sexta-feira, 29 de março de 2013

Para o sábado de Aleluia

BRUNA VIOLA


A Mídia uiva.



Dilma enfrenta a pátria rentista: mídia uiva

Uma dia de estupefação e revolta no circuito formado pelos professores banqueiros, os consultores e a mídia que os vocaliza.

Na reunião dos Brics, na África do Sul, nesta 4ª feira, a presidenta Dilma afirmou que não elevará a ração dos juros reivindicada pelos batalhões rentistas, a pretexto de combater a inflação. 

A reação instantânea das sirenes evidencia a cepa de origem a unir o conjunto à afinada ciranda de interesses que arrasta US$ 600 trilhões em derivativos pelo planeta. 

Equivale a dez voltas seguidas no PIB da Terra. 

Trinta e cinco vezes o movimento das bolsas mundiais. 

Os anéis soturnos desse garrote reúnem – e exercem – um poder de extorsão planetária, capaz de paralisar governos e asfixiar nações. 

Gente que prefere blindar automóveis a investir em infraestrutura. O Brasil tem a maior frota de carros blindados do mundo. 

E uns R$ 500 bi estocados em fundos de curto prazo; fora o saldo em paraísos fiscais.

Carros blindados, dinheiro parado, paraísos fiscais e urgências de investimento formam a determinação mais geral da luta política em nosso tempo.

Em Chipre, como lembra o correspondente de Carta Maior em Londres, Marcelo Justo, o capital a juros compunha uma bocarra equivalente a 67 bilhões de euros, uns US$ 90 bilhões de dólares.

Três vezes o PIB. De um país com população menor que a de Campinas. 

A fome pantagruélica desse organismo requeria rações diárias indisponíveis no ambiente retraído da crise mundial. 

A gula que quebrou Chipre é a mesma que já havia quebrado a Espanha, Portugal, Irlanda, Islândia e alquebrado o mercado financeiro dos EUA.

A falência cipriota assusta o mundo do dinheiro não por suas dimensões. 

Mas porque ressoa o uivo cavernoso de uma bancarrota, só anestesiada a um custo insustentável na UTI mundial das finanças desreguladas.

No Brasil o mesmo uivo assume o idioma eleitoral ao gosto do dinheiro graúdo: ‘dá para fazer mais’.

O governo Dilma acha que sim. 

Mas com a expansão do investimento produtivo. Não com arrocho e choque de juros.

O país ampliado por 12 anos de políticas progressistas na esfera da renda e do combate à pobreza, não cabe mais na infraestrutura concebida para 30% de sua gente. 

A desproporção terá que ser ajustada em algum momento. 

Como o foi, com viés progressista e investimento pesado, durante o ciclo Vargas.

Sobretudo no segundo Getúlio, nos anos 50. 

Mas também o foi em 64.

Em versão regressiva feita de arrocho e repressão contra as reformas de base de Jango, no golpe que completa 49 anos neste 31 de março.

O que se assiste hoje guarda uma diferença política importante em relação ao passado.

Nos episódios anteriores, o conflito de classe entre as concepções antagônicas de desenvolvimento seria camuflado pela vulnerabilidade externa da economia.

Um Brasil estrangulado pelo desencontro entre a anemia das exportações e o financiamento das importações colidia precocemente com o seu teto de crescimento.

O gargalo do investimento se realimentava no funil das contas externas. E vice versa.

Era um prato cheio para o monetarismo posar de arauto dos interesses da Nação. E golpeá-la, com as ferramentas recessivas destinadas a congelar o baile.

'Quem está fora não entra; quem está dentro não sai'. 
Durante séculos, essa foi a regra do clube capitalista brasileiro.

Hoje, embora a pauta exportadora se ressinta de temerária concentração em commodities, não vem daí o principal obstáculo ao investimento. 

O país dispõe de reservas recordes (US$ 370 bi). Tem crédito farto no mercado internacional. O relógio econômico intertemporal é favorável ao financiamento de um ciclo pesado de investimentos em infraestrutura.

Quem, afinal, veria risco em financiar a sétima economia do planeta, que, em menos de uma década, estará refinando a pleno vapor as maiores descobertas de petróleo do século 21?

O desencontro entre o Brasil que somos e aquele que podemos ser deslocou-se do gargalo externo, dos anos 50/60/80 para o conflito aberto entre os interesses da maioria da sociedade e os dos detentores do capital a juro.

Assim como em Chipre, na Espanha, nos EUA ou em Paris, o rentismo aqui prefere repousar num colchão de juros reais generosos, blindado por esférico monetarismo ortodoxo. 

Migrar para a esfera do investimento produtivo, sobretudo de longo prazo, como requer o país agora, não integra o seu repertório de escolhas espontâneas.

Cabe ao Estado induzi-lo. 

Dilma começou a fazê-lo cortando as taxas de juros. 

A pátria rentista reclama:no primeiro trimestre deste ano, praticamente todas as aplicações financeiras perderam para a inflação. Ficou difícil multiplicar lucros e bônus sem botar a mão na massa da economia produtiva. 

É essa prerrogativa estéril que os professores banqueiros do PSDB cobram pela boca e pelo teclado do jornalismo econômico, escandalizado com a assertiva defesa do desenvolvimento feita pela presidenta Dilma. 

Presidenciáveis risonhos que se oferecem untados em molhos palatáveis às papilas monetaristas e plutocráticas vão aderir ao jogral. 

“Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença está datado; é uma política superada", fuzilou Dilma.

Previsível, o dispositivo midiático tentou desqualificar o revés como se fora uma demonstração de ‘negligência com a inflação’. 

Um governo que trouxe 50 milhões de pessoas para o mercado de consumo minimizaria a vigilância sobre a inflação?

