Dilma reage com ‘bomba atômica’ ao catastrofismo midiático
Não poderia ser melhor a reação do governo Dilma Rousseff a um processo que começou há meses e que, neste mês, chegou ao ápice com manchetes espalhafatosas dando conta de que o Brasil estaria na iminência de sofrer um “racionamento” de energia devido à baixa do nível dos reservatórios das hidrelétricas ocasionada por falta de chuva.
Além da boataria desencadeada pelos jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo sobre possível “racionamento” – boataria que chegou aos telejornais –, os comentários da grande mídia sobre a economia vêm pintando um país à beira da ruína e da estagnação, com alusões catastrofistas sobre o crescimento modesto do PIB em 2012 e “perda de confiança dos investidores”.
Por razões que serão comentadas mais adiante, porém, vai ficando claro para o Brasil e o mundo que ninguém mais está dando bola para essa verdadeira cruzada da dita “grande imprensa” no sentido de convencer o país de que está indo muito mal, obrigado.
A edição deste ano do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, conta com uma pesquisa feita entre os 1.330 empresários que discutirão a economia mundial. Essa pesquisa mostra que Brasil fica em 4º lugar no otimismo dessas pessoas.
Brasil é citado por 15% dos “CEOs” convocados para o evento como sendo um dos três países mais importantes para o crescimento das empresas, mas não é só.
Quem assiste os “Jornais Nacionais” da vida ou lê os veículos impressos supracitados, entre outros, certamente ficará surpreso em saber que, entre os empresários brasileiros convocados para aquele evento, um expressivo contingente deposita muita confiança na economia do país.
Segundo o colunista da Folha de São Paulo Clóvis Rossi, em matéria na Folha de São Paulo da última quarta-feira (23.1), “Fatia substancial do empresariado brasileiro não compartilha o catastrofismo que, nos últimos meses, acompanha as análises sobre as perspectivas da economia no país. Ao contrário: 44% deles estão muito confiantes no crescimento das receitas de suas companhias, porcentagem de otimistas que só fica atrás da dos executivos russos (66% de otimistas), indianos (63%) e mexicanos (62%)”.
Como se vê, não é só o “povo ignorante” que confia no governo Dilma. Os mais importantes empresários brasileiros e estrangeiros estão dando uma banana para o que o colunista supracitado chamou de “catastrofismo”.
E essa perda de confiança nesses grandes meios de comunicação escritos e eletrônicos pode ser explicada por um episódio ocorrido na noite da última quarta-feira, com pronunciamento da presidente Dilma em rede nacional de rádio e televisão.
A presidente usou uma “bomba atômica” para provar que eram falsas as “análises”, “previsões”, editoriais e artigos que Globos, Folhas, Vejas e Estadões alardeiam a meses sobre supostas desgraças que estariam se abatendo sobre o país.
Em seu pronunciamento de quarta-feira, a mandatária provou que o “catastrofismo” a que se refere Clóvis Rossi decorreu de interesses políticos e econômicos contrariados com o bom momento que o Brasil atravessa justamente quando o mundo se debate em meio à maior crise econômica internacional da história.
Nesse contexto, foi sintomática a cadência do noticiário sobre desgraças econômicas no país. Primeiro, os veículos supracitados promoveram alarmismo com a iminência de um suposto “racionamento” de energia. Vendo que não viria, passaram a noticiar um suposto “apagão”. Descartada mais essa desgraça, começaram a falar em “apaguinhos”.
Devido à contundência e à insistência do noticiário alarmista, mesmo os mais desinformados foram “informados” sobre supostos problemas na geração de energia elétrica no país. Este blog, porém, desde o começo do ano vinha avisando que os que estavam apostando nessa nova desgraça colheriam frutos amargos.
Em 7 de janeiro, publicou-se, aqui, o post Imprensa tucana inventa apagão para tentar sabotar a economia.
O texto alertava para o fato de que a teoria sobre “racionamento” causaria problemas na economia porque empresários e investidores desinformados se assustariam. No dia seguinte, o noticiário foi tomado por notícias de quedas generalizadas dos preços das ações das empresas geradoras e distribuidoras de energia elétrica, com baixas de até 35%.
Em questão de dias, essas ações se recuperaram, quando ficou claro que não havia risco de racionamento.
Em 9 de janeiro, o Blog veiculou post intitulado Dilma acha que “bater boca” com a mídia é “perda de tempo”. Abaixo, trecho que, mais uma vez, avisou à mídia que estava enveredando por uma estratégia de guerra política que se revelaria infrutífera.
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(…) há muito que a presidente já decidiu que “não vale a pena bater boca com a mídia”. Foi-me dado exemplo dessa questão do setor elétrico. Dilma já desmentiu várias vezes o “racionamento” e a mídia, além de não dar o devido destaque às suas palavras, desmente o que diz.
A alternativa seria enveredar por um bate-boca inútil, pois os grandes veículos que tentam aterrorizar a população sempre ficam com a última palavra, já que quem formata o noticiário são eles. Assim como em outras questões, tais como o crescimento modesto do PIB em 2012, portanto, a presidente julga que é melhor deixar que os fatos desmintam a mídia.
Explico: em pouco tempo, os brasileiros receberão contas de luz mais baratas, com desconto médio de 20%, e não terá ocorrido racionamento algum. Dessa forma, quem está recebendo as tais informações de que além de racionamento haverá aumento na conta de luz, concluirá que recebeu informações falsas daqueles meios de comunicação.
Além disso, como o noticiário tem insistido no fato de que os reservatórios estão no mesmo nível de 2001 – quando o governo FHC impôs um duro racionamento ao país –, ao constatarem que, além de não haver racionamento, a energia ficou mais barata, as pessoas poderão mensurar a superioridade deste governo sobre aquele.
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Na última quarta-feira, as previsões – ou avisos – que foram veiculados aqui ganharam materialidade. A presidente da República, em cadeia nacional de rádio e televisão, anunciou que, contrariando o alarmismo que dizia que as contas de luz cairiam menos ou nem cairiam, estas irão cair mais do que o previsto. E antes.
A previsão de redução das contas de luz residenciais, que era de 14%, passou para 18%; a redução das contas das empresas, que deveria ficar em 28%, deve passar, em alguns casos, de 32%. E, por fim, o início da redução, que só viria em março, foi antecipado para janeiro.
As dezenas de milhões de brasileiros de todas as classes sociais e regiões do país que foram alvo do alarmismo midiático verão se materializar, em questão de dias ou semanas, uma realidade que vai de encontro ao que Globos, Folhas, Vejas e Estadões alardearam.
Assim, a cada dia menos gente vai dando bola para o que esse setor partidarizado da imprensa nacional diz sobre os rumos do Brasil e sobre a forma como o país vem sendo governado. O pronunciamento recente de Dilma, nesse aspecto, constituiu-se em uma bomba atômica, que pode ter inserido o último prego na tampa do caixão da credibilidade midiática.
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