quinta-feira, 31 de março de 2011

JANGO de Silvio Tendler (1984)

Oficialmente hoje, na prática amanhã, primeiro de abril, completam-se 47 anos do golpe que depôs João Goulart e atirou nosso país numa ditadura de 20 anos.


Foram precisos 25 anos até termos eleições diretas para presidente e 38 anos até termos, de novo, um presidente nacionalista e alinhado aos interesses dos trabalhadores.


PROVOCAÇÕES - MINO CARTA

Mino: PiG implorou


pelo Golpe Militar







terça-feira, 29 de março de 2011

A VIDA ETERNA DE JOSÉ ALENCAR.

"Não tenho medo da morte, mas da desonra."



Com informações da Wikipedia editadas por Eduardo Guimarães


José Alencar Gomes da Silva (Muriaé,1931 + São Paulo, 2011) foi senador por Minas Gerais e vice-presidente do Brasil de 2003 a 2011. Foi um dos maiores empresários de Minas Gerais. Construiu um império no ramo têxtil, sendo a Coteminas sua principal empresa. Elegeu-se vice-presidente da República na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, conseguindo a reeleição em 2006.

Filho de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva, começou a trabalhar com sete anos de idade, ajudando o pai em sua loja. Tinha 14 irmãos e irmãs. Quando fez quinze anos, em 1946, foi trabalhar como balconista numa loja de tecidos conhecida por “A Sedutora”. Em maio de 1948, mudou-se para Caratinga para trabalhar na “Casa Bonfim”.

Notabilizou-se como grande vendedor, tanto neste último emprego, quanto no anterior. Ainda durante sua infância, tornou-se escoteiro. Aos dezoito anos, iniciou seu próprio negócio. Contou com a ajuda do irmão Geraldo Gomes da Silva, que lhe emprestou quinze mil cruzeiros.

Em 1950, abriu a sua primeira empresa, denominada “A Queimadeira”, localizada na cidade de Caratinga. Vendia diversos artigos: chapéus, calçados, tecidos, guarda-chuvas, sombrinhas, etc. .

Em 1953, iniciou seu segundo negócio, na área de cereais por atacado, ainda em Caratinga. Logo em seguida participou – em sociedade com José Carlos de Oliveira, Wantuil Teixeira de Paula e seu irmão Antônio Gomes da Silva Filho – de uma fábrica de macarrão, a “Fábrica de Macarrão Santa Cruz”.

No final de 1959, seu irmão Geraldo faleceu. Assumiu então os negócios deixados por ele na empresa União dos Cometas. Em homenagem ao irmão, a razão social foi alterada para Geraldo Gomes da Silva, Tecidos S.A.

Em 1963, constituiu a Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas, que, mais tarde, passaria a se chamar Wembley Roupas S.A.

Em 1967, em parceria com o empresário e deputado Luiz de Paula Ferreira, fundou, em Montes Claros, a Companhia de Tecidos Norte de Minas, Coteminas. Em 1975, inaugurava a mais moderna fábrica de fiação e tecidos que o país já conheceu.

A Coteminas cresceu e hoje são onze unidades que fabricam e distribuem os produtos: fios, tecidos, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e de rosto, roupões e lençóis para o mercado interno, para os Estados Unidos, Europa e Mercosul.

Na vida política, foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, presidente da FIEMG (SESI, SENAI, IEL, CASFAM) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria. Candidatou-se às eleições para o governo de Minas Gerais em 1994 e, em 1998, disputou uma vaga no Senado Federal, elegendo-se com quase três milhões de votos.

No Senado, foi presidente da Comissão Permanente de Serviço de Infra-Estrutura – CI, membro da Comissão Permanente de Assuntos Econômicos e membro da Comissão Permanente de Assuntos Sociais.

Foi, ao início, um vice-presidente polêmico, ao assumir o cargo em 2003, tendo sido uma voz discordante dentro do governo contra a política econômica defendida pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que mantém os juros altos na tentativa de conter a inflação e manter a economia sob controle.

Já a partir de 2004, passou a acumular a vice-presidência com o cargo de ministro da Defesa. Por diversas oportunidades, demonstrou-se reticente quanto à sua permanência em um cargo tão distinto de seus conhecimentos empresariais, mas a pedidos do presidente Lula, exerceu a função até 2006. Na ocasião, renunciou para cumprir as determinações legais com o intuito de poder participar das eleições de 2006.

José Alencar tinha um delicado histórico médico. A partir de 2000, enfrentou um câncer na região abdominal, tendo passado por mais de 15 cirurgias – uma delas com duração superior a 20 horas. Em sua longa batalha contra o câncer, submeteu-se a um tratamento experimental nos Estados Unidos, com resultado inconclusivo. Em 2010, após repetidas internações e intervenções médicas, decidiu desistir de se candidatar ao Senado, por considerar uma injustiça com os eleitores.

No final de seu mandato como vice-presidente, em 2010, apresentou o complexo estado de saúde, sendo até mesmo necessário interromper o tratamento contra o câncer. No dia 22 de dezembro de 2010, foi submetido a uma cirurgia para tentar conter uma hemorragia no abdome. Voltou a ser internado em março de 2011, vindo a morrer no dia 29 devido a parada cardíaca e falência múltipla dos órgãos.

São poucos os políticos brasileiros que nos fazem chorar quando morrem. José Alencar é um deles

segunda-feira, 28 de março de 2011

DIÁRIOS DE MOTOCICLETA




Em artigo, Walter Salles relembra Alberto Granado, companheiro de Ernesto Guevara, morto no início de março
Publicada em 27/03/2011 às 09h13m
Walter Salles*


RIO - A notícia apareceu primeiro na internet, com a frieza característica dos meios eletrônicos: "Morre o companheiro de Ernesto Guevara na viagem de motocicleta através da América Latina."

Logo, começaram a chegar mensagens emocionadas de todos os cantos por onde filmamos: Argentina, Cuba, Chile, Peru. A mesma pessoa que nos havia unido em torno de "Diários de motocicleta", que ele havia idealizado junto com seu amigo Ernesto, nos reunia uma vez mais: Alberto Granado. As muitas cartas recebidas coincidiam: que sensação de vazio para aqueles que tiveram o privilégio de conhecer Alberto.

