Vamos celebrar a burrice – 12º aniversário da privatização do Banestado
Em 17/10/2000, o Banco do Estado do Paraná foi “vendido” ao banco Itaú pela bagatela de R$ 1,6 bilhões.
Bom, não dá para se dizer que o banco foi realmente “vendido.” Nas negociações, depois de batido o martelo, ficou acertado que o estado do Paraná, antigo proprietário da instituição financeira, apesar da venda ainda seria responsável pelo pagamento de uma dívida no valor de atualizados R$ 16 bilhões ao banco Itaú, novo proprietário da instituição financeira.
Mais ou menos assim:
Suponha que você tem uma Belina ano 76, que não te serve mais e que você quer vender. Você acerta com o comprador que esta Belina vale R$ 400,00, mas, depois da venda, você se compromete a bancar todas a dívidas atrasadas, multas e reparos neste carro velho. Assim, você se desfaz do carro velho, assumindo o compromisso de doar ao comprador um montante suficiente para comprar uma Ferrari zerinho, cheirando a nova e com todos os documentos e dia.
Burrice, não é?
Pois bem, foi exatamente isso que nosso querido ex-governador Jaime Lerner fez com o estado do Paraná. Entregou um patrimônio do estado para um banco privado por um valor irisório e ainda se comprometeu a pagar com o dinheiro dos paranaenses, uma dívida de R$ 16 bilhões, financiados em 30 anos com juros de 6% ao ano.
Mas que burrice!
Alguns leitores até podem achar que foi um excelente negócio, afinal o Banestado era só um cabide de emprego para apadrinhados políticos e aquelas babozeiras do tipo. Mas não, esta é uma visão muito superficial da coisa.
O Banestado tinha cerca de 8.000 funcionários na época da privatização e com a venda, mais de 7.000 pessoas perderam seus empregos e fontes de renda. São nada menos que 7.000 trabalhadores, concursados, treinados e competentes que, da noite para o dia perderam o chão e viram todos os anos de trabalho dedicado a empresa escorrendo pelo ralo sem poder fazer nada.
Sem contar o comércio na região do Santa Cândida, bairro onde se localizava a sede do banco, que se mantinha em função da instituição financeira e que foi completamente desestruturado. Até hoje, 12 anos depois, o comércio da região ainda não se recuperou.
Ou então, as agências do banco em locais remotos do estado que cumpriam uma função muito mais social do que financeira. Este tipo de agência não dá lucros e lógico, foram fechadas pelos novos donos, afinal o objetivo de uma instituição privada é o lucro, função social é obrigação do poder público, não é?
E assim o Paraná perdeu muito, o Paraná ficou anos sem os repasses do governo federal por conta das dívidas deixadas pela venda do banco. O Paraná perdeu, eu perdi você perdeu, todos nós, direta ou indiretamente perdemos muito com a negociata privatista.
Haviam muitas outras soluções para os problemas do banco, a privatização era apenas uma delas, mas como eram tempos de privataria foi uma escolha ideológica, traçada pela escolha neoliberal do governo FHC em abrir apetitosos espaços na economia para a iniciativa privada ampliar os seus lucros.
Não, não chore, nem tudo são perdas ou coisas tristes, alguns ganharam e ganharam muito.
Nestes 12 anos o Banco Itaú cresceu, bateu recordes sobre recordes de lucros, fechou acordos com estados e municípios e capitalizou-se vertiginosamente.
Tem ex-governador que ficou bilionário, comprou shopping-centers em Miami, Nova Yorque e até nas Europas e hoje, desfruta confortavelmente de sua fortuna em Paris. Ele agora é um verdadeiro cosmopolita e não quer mais nem saber da política do estado ou da cidade que o projetou para o mundo. No máximo se mete a dar um pitaco sobre a sucessão municipal de Curitiba.
E muitos de nós, tolos que somos, ainda idolatramos esta pessoa como se fosse uma espécie de semi-deus em assuntos da cidade. Ele hoje é um bilionário vivendo em Paris e nós, miseráveis apinhados no transito e no ônibus demorados e entupidos, ou sofrendo e morrendo em intermináveis horas de espera nas unidades de saúde do município e do estado.
Pois é, há doze anos, mas com reflexos que duram até hoje. Vamos comemorar o aniversário da nossa burrice!
Colaboração Natale Vanz
Polaco Doido
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