sexta-feira, 17 de abril de 2015

ATÉ QUANDO?

ATÉ QUANDO?





                      Eduardo Galeano (*)

Um país bombardeia dois países. A impunidade poderia ser assombrosa, se não fosse costumeira. Alguns tímidos protestos dizem que houve erros. Até quanto os horrores continuarão sendo chamados de erros?

Esta carnificina de civis começou a partir do seqüestro de um soldado. Até quando o seqüestro de um soldado israelense poderá justificar o seqüestro da soberania palestina?

Até quando o seqüestro de dois soldados israelenses poderá justificar o seqüestro de todo o Líbano?

E os 700 soldados libaneses que, desde que Israel foi expulso do Líbano em 2000, foram levados prisioneiros para Israel? Porque Israel nunca aceitou trocar prisioneiros de guerra?

A caça aos judeus foi, durante séculos, o esporte preferido dos europeus. Em Auschwitz desembocou um antigo rio de espantos, que havia atravessado toda a Europa. Até quando palestinos e outros árabes continuarão pagando por crimes que não cometeram?

O Hezbollah não existia quando Israel arrasou o Líbano em suas invasões anteriores. Até quando continuaremos acreditando no conto do agressor agredido, que pratica o terrorismo profissional de Estado porque tem direito de se defender do "terrorismo" civil amador?

Iraque, Afeganistão, Palestina, Líbano...

Até quando se poderá continuar exterminando países impunemente?

As torturas de Abu Ghraib, que despertaram certo mal-estar universal, nada têm de novo para nós, os latino-americanos. Nossos militares aprenderam essas técnicas de interrogatório na Escola das Américas, que agora perdeu o nome, mas não as manhas.

Até quando continuaremos aceitando que a tortura continue legitimando, como fez o Supremo Tribunal de Israel, em nome da legítima defesa da pátria?

Israel deixou de ouvir 46 recomendações da Assembléia Geral e de outros organismos das Nações Unidas.

Até quando o governo israelense continuará exercendo o privilégio de ser surdo?

As Nações Unidas recomendam, mas não decidem. Quando decidem, a Casa Branca impede que decidam, porque tem direito de veto. A Casa Branca vetou, no Conselho de Segurança, 40 resoluções que condenavam Israel.

Até quando as Nações Unidas continuarão atuando como se fossem outro nome dos Estados Unidos?

Desde que os palestinos foram desalojados de suas casas e despojados de suas terras, muito sangue correu.

Até quando continuará correndo sangue para que a força justifique o que o direito nega?

A história se repete, dia após dia, ano após ano, e um israelense morre para cada 10 árabes que morrem.

Até quando a vida de cada israelense continuará valendo 10 vezes mais?

Em proporção à população, os 50 mil civis, em sua maioria mulheres e crianças, mortos no Iraque equivalem a 800 mil norte-americanos.

Até quando continuaremos aceitando, como se fosse costume, a matança de iraquianos, em uma guerra cega que esqueceu seus pretextos?

Até quando continuará sendo normal que os vivos e os mortos sejam de primeira, segunda, terceira ou quarta categoria?

O Irã está desenvolvendo a energia nuclear? Bem, se está, é um direito seu, como de qualquer país que deseje acesso à modernidade científica. Argentina, Brasil, México e mais 60 países, no mínimo, estão tentando isso - sob boicote da meia dúzia de potências que não aceitam perder esse monopólio.

O Irã está também tentando desenvolver energia nuclear para uso militar, como fizeram há mais de meio século os EUA, Inglaterra, França, Rússia, China, Índia, Paquistão e Israel? Ninguém sabe ao certo, pairam no ar somente acusações veiculadas pelos EUA, nenhuma prova, ao menos até agora.

Mas até quando continuaremos acreditando que isso basta para provar que um país é um perigo para a humanidade? Pois a chamada comunidade internacional não se angustia em nada com o fato, reconhecido unanimente por todos os institutos ocidentais de estratégia militar, de que Israel já produziu e tem estocadas 250 bombas atômicas, embora seja um país que vive à beira de um ataque de nervos.

Quem maneja o perigosímetro universal? Terá sido o Irã o país que lançou as bombas atômicas em Hiroxima e Nagasaki?

Na era da globalização, o direito de pressão pode mais do que o direito de expressão.

Para justificar a ocupação ilegal de terras palestinas, a guerra se chama paz. Os israelenses são patriotas e os palestinos são terroristas, e os terroristas semeiam o alarme universal.

Até quando os meios de comunicação continuarão sendo medos de comunicação?

Esta matança de agora, que não é a primeira nem será - temo - a última, ocorre em silêncio? O mundo está mudo, está surdo?

Até quando seguirão soando em sinos de madeira as vozes da indignação?

Até quanto nos conformaremos com essa linguagem infame da grande mídia que, simulando "objetividade" jornalística, nos informa sobre um combate nesta linguagem: tantos "terroristas" do Hisbollah foram aniquilados pelas forças "de defesa" de Israel.

Teremos todos nós nos transformados em estúpidos, a ponto de não percebermos que a forma da linguagem determina o conteúdo da "notícia”?