As imagens de nosso primeiro encontro voltam à tona. O jovem de 80 anos que nos recebeu em Havana para uma longa entrevista era luminoso. Para o roteiro do filme, relembrou cada etapa da odisseia vivida através de um continente que lhe era então desconhecido. Era um grande contador de histórias - cada caso soava melhor do que o outro, o que triplicou o trabalho do roteirista.

Alguns meses mais tarde, levei Gael García Bernal e Rodrigo de la Serna para conhecê-lo. A foto acima foi tirada nessa ocasião. Alberto era cinéfilo, conhecia bem os filmes que Gael havia feito e tinha visto "Central do Brasil" no Festival de Havana. Já Rodrigo era um estreante no cinema, mas isso não arrefeceu o entusiasmo de Alberto. Apoiou desde o início um ator ainda desconhecido, confiando no seu instinto. Também não se importou com o fato de que um ator mexicano iria viver o seu amigo Ernesto, argentino de origem e cubano de coração. Confiou naquele grupo improvável composto por um brasileiro, um mexicano e um argentino estreante.

Passamos vários dias com ele, e fomos aprendendo a conhecê-lo melhor. Alberto era um homem de fortes convicções, sem nunca ser impositivo ou dogmático. Tinha um humor desconcertante. Uma vez, nos ofereceu vinho "feito em casa" às 9h da manhã. Gael perguntou se era branco ou tinto. "Nessa ordem", respondeu Alberto. "É feito de arroz. Nos três primeiros dias é branco, depois vira tinto." Cada ocasião era propícia para seu brado de guerra: "Que buena ocasión para un brindis."

Um ano depois, quando o filme começou a ser rodado e ele veio nos visitar, usava essa frase para comemorar um bom dia de filmagem, ou para nos ajudar a esquecer alguma frustração maior. Nunca fez reparos ao roteiro, ou a uma cena que estivesse sendo construída. Filme montado, não pediu uma mudança sequer. Fez questão de nos dar liberdade total na adaptação da sua própria vida.

Isso não quer dizer que Alberto não tenha sido determinante para "Diários de motocicleta". Poucos dias antes da filmagem, ele percebeu o quanto estávamos tensos e liberou Gael de um peso que ele (e eu) tinha dificuldade em carregar. "Não quero me intrometer no filme", disse para Gael, "mas se você me permite uma observação, não tente mimetizar Ernesto. Você tem a mesma idade que ele tinha quando fizemos a viagem, 23 anos, é igualmente inteligente e sensível, está lendo os mesmos livros que ele lia. Encontre a sua própria voz para viver essa história, e assim você fará justiça a ele."

Foi uma chave fundamental para Gael - e para "Diários". Adaptar aquela história não era uma questão de reproduzir exatamente cada etapa do relato, mas encontrar a essência da viagem. Daí surgiu a ideia de que o filme deveria ser, antes de mais nada, sobre uma escolha - a da margem do rio em que aqueles dois jovens iriam passar o resto de suas vidas.

Quando acabou a montagem do filme, algo parecia estar faltando. Fui até Havana com uma pequena equipe e pedi a Alberto para filmá-lo se lembrando do momento em que, após oito meses na estrada, os dois amigos se separaram. Filmamos um único plano. Alberto olhou para o horizonte, na direção que lhe pedi - onde o avião que levava Ernesto estaria. Foi a única vez que o vi tomado por um sentimento de gravidade e de tristeza. É o plano que fecha o filme. Até hoje, penso que aquele olhar foi determinante - ancorou o filme.

Alberto não pôde acompanhar a estreia de "Diários" no Festival de Sundance - o visto americano lhe foi negado. Mas veio para Cannes, e de lá fez questão de seguir para uma série de outros festivais. A cada nova cidade, era o último a fechar a noitada, e sempre bailava um tango com uma pessoa diferente - era exímio dançarino. Se o filme chegou à marca de 12 milhões de espectadores, foi em parte graças a Alberto e aos amigos que ele fez no caminho.

Os anos passaram, e a família de "Diários", como todas as famílias de cinema, partiu para outras aventuras. Mas continuamos em contato com Alberto e sua família, e nos correspondíamos com constância. Até que a notícia que não queríamos ler se materializou.

"Às vezes, é preciso perder alguém para compreendermos o quanto essa pessoa foi determinante em nossas vidas", escreveu-me Rodrigo de la Serna, ao saber da morte de Alberto. Foi uma sensação que ainda não havíamos vivenciado, a de perder ao mesmo tempo um amigo e um ponto de referência.

Alberto viveu de forma plena e coerente. Bioquímico especializado no combate à lepra, aceitou o convite de Ernesto Guevara para ir trabalhar em Cuba e nunca abandonou o amigo - ou a sua memória.

Não era uma pessoa melancólica. Para Alberto, não havia lugar para esse sentimento. Foi o que sua mulher, Delia, me lembrou quando falamos por telefone, pouco depois do seu desaparecimento.

"Foi uma morte tranquila e feliz, como uma extensão de sua vida. A biblioteca da nossa casa está cheia de flores e de música. Acabamos de ler uma carta de Gael para toda a família. Há muita claridade e luz."

Antes de desligarmos, Délia me perguntou se havia uma garrafa de vinho por perto. Pegou um copo de tinto em Havana, e eu, outro aqui no Brasil. "Que buena ocasión para un brindis", exclamou, ecoando o brado de guerra de Alberto.

Bebemos então à memória da pessoa única que foi Alberto Granado. Assim terminou a nossa conversa.

Um amigo chileno me lembrou que, ao perder uma pessoa próxima, o escritor Eduardo Galeano disse: "Uma parte de mim morre com ele, uma parte dele vive em mim."

É verdade. E quanto mais penso em Alberto, mais recordo uma das aventuras mais extraordinárias que o cinema me possibilitou viver.


