Tem quem tenha saudades destes admiráveis tucanos
Entrevista de Fernando Henrique à revista ISTOÉ em 1999
Enviado por luisnassif, sex, 07/06/2013 - 07:45
Por Stanilaw Calandreli
Agora mais humilde?
FHC admite que errou na condução do Plano Real e assegura que o FMI não manda na política econômica
ANDREI MEIRELES, GUILHERME EVELIN E TALES FARIA
Um arco-íris apareceu no horizonte do presidente Fernando Henrique Cardoso no final da tarde da quarta-feira 3. Por breves instantes. É temporada de borrascas em Brasília, e logo as nuvens negras voltaram a encobrir o rasgo de sol sobre o Palácio do Planalto. Embora no meio da maior tempestade de seu governo, o presidente estava leve e tranquilo no gabinete, quando recebeu ISTOÉ para uma entrevista. Como se o arco-íris que lhe apareceu à frente fosse um sinal de que a tormenta vai passar. A nau brasileira embicou a proa para a maior recessão desde o final do governo Collor, mas Fernando Henrique, com seu habitual otimismo, está confiante em que os horizontes da economia do País, turvos desde a atabalhoada decisão de desvalorizar o real em janeiro, vão clarear. Ele não faz previsões sobre quando o céu começará a desanuviar. Talvez em abril, se o Congresso tiver aprovado a CPMF, o acordo com o FMI estiver renegociado e os bancos internacionais tiverem voltado a abrir linhas de financiamento para o Brasil. Mesmo que essas precondições ainda estejam longe de serem cumpridas, FHC acha que as coisas, aos poucos, estão tomando o prumo que o governo quer.
No mês passado, para sua surpresa, a balança comercial voltou a apresentar superávit, pela primeira vez desde junho de 1998. No início da entrevista, a secretária interrompeu para que pudesse receber outra "boa notícia". O presidente mandou passar rápido a ligação. Era o presidente do Congresso, Antônio Carlos Magalhães, pelo celular, avisando que o nome de Armínio Fraga para a presidência do Banco Central fora aprovado com folga pelo plenário do Senado. Mesmo tentando exibir autoconfiança, a crise parece ter ensinado algumas lições a Fernando Henrique. Com o salto mais baixo, ele faz uma espécie de mea-culpa ao reconhecer que o melhor momento para desvalorizar o real teria sido na época em que o País tinha gordas reservas cambiais. "Se não tivesse havido um erro de avaliação, nós estaríamos em melhor situação hoje." Com a popularidade despencando, gulosos aliados querendo abocanhar mais e mais nacos de poder, Fernando Henrique ainda aposta que o pior momento de seu governo será passageiro, e torce para que o vendaval se revele afinal apenas uma chuva de verão.
ISTOÉ – Fala-se no Congresso que o sr. está fraco e seu governo acabou com apenas dois meses de existência. O sr. concorda?Fernando Henrique Cardoso – Só se eu estivesse louco. Um presidente fraco não ganharia todas as votações no Congresso como tem ocorrido. Em 1995, no início do primeiro governo, encontrei um quadro muito mais difícil. O que não quer dizer que agora não esteja difícil. Está, mas por uma razão econômica, a turbulência da desvalorização do real. Não quero minimizar as dificuldades. Quem fica aqui sabe que não é como você viver em Paris.
ISTOÉ – O sr. dizia que era fácil governar o Brasil.FHC – Compare o Brasil com a Índia, a China e a Rússia. Aqui é muito mais simples. Mas governar não é uma tarefa para pessoas que não estejam preparadas para as asperezas da vida política.
ISTOÉ – O sr. estaria disposto a ceder ao governador Itamar Franco o mesmo que cedeu a Olívio Dutra?FHC – Não cedi ao Olívio. Ele me disse que está disposto a reiterar o compromisso que tem com o BID e o Banco Mundial. Por isso, vamos comunicar a esses dois bancos que não há razão para suspender os financiamentos.
