sábado, 21 de fevereiro de 2015

No pasarán.

Funcionária da Petrobras desmente "rotina de medo" de matéria do Globo

Enviado por Mariano Rocha
A respeito de matéria enganosa publicada em O Globo (foto abaixo), vejam a carta de uma funcionária da Petrobras (mais abaixo).
Carta aberta à Leticia Fernandes e ao jornal O Globo
Antes de tudo, gostaria de deixar bem claro que não estou falando em nome da Petrobras, nem em nome dos organizadores do movimento “Sou Petrobras”, nem em nome de ninguém que aparece nas fotos da matéria. Falo, exclusivamente, em meu nome e escrevo esta carta porque apareço em uma das fotos que ilustram a reportagem publicada no jornal O Globo do dia 15 de fevereiro, intitulada “Nova Rotina de Medo e Tensão”.

Fico imaginando como a dita jornalista sabe tão detalhadamente a respeito do nosso cotidiano de trabalho para escrever com tanta propriedade, como se tudo fosse a mais pura verdade, e afirmar com tamanha certeza de que vivemos uma rotina de medo, assombrados por boatos de demissões, que passamos o dia em silêncio na ponta das cadeiras atualizando os e-mails apreensivos a cada clique, que trabalhamos tensos com medo de receber e-mails com represálias, assim criando uma ideia, para quem lê, a respeito de como é o clima no dia a dia de trabalho dentro da Petrobras como se a mesma o estivesse vivendo.

Acho que tanta criatividade só pode ser baseada na própria realidade de trabalho da Letícia, que em sua rotina passa por todas estas experiências de terror e a utiliza para descrever a nossa como se vivêssemos a mesma experiência. Ameaças de demissão assombram o jornal em que ela trabalha, já tendo vários colegas sendo demitidos[1], a rotina de e-mails com represálias e determinando que tipo de informação deve ser publicada ou escondida devem ser rotina em seu trabalho[2], sempre na intenção de desinformar a população e transmitir só o que interessa, mantendo a população refém de informações mentirosas e distorcidas.

Fico impressionada com o conteúdo da matéria e não posso deixar de pensar como a Letícia não tem vergonha de a ter escrito e assinado. Com tantas coisas sérias acontecendo em nosso país ela está preocupada com o andar onde fica localizada a máquina que faz o café que nós tomamos e com a marca do papel higiênico que usamos. Mas dá para entender o porque disto, fica claro para quem lê o seu texto com um mínimo de senso crítico: o conteúdo é o que menos importa, o negócio do jornal é falar mal, é dar uma conotação negativa, denegrir a empresa na sua jornada diária de linchamento público da Petrobras. Não é de hoje que as Organizações Globo tem objetivo muito bem definido[3] em relação à Petrobras: entregar um patrimônio que pertence à população brasileira à interesses privados internacionais. É a este propósito que a Leticia Fernandes serve quando escreve sua matéria.

Leticia, não te vejo, nem você nem O Globo, se escandalizado com outros casos tão ou mais graves quanto o da Petrobras. O único escândalo que me lembro ter ganho as mesma proporção histérica nas páginas deste jornal foi o da AP 470, por que? Por que não revelam as provas escondidas no Inquérito 2474[4] e não foi falado nisto? Por que não leio nas páginas do jornal, onde você trabalha, sobre o escândalo do HSBC[5]? Quem são os protegidos? Por que o silêncio sobre a dívida da sonegação[6] da Globo que é tanto dinheiro, ou mais, do que os partidos “receberam” da corrupção na Petrobras? Por que não é divulgado que as investigações em torno do helicoca[7] foram paralisadas, abafadas e arquivadas, afinal o transporte de quase 500 quilos de cocaína deveria ser um escândalo, não? E o dinheiro usado para construção de certos aeroportos em fazendas privadas em Minas Gerais [8]? Afinal este dinheiro também veio dos cofres públicos e desviados do povo. Já está tudo esclarecido sobre isto? Por que não se fala mais nada? E o caso Alstom[9], por que as delações não valem? Por que não há um estardalhaço em torno deste assunto uma vez que foi surrupiado dos cofres públicos vultosas quantias em dinheiro? Por que você e seu jornal não se escandalizam com a prescrição e impunidade dos envolvidos no caso do Banestado[10] e a participação do famoso doleiro neste caso? Onde estão as manchetes sobre o desgoverno no Estado do Paraná[11]? Deixo estas perguntas como sugestão e matérias para você escrever já que anda tão sem assunto que precisou dar destaque sobre o cafezinho e o papel higiênico dos funcionários da Petrobras.

