muito atento com o grupo que está fora do comando da nação desde 2002 e que hoje apregoam seu moralismo de butique. Fantasiados com sua fala mansa, suas aparências impecáveis e seu suposto sangue azul.
Eles posam de bons moços, mas não passam de serviçais do capital e do poder estrangeiro, sedentos apenas das benesses de seus conchavos e da vendilhança.
Eles estão por aí e farão de tudo para enganar você.
Polaco Doido
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
CRÔNICA - Amizades vivas
Amizades vivas
Domingos Pellegrini
Encontrei o Zan no velório do Lan, e rimos da rima. Depois ficamos olhando o caixão
, e Zan falou, pois é:
– O Lan era mais novo que eu e...
Rimos de novo, e então chegou o Chico, que a gente não via desde o velório do Tonho. Pois é, falei, a gente só se vê em velório...Ainda bem que não é uma fila, falei, é uma loteria. E podia ser pior: a ordem podia ser pela rima...
Daí chegou o Valter, cumprimentando friamente, mas o Valter sempre foi meio arredio antes do segundo copo. Rimos lembrando de suas famosas bebedeiras, ele ouviu silencioso e depois disse que hoje só pode beber água.
– E sem gelo.
Zan disse que é uma pena a gente nunca mais ver o Valter 2, aquele palhaço em que o Valter se transformava depois do segundo copo. Valter continuou olhando o caixão.
Chegou o Irineu, que tem esse nome mas é nissei; e, depois de olhar o Lan, disse que tinha uma ideia para depois do enterro:
– Vamos beber saquê, eu convido.
Enterramos o Lan, debaixo de um sol de pingar suor do nariz, depois fomos para a mercearia do Irineu. Ele disse à mulher para tomar conta sozinha, ele estaria se dedicando a reavivar amizades, e cortou pepinos, tomates e salsão, temperou só com sal e azeite, “por recomendação médica”. Botou uma mesa com cadeiras na calçada e abriu duas garrafas de saquê. Perguntamos porque duas, ele apontou o Valter, que repetiu não beber mais, mas pegou uma dosinha “só pra experimentar”.
Quando virou Valter 2 depois da segunda dose, passamos a rir tanto que os fregueses da mercearia estranhavam, a mulher de Irineu passou a chiar com o dedo sobre a boca. Até que Irineu falou ô, Kimiko, para de chiar, você não é panela de pressão!
Valter 2 caiu da cadeira de tanto rir, coisa que o Valter jamais faria. Então rimos mais ainda, e um vizinho olhou de uma janela, Irineu chamou para ajudar. Ajudar no quê, perguntou o vizinho lá da janela, Irineu respondeu brindando:
– Ajudar a enterrar a tristeza!
Rimos mais e mais, até bater aquela tristeza que dá em quem ri demais. Ficamos de olhos úmidos lembrando dos sargentos do Tiro de Guerra, dos professores da universidade, quase todos mortos. Zan imita vozes, e imitou a voz de cada um quando a cada um brindamos, aí conseguimos rir chorando ou choramos rindo, as caras lambuzadas feito crianças.
Chico lembrou das colegas de universidade, aquela que foi miss e depois enfeiou, aquela que ia ser freira e se tornou delegada de polícia, aquela que parecia talhada para solteirona e está no terceiro casamento. Chico brindou:
– A aquela bonitona e inteligente com quem me casei...
Tocou seu celular, era a bonitona inteligente mandando ele voltar pra casa. Mas, meu bem, ele começou a argumentar, ela desligou, ele levantou.
– Mas a gente se revê logo, né?
É, dissemos em coro:
– No seu velório!
Depois um a um todos se foram, chamados pelo celular ou pelas horas, até que ficamos só eu e Irineu. Perguntei quantos anos ele achava que viveria, ficou olhando longe antes de responder:
– Meu avô samurai morreu com oitenta e sete.
Falei que meus avós morreram também com mais de oitenta. Então, falou Irineu, nossa disputa não vai ser na dezena. Rimos, tomamos o resto de saquê por uma questão ecológica, contra o desperdício, e chamei um táxi, para não ter de explicar numa blitz:
– Eu estava num velório antigo, “seo” guarda
.