* Walter Salles é cineasta e dirigiu "Diários de motocicleta" em 2004

segunda-feira, 21 de março de 2011

A GUERRA QUE VOCÊ NÃO VÊ

Todos devem assistir. Ingenuidade e desconhecimento  
produz o inocente útil ou o cínico.  

O cara, a coroa e o careta.



Yes, we can


Comecemos pelo careta


Esteve aqui apenas para marcar presença e dar um recado.

Não apoiou o Brasil para uma cadeira no Conselho de Segurança

E vai continuar exigindo vistos para os brasileiros entrarem nos EUA.

Foi aplaudido em pé pelos serviçais, e seus agentes secretos é que ditaram todas as regras.

Enfim, sentiu-se de fato numa plantation.

Falemos da coroa

Nada a objetar sobre o seu comportamento.

Ela saiu engrandecida ao ser visitada antes de visitar.

A lamentar o comportamento servil de seus ministros.

Ofenderam 200 milhões de brasileiros ao aceitarem serem revistados, em seu próprio país, por alienígenas.

Falemos sobre o cara

Não compareceu ao beija-mão, porque sabia que Obama é um blefe.

Obama afirmou durante a campanha que ia enquadrar os bancos, fechar Guantánamo e retirar as tropas do Iraque e do Afeganistão.

Não cumpriu nenhuma de suas promessas e ainda atacou a Líbia.

Um genérico de Bush.

E quando Bush pediu ao Lula para que o governo brasileiro participasse da guerra “para proteger a segurança mundial das armas de destruição em massa”, o presidente Lula foi incisivo: “Nossa guerra é contra a fome”.

E aí fica a pergunta: o que o Sr. Obama veio fazer no Brasil?

A resposta é simples.

Espera apossar-se do pré-sal sem necessidade de invadir o país.

Ao atacar a Líbia o seu recado não podia ser mais claro.

Ou o petróleo ou a vida.

E por aqui ele terá o apoio da mídia empresarial e das autodenominadas elites.

E, lamentavelmente, dos mal informados, que não são poucos.



terça-feira, 15 de março de 2011

A surdez das formigas



Mauro Santayana


Há anos tento recuperar o texto de um dos mais assustadores contos de ciência ficção, que li ainda na adolescência. Ao que me indica a frágil lembrança da narração, o autor era russo. Em certo dia, os astrônomos localizam uma nuvem de gás letal que se aproxima da Terra e que a cobrirá, fatalmente. Certos do fim da vida no planeta, os líderes políticos se reúnem às pressas com os cientistas e, no tempo ainda disponível, tomam providências para registrar tudo o que seria possível guardar para uma civilização que viesse a surgir, em qualquer tempo depois, em nosso planeta. Um complexo sistema é estabelecido para chamar a atenção do futuro ser inteligente, quando, passado o efeito do envenenamento atmosférico, fosse presumível a comunicação com esse desconhecido, descendente de alguma forma de vida preservada durante o grande acidente cósmico.

Um dia, os grandes alto-falantes, espalhados pelo mundo, reproduzem o som estridente das sirenes e, em seguida, em todas as línguas imagináveis, as informações sobre os arquivos da vida humana, com as chaves de sua decodificação. Durante meses, enquanto duram as potentes baterias do sistema, os sons se repetem, sem que haja qualquer reação. Segundo o conto, os únicos seres sobreviventes haviam sido as formigas – e as formigas são surdas.

Nos arquivos subterrâneos, e para sempre, enquanto o sol brilhar e a Terra existir, jazerão, tão indiferentes como as rochas, as gravações da Quinta Sinfonia de Beethoven, com sua intrigante pausa inicial; das Quatro Estações de Vivaldi, de toda a obra de Bach e Telleman, das Sinfonias de Mahler e das surpreendentes composições de Gershwin; as mais belas esculturas; todos os livros do mundo, juntamente com as pinturas, da reprodução dos afrescos da Antiguidade a Miró e Picasso. Também guardados em recipientes de cristal selado, os grandes filmes até então produzidos.


Não estamos ouvindo os avisos da Natureza. Eles estão sendo mais insistentes em nosso século, que se inicia, do que nunca foram. Esses avisos podem ser confirmados pela ciência: o pólo magnético se desloca rapidamente, em conseqüência das tempestades magnéticas se sucedem. Há o risco, já anunciado, de que haja tal subversão no campo magnético terrestre que todos os registros eletrônicos se apagarão em um instante – e para sempre.

O homem ainda não se deu conta de sua grandeza. A inteligência que o assiste é a maior expressão da vida no Cosmos. Fruto do acaso, ou de deliberada intenção superior, o Universo, com seus mistérios e sua imensidão só serve ao homem, porque só o homem tem a consciência de que o Universo existe.

Nos últimos 150 anos causamos mais danos à Natureza do que em todo o curso da vida na Terra. E não adianta esquivar-se da verdade, tão clara como o sol das manhãs de verão: toda essa violência se fez em nome do lucro, em nome do acelerado crescimento do capitalismo, exacerbado a partir de sua aliança com a inteligência tecnológica. Ou paramos para refletir sobre tudo isso, ou, realmente, não merecemos o Universo que recebemos ao nascer e que, mesmo o perdendo, cada um de nós, ao morrer, o legaremos aos que virão de nossa semente e de nossos sonhos. Nós o legaremos com o melhor de nossa essência, na arte, essa sublime cumplicidade com a natureza, no pensamento filosófico, na fé na transcendência, no registro das histórias de amor.