A você, Leticia, te escrevo para dizer que tenho muito orgulho de trabalhar na Petrobras, que farei o que estiver ao meu alcance para que uma empresa suja e golpista como a que você trabalha não atinja seu objetivo. Já você não deve ter tanto orgulho de trabalhar onde trabalha, que além de cercear o trabalho de seus jornalistas determinando “as verdades” que devem publicar, apoiou a Ditadura no Brasil[12], cresceu e chegou onde está graças a este apoio. Ao contrário da Petrobras, a empresa que você se esforça para denegrir a imagem, que chegou ao seu gigantismo graças a muito trabalho, pesquisa, desenvolvimento de tecnologia própria e trazendo desenvolvimento para todo o Brasil.

Quanto às demissões que estão ocorrendo, é muito triste que tantas pessoas percam seu trabalho, mas são funcionários de empresas prestadoras de serviço e não da Petrobras. Você não pode culpar a Petrobras por todas as mazelas do país, e nem esperar que ela sustente o Brasil, ou você não sabe que não existe estabilidade no trabalho no mundo dos negócios? Não sabe que todo negócio tem seu risco? Você culpa a Petrobras por tanta gente ter aberto negócios próximos onde haveria empreendimentos da empresa, mas a culpa disto é do mal planejamento de quem investiu. Todo planejamento para se abrir um negócio deveria conter os riscos envolvidos bem detalhados, sendo que o maior deles era não ficar pronta a unidade da Petrobras, que só pode ser culpada de ter planejado mal o seu próprio negócio, não o de terceiros. Imputar à Petrobras o fracasso de terceiros é de uma enorme desonestidade intelectual.

Quando fui posar para a foto, que aparece na reportagem, minha intenção não era apenas defender os empregados da injustiça e hostilidades que vem sofrendo sendo questionados sobre sua honestidade, porque quem faz isto só me dá pena pela demonstração de ignorância. Minha intenção era mostrar que a Petrobras é um patrimônio brasileiro, maior que tudo isto que está acontecendo, que não pode ser destruída por bandidos confessos que posam neste jornal como heróis, por juízes que agem por vaidade e estrelismos apoiados pelo estardalhaço e holofotes que vocês dão a eles, pelo mercado que só quer lucrar com especulação e nunca constrói nada de concreto e por um jornal repulsivo como O Globo que não tem compromisso com a verdade nem com o Brasil.

Por fim, digo que cada vez fica ainda mais evidente a necessidade de uma democratização da mídia, que proporcionará acesso a uma diversidade de informação maior à população que atualmente é refém de uma mídia que não tem respeito com o seu leitor e manipula a notícia em prol de seus interesses, no qual tudo que publica praticamente não é contestado por não haver outros veículos que o possa contradizer devido à concentração que hoje existe. Para não perder um poder deste tamanho vocês urram contra a reforma, que se faz cada vez mais urgente, dizendo ser censura ou contra a liberdade de imprensa, mas não é nada além de aplicar o que já está escrito na Constituição Federal[12], sendo a concentração de poder que algumas famílias, como a Marinho detém, totalmente inconstitucional.

Sendo assim, deixo registrado a minha repugnância em relação à matéria por você escrita, utilizando para ilustrá-la uma foto na qual eu estou presente com uma intenção radicalmente oposta a que ela foi utilizada por você.

Fontes:
[1] Demissões nas Organizações Globo:
http://www.conexaojornalismo.com.br/colunas/cultura/novasmidias/demissoes-do-globo-estao-relacionadas-a-processo-milionario-na-justica-67-36921
http://radiodeverdade.com/tag/demissoes-na-radio-globo/
http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/836519/?noticia=DEMISSOES+DENTRO+DA+REDE+GLOBO+PREOCUPAM+FUNCIONARIOS
http://www.portalimprensa.com.br/noticias/brasil/70198/o+globo+faz+cortes+na+redacao+demite+artur+xexeo+e+outros+jornalistas
http://blogs.odia.ig.com.br/leodias/2015/01/29/globo-inicia-demissoes-no-jornalismo/

[2] Exemplos de o que deve e não deve ser publicado
http://www.brasildefato.com.br/node/31315
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/02/globo-ordena-que-nome-de-fhc-nao-seja-relacionado-lava-jato.html
http://www.conversaafiada.com.br/pig/2013/08/29/globo-censura-reporter-que-elogia-medicina-de-cuba/