.
AGORA RESTAM CINCO
Brasil passa Reino Unido e inicia 2012 com 6º PIB e piso de R$ 622
Troca de posição é notícia na imprensa britânica. Motivo é a crise de 2008 e sua segunda fase em 2011, da qual os britânicos ainda sentem efeitos e Brasil supera. Em pronunciamento de fim de ano, Dilma disse que "no ano em que grandes potências mundiais estão tendo crescimento negativo, ou igual a zero, nós vamos ter um bom crescimento". Decreto reajusta salário mínimo para R$ 622 a partir de janeiro.
Da Redação
BRASÍLIA - Na última semana do ano, jornais britânicos tratam o Reino Unido como um país que derrotado na lista das maiores economias do mundo - o que significa uma vitória para o Brasil. Nesta segunda-feira (26), a imprensa britânica noticia que o estudo de uma entidade local chamada Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios mostra que o produto interno bruto (PIB) do Reino Unido foi ultrapassado pelo brasileiro, que agora é o sexto do planeta.
A conquista pelo Brasil de uma posição no ranking tinha sido anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, na última quinta-feira (22), durante café da manhã de confraternização com jornalistas. Mas ele tinha se equivocado - e os jornalistas que noticiaram a informação também - ao dizer que o Brasil passaria a Itália, em vez de o Reino Unido. A economia italiana havia ficado para trás em 2010.
Segundo o estudo britânico, a troca de posição daquele país com o Brasil tem duas explicações básicas. Enquanto o Reino Unido ainda sofre até hoje com os efeitos da crise financeira que explodiu em 2008, o Brasil - como alguns outros países emergentes - está relativamente descolado e segue uma trajetória de crescimento.
Em nota oficial distribuída à imprensa nesta segunda (26), Mantega disse que essa tendência vai continuar nos próximos anos, com países como os BRICs - Brasil, Rússia, Índia e China - sustentando avanços maiores do que as chamadas economias industrializadas. Apesar disso, afirmou o ministro, o Brasil ainda vai levar de 10 anos a 20 anos para ter um padrão de vida europeu.
O bom desempenho brasileiro em meio à crise global tinha sido destacada pela presidenta Dilma Rousseff em seu pronunciamento de fim de ano levado ao ar em cadeia de rádio e TV na última sexta-feira (23).
"Muitos anos atrás, boa parte do mundo progredia e o Brasil ficava parado, marcando passo. Agora, ao contrário, boa parte do mundo estagnou e o Brasil acelera", disse Dilma.
"No ano em que grandes potências mundiais estão tendo crescimento negativo, ou igual a zero, nós vamos ter um bom crescimento. Porque ele está acompanhado de inflação baixa, de juros descendentes, aumento do emprego, distribuição de renda e diminuição de desigualdade."
No pronuncimento, Dilma afirmou também que esse descolamento vai continuar em 2012, pois o ano começará com "com forte aumento do salário mínimo, com redução de impostos com retomada do crédito, com aumento de investimento e mantendo a estabilidade fiscal".
Decreto assinado pela presidenta na sexta (23) e publicado nesta segunda-feira (26) no Diário Oficial da União formalizou o aumento e 14% do salário mínimo, que sobe de R$ 545 para R$ 622 a partir do dia 1º de janeiro.
O reajuste formaliza o que diz lei aprovada no primeiro semestre pelo Congresso. Pela lei, até 2015, o mínimo será reajustado com base no crescimento verificado dois anos antes mais a inflação.
A conquista pelo Brasil de uma posição no ranking tinha sido anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, na última quinta-feira (22), durante café da manhã de confraternização com jornalistas. Mas ele tinha se equivocado - e os jornalistas que noticiaram a informação também - ao dizer que o Brasil passaria a Itália, em vez de o Reino Unido. A economia italiana havia ficado para trás em 2010.