Estes bombardeios matam crianças: mais de um terço das vítimas, não menos da metade. Os que se atrevem a denunciar isto são acusados de anti-semitismo.

Até quando continuarão sendo anti-semitas os críticos dos crimes do terrorismo de Estado?

Até quando aceitaremos esta extorsão?

São anti-semitas os judeus horrorizados pelo que se faz em seu nome?

São anti-semitas os árabes, tão semitas como os judeus? Por acaso não há vozes árabes que defendem a pátria palestina e repudiam o manicômio fundamentalista?

Todos agem em nome de Deus, seja o Deus cristão, o Alá muçulmano ou o vingativo e momentaneamente triunfante Jeová judeu.

Como radical humanista que sou, nada quero com qualquer desses deuses nacionalistas e odiosos. O que não me impede de discernir que, em cada momento há um "deus" dos oprimidos e outro dos opressores.

Somos a única espécie animal especializada no extermínio mútuo. Destinamos US$ 2,5 bilhões, a cada dia, para os gastos militares, uma atividade econômica extremamente lucrativa aos capitalistas que a ela se dedicam.

A miséria e a guerra são filhas do mesmo pai: como todos os deuses cruéis, come os vivos e os mortos.

Até quanto continuaremos aceitando que este mundo enamorado da morte é nosso único mundo possível?

Até quando prolongaremos nossa postura cínica de "neutralidade", de não "tomar partido" ?

É o oprimido, malgrado seja um idiota fundamentalista religioso, igual ao fundamentalista opressor? São moralmente o mesmo? Que se matem entre si, é isso? Não temos mesmo de tomar partido?

(*) Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, autor de As veias abertas da América Latina e Memórias do Fogo.

blog do bourdoukan

Enquanto houver um explorado ou um oprimido não haverá paz

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Por que não nos chocamos mais?



do blog da Milly
Três notícias me perturbaram essa semana, e a semana nem começou. Não porque elas tenham me surpreendido, mas justamente pelo efeito oposto; elas não surpreenderam muita gente.
A primeira foi a demissão de Claudio Carsughi da Jovem Pan. “É assim mesmo”, me dizem aqueles com quem reclamo que tem alguma coisa errada em demitir um homem de 83 anos depois de 60 de serviços prestados. “Esse é o jogo, faz parte. E ele vai ganhar um bom fundo de garantia”, explicam.
Não sei sobre o fundo de garantia, mas sei sobre a sensação de que tem alguma coisa estar errada numa demissão como essa. Entendo que legalmente ela faça parte do jogo, mas moralmente deveria ser inaceitável, e não é. “Relaxa, o sistema é assim mesmo”, me dizem.
Mas então será que não há alguma coisa fundamentalmente errada com o sistema?
Alguém que passa 60 anos trabalhando para uma mesma empresa tem o direito moral de perder o emprego aos 83 anos? Quem já foi demitido sabe que o fundo de garantia é bem-vindo, mas ainda assim não é capaz de aplacar a rasteira moral que vem com a demissão.
O problema é a gente achar que quem nos emprega está fazendo um favor, a gentileza suprema de nos dar a chance de comer e de pagar o aluguel e de comprar coisas à prestação no fim do mês.
Não é essa a relação por um motivo muito simples: se você conseguiu um emprego então isso significa que aquilo que você vai produzir, em bens ou serviços, terá que ser maior do que aquilo que você custa à empresa. Se não for assim, a não ser que você seja filho do dono, o emprego não será seu. Não é complicado assimilar a realidade se a gente entender o princípio básico do sistema: o lucro no menor espaço de tempo possível.
Então, se há um favor quem o faz é você ao empregador, permitindo alugar seu corpo e seu cérebro para que ele os use e lá na frente tenha um lucro com isso.
E, ok, não há muita alternativa a não ser aceitar as regras desse jogo, sobre o qual aliás pouco pensamos porque é assim desde que nascemos, mas aceitar as regras não quer dizer não perceber a relação, nem deixar de debatê-las, ou deixar de falar sobre a crueldade de um sistema que, a partir do momento em que aquele profissional não gera mais lucro, pode ser descartado como um detrito.
O ser humano usado como meio, e não como fim, tem sempre que gerar resistência e revolta, não é possível que não seja assim. Não nascemos para ser coisas, nem para ter liberdade e criatividade, duas de nossas essências, tolhidas em nome do lucro.
Não passou da hora de começarmos a pensar sobre a demência de um sistema que permite demitir faceiramente um homem de 83 anos depois de seis décadas de serviços prestados?
A segunda notícia foi a divulgação de um relatório que diz que a invasão do Iraque deixou um milhão de inocentes mortos, ou 5% da população.
Não vai dar no Jornal Nacional, nem no New York Times, mas o estudo, cujo link segue no final desse texto, é considerado o mais completo até hoje (dados oficiais falavam em menos de 200 mil mortos).
O número soaria absurdo mesmo se a invasão tivesse sido legítima, embora seja difícil legitimar qualquer ação imperialista, mas hoje, quando já sabemos que a invasão foi baseada em mentiras contadas pelo governo americano ao mundo, mentiras replicadas sem nenhum olhar crítico pela grande imprensa, incluindo aí CNNNBCABCNew York Times etc, tudo fica ainda mais chocante.
Então um milhão de inocentes morreram porque o país que se considera o dono do mundo saiu em busca de recursos naturais para que suas corporações possam lucrar mais e mais e tudo bem, não se fala mais sobre isso?
Da próxima vez que alguém falar que os horrores do comunismo assassinaram milhões, vale pensarmos sobre os horrores do capitalismo.
Quantos ainda perderão a vida por causa dele?, seja trabalhando como escravo e dormindo no chão de fábricas na China, ou adoecendo fatalmente depois de trabalhar por anos sob condições insalubres, ou morrendo de fome e de AIDS na África porque, embora haja dinheiro e cura para que essas pessoas não morram mais, não há muito como lucrar com elas então deixe que morram, ou inocentes vitimados em guerras lutadas em nome de mentiras.
E a terceira notícia foi contada pelo professor de economia Richard Wolff e diz respeito a uma nova lei aprovada pelo estado do Missouri, e que pode ser estendida a demais estados americanos.
Pela nova lei, os americanos que têm direito ao “food stamps”, um sistema federal que ajuda os muito pobres a comprar comida mensalmente, não podem mais adquirir biscoitos, crustáceos ou steak. Porque não basta ser muito pobre, é preciso comer o que a classe dominante quer que você coma – e biscoitos, crustáceos e steaks, francamente, não são alimentos para bico de pobre. Se soa fascista é porque é fascista. E, pior, já não ligamos mais.
Como não ligamos mais quando vemos conhecidos indo a passeatas comandadas por fascistas brasileiros e pedindo que o partido que ganhou a eleição na urna – a despeito de ser bom ou ruim – seja tirado do poder e, entre um uivo e outro, faça selfie com Bolsonaro, talvez o mais racista, homofóbico e intolerante político que já passou por essas bandas, e com a PM.
Pode espancar a panela quando a presidente fala, mas quando uma criança de dez anos é assassinada pela polícia com um tiro na nuca numa comunidade, ou quando a Sabesp, essa que levou São Paulo à seca (talvez não no seu bairro, mas na periferia certamente) divulga, como fez nessa terça-feira 14 de abril, que vai pagar 500 mil de reais de bônus a seus diretores, já tendo distribuído meio bilhão reais entre eles em 2014, todos se calam.
Será que não há alguma coisa errada com nossa passividade bovina diante da injustiça de um sistema como esse?
“Não é sinal de saúde estar perfeitamente adaptado a uma sociedade adoentada”, disse o indiano Jiddu Krihsnamurti. Então talvez estejamos irremediavelmente danados.