[3] Objetivos
http://www.municipiosbaianos.com.br/noticia01.asp?tp=1&nID=15270
http://www.aepet.org.br/site/colunas/pagina/507/Prezado-a-companheiro-a-da-Petrobrs
http://www.viomundo.com.br/denuncias/sordida-campanha-dos-marinho-contra-graca-foster-e-petrobras.html
https://petroleiroanistiado.wordpress.com/2015/01/21/petrobras-sob-ataque-das-forcas-de-sempre/
https://fichacorrida.wordpress.com/category/rede-globo-de-corrupcao/

[4] Inquérito 2474
http://www.cartacapital.com.br/politica/em-sigilo-ha-7-anos-inquerito-da-pf-sobre-mensalao-e-liberado-9314.html
http://www.ocafezinho.com/2014/01/23/inquerito-2474-ja-esta-na-internet/
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/coluna/345927_ERRO+HISTORICO+NA+AP+470+
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/127938/Nassif-STF-vai-abrir-segredo-de-Joaquim-Barbosa.htm

[5] Escândalo do HSBC
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-assombroso-silencio-no-brasil-em-torno-do-escandalo-hsbc/
http://economia.ig.com.br/2015-02-16/reino-unido-investiga-hsbc-por-fraude-financeira-franca-pode-abrir-julgamento.html
http://economia.estadao.com.br/blogs/descomplicador/hsbc-entenda-o-escandalo-de-lavagem-de-dinheiro-e-sonegacao/
http://economia.ig.com.br/2015-02-14/receita-esta-de-olho-em-correntistas-brasileiros-do-hsbc-na-suica.html
http://www.brasil247.com/pt/247/parana247/170281/Sonegação-no-HSBC-é-dez-vezes-maior-que-a-Lava-Jato.htm

[6] Sonegação Globo
http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=4664
http://www.ocafezinho.com/2014/07/16/os-documentos-da-fraude-da-globo/
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/injusto-e-pagar-imposto-no-brasil-a-1a-reportagem-da-serie-do-dcm-sobre-a-sonegacao-da-globo/
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/como-o-processo-de-sonegacao-da-globo-sumiu-da-receita-e-sobreviveu-no-submundo-do-crime/

[7] Helicoca
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-dcm-apresenta-nosso-novo-documentario-helicoca-o-helicoptero-de-50-milhoes-de-reais/
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-papel-cada-vez-mais-estranho-da-policia-federal-no-caso-helicoca/
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/categorias/helicoca/

[8] Aeroportos Mineiros
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-a-midia-nao-procura-o-primo-de-aecio/
http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/07/1493571-aecio-neves-a-verdade-sobre-o-aeroporto.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/07/1488587-governo-de-minas-fez-aeroporto-em-terreno-de-tio-de-aecio.shtml
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/08/trafico-de-cocaina-e-o-aeroporto-de-claudio-mg.html
http://www.plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=82339
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/aecio-nomeou-desembargador-que-recebeu-propina-para-liberar-traficantes/

[9] Alstom
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/05/1281123-brasil-e-unico-que-nao-puniu-envolvidos-no-caso-alstom.shtml
http://tijolaco.com.br/blog/?p=24684

[10] Banestado
http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2014/11/o-caso-banestado-a-petrobras-e-o-feitico-do-tempo-9212.html
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/04/1267100-justica-anula-punicao-a-reus-do-escandalo-do-banestado.shtml
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-01-19/lentidao-da-justica-livrou-reus-no-caso-banestado-vinculado-a-lava-jato.html

[11] Beto Richa e o Paraná
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/02/beto-richa-quebrou-o-parana.html
http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2015/02/curitiba-a-pauta-da-rebeliao-de-professores-que-o-noticiario-preferiu-ignorar-2274.html

[12] Globo e a Ditadura
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/03/editorial-globo-celebra-golpe-militar-de-1964.html
http://www.brasildefato.com.br/node/25869
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/01/as-diretas-ja-e-o-crime-da-tv-globo.html
http://www.viomundo.com.br/denuncias/faz-30-anos-bom-jornalismo-da-globo-apresentou-comicio-das-diretas-como-festa-de-aniversario-de-sao-paulo.html
http://www.viomundo.com.br/denuncias/fabio-venturini-no-golpe-dos-empresarios-se-uma-empresa-foi-beneficiada-a-mais-beneficiada-foi-a-globo.html
http://www.viomundo.com.br/humor/exclusivo-as-entrevistas-ferozes-de-o-globo-com-seus-camaradas.html
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/abrir-empresa-em-paraiso-fiscal-faz-parte-de-um-velho-modus-operandi-da-globo/

[12] CF/88
Diz o artigo 220 da Carta, no inciso II do parágrafo 3°:
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Já o parágrafo 5° diz:
Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
E o artigo 221. por sua vez, prescreve:
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Luz, luz, mais luz!