ISTOÉ – O sr. teria a mesma boa vontade com o Itamar?FHC – Isso é uma coisa que estou disposto a fazer com todos. Agora, as soluções têm de seguir regras. A lei tem de ser cumprida. As exceções têm de ser pactuadas. O que não pode é alegar que não vai cumprir porque o contrato é leonino e fere a autonomia do Estado.
ISTOÉ – Aonde o sr. acha que o Itamar quer chegar?FHC – Não sei. Sobre o Itamar, não quero nem fazer comentários, porque isso só leva a especulações.
ISTOÉ – O sr. sempre se considerou um especialista em Itamar...FHC – Eu fui.
ISTOÉ – E era amigo dele.FHC – Sempre gostei dele. De minha parte, continuo amigo. Podem ver que nunca houve uma palavra minha de agravo ao Itamar. Jamais disse qualquer coisa contra ele.
ISTOÉ – Nem quando fez a comparação com o traidor da Inconfidência Mineira, Joaquim Silvério dos Reis?FHC – Fiz uma afirmação a respeito dos que estão usando a demagogia para enganar o povo. Foi a imprensa que fez a ligação, mas não eu.
ISTOÉ – O que o sr. achou do discurso do senador Antônio Carlos Magalhães criticando a ingerência do FMI?FHC – Não há ingerência do FMI. O Antônio Carlos – e ele me disse isso – quis que lá fora sentissem que aqui tem Congresso. Isso é bom porque a gente guarda uma carta na manga para dizer: olha, tem um limite. Os americanos costumam fazer a mesma coisa: o Congresso não permite não sei o quê.
ISTOÉ – ACM tem criticado também o que chama de falta de autoridade...FHC – Eu sou democrata. Fui reeleito, controlo este governo há muitos anos, tenho uma agenda que está mexendo com muitas coisas no Brasil e nunca senti desrespeito a minha autoridade. Cada um tem um estilo. Eu acho que devo convencer. Mas nos momentos em que é necessário, faço o que tenho de fazer. Na hora de nomear ministros, nomeio, na hora de demitir, embora digam que não, eu demito. Acabei de demitir dois presidentes do Banco Central.
ISTOÉ – O líder Geddel Vieira Lima disse que o PMDB pode chutar o presidente. Não faltou com o respeito?FHC – Ele acabou de dizer hoje na minha frente, diante de toda a bancada, que não disse isso e, se em algum momento se excedeu, que eu relevasse e tomasse como impulso da juventude. É isso. Você acha que o presidente da República vai se sentir arranhado porque um disse isso e outro disse aquilo?
ISTOÉ – O PMDB está chiando porque diz que não está sendo atendido nas nomeações para o governo...FHC – Foi sempre assim a vida toda. Em primeiro lugar, todos foram atendidos. Esse negócio de cargo é muito claro para mim. Isto aqui não é um governo novo, é uma reeleição. Então, não tem que estar nomeando a toda hora.
ISTOÉ – Pouco antes de morrer, o ministro Sérgio Motta escreveu um bilhete para o sr. em que dizia: "Presidente, não se apequene e cumpra o seu destino histórico." Alguns aliados não estão tentando apequená-lo?FHC – Vou cumprir o meu destino histórico. Não preciso de uma estratégia para isso, porque tenho poder. Eu tenho poder e ele é legítimo. Claro que sem prepotência. No nosso sistema, que é um presidencialismo muito concentrador, o que está sendo mudado são os costumes. Cada vez mais, vamos ter que compartilhar responsabilidades, impor menos, convencer mais. Mas ainda assim, simbolicamente, é o presidente. Então, no jogo, inconscientemente todos querem derrubar quem tem essa força.
ISTOÉ – A imprensa mudou ou continua exagerando a seu favor?FHC – Tenho a imprensa brasileira em alta conta, porque acho que ela antecipa as questões. Como o regime é presidencial e dá tanta força formal ao presidente, cabe também à imprensa o papel de ser oposição. A oposição não é a mim como pessoa. Não tenho queixas, raramente me agridem pessoalmente. A questão é institucional. A imprensa faz as vezes de oposição em nome da sociedade. A mídia em geral assume uma delegação que não lhe foi dada pela sociedade para, em nome dela, pressionar o governo. Mas não acho isso errado do ponto de vista democrático.