Isso, se conseguirmos encontrar a razão da vida, que perdemos, inebriados pelo mito do progresso sem limites, do hedonismo sem limites, da insânia sem limites. Uma coisa é certa: nosso sistema de vida, conduzido pela razão do capitalismo, é incompatível com a preservação da espécie. Temos que encontrar um novo caminho, em que o homem possa ser feliz e se realizar, enquanto o nosso planeta se mantiver girando, na órbita de uma estrela ainda viva.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Guerra Civil na Líbia


Guerra Civil na Líbia




Gaddafi reage e “surpreende” (?) a mídia ocidental

publicada segunda-feira, 14/03/2011 às 11:38 e atualizada segunda-feira, 14/03/2011 às 12:33


por Rodrigo Vianna


Depois que as revoltas populares no Egito e na Tunísia conseguiram derrubar ditadores instalados no poder há décadas, parecia inevitável que o mesmo ocorresse na Líbia. Gaddafi está há 4 décadas no poder. Nos anos 70 e 80, era apontado como “terrorista”, e teve palácios bombardeados pelos EUA. Nos últimos anos, tinha virado “aliado” do Ocidente (claro, abriu o país para exploração do petróleo por empresas estrangeiras).

Mesmo assim, Europa e EUA enxergaram na revolta popular contra Gaddafi uma chance de tirar do poder um ditador instável e pouco confiável (para os interesses ocidentais). A imprensa ocidental passou a operar em uníssono: a queda de Gaddafi seria uma questão de tempo. O líder líbio ajudou a compor esse quadro de queda iminente, com declarações enlouquecidas – como a de afirmar que seus opositores tinham ingerido “pílulas alucinógenas” enviadas pelo Ocidente.

Quando a Telesur e a Al-Jazeera afirmaram que o quadro na Líbia era diferente de Egito e de Tunísia, porque Gaddafi tinha apoio popular, foram tratadas como emissoras “excêntricas”, pontos fora da curva.

Pois bem: Gaddafi virou o jogo. Conseguiu isso, segundo relatos da velha mídia pró-Ocidente, com base em ataques aéreos e massacres que não teriam poupado nem hospitais. Diante disso, há quem fale na necessidade de interferência armada da OTAN. Hum… Nesse caso, seria necessário intervir a cada ataque israelense contra civis em Gaza. Hum…

A oposição na Líbia agora está circunscrita a Benghazi (cidade a leste de Tripoli). As forças leais ao governo aproximam-se da cidade, e pode ocorrer um banho de sangue. Se OTAN e EUA intervierem agora, podem piorar as coisas: Gaddafi usaria a presença de tropas estrangeiras para acirrar os ânimos nacionalistas.

A questão aqui não é defender Gaddafi ou a oposição, mas deixar claro que a mídia ocidental deixou de ser confiável (isso desde a “parceria” com Bush, para justificar a invasão do Iraque por contas das “armas de destruição em massa” – jamais encontradas, evidentemente).

É o que mostra o ótimo texto de Laurindo Leal Filho.


NOTÍCIAS NTERNACIONAIS TÊM PAUTA ÚNICA

por Laurindo Leal Filho, na Carta Maior

Quando a revolta árabe chegou à Líbia, fornecedora de grande parte do petróleo consumido na Europa, a batalha da informação tornou-se mais acirrada. Notícias falsas começaram a circular pelas agências internacionais de notícias e por algumas redes de televisão. No Brasil foram reproduzidas sem crítica.

Duas delas:

1) O presidente Muhamar Kadaffi recebe asilo político da Venezuela e segue para Caracas.

2) Kadaffi negocia com rebeldes sua saída do pais. Quer levar a família e grande quantia em dinheiro.

Mentiras logo esquecidas. Quando o repórter da Telesur relatou, ao chegar a Trípoli, que a situação era de calma na cidade foi ridicularizado pela Folha de S.Paulo e por uma de suas articulistas, até com chamada de capa.

Aquela altura toda a corrente majoritária da mídia internacional, acompanhada pela brasileira, dava como certa uma rápida vitória dos rebeldes.

A Telesur mostrava que na Líbia a situação era diferente do que havia ocorrido na Tunísia ou no Egito. As manifestações de massa não tinham chegado ao centro do poder e poderia haver um equilíbrio maior entre os lados em conflito, o que acabou se confirmando.

A atuação da Telesur, ao lado da Al-Jazira e outras emissoras árabes, mostra a importância de uma diversidade maior no fluxo internacional de informações.

As agências de notícias tradicionais foram criadas como empreendimentos para a divulgação de informações financeiras em meados do século 19.

A Reuters, de 1851, esteve durante muito tempo a serviço da família Rothschild, interessada em informações rápidas e precisas sobre os mercados financeiro e mercantil da Europa.


Apoiadas pelos governos dos países onde tinham sede, essas agências nunca deixaram de ver o mundo segundo a ótica peculiar desses mesmos países.

Tanto é que a UNESCO, nos anos 1970/80, impulsionou o debate por uma Nova Ordem da Informação e da Comunicação interrompido com ascensão dos governos Reagan, nos EUA, e Thatcher, no Reino Unido.

Perceberam esses governantes que uma “nova ordem” informativa implicaria num enfraquecimento do projeto neoliberal, em fase inicial de implantação no mundo.

A sonhada circulação de notícias sul-sul, capaz de quebrar o fluxo informativo norte-sul, foi adiada. EUA e Reino Unido chegaram a cortar suas contribuições financeiras para a UNESCO como forma de pressioná-la a deixar de lado o debate sobre a comunicação.

E foi o que aconteceu. Os anos 1990 assistiram a um perfeito entrosamento entre a ordem econômica e a ordem informativa, alinhadas no projeto neoliberal.

Mantinha-se praticamente intacto o fluxo informativo internacional implantado no século 19 pelas três grandes agencias internacionais européias (Reuters, Wolff e Havas) e, associado no século 20, às estadunidenses AP e UPI.

A centralidade de poder era tão grande que notícias da Bolívia só chegavam ao Brasil depois de passar por Nova York, Paris ou Londres.

Se a UNESCO não conseguiu romper essa lógica, o surgimento de novas tecnologias da informação e a visão estratégica de alguns governos, como os da Venezuela e do Qatar, puseram em cheque a ordem estabelecida.

No Egito, relata Paulo Cabral, ex-correspondente da BBC Brasil no Cairo, as antenas parabólicas estão em quase todos os domicílios captando essencialmente emissoras árabes como a Al-Jazira.

Suas informações – ao longo de muito tempo – serviram de caldo de cultura para desencadear a revolta, ampliada a seguir pela redes na internet.