Segundo o estudo britânico, a troca de posição daquele país com o Brasil tem duas explicações básicas. Enquanto o Reino Unido ainda sofre até hoje com os efeitos da crise financeira que explodiu em 2008, o Brasil - como alguns outros países emergentes - está relativamente descolado e segue uma trajetória de crescimento.
Em nota oficial distribuída à imprensa nesta segunda (26), Mantega disse que essa tendência vai continuar nos próximos anos, com países como os BRICs - Brasil, Rússia, Índia e China - sustentando avanços maiores do que as chamadas economias industrializadas. Apesar disso, afirmou o ministro, o Brasil ainda vai levar de 10 anos a 20 anos para ter um padrão de vida europeu.
O bom desempenho brasileiro em meio à crise global tinha sido destacada pela presidenta Dilma Rousseff em seu pronunciamento de fim de ano levado ao ar em cadeia de rádio e TV na última sexta-feira (23).
"Muitos anos atrás, boa parte do mundo progredia e o Brasil ficava parado, marcando passo. Agora, ao contrário, boa parte do mundo estagnou e o Brasil acelera", disse Dilma.
"No ano em que grandes potências mundiais estão tendo crescimento negativo, ou igual a zero, nós vamos ter um bom crescimento. Porque ele está acompanhado de inflação baixa, de juros descendentes, aumento do emprego, distribuição de renda e diminuição de desigualdade."
No pronuncimento, Dilma afirmou também que esse descolamento vai continuar em 2012, pois o ano começará com "com forte aumento do salário mínimo, com redução de impostos com retomada do crédito, com aumento de investimento e mantendo a estabilidade fiscal".
Decreto assinado pela presidenta na sexta (23) e publicado nesta segunda-feira (26) no Diário Oficial da União formalizou o aumento e 14% do salário mínimo, que sobe de R$ 545 para R$ 622 a partir do dia 1º de janeiro.
O reajuste formaliza o que diz lei aprovada no primeiro semestre pelo Congresso. Pela lei, até 2015, o mínimo será reajustado com base no crescimento verificado dois anos antes mais a inflação.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
ENTENDA O CASO sobre o papel de (e da) imprensa argentina
No Carta Maior, um excelente artigo do sempre ótimo Eric Nepomuceno, com mais informação e análise sobre a lei que colocou sob interesse público a fabricação e a comercialização do papel de imprensa argentino, que fez tão furibundos os editores e editorialistas de O Globo, como a gente tratou aqui, há três dias.
“A aprovação no Congresso argentino, por ampla maioria de votos, do projeto de lei que declara que “a fabricação, distribuição e comercialização do papel de imprensa é questão de interesse público”, reforçou ainda mais os ataques dos dois principais jornais argentinos, o La Nación e o Clarín, contra a presidente Cristina Kirchner.
E isso porque, assim que entrar em vigor, a nova legislação argentina irá tirar o papel de imprensa do férreo controle desses dois jornais, que controlam o capital da Papel Prensa. O Clarín tem 47% das ações, o La Nación outros 22%, enquanto o Estado argentino é dono de 27%. Os restantes 4% estão pulverizados entre pequenos acionistas.
A fábrica é a única a fornecer o papel utilizado pelos jornais e revistas do país. De um consumo médio de 230 mil toneladas anuais, a Papel Prensa produz e distribui 175 mil toneladas. Outras 55 mil são importadas, isentas de impostos. Controlar 75% desse mercado, como faz a Papel Prensa é exercer, de fato, o monopólio.
A nova lei, além de declarar de interesse público a fabricação, distribuição e importação do papel de imprensa, estabelece exigências que vão da expansão da capacidade da Papel Prensa à aplicação de um preço único, sem levar em conta a quantidade adquirida pelos compradores. Isso significa que um pequeno jornal do interior pagará o mesmo preço cobrado ao Clarín, que vende em média 400 mil exemplares diários e 700 mil nos fins de semana.
Hoje, o Clarín e o La Nación consomem 71% da produção da Papel Prensa. Os outros 29% vão para 168 publicações, que pagam pelo menos 15% a mais do que é pago pelos dois maiores jornais do país. E mais: ao controlar o capital da fábrica, Clarín e La Nación sabem, com certa antecedência, quando o preço do papel vai subir, e antecipam compras grandes, forçando um aumento nas importações. Todas as outras publicações argentinas pagam a diferença.