domingo, 12 de abril de 2015

SEM TIRAR OS SAPATOS



Raúl, o discurso
de um chefe de Estado !

El presidente Obama es un hombre honesto. Admiro su origen humilde, y pienso que su forma de ser obedece a ese origen humilde (Aplausos).

Nuestro reconocimiento por su valiente decisión de involucrarse en un debate con el Congreso para ponerle fin (ao bloqueio)




O Conversa Afiada reproduz trechos do discurso que o Presidente Raúl Castro Ruz fez na Cúpula das Américas, no Panamá, nesse sábado 11/04).

A comunidade das Américas perdeu, por tanto tempo, a companhia de um homem de Estado !

Conversa Afiada chama a atenção para a forma elegante e corajosa com que ele enfrenta o Presidente Obama, a quem presta as devidas homenagens, sem relevar o monumental erro histórico que os Estados Unidos cometeram contra Cuba.

Cuba não cedeu um milímetro, como disse Raúl:


Cuba seguirá defendiendo las ideas por las que nuestro pueblo ha asumido los mayores sacrificios y riesgos y luchado, junto a los pobres, los enfermos sin atención médica, los desempleados, los niños y niñas abandonados a su suerte u obligados a trabajar o a prostituirse, los hambrientos, los discriminados, los oprimidos y los explotados que constituyen la inmensa mayoría de la población mundial.

Entenda por que Raúl foi ovacionado após discursar (e estourar  os oito minutos …):

(…)

Me informaron al principio que podría ha¬cer un discurso de ocho minutos; aunque hice un gran esfuerzo, junto con mi Canciller, de reducirlo a ocho minutos, y como me deben seis cumbres de las que nos excluyeron, 6 por 8, 48 (Risas y aplausos),  le pedí permiso al presidente Varela unos instantes antes de entrar a este magnífico salón, para que me cedieran unos minutos más,

(…)

Hemos expresado —y le reitero ahora— al Presidente Barack Obama, nuestra disposición al diálogo respetuoso y a la convivencia civilizada entre ambos Estados dentro de nuestras profundas diferencias.

Aprecio como un paso positivo su reciente declaración de que decidirá rápidamente so¬bre la presencia de Cuba en una lista de países patrocinadores del terrorismo en la que nunca debió estar —impuesta bajo el gobierno del presidente Reagan.