A Telesur, por sua vez, vem demonstrando a importância da existência de pautas alternativas às das grandes agências.

Como exemplos pode-se citar as cobertura do golpe de Estado contra o presidente Zelaya, em Honduras; as libertações de reféns pelas Farc na Colombia e mesmo as reuniões de chefes de Estado sulamericanos, tão maltratadas pela mídia tradicional.

Infelizmente, no entanto, imagens da Telesur e da Al-Jazira quase não chegam até nós. No caso da emissora latina é necessária a compra de um decodificador, ligado a uma antena direcionada para o satélite por onde trafegam os seus sinais televisivos.

Mas existem dois caminhos bem mais simples: sua inclusão no menu das operadoras de TV por assinatura e a utilização dos seus serviços pelas emissoras brasileiras nos telejornais, como o que é feito com CNN, Reuters e outras.

Isso só não ocorre porque as operadoras de canais fechados e as TVs abertas negam-se a veicular visões de mundo desalinhadas do pensamento único.

E mesmo emissoras públicas, com poucas exceções, preferem seguir a pauta diária estabelecida pelas grandes agências internacionais, curvando-se ao modelo em vigor no mundo desde 1835, quando Charles Havas fundou a primeira agência internacional de notícias na França.


Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho

sábado, 12 de março de 2011

FRANZ LISZT - Reflexões em torno do gênio.


João Marcos Coelho


Qual Franz Liszt vamos comemorar em 2011, em tributo aos 200 anos de seu nascimento?

* O pianista, virtuose diabólico, que fez mais de 700 transcrições, arranjos e paráfrases, inventou a fórmula do recital, que, como uma atualíssima “balada”, seduzia adolescentes e sobretudo o público feminino, a ponto de elas fazerem pulseiras com as cordas arrebentadas do seu piano?

* O maior Dom Juan europeu de seu tempo, que distribuía rosas vermelhas às mulheres das primeiras filas em seus recitais e roubou literalmente Marie D”Agoult de seu conde, amasiando-se com ela por uma década e mesmo assim conseguiu ser aceito pelo “grand monde”?

* O formidável maestro que por uma década transformou Weimar na Meca da música nova, apoiando os jovens compositores ainda sem espaço, como Richard Wagner?

* O dublê de escritor e crítico que escreveu tanto quanto Schumann e Berlioz, tinha aguda consciência social e ajudou financeiramente dezenas de novatos na música?

* Ou o abade de seus últimos 21 anos de vida, compondo música religiosa, que tentou de todas as maneiras casar-se com sua segunda paixão fulminante, a princesa russa Carolyne, e jamais recebeu consentimento do Vaticano? O mesmo Vaticano que recebeu com pompas o velho músico, porque o papa adorava ouvi-lo improvisar sobre prelúdios e fugas de Bach na Capela Sistina, ignorando que, ao chegar em casa, o abade entregava-se ao proibidíssimo absinto, o LSD do século 19?

Modernamente, nesses anos festivos, as orquestras limitam-se a repetir os dois concertos para piano, a portentosa sonata em si menor, uma missa, um ou outro poema sinfônico de Liszt. E muita música para piano, claro. É pouco, bem pouco diante da formidável diversidade das mais de 1.400 obras do mestre. Um retrato distante de sua real fisionomia, radical e complexa, protótipo do compositor-pianista romântico do século 19. Onde ficam duas obras-primas românticas incontestáveis como as sinfonias Dante e Fausto? Ou os ainda menos conhecidos 70 lieder (canções para voz e piano), nos quais há um punhado capaz de rivalizar com Schubert ou Schumann? E a música coral-sinfônica religiosa, os oratórios Christus ou A Lenda de Santa Elisabeth, as missas e salmos? Valeria um olhar mais atento sobre seus 13 poemas sinfônicos, gênero “inventado” para romper os limites da sinfonia.

Mas, se a vida musical teima em repetir as mesmas obras, ao menos a pesquisa musical parece mais fértil e diversificada. Um punhado de livros publicados nos últimos meses no mercado internacional trata de devolver-lhe sua real importância.

Quando se afirmou como o “Paganini do piano”, na Paris dos anos 1830, Liszt operou um milagre: transferiu para a música instrumental o grande público então cativo da ópera italiana. Em Liszt – Virtuose Subversif (Symétrie, 42,75 na Amazon; os preços citados serão deste site), o pesquisador francês Bruno Moysan diz que Liszt negociou com seu público um tênue equilíbrio entre o virtuosismo e a qualidade musical, para conquistá-lo. Sua tese é de que Liszt usou as fantasias (paráfrases, arranjos e transcrições) das árias mais populares das óperas de seu tempo para transferir o magnetismo delas à música instrumental. Aos 17 anos, recém-chegado, Liszt participou de uma vida musical que acontecia nos ricos salões parisienses; quando partiu para conquistar o mundo, em 1839, fazendo por quase uma década a inacreditável média anual de 100 recitais, já transferira a música instrumental dos salões para as salas de concerto – com ingressos pagos e casa cheia. A Lisztomania (1975), seu retrato pop no filme de Ken Russell , mostra bem esse raro fenômeno de massa.

Outro pesquisador francês, Alain Galliari, abandona o que chama de “lado satânico de Liszt” para mergulhar em sua religiosidade. Liszt et L”Espérance du Bon Larron (Fayard, 20,90) transforma o compositor numa espécie de filho pródigo, que na meninice foi católico e, depois de uma vida devassa, arrependeu-se. Como o bom ladrão que dá um voto de confiança a Jesus, gostaria de também receber em troca a promessa de Cristo (”hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”). Galliari faz um espelho religioso do derradeiro poema sinfônico de Liszt, Do Berço ao Túmulo, sua autobiografia sonora, composta em 1882, quatro anos antes de sua morte.

Dois outros livros mergulham mais diretamente na música de Liszt, demonstrando ao mesmo tempo sua originalidade e seu “dardo” futurista: “Minha única ambição como músico era e será lançar meu dardo nos espaços indefinidos do futuro desde que ele não caia de novo na terra, o resto não importa”, disse ele.