O longe e o perto
Logo que a noite envolve em sombras o jardim
Parece que um mistério estranho me rodeia,
Bocas de flores se entreabrem para mim,
E não sei de quem são estes passos na areia
Nem este murmurar de uma queixa sem fim.
Como a seiva da terra alimenta as raízes,
Uma seiva secreta enche meu coração.
Deve ser o tal "gosto amargo de infelizes",
Plantinha sempre verde entre as pedras do chão,
Cujo travo provei em todos os países.
Tudo que pude fiz para não ser assim,
Mas não posso esquecer o longe pelo perto;
Os que amei e perdi dormem dentro de mim;
A culpa é minha, sou eu mesmo que os desperto,
Logo que a noite envolve em sombras o jardim.
O poema é do penumbrista Ribeiro Couto
O mefistofélico Johann Wolfgang von Goethe satanizou:
"Todos vocês são Faustos. Venham, eu os arrastarei por uma vida bem selvagem através de uma rasa e vã mediocridade, que é o que vocês merecem. As suas bem humanas insaciabilidade, terão lábios, manjares, bebidas. É difícil encontrar quem não queira vender sua alma ao diabo."
Poema recitado por Von Goethe na última pagina do livro "Os sofrimentos do jovem Werther"
As últimas palavras de Goethe ao morrer foram: Luz, luz, mais luz!

O PT e o mar.