Outro detalhe do negócio: a Papel Prensa compra, para reciclar, os exemplares não vendidos tanto do Clarín como do La Nación, pagando 900 dólares a tonelada. Apenas esses dois jornais vendem seus encalhes à Papel Prensa. Os outros vendem no mercado avulso, a um preço bastante inferior.
Atualmente, a Papel Prensa opera com apenas 60% de sua capacidade. Quando a nova legislação entrar em vigor, será determinado de imediato um aumento na produção, até o país alcançar sua autonomia. Serão estabelecidas metas de investimento a cada três anos. Caso os dois jornais, que detêm a maioria da Papel Prensa, não cumpram sua parte, o Estado cobrirá a diferença, aumentando sua participação no capital da empresa. Por isso, o Clarín e o La Nación acusam Cristina Kirchner de ter armado uma tramóia que permitirá que o Estado assuma a empresa.
É assim que o monopólio controlado ao longo dos últimos 34 anos pelos dois maiores jornais argentinos começará a desmoronar, e esse desmoronamento será veloz. É fácil entender a ira do Clarín, do La Nación e de todos os barões da imprensa latino-americana, a começar pelos do Brasil. Difícil é entender que não se diga, às claras, que o que está sendo ameaçado é um negócio espúrio, embora de ouro, e não a sacrossanta liberdade de expressão.
Difícil, além disso, é entender as razões claramente falaciosas de tantos protestos indignados, todos eles tendo como bandeira a liberdade de imprensa. Afinal, mesmo que se admita que deixar o controle do papel de jornais e revistas nas mãos do Estado possa ser uma ameaça, manter esse mesmo controle nas mãos de dois grupos privados hegemônicos seria um meio eficaz de assegurar essa tão ameaçada liberdade? Será que os métodos aplicados pelo Clarín e pelo La Nación à concorrência asseguram essa liberdade?
Não é necessário mencionar a desfaçatez com que o Clarín distorce o noticiário e sabota informação através de seu formidável poderio, que vai de emissoras de rádio à internet, passando por jornais regionais, revistas e o domínio praticamente absoluto da televisão por cabo. Bastaria recordar a maneira com que, sempre em associação com o La Nación, impõe regras draconianas e imperiais sobre a publicidade privada.
Nas críticas que tanto um como outro lançam, furiosos, contra o governo, sempre há amplo espaço para denunciar a concentração da publicidade oficial em meios que são, em maior ou menor medida, simpáticos ao governo.
Essa concentração realmente ocorre. Mas falta recordar que tanto o Clarín como La Nación se jactavam, até há pouco, de sua recusa sistemática a aceitar publicidade oficial em suas páginas, salvo raras exceções. No caso específico do Clarín, José Aranda, vice-presidente do grupo, diz que um terço da receita vem de anúncios classificados, outro terço da venda de exemplares, um terço mais de anúncios convencionais. Portanto, diz ele, a publicidade oficial não faz falta.
Além disso, os dois jornais têm uma regra comum para a venda de seus respectivos espaços de publicidade: os grandes comércios e indústrias que anunciarem nos dois, e somente nos dois, têm um desconto de 50% sobre suas tabelas. Quem se dispuser a anunciar nos outros jornais, ou seja, nos que se alinham com o governo, perde esse desconto.
O que acontece na Argentina é mais profundo e complexo do que parece. Existe, sim, uma clara pressão do governo, mas não sobre a liberdade de expressão e de informação: o que se trata de combater é a liberdade de pressão e de deformação.
Além do mais, paira sobre a Papel Prensa a denúncia de um crime. Há indícios mais que concretos de que a única fábrica de papel de imprensa do país foi parar nas mãos do Clarín e do La Nación graças à ditadura militar que seqüestrou, ameaçou e torturou familiares de David Gravier, que era seu sócio majoritário e morreu de forma misteriosa em agosto de 1976, quando o terrorismo de Estado estava no auge (um auge, a bem da verdade, que durou até 1983).
