Viver no Rio - comendo fora
Não é só no Rio
Garçons
com o cliente. Se os olhos do garçom cruzam com os do cliente, pode ser que este o
chame. O cliente fará um pedido qualquer. O garçom será obrigado a atendê-lo.
O cliente ficará satisfeito. Isso é algo a ser evitado a todo custo.
O cliente ficará satisfeito. Isso é algo a ser evitado a todo custo.
Não é fácil. Não dá para ficar passando um pano qualquer
sobre as mesas vazias, de olhos baixos. Não o tempo todo. Virar de costas também é
expediente que serve apenas para as emergências. Há que desenvolver o chamado
"olhar de garçom": vagamente remoto, fixo no infinito, passando por cima das cabeças d
aqueles que tentam desesperadamente chamá-lo para pedir mais um chope ou uma
porção de batatinhas.
porção de batatinhas.
Há variações. Os garçons do restaurante Lagoa, por exemplo. Eles são famosos por seu
mau humor. Até vão à sua mesa. Mas de cara amarrada. Como é mesmo esse filé a
Oswaldo Aranha? Quem nem qualquer filé a Oswaldo Aranha da cidade, senhor.
Dá para trocar o arroz com brócolis por arroz branco? Não dá, o prato é assim,
se não gostar pede outro.
Nos restaurantes do Rio, não basta ser cliente assíduo. Tem que conquistar a amizade do
Nos restaurantes do Rio, não basta ser cliente assíduo. Tem que conquistar a amizade do
garçom. O pessoal de São Paulo pensa que é preciso dar boas gorjetas. Por isso, são
atendidos na maior má-vontade. Tem que chamar o garçom pelo nome de batismo,
perguntar pelas crianças, saber como anda a saúde da sogra. Aí você vai ser tratado
como um rei. Como um rei, não. Como um consumidor que paga para ser atendido,
esperando um bom serviço daquele estabelecimento comercial.
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