ISTOÉ – Chico Buarque, um crítico de seu governo, acaba de ser eleito pelos leitores de ISTOÉ como o músico brasileiro do século. O sr. ainda o considera repetitivo?FHC – Não tenho nenhum problema com o Chico. Eu o conheço desde pequenininho. A mãe dele, Maria Amélia, é minha amiga, a neta dela trabalha com a Ruth, e o pai dele, o Sérgio Buarque, é uma pessoa pela qual sempre tive a maior admiração. Acho o Chico fantástico. Considero ele, o Caetano Veloso e o Gilberto Gil os três melhores músicos brasileiros. Apenas disse que acho o Caetano e o Gil mais criativos. O resto foi espuma.
ISTOÉ – Em quem o sr. votaria como melhor músico brasileiro?FHC – Não vou dizer, porque aí eu brigaria com um dos outros dois.
ISTOÉ – Há uma sensação de insegurança depois da desvalorização do real. O que muda com o Banco Central comandado pelo Armínio Fraga?FHC – O Armínio é uma pessoa bastante experiente, não só como operador, mas também intelectualmente. Vamos falar com franqueza, ninguém queria o que aconteceu. Liberar o câmbio não foi uma decisão planejada, nós é que não tivemos força diante do mercado. A política anterior era atacada por toda a oposição e pela Fiesp, que achavam que o real deveria ser desvalorizado. Nós dizíamos que era melhor ir desvalorizando aos poucos para evitar as confusões inflacionárias.
ISTOÉ – O sr. não acha que a desvalorização demorou? FHC – Ex post (depois), tudo é possível. Mas toda vez que se cogitava disso, se eu ouvisse dez economistas, cinco tinham uma posição e os outros cinco diziam outra coisa. No meio da conversa, os cinco que diziam uma coisa acabavam dizendo outra e vice-versa.
ISTOÉ – O melhor momento para a desvalorização não teria sido depois da crise da Ásia quando o Brasil tinha US$ 70 bilhões de reservas?FHC – Talvez, visto de hoje. Mas naquele momento ninguém estava pressionando. Acho que quando realmente se percebeu que o abalo ia ser mais profundo foi na crise da Rússia. No começo, nossa tentativa foi mostrar que o Brasil não era igual à Rússia.
ISTOÉ – Mas já na crise asiática, o André Lara Rezende dizia que, depois do Japão, viria a Rússia e, em seguida, a bola da vez seria o Brasil...FHC – Não quero entrar em muitos detalhes, mas é verdade que várias pessoas diziam isso. No segundo semestre do ano passado, quando acabou o financiamento fácil no mundo, as coisas começaram a se complicar. Então alguma coisa tinha que ser feita. Foi o que se tentou com o Chico Lopes. Não deu para aguentar porque o mercado não aceitou. Nós começamos a conversar sobre isso em setembro, mas houve muitos problemas como a questão do grampo no BNDES que desorganizou o time de ministros para o segundo mandato. Foi uma coisa fortuita, mas que existe na política, na vida. Embora fosse perceptível desde o segundo semestre do ano passado que alguma mexida no câmbio teria que ser feita, o que se imaginava era um ajuste e não a flutuação como acabou ocorrendo.
ISTOÉ – Esse adiamento foi para não prejudicar o desempenho nas eleições?FHC – Não, não teve nada a ver com as eleições. Devido às dificuldades, a idéia era de realmente fazer a mudança no segundo mandato.
ISTOÉ – Gustavo Franco disse que a crise na Ásia seria boa para o Brasil, pois iria trazer mais capital para o País. Não houve um erro de avaliação?FHC – É possível. Se não tivesse havido um erro de avaliação, nós estaríamos em melhor situação hoje. Mas uma coisa é você fazer uma avaliação, que é um negócio abstrato. Outro dia, vi uma entrevista brilhante do Jeffrey Sachs, na qual ele dizia que o melhor que o Brasil tem a fazer é se afastar do FMI e ir diretamente aos bancos. Seria ótimo, se os bancos topassem.