¡País terrorista nosotros!  Sí, hemos hecho algunos actos de solidaridad con otros pueblos, que pueden considerarse terroristas, cuando estábamos acorralados, arrinconados y hostigados hasta el infinito, solo había una alternativa: rendirse o luchar.  Ustedes saben cuál fue la que escogimos con el apoyo de nuestro pueblo. ¡¿Quién puede pensar que vamos a obligar a todo un pueblo a hacer el sacrificio que ha hecho el pueblo cubano para subsistir, para ayudar a otras naciones?!  (Aplausos). Pero “la dictadura de los Castro los obligó”, igual que los obligó a votar por el socialismo con el 97,5% de la población.

Reitero que aprecio como un paso positivo la reciente declaración del presidente Obama de que decidirá rápidamente sobre la presencia de Cuba en una lista de países patrocinadores del terrorismo en la que nunca debió estar, les decía, porque cuando esto se nos impuso resulta que los terroristas éramos los que poníamos los muertos —no tengo en la mente el dato exacto—, solo por terrorismo dentro de Cuba, y en algunos casos de diplomáticos cubanos en otras partes del mundo que fueron asesinados.  Me aportan el dato ahora mis compañeros:  en esa etapa tuvimos 3 478 muertos y 2 099 discapacitados de por vida; más otros muchos que fueron heridos.

Los terroristas eran los que ponían los muertos. ¿De dónde venía el terror entonces?  ¿Quié¬nes lo provocaban?  Algunos de los que incluso han estado por Panamá en estos días, como el agente de la CIA Rodríguez, que fue el que asesinó al Che y se llevó sus manos cortadas para probar por sus huellas digitales, no sé en qué lugar, que se trataba del cadáver del Che, que después recuperamos por la gestión de un gobierno amigo en Bolivia. Pero, bueno, desde entonces somos terroristas.

Realmente pido disculpas, incluso, al presidente Obama y a otros presentes en esta actividad por expresarme así. Yo a él mismo le dije que a mí la pasión se me sale por los poros cuando de la Revolución se trata. Le pido disculpas porque el presidente Obama no tiene ninguna responsabilidad con nada de esto.  ¿Cuántos presidentes hemos tenido? Diez antes que él, todos tienen deuda con nosotros, menos el presidente Obama.

Después de decir tantas cosas duras de un sistema, es justo que le pida disculpas, porque yo soy de los que pienso —y así se lo he manifestado a unos cuantos jefes de Estado y de Gobierno que veo aquí, en reuniones privadas  que he tenido con ellos en mi país al recibirlos— que, según mi opinión, el presidente Obama es un hombre honesto. Me he leído algo de su biografía en los dos libros que han aparecido, no completos, eso lo haré con más calma. Admiro su origen humilde, y pienso que su forma de ser obedece a ese origen humilde (Aplausos prolongados).

Estas palabras las medité mucho para decirlas, incluso las tuve escritas y las quité; las volví a poner y las volví a quitar, y, al final, las dije, y estoy satisfecho.

Hasta hoy, el bloqueo económico, comercial y financiero se aplica en toda su intensidad contra la isla, provoca daños y carencias al pueblo y es el obstáculo esencial al desarrollo de nuestra economía. Constituye una violación del Derecho Internacional y su alcance extraterritorial afecta los intereses de todos los Estados.

No es casual el voto casi unánime, menos el de Israel y el propio Estados Unidos, en la ONU durante tantos años seguidos.  Y mientras exista el bloqueo, que no es responsabilidad del Pre¬sidente, y que por acuerdos y leyes posteriores se codificó con una ley en el Con¬greso que el Presidente no puede modificar, hay que seguir luchando y apoyando al presidente Obama en sus intenciones de liquidar el bloqueo (Aplausos).

Una cuestión es establecer relaciones diplomáticas y otra cuestión es el bloqueo.  Por eso les pido a todos, y la vida nos obliga además, a seguir apoyando esa lucha contra el bloqueo.

Excelencias:

Hemos expresado públicamente al Pre¬si¬dente Obama, quien también nació bajo la política del bloqueo a Cuba,  nuestro reconocimiento por su valiente decisión de involucrarse en un debate con el Congreso de su país para ponerle fin.

Este y otros elementos deberán ser resueltos en el proceso hacia la futura normalización de las relaciones bilaterales.

Por nuestra parte, continuaremos enfrascados en el proceso de actualización del modelo económico cubano con el objetivo de perfeccionar nuestro socialismo, avanzar hacia el desarrollo y consolidar los logros de una Revolución que se ha propuesto “conquistar toda la justicia” para nuestro pueblo.  Lo que haremos está en un programa desde el año 2011, aprobado en el Congreso del Partido.  En el próximo Congreso, que es el año que viene, lo ampliaremos, revisaremos lo que hemos hecho y lo mucho que nos falta todavía para cumplir el reto.

Estimados colegas:

Debo advertirles que voy por la mitad, si quieren corto y si les interesa continúo.  Voy a acelerar un poco (Risas).

Venezuela no es ni puede ser una amenaza a la seguridad nacional de una superpotencia como Estados Unidos (Aplausos).  Es positivo que el Presidente norteamericano lo haya reconocido.