Foi assim, na base de crimes de lesa-humanidade, que a Papel Prensa foi parar nas mãos dos donos do Clarín e do La Prensa. Os mesmos que, beneficiados por um regime sanguinário e corrupto que ajudaram a construir e, depois, a manter, agora acusam um governo eleito democraticamente, e reclamam o sacrossanto direito da propriedade privada.” (Eric Nepomuceno, de Buenos Aires)
O GLOBO SOB CENSURA
Ao jornal O Globo, com preocupação
Do Observatório da Imprensa
Seção Direito de Resposta
Cartas ao jornal O Globo
Por Eduardo Valente
Enviei na quarta-feira (14/12) a seguinte correspondência ao Globo:
Prezados editores de O Globo, agora estou oficialmente preocupado. Como vocês podem ver pela carta abaixo, que enviei nos dois últimos dias, eu achava que algum engano estava acontecendo sobre nenhuma menção ao livro Privataria tucana, às denúncias contidas nele, fartamente documentadas, nem à reação ao mesmo, que ontem levou um deputado federal a pedir abertura de CPI e outros dois a se pronunciarem no plenário. Até mesmo o ex-governador José Serra precisou responder finalmente sobre o tema, afirmando que se tratava de lixo. No entanto, continua não havendo uma linha em O Globo sobre a existência desse livro que, há cinco dias, mobiliza a opinião pública brasileira. Digo que estou preocupado porque, como leitor do Globo que conhece e partilha dos mesmos princípios editorias que o jornal (como exposto no final da minha carta de ontem), agora estou totalmente convencido de que neste momento o jornal encontra-se sob censura.
E, por isso mesmo, quero me irmanar ao jornal na sua luta para escapar das garras deste inimigo tão insidioso que, em um passado ainda próximo, nos afetou a todos de maneira tão tacanha. A publicação, hoje (15/12), de nada menos que 10 cartas em sua seção de correspondência do leitor sobre uma “blindagem” que está sendo feita ao ministro Pimentel me pareceu uma genial maneira (como as antigas receitas de bolo) de explicitar que quem está sob blindagem e ameaças é o próprio Globo, impossibilitado como está de dar voz a este tema grave. Por isso, faço questão de dizer que podem contar comigo para publicar esta minha carta, que agora entendo estar impedida de ser publicada no jornal por forças maiores, nas redes sociais que hoje permitem a nós escaparmos das garras deste animal tão doentio que é a censura. Estamos juntos nesta luta e podem acreditar que não vamos arrefecer nossos ânimos até que esta cortina esteja levantada!
PS: uma outra coisa que podia ajudar era seguir o modelo que o Estadão tem usado, e escrever “O Globo, há cinco dias sob censura” e depois ir atualizando a cada dia. É muito efetivo para deixar clara nossa luta.
“O critério é ser notícia”
A carta anterior, enviada no segundo dia, era:
“Tenho certeza que foi por algum engano que não saiu nenhuma nota no jornal O Globo dos últimos dois dias sobre o livro A privataria tucana, que foi destaque absoluto na internet e estampa uma das principais revistas semanais do país. Afinal, as denúncias, idôneas ou não, que costumam ocupar a capa de uma outra revista semanal, são sempre muito bem repercutidas em O Globo logo na segunda-feira, quando são publicadas. Uma vez que o livro já está em primeiro entre os mais vendidos do país, segundo os mais distintos sites que acompanham o mercado editorial, é certo que ele será logo foco de uma matéria grande neste jornal que se ocupa sempre dos principais temas do país. Não fugirá deste, uma vez que, inclusive, um pedido de CPI já foi feito no Congresso. Quem sabe em seguida não seja resenhado no caderno de lançamentos literários também o livro Crimes de Imprensa, lançado há 15 dias. Sabemos que uma imprensa livre, afinal, é uma demanda do Globo e de seus leitores.