ISTOÉ – Tem algum arrependimento?FHC – Certamente, acho que a gente sempre poderia ter tomado uma decisão melhor ou tê-la tomado antes. Talvez tivesse sido melhor ter mexido antes no câmbio. Talvez fosse possível ter feito antes. Mas hoje isso é abstrato.
ISTOÉ – O sr. está irritado com os economistas?FHC – Eles são um mal necessário. Você não vive sem eles, não tem jeito.
ISTOÉ – O sr. foi ministro sem ser economista.FHC – Mas eles estavam a meu lado. A bolação do Plano Real foi do André Lara, do Pérsio Arida e do Edmar Bacha. Mas acho que quanto menos tecnocratas, melhor. É preciso ter uma visão mais ampla.
ISTOÉ – Por que o governo decidiu diminuir a quantidade de feijão e de macarrão na cesta básica?FHC – Isso é especulação. A única decisão que foi tomada é que a merenda escolar será comprada localmente. Em certas regiões do Brasil não se come macarrão. A questão é a seguinte: esses cortes vão afetar o atendimento da população? Há muito desperdício na gestão dos programas sociais. Nos últimos quatro anos, eu ouvi o tempo todo dizerem que o governo só se preocupava com o mercado e não com o social. Mas todos os programas que gritam que são bons foram feitos pelo meu governo. A nobre oposição tem que reconhecer que está defendendo meus programas.
ISTOÉ – São Paulo está sofrendo com recordes de violência e desemprego e agora também com as enchentes. Isso não é sinal de que as grandes cidades brasileiras estão sendo atingidas em cheio pela recessão?FHC – Chuva não tem a nada ver com recessão. Pelo amor de Deus, também há um limite para a crítica do social! O problema é que a cidade de São Paulo foi construída em cima de bacias d’água. Eu moro perto do Pacaembu. O Pacaembu inundava sempre. Não sei se as enchentes foram causadas por um problema de falta de limpeza. Pode até ter sido. Vocês já foram a Nova York durante uma nevasca? Eu já. Pára tudo.
ISTOÉ – O sr. não acha que a recessão vai agravar esse tipo de situação?FHC – Vamos fazer força para que a recessão seja a mais curta possível. Quem é que gosta de desemprego? Ninguém. O desemprego no Rio de Janeiro foi de 5%. Nos EUA, quando a taxa chega a 5%, eles dizem que é pleno emprego. Em São Paulo, chegou a 7,5%. É ruim, mas ela é de 18% na Argentina. Isso quer dizer que eu quero que chegue a 18%? Não. Vou fazer tudo para não chegar lá. Por isso que nós fizemos o acordo com a indústria automobilística para reduzir o IPI.
ISTOÉ – Quando os juros vão cair?FHC – Toda teoria era de que os juros estavam altos para defender o câmbio. É verdade. Agora não há mais razão. A taxa média de juros reais deste ano vai ser consideravelmente menor do que a do ano passado. Os juros reais no mês passado foram negativos. Os juros para o setor agrário já são negativos. A taxa de juros real vai cair mesmo.
ISTOÉ – O dólar bateu em R$ 2,20. O sr. vai deixar chegar a quanto?FHC – Enquanto não houver a aprovação da CPMF, o acordo com o FMI e a volta dos financiamentos externos, se o Banco Central botar dinheiro para segurar a cotação do dólar, é a mesma coisa que defender o câmbio fixo e jogar as reservas fora. Não adianta. Você tem que criar condições para que esse quadro se reverta. Ninguém, em sã consciência, jamais imaginou que o real estivesse sobrevalorizado em mais de 25%. Logo, tudo isso é overshooting (supervalorização) mesmo. Hoje, é fácil especular. Mas o governo não está gastando reservas. Quando houver as condições objetivas para evitar uma manipulação do dólar, nós vamos ter um horizonte mais aberto.
ISTOÉ – E quando isso vai ocorrer?FHC – Se eu soubesse, já teria apertado o botão.