Sacaria contra o futuro do seu maior patrimônio político? 

A sofreguidão conservadora esmurra a própria coerência de sua análise sobre a força eleitoral do governo. 

O governo Dilma optou por abortar as pressões inflacionárias imediatas com desonerações. E enfrentar o desequilíbrio estrutural com um robusto ciclo de investimentos.

Entende que o desafio da produtividade, indispensável à progressão dos ganhos reais de salários, deve ser vencido com infraestrutura e inovação. Não com arrocho, como se fez nos anos tucanos.

São lógicas dissociadas da receita rentista.

Aqui e alhures, a obsessão mórbida pela liquidez descolou-se da esfera patrimonial para a dos rendimentos financeiros. Não importa a que custo social ou político.

Sua característica fundamental é a preferência parasitária pelo acúmulo de direitos sobre a riqueza, sem o ônus do investimento físico na economia.

A maximização de ganhos se faz à base da velocidade e da mobilidade dos capitais, sendo incompatível com o empenho fixo em projetos de longa maturação em ferrovias, hidrelétricas ou portos.

Durante a década de 90, as mesmas vozes que hoje disparam contra o que classificam como ‘intervencionismo da Dilma’, colocaram o Estado brasileiro a serviço dessa engrenagem.

A ração dos juros oferecida no altar da rendição nacional chegou a 45%, em 1999.

Um jornalismo rudimentar no conteúdo, ressalvadas as exceções de praxe, mas prestativo na abordagem, impermeabilizou essa receita de Estado mínimo com uma camada de verniz naval de legitimidade incontrastável.

A supremacia dos acionistas e dos dividendos sobre o investimento –e a sociedade-- tornou-se a regra de ouro do noticiário econômico.

Ainda é.

A crise mundial instaurou a hora da verdade nessa endogamia entre o circuito do dinheiro e o da notícia.

Trata-se de uma crise dos próprios fundamentos daquilo que o conservadorismo entende como sendo ‘os interesses dos mercados’. Que a mídia equipara aos de toda a sociedade.

Dilma, de forma elegante, classificou essa ilação como uma fraude datada e vencida. De um mundo que trincou e aderna, desde setembro de 2008.

A pátria rentista uiva, range e ruge diante de tamanha indiscrição.
Postado por Saul Leblon 

COMISSÃO DA MEIA VERDADE


DILMA ESCULACHA
A COMISSÃO DA MEIA VERDADE

Que inveja da Argentina ! Ah, se o Brasil tivesse um, basta um Ernesto Sábato !

Saiu no Globo:

DILMA COBRA MAIS RESULTADOS DO TRABALHO DA COMISSÃO DA VERDADE

•    Presidente quer ações e depoimentos que sensibilizem a opinião pública
•    Júnia Gama
BRASÍLIA — Vítima de tortura durante a ditadura militar, a presidente Dilma Rousseff não está satisfeita com os resultados alcançados até agora pela Comissão Nacional da Verdade, e cobrou uma mudança de rumos nos trabalhos do colegiado. Em conversas recentes com integrantes do grupo, Dilma exigiu mais resultados concretos e que sensibilizem a opinião pública, já que pouco do que está sendo feito vem sendo divulgado. A principal intervenção da presidente foi no sentido de pedir que a comissão investisse mais nos depoimentos públicos de familiares, como forma de promover uma “catarse nacional”, como mostrou na quinta-feira a coluna Panorama Político. Alguns focos de resistência na comissão a esse tipo de atuação desagradaram ao Palácio do Planalto, que acompanha de perto os trabalhos. Só este ano, Dilma já teve reuniões reservadas com Cláudio Fonteles e com Paulo Sérgio Pinheiro.

O próximo passo da comissão, que deverá causar comoção nacional, será atuar junto à Justiça brasileira para que autorize a exumação do corpo do ex-presidente João Goulart, deposto e exilado pelo golpe militar. A exumação já foi autorizada pelos familiares de Jango, que acusam os governos militares na América do Sul, no âmbito da Operação Condor, de terem assassinado o ex-presidente em 1976. Um juiz uruguaio requisitou a exumação, e o governo brasileiro concordou com o pedido.

Navalha
Se depender dos tucanos da Comissão da Meia Verdade, ela vai trabalhar em sigilo conciliar, submersa e, no final, numa sessão com chá e torradas, o presidente Paulo Sergio Pinheiro, em voz baixa e embargada, lerá um resumo conciso e discreto das conclusões.
Num estilo que cabe aos diplomatas de curso internacional.
Quase mudo.
Anti-catártico !
O evento se realizará no iFHC, às 23h45 de uma sexta-feira.
São os tucanos da moderação, da cautela, do bom senso, os Patriarcas da Conciliação.
O líder da bancada tucana na Comissão é o advogado José Carlos Dias – clique aqui para ler “Juiz tira um sarro do Cerra” -, que passou pelo Ministerio da Justiça do Governo FHC e deixou lá uma obra só comparável à de Nabuco de Araújo.
Paulo Sergio Pinheiro é mais loquaz e extrovertido nas questões referentes aos abusos de Direitos Humanos … na Síria.
José Paulo Cavalcanti Filho notabiliza-se pela ausência.
Lá não aparece.
A Comissão não está à altura dele…
E o Ministro Dipp esteve doente.
Portanto, a Presidenta tem razão.
Como temia a deputada Luiza Erundina, essa Comissão tucana será a da Meia Verdade.
Que inveja da Argentina !
Ah, se o Brasil tivesse um, basta um Ernesto Sábato !
A Comissão da Meia Verdade está com medo de meter a mão no câncer dos americanos que iam ao DOPS de São Paulo supervisionar torturas.
Está com medo de entrar na FIESP, como sugere o brizolista (de verdade) Carlo Araújo, que foi casado e torturado com a Presidenta.
Medo do Boilensen, do Theobaldo De Nigris, do Gastão Vidigal, do Nadyr Figueiredo, do Paulo Sawaya, do Octávio Frias (pai) – da turma da caixinha (e das camionetes) da tortura.
Está com medo de apurar os crimes do PiG (*).
Como o Dr Roberto “operava” as notícias de tortura no Globo ?
A Comissão da Meia Verdade prefere o silêncio dos cúmplices.
Porém, chiquérrimos !
Só nos restam os meninos do Esculacho !
Em tempo: sobre a exumação do corpo do Jango (falta exumar o Lacerda e o JK) convém assistir ao excelente“Dossiê Jango”, documentário que vale, por si, mil Comissões de Meia Verdade.
Essa Comissão da Meia Verdade vai acabar conferindo o Prêmio “Faz a Diferença”, post mortem, ao General Geisel, com festa no Globo !
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Por que tanta má vontade?