Debo reafirmar todo nuestro apoyo, de ma¬nera resuelta y leal, a la hermana Re¬pú¬blica Bolivariana de Venezuela, al gobierno legítimo y a la unión cívico-militar que encabeza el Presidente Nicolás Maduro, al pueblo bolivariano y chavista que lucha por seguir su propio camino y enfrenta intentos de desestabilización y sanciones unilaterales que reclamamos sean levantadas, que la Or¬den Eje¬cutiva sea derogada, aunque es difícil por la ley, lo que sería apreciado por nuestra Co¬munidad como una contribución al diálogo y al entendimiento hemisférico.

Nosotros conocemos.  Creo que puedo ser de los que estamos aquí reunidos uno de los pocos que mejor conoce el proceso de Ve-nezuela, no es porque estemos allí ni estemos influyendo allí y ellos nos cuenten todas las cosas a nosotros, lo sabemos porque están pasando por el mismo camino por el que pasamos nosotros y están sufriendo las mismas agresiones que sufrimos nosotros, o una parte de ellas.

Mantendremos nuestro aliento a los esfuerzos  de la República Argentina para recuperar las islas Malvinas, las Georgias del Sur y las Sandwich del Sur, y continuaremos respaldando su legítima lucha en defensa de la soberanía financiera.

(…)

Deseo reconocer la contribución de Brasil, y de la Presidenta Dilma Rousseff, al fortalecimiento de la integración regional y al desarrollo de políticas sociales que trajeron avances y beneficios a amplios sectores populares, las cuales, dentro de la ofensiva contra diversos gobiernos de izquierda de la región, se pretende revertir.

(…)

Como expresó entonces el Presidente Fidel Castro, “las causas fundamentales están en la pobreza y el subdesarrollo, y en la desigual distribución de las riquezas y los conocimientos que imperan en el mundo. No puede olvidarse que el subdesarrollo y la pobreza actuales son consecuencia de la conquista, la colonización, la esclavización y el saqueo de la mayor parte de la Tierra por las potencias coloniales, el surgimiento del imperialismo y las guerras sangrientas por nuevos repartos del mundo. La humanidad debe tomar conciencia de lo que hemos sido y de lo que no podemos seguir siendo. Hoy” —continuaba Fidel— “nuestra especie ha adquirido conocimientos, valores éticos y recursos científicos suficientes para marchar hacia una etapa histórica de verdadera justicia y humanismo. Nada de lo que existe hoy en el orden económico y político sirve a los intereses de la hu¬manidad. No puede sostenerse. Hay que cam¬¬¬-biarlo”, concluyó Fidel.

Cuba seguirá defendiendo las ideas por las que nuestro pueblo ha asumido los mayores sacrificios y riesgos y luchado, junto a los pobres, los enfermos sin atención médica, los desempleados, los niños y niñas abandonados a su suerte u obligados a trabajar o a prostituirse, los hambrientos, los discriminados, los oprimidos y los explotados que constituyen la inmensa mayoría de la población mundial.

La especulación financiera, los privilegios de Bretton Woods y la remoción unilateral de la convertibilidad en oro del dólar son cada vez más asfixiantes.  Requerimos un sistema financiero transparente y equitativo.

No puede aceptarse que menos de una decena de emporios, principalmente norteamericanos —cuatro o cinco de siete u ocho—, determinen lo que se lee, ve o escucha en el planeta.  Internet debe tener una gobernanza internacional, democrática y participativa, en especial en la generación de contenidos.  Es inaceptable la militarización del ciberespacio y el empleo encubierto e ilegal de sistemas informáticos para agredir a otros Estados.  No dejaremos que se nos deslumbre ni colonice otra vez. Sobre la Internet que es un invento fabuloso, de los mayores en los últimos años, bien pudiéramos decir, recordando el ejemplo de la lengua en la fábula de Esopo, que Internet sirve para lo mejor y es muy útil, pero a su vez, también sirve para lo peor.

(…)

Debe respetarse, como reza la Proclama de la América Latina y el Caribe como Zona de Paz, firmada por todos los Jefes de Estado y de Gobierno de NUESTRA AMÉRICA, “el de¬recho inalienable de todo Estado a elegir su sistema político, económico, social y cultural, como condición esencial para asegurar la convivencia pacífica entre las naciones”.

Con ella, nos comprometimos a cumplir nuestra “obligación de no intervenir directa o indirectamente, en los asuntos internos de cualquier otro Estado y observar los principios de soberanía nacional, igualdad de derechos y la libre determinación de los pueblos”, y a respetar “los principios y normas del Derecho Internacional (…) y los principios y propósitos de la Carta de las Naciones Unidas”.

(…)

¿Por qué no podemos los países de las dos Américas, la del Norte y la del Sur, luchar juntos contra el terrorismo, el narcotráfico o el crimen organizado, sin posiciones sesgadas políticamente?

¿Por qué no buscar, de conjunto, los recursos necesarios para dotar al hemisferio de escuelas, hospitales —aunque no sean lujosos, un hospitalito modesto, en aquellos lugares donde la gente muere porque no hay un médico—, proporcionar empleo, avanzar en la erradicación de la pobreza?