Em La Musique de Liszt et Les Arts Visuels ( 42,75), Laurence le Diagon-Jacquin parte de uma frase do compositor para construir um livro rigoroso. “O sentimento e a reflexão me convenceram da relação oculta que une as obras de gênio. Rafael e Michelangelo me fizeram compreender melhor Mozart e Beethoven.” De fato, sua ligação com as artes visuais é tão forte quanto com a literatura. Apoiada na teoria tripartite de Erwin Panofsky para a análise das artes visuais – primária, ou natural, que ele chama de “motivo”; secundária, ou convencional, em que o motivo se relaciona com um tema ou conceito; e o significado intrínseco ou iconologia -, Laurence analisa obras como Sposalizio, baseada na tela de Rafael, Il Pensieroso e La Notte, baseados em Michelangelo, A Batalha dos Hunos, segundo tela de Kalbach, e o poema sinfônico Orfeu, inspirado por um vaso etrusco do Louvre.


A lição de Laurence é que Liszt é muito melhor do que suspeitam os bem-pensantes de hoje, atentos apenas ao aspecto circense de seu pianismo. E, por falar em pianismo, Liszt não foi só o diabólico virtuose superstar, como quer o senso comum, mas o maior pedagogo do instrumento no século 19. Basta ler The Piano Master Classes of Franz Liszt, 1884-1886: Diary Notes of August Göllerich (Indiana University Press, US$ 21,70), que resgata suas derradeiras aulas. Ao longo da vida, teve mais de 400 alunos – e jamais cobrou um tostão deles.Todo pianista, nos últimos 180 anos, deve a Liszt a essência de sua arte. Robert Schumann detectou isso ao escrever que “não basta ouvi-lo, é preciso também vê-lo: Liszt não poderia tocar nos bastidores, porque dessa forma se perderia grande parte de sua poesia”. Ou seja, sem deixar de apontar seu “dardo” criativo para o futuro, Liszt transformou a música em espetáculo. Coisa de gênio.



JOÃO MARCOS COELHO É JORNALISTA E CRÍTICO MUSICAL, AUTOR DE NO CALOR DA HORA (ALGOL)

sexta-feira, 11 de março de 2011

JAPÃO



Matsuo Bashô

nesta noite
ninguém pode deitar-se
lua cheia

este caminho
ninguém já o percorre
salvo o crepúsculo

silêncio
cigarras escutam
o canto das rochas

casca oca
a cigarra
cantou-se toda

quinta-feira, 10 de março de 2011

“Não queremos ser os Estados dos Business Unidos”





terça-feira, 8 de março de 2011

Avante, Madison! Força! Estamos com vocês!

“Não queremos ser os Estados dos Business Unidos”

Michael Moore

Ao contrário do que diz o poder, que quer que vocês desistam das pensões e aposentadorias, que aceitem salários de fome, e voltem para casa em nome do futuro dos netos de vocês, os EUA não estão falidos. Longe disso. Os EUA nadam em dinheiro. O problema é que o dinheiro não chega até vocês, porque foi transferido, no maior assalto da história, dos trabalhadores e consumidores, para os bancos e portfólios dos hiper mega super ricos.

Hoje, 400 norte-americanos têm a mesma quantidade de dinheiro que metade da população dos EUA, somando-se o dinheiro de todos.

Vou repetir. 400 norte-americanos obscenamente ricos, a maior parte dos quais foram beneficiados no ‘resgate’ de 2008, pago aos bancos, com muitos trilhões de dólares dos contribuintes, têm hoje a mesma quantidade de dinheiro, ações e propriedades que tudo que 155 milhões de norte-americanos conseguiram juntar ao longo da vida, tudo somado. Se dissermos que fomos vítimas de um golpe de estado financeiro, não estamos apenas certos, mas, além disso, também sabemos, no fundo do coração, que estamos certos.

Mas não é fácil dizer isso, e sei por quê. Para nós, admitir que deixamos um pequeno grupo roubar praticamente toda a riqueza que faz andar nossa economia, é o mesmo que admitir que aceitamos, humilhados, a ideia de que, de fato, entregamos sem luta a nossa preciosa democracia à elite endinheirada. Wall Street, os bancos, os 500 da revista Fortune governam hoje essa República – e, até o mês passado, todos nós, o resto, os milhões de norte-americanos, nos sentíamos impotentes, sem saber o que fazer.

Nunca freqüentei universidades. Só estudei até o fim do segundo grau. Mas, quando eu estava na escola, todos tínhamos de estudar um semestre de Economia, para concluir o segundo grau. E ali, naquele semestre, aprendi uma coisa: dinheiro não dá em árvores. O dinheiro aparece quando se produzem coisas e quando temos emprego e salário para comprar coisas de que precisamos. E quanto mais compramos, mais empregos se criam. O dinheiro aparece quando há sistema que oferece boa educação, porque assim aparecem inventores, empresários, artistas, cientistas, pensadores que têm as ideias que ajudam o planeta. E cada nova ideia cria novos empregos, e todos pagam impostos, e o Estado também tem dinheiro. Mas se os mais ricos não pagam os impostos que teriam de pagar por justiça, a coisa toda começa a emperrar e o Estado não funciona. E as escolas não ensinam, nem aparecem os mais brilhantes capazes de criar mais e mais empregos. Se os ricos só usam seu dinheiro para produzir mais dinheiro, se de fato só o usam para eles mesmos, já vimos o que eles fazem: põem-se a jogar feito doidos, apostam, trapaceiam, nos mais alucinados esquemas inventados em Wall Street, e destroem a economia.

A loucura que fizeram em Wall Street custou-nos milhões de empregos. O Estado está arrecadando menos. Todos estamos sofrendo, como efeito do que os ricos fizeram.

Mas os EUA não estão falidos, amigos. Wisconsin não está falido. Repetir que o país está falido é repetir uma Enorme Mentira. As três maiores mentiras da década são: 1) os EUA estão falidos, 2) há armas de destruição em massa no Iraque; e 3) os Packers não ganharão o Super Bowl sem Brett Favre.