Por que tanta má vontade, meu Deus?

Projeção de crescimento aponta para PIB de 3,1% este ano, o maior do último triênio; desemprego de 5,6% é o menor em 14 anos, assim como a taxa de juros de 7,25% é a mais baixa dos últimos 20 anos; previsão do Banco Central é de queda de 15% na tarifa de energia e de 2% na de telefonia; empréstimos para empresas crescem 75% em janeiro na Caixa, apontando para investimentos produtivos; inadimplência se mantém estável; preços administrados devem subir 2,7%, dentro da meta traçada; por que esses números não são destacados pela mídia tradicional?
Projeção de crescimento aponta para PIB de 3,1% este ano, o maior do último triênio; desemprego de 5,6% é o menor em 14 anos, assim como a taxa de juros de 7,25% é a mais baixa dos últimos 20 anos; previsão do Banco Central é de queda de 15% na tarifa de energia e de 2% na de telefonia; empréstimos para empresas crescem 75% em janeiro na Caixa, apontando para investimentos produtivos; inadimplência se mantém estável; preços administrados devem subir 2,7%, dentro da meta traçada; por que esses números não são destacados pela mídia tradicional?
Entre 1999 e 2002, na gestão do fundador do Gávea Investimentos, Armínio Fraga, na presidência do Banco Central, a inflação saltou de 8,44% para 12,53%, variando entre 5,97% e 7,67% nos dois anos intermediários. As metas de inflação daquele quadriênio estouraram por três vezes, sendo respeitadas, com a entrada na variação permitida pela banda pré-estabelecida, em apenas um exercício. Era o segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, com Pedro Malan no Ministério da Fazenda. A alegação para a quebra de todos os limites impostos pelo próprio BC, invariável: culpa da crise internacional.
A mídia tradicional, naquela quadra histórica, não apenas compreendia o momento, como aquiescia diante das decisões e elevou Fraga ao patamar de intocável, no qual ele está até hoje.
Nos últimos dois anos, o cenário de crise permaneceu tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. O euro, moeda única do Velho Continente, quase virou pó, com os países membros da União Européia tendo conseguido um consenso em torno da manutenção de sua moeda apenas depois de meses de longas reuniões. Países industrializados como a Itália, ascendentes como Portugal e modelares como a Espanha chegaram perto de quebrar. Aconteceu com a Grécia. Para todos, foram necessários bilhões de euros em ajuda para impedir o pior. No entanto, os efeitos da crise que, para ser contida nos Estados Unidos, leva o Federal Reserv a manter as taxas de juros no patamar zero até 2015 – decisão anunciada formalmente –, não levaram o Banco Central do Brasil, como no passado da virada dos anos 1990 para 2000, a estourar suas metas. Ao contrário.
Com base nos indicadores econômicos dos três primeiros meses deste ano, o Banco Central apresentou nesta quinta-feira 28 projeção de crescimento do PIB para 2013 de 3,1%. O resultado, uma vez confirmado, será o melhor do último triênio. A taxa de desemprego, medida pelo IBGE, também hoje foi anunciada em de 5,6%, a menor da série histórica iniciada em 1999. Ou seja, a mais baixa em 14 anos.
Sobre investimentos produtivos, a Caixa Econômica Federal divulgou um dado relevante. A carteira de crédito para pessoas jurídicas (empresas) chegou a R$ 67 bilhões em fereiro, num salto de 75% sobre o mesmo mês do ano passado. A inadimplência de pagamentos, ao mesmo tempo, se mostrou estável em 2%. Os indicadores mostram que os empresários voltaram a tomar recursos para investimentos produtivos, e têm conseguido pagar suas contas junto ao credor CEF.
No campo dos preços, as previsões convergem para estimar uma baixa generalizada de 15% nas tarifas de energia elétrica, beneficiando consumidores residenciais e a indústria, e de 2% nas contas de telefonia. É uma redução próxima à espetacular para um País que já tem mais telefones celulares do que habitantes. Os preços administrados, que na projeção de dezembro divulgada pelo BC poderiam ter alta de 2,4%, têm elevação prevista agora até dezembro de 2,7%. A taxa de inflação, antes projetada para 4,8%, foi ajustada para 5,7%.
Todos os números acima foram divulgados nesta manhã, em relatórios públicos do Banco Central e do IBGE. O destaque da mídia tradicional, porém, como se notava pelos títulos principais dos portais UOL, Estadão e G1, por volta do meio-dia, era apenas um: a taxa de inflação de 5,7%.
O que não foi dito ali com igual destaque, em prejuízo dos leitores, é que a nova projeção era integralmente esperada pelo mercado. E continua, a previsão de 5,7%, dentro da banda de variação de dois pontos acima ou abaixo do centro da meta, que é de 4,5%. Não houve um salto para além de 12%, como ocorreu no último ano da gestão de Fraga no BC. Os demais porcentuais que apontam para uma economia saudável, que vai quebrando, uma a uma, as ondas contrárias chegadas de fora para dentro do País, ficaram relegados a um plano inferior. De menor ou quase nenhuma visibilidade.
Trata-se, sem retoques, de uma estratégia comum de olhar o desempenho da economia brasileira pelo pior ângulo, embotando visualizações de um futuro diferente do que, por exemplo, o abismo do descontrole. Nesse rumo, até mesmo conclamações como as feitas pelos economistas Ilan Goldfajn e Alexandre Schwartasman, arautos do desemprego como forma de conter a inflação, ganham grandes espaços como se fizessem parte do debate sério da economia. “Gênios”, como ironizou Delfim Netto.
Ainda bem que Malan está no Itaú Unibanco. E Fraga jogando golfe, aos domingos, no Itanhangá, e atuando no Gávea, e não no BC, nos dias úteis. (Marco Damiani)

