“Tirem o galo do alto da Igreja e coloquem um urubu”. Sim, isso existe, Kamel
3 de dezembro de 2014 | 13:34 Autor: Fernando Brito
O papa Francisco bem que poderia ser informado de uma história que está os jornais de hoje, já que ele está manifestamente preocupado com o esvaziamento da Igreja Católica.
O padre Wilson Luís Ramos foi afastado da Matriz de Santo Antônio, em Adamantina, cidade do interior paulista entre Presidente Prudente e Araçatuba.
O motivo?
Padre Wilson é negro mas não é isso, segundo Bispo de Marília, diocese à qual a paróquia pertence, não é esta a causa de seu afastamento.
Mas o racismo está lá no cotidiano da elite da cidade .
O próprio Wilson admite que viu duas fiéis conversando sobre a troca do galo que fica no catavento da igreja “por um urubu”.
Ele falou deste racismo logo que assumiu a Matriz:
“As pessoas ainda tem dificuldade de aceitar a raça negra. As pessoas dizem que não, mas eu senti isso da parte de alguns, percebi uma certa rejeição em função da minha cor. Se doeu? Claro que doeu, sou humano, mas isso não pesou na minha missão”.
A principal causa para a transferência é a divisão que Ramos teria causado na paróquia. “O padre Wilson tem sofrido com essa questão. Houve preconceito por parte de fiéis, mas o padre foi vencendo e o que está em jogo agora não é o preconceito, mas sim a divisão que ele causou na paróquia”, afirmou o bispo.
Que divisão? Um grupo de fiéis tradicionais que enviou cartas ao bispo reclamando do “jeito” simples do padre e, principalmente, do fato de ele atrair pessoas pobres e jovens usuários de drogas para a igreja.
O bispo de Marília mandou, então, dois padres para ouvir os fiéis.
Quase 700 foram ao Instituto Pastoral de Adamantina, cidade que tem pouco mais de 30 mil habitantes.
Segundo o Estadão, a maioria depôs em favor em favor de Wilson.
Que, apesar disso, “rodou”.
Mas, segundo o Ali Kamel, diretor da Globo, não há racismo no Brasil.
Só em Adamantina, né?
Com todo o respeito, isso não é um problema de religião. É um problema de humanidade.
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