PS: Aproveito para relembrar isso que vi publicado em algum lugar, e achei uma leitura precisa e importante para todos, que me tranquilizou ao saber que partilhamos dos mesmos princípios. Dos princípios Editoriais das Organizações Globo: “(...) Não pode haver assuntos tabus. Tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido; (...) gostar ou não de um assunto ou personagem não é critério para que algo seja ou não publicado. O critério é ser notícia; (...) as Organizações Globo são apartidárias (...) os jornalistas das Organizações Globo devem evitar situações que possam provocar dúvidas sobre o seu compromisso com a isenção.”
***
[Eduardo Valente é cineasta, Rio de Janeiro, RJ]
domingo, 25 de dezembro de 2011
sábado, 24 de dezembro de 2011
Feliz Natal a Todos
A volta de Jesus, 2011 anos depois
Ricardo Kotscho
Conforme a ocasião, é melhor a gente passar a palavra para quem entende do assunto.
Neste Natal de 2011, meu presente para os leitores do Balaio é um belo texto sobre "A volta de Jesus" escrito pelo meu velho amigo Frei Betto, escritor e frade dominicano, que transcrevo abaixo:
A VOLTA DE JESUS
Frei Betto
Sem chamar a atenção, Jesus voltou à Terra em dezembro de 2011. Veio na pessoa de um catador de material reciclável, morador de rua. Comia prato feito preparado por vendedores ambulantes ou sobras que, pelas portas do fundo, os restaurantes lhe ofereciam.
Andava sempre com uma pomba pousada no ombro direito. Estranhou o modo como as pessoas bem vestidas o encaravam. Lembrou que, na Palestina do século 1, sua presença suscitava curiosidade em alguns e aversão em outros, como fariseus e saduceus.
Agora predominava a indiferença. Sentia-se, na cidade grande, um Ninguém. Um ser invisível.
Ao revirar latas de lixo à porta de uma faculdade, nenhum estudante ou professor o fitou. “Fosse eu um rato a remexer no lixo, as pessoas demonstrariam asco,” pensou. Agora, nada. Nem o percebiam. Ou consideravam absolutamente normal um homem andrajoso remexer o lixo.
Graças a seu olhar sobrenatural, capaz de apreender alma e mente das pessoas, Jesus sabia que eram, quase todas, cristãs...
Roubaram um carro defronte a faculdade. A vítima, uma estudante cirurgicamente embelezada, apontou-o como suspeito de cúmplice dos ladrões. A polícia, sem pistas dos criminosos, decidiu prendê-lo para aplacar a ira da moça, filha de um empresário.
O delegado inquiriu-o:
— Nome?
— Nome?
— Jesus.
— Jesus de quê?
— Do Pai e do Espírito Santo.
O delegado ditou ao escrivão:
— Jesus da Paz, natural do Espírito Santo.
A polícia conhece a diferença entre bandidos e moradores de rua. Tão logo a moça e seus pais deixaram a delegacia, Jesus foi liberado.
Saiu pela avenida, de olho nas vitrines das lojas. Todas repletas de enfeites de Natal. Tentou avistar um presépio, os reis magos, uma imagem do Menino Jesus... Viu apenas um velho de barba branca, gordo, com a cabeça coberta por um gorro tão vermelho quanto a roupa que vestia. O menino nascido em Belém havia sido substituído por Papai Noel. A festa religiosa cedera lugar ao consumismo compulsivo e à entrega compulsória de presentes.
Impressionou-se com os rápidos flashes coloridos dos televisores expostos nas lojas. A profusão de anúncios. Comentou com o Espírito Santo:
— Houvesse TV naquela época, teriam transmitido o Sermão da Montanha como um discurso subversivo e exibido no Fantástico a multiplicação dos pães. Se eu facilitasse, uma marca qualquer de cerveja iria querer me patrocinar...
Em busca de material reciclável, Jesus se surpreendeu com a quantidade e a variedade de lixo. Quanta coisa ele não conhecia! Como as pessoas consomem supérfluos! Quanta devastação da natureza!
Dormiu num banco de praça. Ao acordar, deu-se conta de que desaparecera seu saco repleto de latinhas e papéis. Possivelmente outro catador o levara. Pobre roubando pobre. Resignado, passou o dia revirando lixo para ganhar uns trocados e poder garantir a janta.