¿No se podría disminuir la inequidad en la distribución de la riqueza, reducir la mortalidad infantil, eliminar el hambre, erradicar las enfermedades prevenibles y acabar con el analfabetismo?

El pasado año, establecimos cooperación hemisférica en el enfrentamiento y prevención del ébola y los países de las dos Américas trabajamos mancomunadamente, lo que de¬be servirnos de acicate para empeños mayores.

Cuba, país pequeño y desprovisto de recursos naturales, que se ha desenvuelto en un contexto sumamente hostil, ha podido alcanzar la plena participación de sus ciudadanos en la vida política y social de la nación; una cobertura de educación y salud universales, de forma gratuita; un sistema de seguridad social que garantiza que ningún cubano quede desamparado; significativos progresos hacia la igualdad de oportunidades y en el enfrentamiento a toda forma de discriminación; el pleno ejercicio de los derechos de la niñez y de la mujer; el acceso al deporte y la cultura; el derecho a la vida y a la seguridad ciudadana.

Pese a carencias y dificultades, seguimos la divisa de compartir lo que tenemos. En la actualidad 65 000 cooperantes cubanos laboran en 89 países, sobre todo en las esferas de  medicina y educación. Se han graduado en nuestra isla 68 000 profesionales y técnicos, de ellos, 30 000 de la salud, de 157 países.

Si con muy escasos recursos, Cuba ha podido, ¿qué no podría hacer el hemisferio con la voluntad política de aunar esfuerzos para con¬¬tribuir con los países más necesitados?
Gracias a Fidel y al heroico pueblo cubano, hemos venido a esta Cumbre, a cumplir el mandato de Martí con la libertad conquistada con nuestras propias manos, “orgullosos de nuestra América, para servirla y honrarla… con la determinación y la capacidad de contribuir a que se la estime por sus méritos, y se la respete por sus sacrificios”, como señaló Martí.

Señor Presidente:

Perdón, y a todos ustedes, por el tiempo ocupado.

Muchas gracias a todos (Aplausos).


Em video http://www.granma.cu/cumbre-de-las-americas/2015-04-11/cuba-seguira-defendiendo-las-ideas-por-las-que-nuestro-pueblo-ha-asumido-los-mayores-sacrificios-y-riesgos-video


Em tempo: a presidenta Dilma pediu o fim do bloqueio americano a Cuba, na mesma solenidade:


Celebramos, aqui e agora, a iniciativa corajosa dos Presidentes Raúl Castro e Barack Obama de restabelecer relações entre Cuba e Estados Unidos, pondo fim a este último vestígio da Guerra Fria na região. 

Saúdo, igualmente,  Sua Santidade, o Papa Francisco, pela contribuição dada para que essa aproximação se realizasse.

Com o aplauso de todos os líderes presentes neste encontro, os dois Presidentes deram uma primeira prova do quanto se pode avançar quando aceitamos os ensinamentos da História, deixando de lado preconceitos e nocivosantagonismos, que tanto afetaram nossas sociedades.

Estamos seguros que outros passos serão dados, como o fim do anacrônicoembargo – que, há mais de cinco décadas, vitima o povo cubano e enfraquece o sistema interamericano. Aí,sim, continuaremos construindo as linhas que pautarão nosso futuro e estaremos sendo contemporâneos de nosso presente.
Sem tirar os sapatos

terça-feira, 7 de abril de 2015

O choro de Villa é o sorriso de Dilma

O choro de Villa é o sorriso de Dilma

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George Baselitz. Fonte: Artsy.net