quarta-feira, 27 de março de 2013

FHC ? SINTO PENA !


LULA: O PRINCIPAL É REELEGER A DILMA.
FHC ? SINTO PENA !

2018 ? E se precisarem de um velhinho para fazer as coisas ?
O Nunca Dantes deu ao Valor (o PiG (*) cheiroso) e a Vera Brandimarte, Cristiane Agostine e Maria Cristina Fernandes suculenta entrevista.

A seguir, alguns trechos: 

O Brasil nunca esteve em tão boas mãos como agora. Nunca esse país teve uma pessoa que chegou na Presidência tão preparada como a Dilma. Tudo estava na cabeça dela, diferentemente de quando eu cheguei, de quando chegou Fernando Henrique Cardoso. Você conhece as coisas muito mais teóricas do que práticas. E ela conhecia por dentro. Por isso que estou muito otimista com o sucesso da Dilma e ela está sendo aquilo que eu esperava dela. Foi um grande acerto. Tinha obsessão de fazer o sucessor. Eu achava que o governante que não faz a sucessão é incompetente. 

(Leia-se FHC – PHA) 

O Brasil está recebendo US$ 65 bilhões de investimento direto. Então não dá para se ter qualquer descrença no Brasil nesse momento. Nunca os empresários brasileiros tiveram tanto acesso a crédito com um juro tão baixo. 

(…) ela não perde suas convicções ideológicas, mas não perde o senso prático para governar o país. Ela não vai governar o país com ideologia. Se alguém ainda aposta no fracasso da Dilma, pode começar a quebrar a cara. Ela tem convicção do que quer. Esses dias liguei para ela e disse para tomar cuidado para não passar dos 100%. Porque há espaço para ela crescer. Vai acontecer muito mais coisa nesse país ainda. Não adianta torcer para não ter sucesso. Não há hipótese de o Brasil não dar certo. 


(Leia “Eduardo foi ao cassino e aposta no vermelho 36: a Dilma fracassar” – PHA)

Minha relação de amizade com Eduardo Campos e com a família dele, que passa pela mãe, pelo avô e pelos filhos, é inabalável, independentemente de qualquer problema eleitoral. Eu não misturo minha relação de amizade com as divergências políticas. Segundo, acho muito cedo pra falar da candidatura Eduardo. Ele é um jovem de 40 e poucos anos. Termina seu mandato no governo de Pernambuco muito bem avaliado. Me parece que não tem vontade de ser senador da República nem deputado. O que é que ele vai ser? Possivelmente esteja pensando em ser candidato para ocupar espaço na política brasileira, tão necessitada de novas lideranças. Se tirar o Eduardo, tem a Marina que não tem nem partido político, tem o Aécio que me parece com mais dificuldades de decolar. Então é normal que ele se apresente e viaje pelo Brasil e debata. Ainda pretendo conversar com ele. 

Até agora não tem nada que me faça enxergá-lo de maneira diferente da que enxergava um ano atrás. Se ele for candidato vamos ter que saber como tratar essa candidatura. O Brasil comporta tantos candidatos. Já tive o PSB fazendo campanha contra mim. O Garotinho foi candidato contra mim. O Ciro também. E nem por isso tive qualquer problema de amizade com eles. Candidaturas como a do Eduardo e da Marina só engrandecem o processo democrático brasileiro. O que é importante é que não estou vendo ninguém de direita na disputa.


(Mas, também, ele não deixa espaço pra ninguém na esquerda. Por isso, Eduardo teve que ir para a direita. PHA)

Eu não pedirei para não ser candidato nem para ele nem para ninguém. A Marina conviveu comigo 30 anos no PT, foi minha ministra o tempo que ela quis, saiu porque quis e várias pessoas pediram para eu falar com ela para não ser candidata e eu disse: “Não falo”. Acho bom para a democracia. E precisamos de mais lideranças. O que acho grave é que os tucanos estão sem liderança. Acho que Serra se desgastou. Poderia não ter sido candidato em 2012. Eu avisei: não seja candidato a prefeito que não vai dar certo. Poderia estar preservado para mais uma. Mas Serra quer ser candidato a tudo, até síndico do prédio acho que ele está concorrendo agora. E o Aécio não tem a performance que as pessoas esperavam dele.


(Só quem acredita no Aécio é o FHC. O Aécio é o papagaio de pirata da “herança’ do FHC – PHA )

Não tem adversário fácil.

Eu quero palanque.

Vou lá em Garanhuns
 (que fica em Pernambuco – PHA), vou ao Rio, São Paulo, Roraima.

(Clique aqui para ler sobre “o banho de Lula que Dilma deu em Eduardo em Serra Tallhada”.)