ISTOÉ – Antes da reeleição, seus planos eram fazer um governo mais voltado para o social. Os planos mudaram?FHC – Você não escolhe o ciclo histórico de capitalismo que está vivendo. Se perguntassem ao Franklin Roosevelt (presidente dos EUA) no começo do seu governo, quando houve uma grande recessão que durou anos e um desemprego crescente, se ele gostou daquilo, certamente ele não gostou.
ISTOÉ – O sr. está preparado para enfrentar o aumento da tensão social?FHC – Nós devemos nos preparar para evitar que isso ocorra. Quanto mais depressa sairmos deste momento recessivo, melhor. Por isso são importantes os programas sociais, a criação de perspectivas de crescimento. E a população brasileira precisa receber essas informações. Há um déficit de informação nesse momento.
ISTOÉ – Se está havendo um déficit de informação, as gravações na Polícia Federal indicam que está havendo também um superávit de grampos no governo. Como o sr. vê isso?FHC – Pessimamente. O que aconteceu no BNDES foi péssimo. A tecnologia moderna permite essa proliferação de grampos e isso é uma coisa terrível. Mas fazer o quê? Como se prova? No caso do BNDES, estou em cima para que a PF me dê elementos para atuar.
ISTOÉ – O Vicente Chelotti (ex-diretor da PF) teria dito que o tinha nas mãos desde o episódio do Sivam por causa de gravações comprometedoras sobre o sr. É verdade?FHC – Ele não disse isso. Não é possível. A história dessas gravações é conversa fiada. Não há nada!
ISTOÉ – Presidente, uma questão delicada. Os jornais têm publicado notinhas de que um escritório paulista estaria cuidando de sua separação de dona Ruth. O sr. está se divorciando?FHC – Isso é ridículo, é falta do que fazer! Pago US$ 1 milhão para quem encontrar qualquer coisa nesse sentido. Gostaria que todo boato que eu tivesse de lidar fosse desse tipo.
O ministro da Justiça, Renan Calheiros, livrou-se na última semana de um problema e se enredou em outro. Depois de quatro anos e dois meses em que deu as cartas como o todo-poderoso diretor da Polícia Federal, Vicente Chelotti foi à lona. Sobrevivente do escândalo do Sivam, Chelotti caiu, por ironia, por causa de outras conversas grampeadas. O pepino de Renan, agora, é driblar os lobbies que estão travando uma briga de foice pelo cargo. A Casa Militar da Presidência, os sindicatos policiais, o senador Romeu Tuma (PFL-SP), entre outros, querem emplacar o novo xerife. Renan jura que vai resistir e promete uma escolha técnica
Antes de assumir a Presidência, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso salvou a vida do compositor Chico Buarque de Holanda. Foi depois de um aflito telefonema de dona Maria Amélia, mãe de Chico. "Você precisa evitar que seu primo Ivan mate o meu filho." Tratava-se do cineasta Ivan Cardoso, autor de O Segredo da Múmia e primo distante de FHC, que estava com ciúmes por causa de alguma mulher. Imediatamente, FHC telefonou para seu tio Carlos Cardoso. "Segure o doido do Ivan. Não dá para matar o Chico, ele é um patrimônio nacional." Com a pronta intervenção do clã dos Cardoso, Ivan desistiu de seus planos homicidas
Aos amigos, FHC conta que, entre os economistas que consultou depois da crise asiática, apenas o ex-presidente do Banco Central Ibrahim Eris, além do ministro José Serra, defendia uma mudança na política cambial. Superado o pior momento na Ásia, o presidente promoveu uma romaria de economistas que rezam pela cartilha monetarista ao Palácio da Alvorada para avaliar se era chegada a hora de desvalorizar o real. Com seu sotaque turco, Eris argumentou que era hora de "abrir a cone da banda cambial". Em coro, Gustavo Franco, Pérsio Arida, Lara Rezende, Pedro Malan, os irmãos Mendonça de Barros e Armínio Fraga foram contra a mexida. Como o presidente sempre teve na força do real o seu maior cacife, Eris acabou sendo voto vencido
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