“Por trás de um homem triste, há sempre uma mulher feliz”, diz a canção de um dos mais ilustres cabos eleitorais de Dilma Rousseff.
A letra de Chico Buarque encaixa-se como luva no desespero de Marco Antonio Villa, historiador ultra-tucano e pau para toda a obra da mídia corporativa.
Desde meados do governo Lula, quando a mídia tentou derrubar o governo transformando o mensalão, um caso vulgar de caixa 2, num escândalo quase metafísico, Villa tornou-se num de seus pitbulls mais constantes. Digamos que ele passou a viver disso. Tornou-se um dos primeiros pistoleiros profissionais na guerra da mídia contra o PT.
O divertido, se é possível falar em diversão numa guerra que põe em risco a estabilidade política de um país com 200 milhões de pessoas, é constatar que os pitbulls levam a sério o trabalho que fazem. Eles vestem a camisa mesmo. Não é a tôa que Merval Pereira, outro pitbull anti-PT, chorou ao vivo, ou chegou bem perto disso, diante das câmeras da Globo, ao anunciar a segunda vitória de Dilma Rousseff, ano passado.
Hoje é o dia de Villa pagar o seu mico federal.
O artigo histérico que publica hoje no Globo, exigindo “renúncia” ou “impeachment”, indica que o golpe começou a fazer água. O nervosismo do historiador reflete essa frustração.
Por que o golpe faz água?
1) Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato começam a ser desmoralizados, e por suas próprias trapalhadas. Moro publicou artigo em que pede mudança constitucional, para validar a execução da prisão antes da sentença em trânsito em julgado. Ou seja, prender o cidadão antes que a Justiça analise completamente o processo e decida se ele é realmente culpado. Os procuradores da Lava Jato também já publicaram textos em que defendem abertamente medidas ilegais ou imorais. Primeiro publicaram texto defendendo o uso da prisão como meio de tortura psicológica para convencer réus a fazerem a delação premiada. Depois publicaram outro texto defendendo uso de prova “ilícita”. E agora posaram para a capa da Folha, comparando-se a trupe de Eliot Ness, numa foto que entrará para os anais do ridículo, e que violou o código de ética do Ministério Público, o qual exige impessoalidade no trato com a imprensa.
O artigo de Sergio Moro, pedindo prisão para inocentes, foi rechaçado radicalmente até mesmo por juristas conservadores, como Celso de Mello.
Ficou evidente, para todo mundo, que Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato não leram Machado de Assis. Não leram, especialmente, o conto O Alienista, em que um doutor resolve mandar a cidade inteira para o hospício.
Entretanto, Moro não está sozinho. As decisões de negar habeas corpus aos réus, por razões de “ordem pública” tem sido chanceladas por desembargadores do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O corporativismo judiciário está fazendo política, e isso é perigoso. O lado bom, porém, é que o judiciário rasgou a sua fantasia democrática. E terá que lidar agora com a crítica dura da sociedade, que não quer ser governada por uma ditadura de juízes, sobretudo juízes que não são melhores que ninguém em termos de ética ou moral.
2) A deflagração da Operação Zelotes dá a chance, para o governo, de mudar completamente a narrativa midiática sobre a luta contra a corrupção no Brasil. O governo federal pode voltar a ser o mocinho da história, se souber lidar com o tema com um mínimo de inteligência em matéria de comunicação.
Afinal, agora está claro que a luta contra a corrupção só é real, só é objetiva, se os órgãos de fiscalização, como a Polícia Federal e o Ministério Público, investigam o governo e os partidos governistas. É o que está acontecendo. É o que não acontecia antes.
A PF antes era inútil. Não investigava nada, sobretudo graúdos da política e do empresariado. De vez em quando, só para o povo não esquecer que ela existia, aparecia no Jornal Nacional queimando algumas toneladas de maconha velha, que os traficantes entregavam justamente para que a polícia fingisse trabalhar.
O Ministério Público também investigava muito pouco. E quando investigava não ia adiante. A razão era o velho patrimonialismo. A classe política tinha relações históricas com o Ministério Público. Eram primos, compadres, amigos.
Hoje não.
Hoje os procuradores não tem mais intimidade com a cúpula no poder. Ao contrário, alimentam ódio político contra os boias-frias do PT que ocupam os altos escalões da república.
Esse ódio, se controlado, produz uma energia investigativa rara entre os procuradores, quando se trata de combater a corrupção na política.
Quando exagerado, porém, o ódio pode se transformar em perseguição e leva alguns procuradores a participarem de conspiratas políticas, em conluio com a oposição e a imprensa.
Mas como eu dizia, a operação Zelotes e a CPI do Suiçalão, consolidam outra narrativa, a de que o governo Dilma combate efetivamente a corrupção.
3) A terceira razão para o esvaziamento do golpe é o bom senso dos agentes econômicos. Os grandes bancos brasileiros não vão se suicidar apenas para a mídia dar seu golpe baixo contra o governo. O Bradesco acaba de renovar o crédito da 7 Brasil, uma das fornecedoras mais importantes da Petrobrás, que andou perigando. A China entrou ajudando a Petrobrás, emprestando-lhe mais de R$ 11 bilhões, a juros amigos, permitindo à estatal respirar fundo. As ações da Petrobrás voltaram a se valorizar, de maneira bastante sólida. O preço do petróleo aumentou, apesar da retirada das sanções ao Irã, por causa da decisão da Arábia Saudita de vender mais caro à China.
4) Por fim, o fator tempo ajuda o governo Dilma. A mídia tenta vergá-lo através da estratégia do “choque e terror”, inventando um novo escândalo terrível todo dia, tentando mantê-lo acuado, paralisado. Entretanto, conforme os dias passam, o governo continua lá, os agentes políticos vão se adaptando às novas circunstâncias. O ser humano se adapta a tudo, até mesmo à crise, que vai se tornando uma coisa normal. As pessoas querem trabalhar, e os empresários começam a refletir sobre os riscos de criar uma convulsão política no país, apenas para satisfazer os anseios de uma mídia golpista e de hidrófobos que defendem até mesmo uma intervenção militar.