(…) a primeira coisa é a eleição da Dilma. Não podemos permitir que a eleição da Dilma corra qualquer risco. Não podemos truncar nossa aliança com o PMDB. Na minha cabeça o projeto principal é garantir a reeleição de Dilma. É isso que vai mudar o Brasil.

Para nós a manutenção da aliança com o PMDB aqui em São Paulo é importante.

(…)  Nós nunca tivemos tanta chance de ganhar a eleição em São Paulo como agora. A minha tese é a mesma da eleição de Fernando Haddad. Ou seja, alguém que se apresente com capacidade de fazer uma aliança política além dos limites do PT, além dos limites da esquerda. Como é cedo ainda, temos um ano para ver isso. Eu fico olhando as pessoas, vendo o que cada um está fazendo. E pretendo, se o partido quiser me ouvir, dar um palpite.

Valor: Desde que deixou a Presidência, o senhor tem sido até mais alvejado que a presidente. Foi acusado de tentar manter a chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo. Agora foi acusado de ter suas viagens financiadas por empreiteiras. Como o senhor recebe essas críticas e como as responde?


Lula: Quando as coisas são feitas de muito baixo nível, quando parecem mais um jogo rasteiro, eu não me dou nem ao luxo de ler nem de responder. Porque tudo o que o Maquiavel quer é que ele plante uma sacanagem e você morda a sacanagem. É que nem apelido: se eu coloco um apelido na pessoa e a pessoa fica nervosa e começa a xingar, pegou o apelido. Se ela não liga, não pegou o apelido. Tenho 67 anos de idade. Já fiz tudo o que um ser humano poderia fazer nesse país. O que faz um presidente da República? Como é que viaja um Clinton? A serviço de quem? Pago por quem? Fernando Henrique Cardoso? Ou você acha que alguém viaja de graça para fazer palestra para empresários lá fora? Algumas pessoas são mais bem remuneradas do que outras. E eu falo sinceramente: nunca pensei que eu fosse tão bem remunerado para fazer palestra. Sou um debatedor caro. E tem pouca gente com autoridade de ganhar dinheiro como eu, em função do governo bem-sucedido que fiz neste país. Contam-se nos dedos quantos presidentes podem falar das boas experiências administrativas como eu. Quando era presidente, fazia questão de viajar para qualquer país do mundo e levar empresários, porque achava que o presidente pode fazer protocolos, assinar acordo de intenções, mas quem executa a concretude daquilo são os empresários. Viajo para vender confiança. Adoro fazer debate para mostrar que o Brasil vai dar certo. Compre no Brasil porque o país pode fazer as coisas. Esse é o meu lema. Se alguém tiver um produto brasileiro e tiver vergonha de vender, me dê que eu vendo. Não tenho nenhuma vergonha de continuar fazendo isso. Se for preciso vender carne, linguiça, carvão, faço com maior prazer. Só não me peça para falar mal do Brasil que eu não faço isso. Esse é o papel de um político que tem credibilidade. Foi assim que ganhei a Olimpíada, a Copa do Mundo. Quando Bush veio para cá e fomos a Guarulhos, disse a ele que era para tirarmos fotografia enchendo um carro de etanol. Tinham dois carros, um da Ford e um da GM, e ele falou: “Eu não posso fazer merchandising”. Eu disse: “Pois eu faço das duas”. Da Ford e da GM. E o Bush tirou foto com chapéu da Petrobras. Sem querer ele fez merchandising da Petrobras. Você sabe que eu fico com pena de ver uma figura de 82 anos como o Fernando Henrique Cardoso viajar falando que o Brasil não vai dar certo. Fico com pena.

Valor: O senhor voltará à política em 2018?

Lula: Não volto porque não saí.

Valor: Voltará a se candidatar?

Lula: Não. Estarei com 72 anos. Está na hora de ficar quieto, contando experiência. Mas meu medo é falar isso e ler na manchete. Não sei das circunstâncias políticas. Vai saber o que vai acontecer nesse país, vai que de repente eles precisam de um velhinho para fazer as coisas. Não é da minha vontade. Acho que já dei minha contribuição. Mas em política a gente não descarta nada.

Valor: Que análise o senhor faz do julgamento do mensalão?

Lula: Não vou falar por uma questão de respeito ao Poder Judiciário. O partido fez uma nota que eu concordo. Vou esperar os embargos infringentes. Quando tiver a decisão final vou dar minha opinião como cidadão. Por enquanto vou aguardar o tribunal. Não é correto, não é prudente que um ex-presidente fique dizendo “Ah, gostei de tal votação”, “Tal juiz é bom”. Não vou fazer juízo de valor das pessoas. Quando terminar a votação, quando não tiver mais recursos vou dizer para você o que é que eu penso do mensalão.



Clique aqui e leia mais no site do Valor.


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.