Tarde da noite, viu uma igreja aberta. Decidiu entrar. Os fiéis, ao vê-lo tão maltrapilho, torceram o nariz. Jesus preferiu ficar de pé no fundo do templo. A Missa do Galo se iniciava. Achou o padre com cara triste, como se celebrasse um ritual mecânico. O sermão soou-lhe moralista. Não sentiu que houvesse, ali, a alegria da comemoração do nascimento de Deus feito homem. Os fiéis se mostravam apressados, ansiosos por retornarem às suas casas e se fartarem com a ceia natalina.
Terminada a missa, Jesus perambulou pela cidade. Pelas calçadas, sacos de lixo estufados de embalagens para presentes, caixas de papelão, ossos de frango e peru, cascas de ovos... Observou os moradores de um prédio reunidos no salão do andar térreo. Comiam vorazmente, estouravam garrafas de espumantes, trocavam presentes, abraços e beijos. Nada ali, nenhum símbolo, que lembrasse o significado originário daquela festa.
Passou diante de uma padaria que fechava as portas. O padeiro, ao ver o catador, pediu que esperasse. Retornou lá de dentro com uma sacola de pães, fatias da salame e um refrigerante.
— É pra você comemorar o Natal – disse o homem.
Jesus chegou a uma praça semiescura. Havia ali uma mulher excessivamente maquiada. Buscou um banco e ali se instalou para poder comer. A mulher se aproximou:
— Ei, cara, tem o que aí?
— Pão, salame e refrigerante.
— Não comi nada hoje. E a noite tá fraca. Faz duas horas que estou aqui e nada de freguês. Acho que em noite de Natal os caras ficam com culpa de pegar mulher na rua.
Jesus preparou o sanduíche e estendeu-o à mulher.
— Se não importa de beber no mesmo gargalo...
— Tenho lá nojo de alguma coisa? – murmurou a mulher. ¾ Se tivesse, não estaria rodando a bolsinha na rua.
— Você não tem família?
— Tenho, lá na roça. Larguei aquela miséria pra tentar uma vida melhor aqui na cidade. Como não fui pra escola, o jeito é alugar meu corpo.
— Esta noite de Natal não significa nada pra você?
— Cara, você não imagina o que já chorei hoje lá na pensão. A gente era pobre, mas toda noite de Natal minha mãe matava um frango e, antes de comer, a família rezava um terço e cantava Noite feliz. Aquilo me deixava muito feliz. Não posso relembrar que as lágrimas logo inundam os olhos – disse ela puxando o lenço de dentro da bolsa.
A mulher fez uma pausa para enxugar as lágrimas e indagou:
— Acha que, se Jesus voltasse hoje, esse mundo iria melhorar?
— Não sei... O que você acha?
— Acho que ninguém ia dar importância a ele. Essa gente só quer saber de festa, e não de fé. Mas bem que ele podia voltar. Quem sabe esse mundo arrevesado tomava jeito.
— Eu não gostaria que ele voltasse. Não adiantaria nada. Há dois mil anos ele veio e deixou seus ensinamentos. Uns seguem, outros não. Se o mundo está desse jeito, a ponto de eu ter que catar lixo e você alugar o corpo, a culpa é nossa, que não damos importância ao que ele ensinou. Veja, hoje é noite de Natal. Jesus renasce para quem?
— No meu coração ele renasce todos os dias. Gosto muito de orar, não faço mal a ninguém, ajudo a quem posso. Mas, sabe de uma coisa? Eu gostaria de poder falar com Jesus, assim como nós dois estamos conversando aqui.
— E o que diria a ele?
— Bem, eu perguntaria se ser prostituta é pecado. Já vi um padre dizer que sim, e ouvi outro falar que não. O que você acha?
— Acho que Deus é mais mãe do que pai. E lembro que Jesus disse um dia aos fariseus que as prostitutas iriam entrar no céu primeiro que eles.
Frei Betto é escritor, autor do romance “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros.
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