O DAY AFTER DE UMA 4ªFEIRA PARA NãO ESQUECER
Duas decisões com potencial para alterar o equilíbrio da disputa política no país se superpõem nesta semana e num mesmo dia. Na quarta-feira,18, um Brasil em suspenso acompanhará o voto de desempate do ministro Celso de Mello, sobre o acolhimento de embargos infringentes na AP 470 (leia aqui). A questão que dividiu o Supremo num tenso ombro a ombro de 5 X 5 na última semana, vem emoldurada por uma avalanche conservadora, que tenta alterar a previsível disposição do decano do STF de acatar o recurso dos réus. Um duo afinado de decibéis midiáticos e fígados togados, cujos não hesitam em atropelar a coerência jurídica para destilar a bile ideológica contra o PT, a esquerda e o ‘comunismo', exercita o passo de ganso das falanges regressivas de triste memória na vida nacional. As próximas 72 horas serão ilustrativas do que eles são capazes, se é que ainda há alguma dúvida sobre isso (leia aqui e aqui). A reportagem de Carta Maior testemunhou aplausos no recinto do STF na última 5ª feira, após o gorduroso voto conservador de Gilmar Mendes. A claque vinha do recinto reservado à imprensa (leia aqui). Repita-se, jornalistas que reportam o julgamento na mídia conservadora exibiram uma ruidosa identidade com a peroração excretada pelo extremismo togado. Não por acaso esta página alertou, no mesmo dia, que a suspensão dos trabalhos determinada por Joaquim Barbosa era uma ardilosa tentativa de emparedar Celso de Mello nas turquesas do 12º ministro do Supremo, e talvez o de maior influência no tribunal: a mídia conservadora. A eventual decisão do decano de preservar a biografia, acolhendo os embargos, não deve iludir. O day after da 4ª feira não será de trégua: nem da parte dele -um centurião, ao lado de Mendes e Barbosa, na beligerância ímpar contra o PT; nem da mídia, inconsolável. Não cometerá erro quem tabular no computo dessa luta sem quartel, a cobertura, ou melhor, a torcida conservadora pelo fracasso das licitações de ferrovias, estradas e portos, que terão um round decisivo igualmente nesta 4ª feira, 18. Considere-se que o governo foi ao limite nas concessões para atrair capital privado. Em alguns casos, a ancoragem de dinheiro público chega a 85% do valor do investimento. O coro mercadista insiste: 'é pouco'. Ora se acusa o governo de intervencionista, ao fixar prazos, custos e tarifas de obras públicas, majoritariamente financiadas pelo Estado; ora se reclama que ‘ainda há riscos' nos projetos. Onde querem chegar os liberais de um capitalismo ao mesmo tempo sem risco e sem Estado? O PT e o governo não devem se iludir com o resultado dos leilões ou com o voto de Celso de Mello nesta 4ª feira. Serão bem-vindos, se favoráveis. E podem alterar a balança da disputa imediata rumo a 2014. Mas não revogam a agenda principal: é preciso reforçar a democracia no país, em todas as suas dimensões, inclusive no acesso amplo à informação plural,para evitar que eles arrastem a Nação ao verdadeiro ponto onde querem chegar
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