COLLOR FOI O
PECADO CAPITAL DE CONTI
Ali a carreira de Conti e da Veja se dirigiram ao precipício !
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O Conversa Afiada reproduz impecável artigo de Paulo Nogueira no Diário do Centro do Mundo:
O VERDADEIRO PECADO DE MARIO SERGIO CONTI
A entrevista com o falso Felipão entra na crônica do jornalismo brasileiro como uma das maiores besteiras já cometidas.
A pergunta que emerge para o autor, Mario Sergio Conti, é a seguinte: em que planeta ele vive?
Mas é algo no terreno da anedota.
Conti tem razão quando diz que ninguém morreu por conta do erro, e nem a bolsa se movimentou, ou coisas do gênero.
Conti, é verdade, vai passar para a história como aquele jornalista do Felipão.
Mas seu real pecado, na carreira, é algo muito mais sério.
Conti, como diretor de redação da Veja, comandou uma das coberturas mais abjetas e mais canalhas do jornalismo nacional: a que levou ao impedimento de Collor.
Ali a Veja mostrou, sem que ninguém percebesse, o que faria depois: o abandono completo do compromisso com os fatos na sede de derrubar inimigos.
É uma opinião que tenho desde sempre, e a compartilhei várias vezes com jornalistas da Abril nos anos em que trabalhei lá – durante e depois do crime jornalístico feito pela Veja.
A Veja se baseou, essencialmente, em declarações. Mais que tudo, o depoimento envenenado e raivoso de Pedro Collor foi vital no material jornalístico que a revista produziu naqueles dias.
Nasceu da vingança de Pedro a célebre capa cujo título era: “Pedro Collor conta tudo”.
Meu ponto, desde o início, era o seguinte. Imagine que o irmão do presidente dos Estados Unidos batesse na porta do diretor de redação da revista Time e dissesse que tinha coisas hirríveis para contar.
A Time publicaria?
Jamais. Antes, caso achasse que ali coisas críveis, investigaria profundamente as acusações. Só publicaria com provas, primeiro porque de outra forma sua imagem jornalística ficaria arranhada. Depois porque a Justiça americana, ao contrário da brasileira, não aceita blablablás como evidências.
Num caso notável, Paulo Francis chamou diretores da Petrobras de corruptos. Como a acusação foi feita no Manhattan Connection, os executivos puderam processar Francis na Justiça americana, a despeito da pressão de FHC, então presidente, para que não agissem assim.
Os americanos pediram provas a Francis e ele nada tinha além de sua verve. Na iminência de uma multa que talvez o arruinasse, ele se atormentou. Morreu de enfarto durante o processo, e amigos atribuíram o coração quebrado ao pavor da sentença iminente.
Não espanta que, anos depois da queda de Collor, ele tenha sido absolvido no STF por ausência de provas.
Este fato é, em si, uma prova espetacular da inconsistência da cobertura da Veja.
Por trás de tudo, de todas as maldades jornalísticas praticadas pela Veja, estava Mario Sergio Conti, uma das figuras mais amplamente detestadas pelos jornalistas brasileiros.
Mario Sergio posaria, depois, como “derrubador de presidente”, o que não fez bem a sua carreira na Veja.
O dono da Veja, Roberto Civita, também gostou do título de “derrubador de presidente”, e a revista, embora grande, era pequena demais para dois derrubadores.
RC, pouco depois, deu um jeito de mandar embora Conti. (Antes de ser demitido, ele teve a chance de inventar Mainardi como colunista.) Foi uma demissão florida: Conti teve dois anos remunerados ao longo dos quais escreveu Notícias do Planalto, um livro sobre o episódio Collor.
É um livro no qual ele bajulava todos os donos de jornais e revistas, e ao mesmo tempo atacava jornalistas dos quais não gostava, a começar pelo homem a quem devia o cargo de diretor da Veja, JR Guzzo.
Um dia o jornalismo brasileiro haverá de realizar um trabalho arqueológico sobre o caso Collor.
E então se perceberá que a origem do horror em que a Veja se transformou nos últimos anos estava ali, sob as mãos malévolas de Mario Sergio Conti, o cara do Felipão.
Em tempo: nem a ombudsman da Fel-lha (*) (o mau hálito é crescente, com a deterioração da bílis) engoliu o pedido de desculpas de Conti (“foi um erro tolo. Não prejudiquei ninguém, a não ser eu mesmo”):
“É muita modéstia”, diz Vera Martins. “Faltou lembrar dos prejuízos materiais e do arranhão (“arranhão”?, Vera ? –PHA) na credibilidade dos jornais, um ativo que não tem preço”.
Em tempo2: pena que o dos múltiplos chapéus, igualmente colonista (**) da Fel-lha, não tivesse oferecido a seus milhões de leitores uma explicação para o “erro tolo” de seu dileto discípulo.
Em tempo 3, de amigo navegante:
“De um amigo que leu o email de Mário Sérgio Conti aos chefes no Globo e na Folha, quando foi vender a pauta com o sósia de Felipão:
“Ele é surpreendentemente bem humorado e loquaz”.
Hahahahaha !”
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