terça-feira, 26 de março de 2013

O fastio pós-coito



O fastio pós-coito

FABIO HERNANDEZ 25 DE MARÇO DE 2013 

As mulheres parecem não aceitar que depois do sexo nós queremos um pouco — só um pouco — de sossego.gostosa!
OUVI DE MINHA amiga Consuelo uma queixa que me pareceu incongruente: “Lembra do Carlos? Dispensei. Ele era insuportavelmente grosseiro depois do orgasmo”. “Como assim?”, perguntei. “Vocês homens tornam-se incivilizados depois que conseguem seu orgasmo. Sobem na árvore, grunhindo para si mesmos, incapazes de dividir. “Dividir. Quantas vezes já ouvi esta palavra sair em estocadas da boca de uma mulher. Di-vi-dir. Em suma, o pobre Carlos, o fiel e dedicado Carlos, depois do orgasmo, quis assistir futebol. Nem um beijo, nem uma palavra de amor. Apenas o som frio e oco do controle remoto. Adeus, Carlos, você não quis di-vi-dir o “depois” do orgasmo.
Consuelo não é exatamente uma feminista, e a queixa, embora intelectualizada, me pareceu cheia de razão. É verdade, depois do sexo somos incivilizados: sofremos de fastio. Todos nós, homens, sofremos do fastio pós-coito. Mas por alguma razão sempre à espreita, talvez o terror antimachismo ou a política de boa vizinhança, temos de fingir que não. Disse firme para Consuelo: “Já não bastam as preliminares extensíssimas que vocês nos exigem, querem agora que fiquemos depois fazendo onda também…” Não sei se foi a palavra onda, mas o fato é que ouvi de Consuelo a seguinte frase: “Você é narcisista e egocêntrico”.
As mulheres são mesmo assim, sinceras. Nós é que somos os eternos mentirosos. E pagamos por isso. Mentimos (ou ao menos omitimos) que queremos ficar ao lado delas depois de totalmente saciados, quando, na verdade, queremos ligar a TV e ver os gols da rodada ou ir à cozinha comer um pedaço de pizza fria. Talvez seja hora de falarmos com a franqueza peculiar ao sexo frágil. Elas nos pedem que compreendamos seu tempo sexual. Nós compreendemos. Elas nos pedem que olhemos seu interior. Nós olhamos. Elas nos pedem que dividamos com elas a preocupação com a gravidez. Nós dividimos. Quero viver meu fastio pós-coito, meu pessoal e intransferível pós-coito, em paz. É meu singelo pedido.
Para nós, homens, parece nonsense o bailado feminino depois da cópula. Não entendemos como elas conseguem permanecer passarinhando ao nosso redor, esfregando seus pezinhos frios na nossa canela e beijando nossa orelha, se não há nenhum motivo gritante para isso. Já não cumprimos nossa missão, passo a passo – caprichamos nas preliminares, olhamos por dentro delas, usamos devidamente a camisinha contra gravidez e doenças? Elas já não estão coradas e felizes? Que mais esperam de nós, depois de tamanha explosão de energia? Não entendo. Há entre um orgasmo e outro um breve momento de indiferença gloriosa. É breve, mas existe. Depois do sexo, estamos fartos, cheios até a boca, boiando no torpor de nossos egos inflados e hormônios sedados, orgulhosos de nós mesmos e completamente indiferentes a ela – ou a tudo. Olhei para Consuelo e pedi: “Clemência! É que, depois do sexo, não precisamos de mais nada”. Consuelo fuzilou-me: “Vocês só nos dizem coisas doces para nos usar. Depois do prazer, não servimos nem para conversar”.
E isso não é ótimo? É como nos sentimos também – usados -, só que não julgamos isso negativo. Consuelo me cansa com a mania persecutória comum a todas as mulheres deste século. Pago por todos os homens opressores da história da humanidade – e quem sou eu? Um oprimido, um homem que não pode viver seu fastio pós-coito sem sustos, porque sabe que um quarto de hora mais tarde estará de novo no alto da montanha-russa da testosterona, prestes a implorar de joelhos que a amada o encha de beijos e ouça as perversões que guardou para ela. Quem é o usado aqui?
Calei-me. Não disse a Consuelo uma imagem que Toni, um amigo em comum, me deu certa vez sobre o momento depois do orgasmo. “Sabe”, ele me disse, “quando você encosta os dois pés na beirada da piscina para dar impulso e ganhar distância? Tenho vontade de fazer isso… na cama”. Ele não disse na cama, ele disse o nome da namorada dele. E completou: “Com todo respeito”. Toni ansiava por ganhar espaço, solidão, estar só com sua total – e fugaz – alforria do desejo. Sexo é prisão. Doce prisão. Se há alguém escravo numa relação de sexo, somos nós, os homens. O desejo nos acorrenta às mulheres; o momento pós-coito nos liberta. Nos sentimos livres, por alguns momentos, daquela angústia permanente que é nosso desejo ancestral de copular com todas as mulheres do mundo, distribuir nossos espermatozóides e proliferar nossas sementes sobre a terra.
É uma centelha de paz justa, merecida, neste universo tão caótico. E não há razão nenhuma para que sintamos culpa pelo fastio diante da nudez irada e tagarela da mulher que acabamos de satisfazer sexualmente e agora insiste numa conversa sem sentido.

segunda-feira, 25 de março de 2013

UM MINEIRO CARIOCA


Aécio torra 63% dos vôos com dinheiro público, para baladas no Rio

Você acha certo o senador por Minas, Aécio Neves (PSDB-MG), ir beber chopp no Bar Cervantes do Rio, com passagens aéreas pagas com dinheiro público do Senado?


http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,senador-usa-mais-verba-para-ir-ao-rio-que-a-bh-,1012625,0.htm

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) deflagrou nova crise no Senado sobre passagens aéreas pagas com dinheiro público porque, em vez de usá-las para trabalho relacionado ao mandato, estaria usando para diversão, baladas e fins privados.

Levantamento publicado no jornal paulista "Estadão" mostra que 63% das viagens de Aécio bancadas pela verba para passagens aérea do Senado (portanto, com dinheiro público) foi para o Rio de Janeiro.

Só 27% das viagens foram para Minas Gerais, estado que ele deveria representar oficialmente, e o gasto teria justificativa.

A ideia de senadores ter passagens aéreas pagas com o dinheiro público, é para viajar a trabalho do mandato, como viajar a seus Estados e manter contato com os eleitores que ele representa. Ou então viajar a trabalho para algum evento que seja importante para o interesse público do Estado.

Essa verba não é para diversão, não é para passar os fins de semana nas baladas do Rio de Janeiro, abandonando Minas. Se quer se divertir, fazer turismo, badalar, viajar para fins privados, que pague com dinheiro de seu próprio bolso, em vez de meter a mão nos cofres públicos.