A verdade é que há muito dinheiro por aí. MUITO. O caso é que os homens do poder enterraram a riqueza num poço profundo, bem guardado dentro dos muros de suas mansões. Sabem que cometeram crimes para conseguir o que conseguiram e sabem que, mais dia menos dias, vocês vão querer recuperar a parte daquele dinheiro que é de vocês. Então, compraram e pagaram centenas de políticos em todo o país, para conduzirem a jogatina em nome deles. Mas, p’ro caso de o golpe micar, já cercaram seus condomínios de luxo e mantêm abastecidos, prontos para decolar, os jatos particulares, motor ligado, à espera do dia que, sonham eles, jamais virá. Para ajudar a garantir que aquele dia nunca cheguasse, o dia em que os norte-americanos exigiriam que seu país lhes fosse devolvido, os ricos tomaram duas providências bem espertas:

1. Controlam todas as comunicações. Como são donos de praticamente todos os jornais e redes de televisão, espertamente conseguiram convencer muitos norte-americanos mais pobres a comprar a versão deles do Sonho Americano e a eleger os candidatos deles, dos ricos. O Sonho Americano, na versão dos ricos, diz que vocês também, algum dia, poderão ser ricos – aqui é a América, onde tudo pode acontecer, se você insistir e nunca desistir de tentar! Convenientemente para eles, encheram vocês com exemplos convincentes, que mostram como um menino pobre pode enriquecer, como um filho criado sem pai, no Havaí, pode ser presidente, como um rapaz que mal concluiu o ginásio pode virar cineasta de sucesso. E repetirão essas histórias mais e mais, o dia inteiro, até que vocês passem a viver como se nunca, nunca, nunca, precisassem agitar a ‘realidade’ – porque, sim, você – você, você mesmo! – pode ser rico/presidente/ganhar o Oscar, algum dia!

A mensagem é clara: continuar a viver de cabeça baixa, nariz virado p’ro trilho, não sacuda o barco, e vote no partido que protege hoje o rico que você algum dia será.

2. Inventaram um veneno que sabem que vocês jamais quererão provar. É a versão deles da mútua destruição garantida. E quando ameaçaram detonar essa arma de destruição econômica em massa, em setembro de 2008, nós nos assustamos,

Quando a economia e a bolsa de valores entraram em espiral rumo ao poço, e os bancos foram apanhados numa “pirâmide Ponzi” global, Wall Street lançou sua ameaça-chantagem: Ou entregam trilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes dos EUA, ou quebramos tudo, a economia toda, até os cacos. Entreguem a grana, ou adeus poupanças. Adeus aposentadorias. Adeus Tesouro dos EUA. Adeus empregos e casas e futuro. Foi de apavorar, mesmo, e nos borramos de medo. “Aqui, aqui! Levem tudo, todo o nosso dinheiro. Não ligamos. Até, se quiserem, imprimimos mais dinheiro, só pra vocês. Levem, levem. Mas, por favor, não nos matem. POR FAVOR!"

Os economistas executivos, nas salas de reunião e nos fundos rolavam de rir. De júbilo. E em três meses lá estavam entregando, eles, uns aos outros, os cheques dos ricos bônus obscenos, maravilhados com o quão perfeita e absolutamente haviam conseguido roubar uma nação de otários. Milhões perderam os empregos: pagaram pela chantagem e, mesmo assim, perderam os empregos, e milhões pagaram pela chantagem e perderam as casas. Mas ninguém saiu às ruas. Não houve revolta.

Até que... COMEÇOU! Em Wisconsin!

Jamais um filho de Michigan teve mais orgulho de dividir um mesmo lago com Wisconsin!

Vocês acordaram o gigante adormecido – a grande multidão de trabalhadores dos EUA. Agora, a terra treme sob os pés dos que caminham e estão avançando!

A mensagem de Wisconsin inspirou gente em todos os 50 estados dos EUA. A mensagem é “Basta! Chega! Basta!” Rejeitamos todos os que nos digam que os EUA estão falidos e falindo. É exatamente o contrário. Somos ricos! Temos talento e ideias e sempre trabalhamos muito e, sim, sim, temos amor. Amor e compaixão por todos os que – e não por culpa deles – são hoje os mais pobres dos pobres. Eles ainda querem o mesmo que nós queremos: Queremos nosso país de volta! Queremos, devolvida a nós, a nossa democracia! Nosso nome limpo. Queremos de volta os Estados Unidos da América.

Não somos, não queremos continuar a ser, os Estados dos Business Unidos da América!

Como fazer acontecer? Ora, estamos fazendo aqui, um pouco, o que o Egito está fazendo lá. E o Egito faz, lá, um pouco do que Madison está fazendo aqui.

E paremos um instante, para lembrar que, na Tunísia, um homem desesperado, que tentava vender frutas na rua, deu a vida, para chamar a atenção do mundo, para que todos vissem como e o quanto um governo de bilionários lá estava, afrontando a liberdade e a moral de toda a humanidade.

Obrigado, Wisconsin. Vocês estão fazendo as pessoas ver que temos agora a última chance de vencer uma ameaça mortal e salvar o que nos resta do que somos.

Vocês estão aqui há três semanas, no frio, dormindo no chão – por mais que custe, vocês fizeram. E não tenham dúvidas: Madison é só o começo. Os escandalosamente ricos, dessa vez, pisaram na bola. Bem poderiam ter ficado satisfeitos só com o dinheiro que roubaram do Tesouro. Bem se poderiam ter saciado só com os empregos que nos roubaram, aos milhões, que exportaram para outros pontos do mundo, onde conseguiam explorar ainda mais, gente mais pobre. Mas não bastou. Tiveram de fazer mais, queriam ganhar mais – mais que todos os ricos do mundo. Tentaram matar a nossa alma. Roubaram a dignidade dos trabalhadores dos EUA. Tentaram nos calar pela humilhação. Nos tiraram a mesa de negociações!