Cada dia que passa, e Dilma continua lá, ela ganha força, até mesmo porque vai aprendendo com os erros, e foram muitos os erros do governo.
5) O PT continua cometendo inúmeros erros. Os recentes textos chorosos, autopiedosos, falando em perseguição ao partido, foram apenas a última derrapada, mas a legenda tem mergulhado numa reflexão profunda sobre si mesmo, sobre a necessidade de buscar forças na sua base social.
6) Outro motivo para esvaziamento do golpe é a desmoralização da oposição política. A briga sangrenta entre Demóstenes Torres e Ronaldo Caiado, que respingou em Agripino Maia, revelou de maneira cristalina a hipocrisia de setores da oposição quando se arvoram em paladinos da ética. O Suiçalão (contas secretas na Suíça) trouxe nomes dos barões da mídia, colunistas e ricaços paneleiros, que não pagam impostos e, portanto, são criminosos.
O constrangimento da imprensa, que não produz infográficos, não inventa apelidos, não abre seções especiais, na cobertura da Operação Zelotes e da CPI do Suiçalão, também a desmascarou, tanto que a própria Ombudsman da Folha, Vera Magalhães, admitiu que o jornal não deu destaque à Zelotes.
A Zelotes, é bom lembrar, lida com desvios de verba pública dezenas de vezes superior àqueles verificados na operação Lava Jato, e não traz nenhum risco de desemprego em massa no país.
Os responsáveis pela Zelotes, além disso, não estão prendendo empresários indiscriminadamente, à espera que eles “delatem” outros esquemas. Ao contrário da Lava Jato, a operação Zelotes tem sido conduzida com prudência e respeito à lei.
7) Um artigo publicado hoje do ex-ministro do STJ, Gilson Dipp, no qual desqualifica as delações de Alberto Youssef, traz um forte prejuízo para a operação Lava Jato. Dipp diz o óbvio: Youssef foi beneficiado antes por delação premiada e não respeitou a Justiça, voltando a cometer crimes. Qual o sentido de lhe dar, novamente, esse benefício?
8) O advogado Nelio Machado dá entrevista, ao Espaço Público Brasil, em que critica duramente o juiz Sergio Moro. Machado lembra que Moro louva os juízes da Operação Mãos Limpas, na Itália, esquecendo, porém, que não eram propriamente juízes, mas juízes de instrução, condição similar ao procurador brasileiro. Ou seja, Moro se identifica, qual Joaquim Barbosa, apenas com a acusação. Esses juízes de instrução não julgam ninguém, apenas apuram os fatos. Machado lembra ainda que a Operação Mãos Limpas produziu milhares de prisões arbitrárias, e abusou indecentemente da delação premiada, de vazamentos seletivos, etc. Machado pede o impedimento de Moro dizendo que se trata de um juiz comprometido politicamente, que não respeita as garantias individuais devidas aos réus, é leniente ou mesmo cúmplice com vazamentos seletivos, e se mostrou aliado à mídia de oposição. O advogado usa o mesmo argumento de Dipp, que é essa estranha decisão de Moro de conceder uma segunda delação premiada a um réu que não honrou a primeira. Lembra ainda que as delações dos empresários, em condições carcerárias desumanas, com ameaças inclusive a seus familiares, violam a lei da delação, que exige a voluntariedade do depoimento.
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Os riscos à democracia permanecem grandes, mas menores do que antes. A mídia agora deve usar todas as suas forças para promover o dia 12 de abril, porque será a sua última chance de criar um clima para o impeachment. Ao fazê-lo, porém, a mídia se expõe ainda mais, e isso também é um risco.
Setores importantes e crescentes da opinião pública estão consolidando uma percepção sobre o papel nocivo que a imprensa passou a desempenhar em nossa democracia.
A aprovação de Dilma caiu, mas uma boa parte desta impopularidade advém do próprio eleitorado dilmista, insatisfeito com a passividade política do governo, que não reage a seus adversários, e não sabe dialogar com sua própria base social.
Se há necessidade de ajuste fiscal, faça-se o maldito ajuste fiscal, mas sem transformar isso na única bandeira de governo!
Que se compense o ajuste fiscal com iniciativas ousadas fora do campo da macro-economia.
Faça-se alguma coisa pelos índios, pela reforma agrária, pela comunicação, pela cultura, pela política externa!
Os alertas do líder do MTST, Guilherme Boulos, são verdadeiros. Os movimentos sociais terão dificulade para defender Dilma do exército de lobotomizados que a direita tem levado às ruas, inclusive com dinheiro internacional, se o governo não oferecer uma plataforma política que a sua base possa defender.
Essa plataforma política tem de ser vista, tem de ir para a TV, para o rádio, para as redes sociais. Tem de estar na ponta da língua da presidenta.
De qualquer forma, a comunicação da presidenta melhorou sensivelmente. Dilma está falando mais. Todo dia aparece nos telejornais, dando entrevistas ou se posicionando.
A entrada de Janine Ribeiro no ministério da Educação oxigenou maravilhosamente a imagem do governo, e o ingresso de Edinho Silva na Secom trouxe esperanças de uma comunicação mais criativa.
O maior perigo vem das conspiratas judiciais, desse conluio entre tortura psicológica de réus, conduzida por um juiz e procuradores, embriagados pelos holofotes da Globo e apupos de uma opinião pública manipulada, e uma imprensa decadente, disposta a correr todos os riscos para garantir a sua sobrevivência.
Se o governo fizer uma marcação inteligente contra os desmandos judiciais por trás da Lava Jato, evitando tanto a sabotagem da economia quanto a construção de mais uma série de factoides midiáticos contra o PT, poderá virar o Cabo das Tormentas e começar, enfim, a governar.