Imprensa mineira é censurada, e tira notícia do ar

"Minas sem Censura", bloco de oposição aos tucanos mineiros, denuncia que os sites dos jornalões mineiros estão dando o vexame de apagar essa notícia, para blindar Aécio.

Só confirma a fama da velha imprensa mineira ser censurada com mão  de ferro pelo tucanato que está no governo mineiro.


Em tempo: o fato do "Estadão" ter publicado essa matéria, indica que tem o dedo de "serristas" por trás dela. O PSDB paulista da facção de José Serra (PSDB-SP) está em pé de guerra para detornar a pré-candidatura de Aécio.     
Por: Zé Augusto

domingo, 24 de março de 2013

Uma elite inculta, egoísta e vil


Danuza Leão é o símbolo vivo de uma elite inculta, egoísta e vil

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Há um setor da sociedade que simplesmente não consegue enxergar e aceitar o processo civilizatório em que o Brasil mergulhou após os seguidos desastres administrativos, econômicos e sociais que governos medíocres, vendidos e ladrões lhe impuseram até 2002.
Talvez o mais eloquente símbolo do processo civilizatório em curso no Brasil seja estar se tornando raro famílias de classes média e alta terem “empregadas domésticas” que trabalhem de sol a sol por ninharias que não pagam refeição em um bom restaurante.
Agora, após séculos de verdadeira escravidão a que mulheres e até meninas pobres se submeteram trabalhando nessas condições para famílias de classe social superior, o Congresso criou vergonha e estendeu aos trabalhadores domésticos os direitos de todos os outros.
Um dos muitos avanços sociais para a maioria empobrecida do nosso povo que os governos Lula e Dilma vêm proporcionando está na raiz do ódio que a elite tem deles, pois acabou a moleza de madames como a colunista da Folha de São Paulo Danusa Leão terem escravas.
Eis que a socialite-colunista, que já andou vertendo seu ódio de classe devido à conquista dos aeroportos e viagens internacionais pelas classes “inferiores”, agora se revolta com os direitos trabalhistas serem estendidos também às “domésticas”.
Para tanto, como bem anotou o site Brasil 247, a socialite-colunista se valeu dos “argumentos” que há mais de século os escravocratas brasileiros usaram para manter este país como o único em que persistia a escravidão de negros.
Os escravocratas diziam que se os negros fossem libertados, seriam os principais prejudicados porque não conseguiriam se sustentar sem a “proteção” do senhor de escravos.
Agora, uma centena e tanto de anos depois, a colunista da Folha diz que dar direitos trabalhistas a domésticas seria ruim para elas porque, dessa forma, não conseguirão emprego.
Essa mulher é colunista do dito “maior jornal do país”. Espanta como alguém tão desinformada pode ter espaço em um veículo de projeção nacional para provar por escrito sua ignorância desumana.
Danusa é o retrato de uma elitezinha minúscula, iletrada, desinformada, egoísta, racista, sonegadora e pervertida. Leia a sua diarreia mental na Folha deste domingo. Prossigo a seguir.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
24 de março de 2013
A PEC das empregadas
Danusa Leão
Essa Pec das empregadas precisa ser muito discutida; como foi mal concebida, assim será difícil de ser cumprida, e aí todos vão perder.
A intenção de dar as melhores condições à profissional, faz com que seja quase impossível que o empregador tenha meios de cumprir com as novas leis; afinal, quem vai pagar esse salário é uma pessoa física, não uma empresa.
Vou fazer alguns comentários sobre as condições -diferentes- em que trabalham as domésticas aqui e em países mais civilizados.
Vou falar da França e dos Estados Unidos, que são os que mais conheço. Lá, quem mora em apartamento de dois quartos e sala, é considerada privilegiada, mas nenhum deles tem área de serviço nem quarto de empregada (costuma existir uma área comunitária no prédio com várias máquinas de lavar e secar, em que cada morador paga pelo tempo que usa); uma família que vive num apartamento desses tem -quando tem- uma profissional que vem uma vez por semana, por um par de horas.
É claro que cada um faz sua cama e lava seu prato, e a maioria come na rua; nessas cidades existem dezenas de pequenos restaurantes, e por preços mais do que razoáveis.
Apartamentos grandes, de gente rica, têm quarto de empregada no último andar do prédio (as chamadas “chambres de bonne”, que passaram a ser alugadas aos estudantes), ou no térreo, completamente separados e independentes da família para quem trabalham.
Essas domésticas -fixas e raras- têm salario mensal, e sua carga horária é de 8 horas por dia, distribuídas assim: das 8h às 14h (portanto, 6 horas seguidas) arrumam, fazem o almoço, põem a casa em ordem. Aí param, descansam, estudam, vão ao cinema ou namoram; voltam às 19h, cuidam do jantar rapidinho (lá ninguém descasca batata nem rala cenoura nem faz refogado, porque tudo já é comprado praticamente pronto), e às 21h, trabalho encerrado.
Mas no Brasil, muitos apartamentos de quarto e sala têm quarto de empregada, e se a profissional mora no emprego, fica difícil estipular o que é hora extra, fora o “Maria, me traz um copo de água?”. E a ideia de dar auxílio creche e educação para menores de 5 anos dos empregados, é sonho de uma noite de verão, pois se os patrões mal conseguem arcar com as despesas dos próprios filhos, imagine com os da empregada.
Quem vai empregar uma jovem com dois filhos pequenos, se tiver que pagar pela creche e educação dessas crianças? É desemprego na certa.
Outra coisa esquecida: na maior parte das cidades do Brasil uma empregada encara duas, três horas em mais de uma condução para chegar ao trabalho, e mais duas ou três para voltar para casa, o que faz toda a diferença: o transporte público no país é trágico. Atenção: não estou dando soluções, estou mostrando as dificuldades.
Na França, quando um casal normal, em que os dois trabalham, têm um filho, existem creches do governo (de graça) que faz com que uma babá não seja necessária, mas no Brasil? Ou a mãe larga o emprego para cuidar do filho ou tem que ser uma executiva de salário altíssimo para poder pagar uma creche particular ou uma babá em tempo integral, olha a complicação.
Nenhum país tem os benefícios trabalhistas iguais aos do Brasil, mas isso funciona quando as carteiras das empregadas são assinadas, o que não acontece na maioria dos casos; e além da hora extra, por que não regulamentar também o trabalho por hora, fácil de ser regularizado, pois pago a cada vez que é realizado? Se essa PEC não for muito bem discutida, pode acabar em desemprego.
P.S.: É difícil saber quem saiu pior na foto esta semana: se d. Dilma, dizendo em Roma que a culpa pelas tragédias de Petrópolis se deve às vítimas, que não quiseram sair de suas casas, ou se Cristina Kirchner, pedindo ajuda ao papa no assunto das Malvinas.
—-