Recusam-se até a discutir coisas simples como o tamanho das salas de aula, ou o direito de os policiais usarem coletes à prova de balas, ou o direito de os pilotos e comissários de bordo terem algumas poucas horas a mais de descanso, para que trabalhem com mais segurança para todos e possam fazer melhor o próprio trabalho –, trabalho que eles compram por apenas 19 mil dólares anuais.

Isso é o que ganham os pilotos de linhas curtas, talvez até o piloto que me trouxe hoje a Madison. Contou-me que parou de esperar algum aumento. Que, agora, só pede que lhe deem folgas um pouco maiores, para não ter de dormir no carro entre os turnos de voo no aeroporto O'Hare. A que fundo do poço chegamos!

Os ricos já não se satisfazem com pagar salário de miséria aos pilotos: agora, querem roubar até o sono dos pilotos. Querem humilhar os pilotos, desumanizá-los e esfregar a cara dos pilotos na própria vergonha. Afinal, piloto ou não, ele não passa de mais um sem-teto...

Esse, meus amigos, foi o erro fatal dos Estados dos Business Unidos da América. Ao tentar nos destruir, fizeram nascer um movimento – uma revolta massiva, não violenta, que se alastra pelo país. Sabíamos que, um dia, aquilo teria de acabar. E acabou agora, já começou a acabar.

A mídia não entende o que está acontecendo, muita gente na mídia não entende. Dizem que foram apanhados desprevenidos no Egito, que não previram o que estava por acontecer. Agora, se surpreendem e nada entendem, porque tantas centenas de milhares de pessoas viajam até Madison nas últimas semanas, enfrentando inverno brutal. “O que fazem lá, parados na rua, com vento, com neve?” Afinal... houve eleições em novembro, todos votaram... O que mais podem desejar?!” “Está acontecendo algo em Madison. Que diabo está acontecendo lá? Quem sabe?”

O que está acontecendo é que os EUA não estão falidos. A única coisa que faliu nos EUA foi a bússola moral dos governantes. Viemos para consertar a bússola e assumir o timão para levar o barco, agora, nós mesmos.

Nunca esqueçam: enquanto existir a Constituição, todos são iguais: cada pessoa vale um voto. Isso, aliás, é o que os ricos mais detestam por aqui. Porque, apesar de eles serem os donos do dinheiro e do baralho e da mesa da jogatina, um detalhe eles não conseguem mudar: nós somos muitos e eles são poucos!

Coragem, Madison, força! Não desistam!
Estamos com vocês. O povo, unido, jamais será vencido

quarta-feira, 9 de março de 2011

domingo, 6 de março de 2011

Bando de FDP



QUE VÁ EMBORA E NÃO VOLTE...


Por Carlos Chagas



Faz algum tempo o Brasil livrou-se do complexo de inferioridade, aquele de vira-lata, de que falava Nelson Rodrigues. Pois não é que certas entidades internacionais permanecem com o sentimento oposto, de imperialismo arrogante?



Passou por Brasília, esta semana, um tal Mr. Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional. Ao contrário de anos atrás, a instituição é nossa devedora. Emprestamos algumas centenas de milhões de dólares ao falido FMI, que por sinal ainda não nos pagou. Deveria pagar primeiro, antes de vir aqui dar lições, como fez o gringo diante da presidente Dilma Rousseff.



Sabem o que sugeriu esse misto de francês, austríaco e mongol? Que o Brasil desacelere o crescimento, não cresça mais a 7.5%, como em 2010, que promova logo a reforma tributária e a reforma da Previdência Social e que continue aumentando juros e cortando outros 50 bilhões de gastos públicos.



Essa receita que já nos levou para as profundezas, no passado, é a mesma sustentada pelos especuladores e malandros do neoliberalismo. Vem sendo defendida por banqueiros e seus porta-vozes da mídia. Infelizmente, em parte é seguida pelo governo. Confirma-se agora, pelas palavras do abominável visitante, a mesma vigarice. Juscelino Kubitschek uma vez botou o FMI para fora. O último general-presidente, João Figueiredo, fez quase isso, mas eles insistiram e dominaram nossa economia, no período de Fernando Henrique. O Lula conseguiu dar a volta por cima e agora os urubus tentam de novo.



Cabe à presidente Dilma Rousseff demonstrar que não somos mais carniça. Foi educada até demais quando recebeu Mr. Strauss-Kahn. Os jornais mostram sorrisos desnecessários entre eles, ainda que não informem sobre qualquer reação aos seus conselhos.



Na realidade o FMI, marionete dos Estados Unidos, teme a formação de uma nova China nos seus calcanhares. Não podemos crescer porque o nosso crescimento bate de frente com os interesses deles.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A VELHA E A NOVA GERAÇÃO.


Essa é uma homenagem à turma de cabelos


brancos.

Um jovem muito arrogante, que estava assistindo a

um jogo de futebol, tomou para si a responsabilidade de explicar a um senhor já maduro, próximo dele, porque era impossível a alguém da velha geração entender esta geração.

"Vocês cresceram em um mundo diferente, um mundo

quase primitivo!", o estudante disse alto e claro de modo

que todos em volta pudessem ouvi-lo.



"Nós, os jovens de hoje, crescemos com Internet ,

celular , televisão, aviões a jato, viagens espaciais,

homens caminhando na Lua, nossas espaçonaves tendo visitado

Marte. Nós temos energia nuclear, carros elétricos e a

hidrogênio, computadores com grande capacidade de

processamento e ....," - fez uma pausa para tomar outro gole

de cerveja.

O senhor se aproveitou do intervalo do gole para

interromper a liturgia do estudante em sua ladainha e

disse:

- Você está certo, filho. Nós não tivemos

essas coisas quando éramos jovens porque estávamos

ocupados em inventá-las. E você, um bostinha de merda

arrogante dos dias de hoje, o que está fazendo para a

próxima geração?

Foi aplaudido de pé !

terça-feira, 1 de março de 2011

A FOTO DO ANO.

Esta é a família Columbus de Ohio nos EUA que tiveram sextuplos.... A foto não tem preço!

Ohio family with 6 babies !!!