No Brasil, com a revolução social da década passada – desencadeada a partir de 2004 – há cada vez menos pessoas dispostas a realizar trabalhos domésticos, sobretudo devido à falta de direitos trabalhistas e aos salários de miséria que gente como Danusa quer pagar para ser servida 24 horas por dia em troca de alguns trocados, um prato de comida e uma cama.
Se a elite que Danusa simboliza não fosse tão desinformada, iletrada, delirante e egoísta, saberia que o IBGE vem detectando que é cada vez menor o número de pessoas dispostas a atuar em tarefas domésticas.
No ano passado, por exemplo, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, apenas 6,6% dos brasileiros atuaram em serviços domésticos. Foi o resultado mais baixo desde 2003.
Danusa tenta preservar a escravidão no Brasil usando um argumento vazio, como se vivesse na época de seu ídolo Fernando Henrique Cardoso. Ela não sabe que a escassez de trabalhadores domésticos elevou o poder de barganha deles
Os salários dos empregados domésticos crescem sem parar desde 2003 e o nível de formalização (carteira assinada) é hoje o mais alto da história.
Nos últimos 12 meses, o salário médio de uma empregada doméstica aumentou 11,83%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do País, também apurado pelo IBGE.
Segundo o coordenador da pesquisa do IBGE, “Por causa da oferta baixa e da demanda crescente o preço das empregadas domésticas chegou num patamar em que muitas famílias estão abrindo mão do serviço todos os dias e optando por ter uma empregada duas vezes por semana, por exemplo, para não configurar um vínculo”.
Segundo o estudo, “A mudança na situação do mercado de trabalho doméstico foi sustentada por dois motivos: aquecimento na criação de postos de trabalho e melhora na educação do trabalhador. Esses fatores fizeram com que os trabalhadores domésticos conseguissem migrar para outros ramos de atividades”.
Mais dados da PME, do IBGE: “Entre 2003 e 2012, o porcentual de trabalhadores analfabetos ou com até oito anos de estudo recuou 15,5%. Já a quantidade de profissionais com 8 a 10 anos de estudo aumentou 27,7%, enquanto a parcela dos profissionais cresceu 139,4% no período”
A quantidade de trabalhadores domésticos, por conta disso, vem caindo, em média, 2,7% ao ano.
O coordenador da pesquisa do IBGE ainda explica que “Com a melhoria da educação e oportunidade de trabalhar em outros nichos, as trabalhadoras estão conseguindo se inserir principalmente nos serviços prestados a empresas, uma parte mais voltada para terceirização”.
Já o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho explica que “Em geral as pessoas não gostam de ser empregadas domesticas. Sempre que possível elas deixam essa profissão”. E as razões disso, a diarreia escrita de Danusa explica.
E o pior do texto dessa senhora é quando tenta fazer uma analogia entre os serviços domésticos no Brasil e nos países ricos.
A pesquisa do IBGE mostra que a mudança na estrutura do emprego doméstico no Brasil o tornará mais europeizada e americanizado. Segundo os pesquisadores do IBGE, “Em países de economia mais madura ter um trabalhador doméstico todos os dias da semana é considerado luxo. Quem trabalha no setor, por sua vez, se especializa e, obviamente, cobra mais”.
Minha filha Gabriela (26) vive há quatro anos em Sydney, na Austrália. Para pagar os estudos trabalhou como babá, ganhando o equivalente a 7 mil reais por mês, viajando ao exterior toda hora, comprando carro e trabalhando apenas seis horas por dia.
Nos países civilizados, empregados domésticos fazem muitas exigências e recusam vários serviços, como recolher roupas íntimas usadas e imundas que socialites deixam no box do banheiro e outras humilhações.
“A tendência é haver pessoas especializadas em serviços domésticos. Não vamos ter analfabeto fazendo esse trabalho, como era no passado. Teremos pessoas com mais escolaridade nessa função com uma remuneração mais elevada”, diz o economista Barbosa Filho.
Danusa, que como toda madame fútil quer se mostrar uma “expert” nas condições sociais e econômicas de países ricos, viaja a eles e não consegue entender o que vê. Assim, escreve as cretinices desinformadoras que escreveu naquele que se diz “maior jornal do Brasil”.
*
PS: a socialite que escreve na Folha deveria ler  a Folha, que mostra que Dilma não saiu “mal na foto” na semana passada coisa nenhuma, bastando ler a pesquisa Datafolha, que o jornal publicou, para entender isso. Mas acho que Danusa se referiu ao seu clube de desocupadas fúteis, iletradas e desinformadas, não ao povo brasileiro.