O PT e o mar, por Marcelo Manzano


Artigo do Brasil Debate
Por Marcelo Manzano
Desde que Lula assumiu o mais alto cargo político do Brasil em 2003, são incontáveis as manifestações anunciando o fim do Partido dos Trabalhadores. O primeiro ato dessa procissão talvez tenha sido protagonizado pela turma que migrou para o PSOL.
O saudoso Plínio de Arruda Sampaio, em “entrevista explosiva” à revista Caros Amigos de maio de 2005, já tratava de jogar luz sobre a “crise terminal” do PT. De lá para cá, a despeito de o PT ter realizado uma transformação social sem precedentes no País e ter conseguido vencer mais três eleições seguidas para a Presidência, a obsessão com o fim do PT só faz crescer.
E tem pra todo gosto. Da extrema esquerda ao Instituto Millenium, de petistas históricos a jejunos, de sindicalistas a ilustres acadêmicos, fervilham palpites e maus agouros a respeito do tempo de vida do partido.
Entre os argumentos, o mais frequente, espécie de denominador comum entre todos os críticos – inclusive dentro do partido – é o de que “o PT já não é mais aquele”. Já não teria o vigor nem a ousadia que tão bem empunhou na campanha das Diretas, no inesquecível processo eleitoral de 1989, na defesa intransigente de utopias de um difuso socialismo democrático.
Será? De fato, o desgaste que o PT vem sofrendo lhe tira o lustro e traz dúvidas quanto à sua capacidade de continuar avançando como partido. Talvez tenha cometido erros que transformem a sigla em um fardo excessivamente pesado para se carregar nos próximos pleitos eleitorais. O tempo dirá.
Entretanto, é preciso tomar cuidado e separar a análise da viabilidade política da sigla nas próximas eleições da análise do significado da experiência do PT como vetor de um projeto de esquerda para o País.
Tal qual o velho pescador Santiago, protagonista do livro “O velho e o mar” de E. Hemingway, o PT se aventurou pelo mar bravo do sistema eleitoral brasileiro e, em busca de realizar seu sonho de longa data – a construção de um país mais justo, soberano e igualitário – fisgou o seu Marlin-azul: a Presidência do País.
Peixe grande, canoa pequena, a viagem desde então se transformou em intensa luta pela sobrevivência e trouxe à tona as ameaças inescapáveis que recaem sobre aqueles que ambicionam avançar para além da linha do horizonte. Assim como os ataques dos tubarões estraçalharam o peixe do valente Santiago, o exercício do poder produziu estragos irreparáveis sobre o corpo e a alma do PT.
Mas, quando finalmente é avistado da costa, o peixe está lá, estampado na canoa do velho: na forma de um esqueleto enorme, a lição de que parte do sonho era inalcançável, mas também que o cerne de osso, esticado de uma extremidade à outra, é a peça de resistência que dá sentido à luta.
O PT errou, muito – como, aliás, erraram todos os outros partidos de esquerda ao redor desse mundão capitalista em que estamos metidos. Mas errou não porque abriu mão dos sonhos de outrora. Errou principalmente por ter acreditado ser possível, a um só tempo, jogar o jogo sujo do sistema eleitoral brasileiro, enfrentar os interesses rentistas que há tantas décadas nos governam e garantir os avanços das instituições republicanas que emergiram com a Constituição de 1988. A equação não fecha.
Contudo, a despeito de ter sido seriamente avariado no percurso, há motivos para dizer que o PT de hoje, talvez apenas uma carcaça do vigoroso partido dos anos oitenta, é melhor do que aquele.
O PT sabe hoje que não se constrói um país com arroubos voluntaristas, com uma cesta de boas causas, com um catado de princípios valorosos. O PT – e parte importante da esquerda brasileira – aprendeu na marra que não se consegue avançar em um país capitalista da periferia se não houver um Estado que seja o protagonista do desenvolvimento econômico, isto é, que lidere a acumulação capitalista e, ao mesmo tempo, imponha limites aos interesses privatistas.
Aliás, vale recordar, o PT dos oitenta, das “Diretas Já”, da encantadora melodia do “Lula-lá”, dava de ombros para o tema do “desenvolvimento” – olhava torto, por exemplo, para debates sobre os rumos da nossa indústria, desconfiava dos empréstimos subsidiados do BNDES ao capital e acendia velas para a austeridade fiscal.
Com a estrela na testa, restringia-se à defesa valorosa dos direitos dos trabalhadores, dos sem terra, das minorias e dos desvalidos. Aquele PT foi, sim, fundamental no processo constituinte e na sua longa jornada regulatória: mas às bandeiras meritórias de então foi acrescido o cerne, o eixo estruturante que até 2003 passava ao largo do ideário petista.
Hoje, graças ao choque de realidade de ser governo, tanto o PT quanto a esquerda brasileira estão em outro patamar. Graças às contradições enfrentadas pelos governos de Lula e Dilma, sabe-se, por exemplo, como a defesa dos empregos e dos salários, exige uma musculatura do Estado e de outras instituições públicas que vai muito além da intransigente defesa dos direitos da pessoa humana ou da inocente prática do orçamento participativo.
Dizem os críticos – externos e internos – que o PT, na medida em que galgou a hierarquia política do País, permitiu-se enrijecer; que seus quadros se encantaram com os vícios do poder e da grana; enfim, que o projeto de transformação social do País foi reduzido a um projeto de poder.
Sim, em parte isso de fato aconteceu – o que não é novidade alguma em se tratando de seres humanos, sejam eles franceses, japoneses ou menonitas. Mas é verdade também que muito se fez para avançar no sentido do pleno emprego e da melhora sistemática da renda dos assalariados e dos mais pobres. Isso foi conquistado – e não é pouco: basta olhar ao redor do planeta.
Em última instância, portanto, esse é o esqueleto que mantivemos preso ao barco, e é ele que nos permite perceber, por um lado, o quão pouco sabíamos antes de nos lançarmos ao mar e, por outro, o quanto tivemos que enfrentar para conquistar avanços civilizatórios fundamentais para o povo deste País.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Brizola sabia

Brizola sabia que um regime de força se instala para entregar o país

Enviado por Alfeu
O Brizola tinha uma capacidade formidável de criar frases e principalmente apelidar grupos políticos e sociais. Em um debate em 89 entre candidatos a Presidência da República, soltou um "Filhote da ditadura" para o Maluf, e que posteriormente significou ao bando que em 64 tomou o poder, e a seus simpatizantes.
Apesar de muitos acharem ser ele um dos responsáveis por esse golpe (é como pensar que o discurso do Deputado Marcio Moreira Alves foi o estopim para o AI-5), seu radicalismo na verdade era para neutralizar  as movimentações da extrema direita por quase toda a decada de 50 e nesse início dos 60.
Brizola sabia que um regime de força não se instala com o intuito de moralizar uma sociedade, de espantar o perigo vermelho, ou quem sabe enxotar o bicho-papão; mas sim para entregar o país  e que foi feito por pessoas que se corrompiam facilmente, mas que também corromperam as estruturas e instituições, que tentam se recuperar até hoje. Passaram o trator sobre tudo e sobre todos, e que o noticiário divulgava como ações para 'manter a ordem".
Ele vislumbrava também a necesidade de uma regulação  dos meios de comunicação, pois talvez intuísse que os Filhotes da ditadura perpetuariam e expandiriam sua ideologia e pensamento dos golpistas formando uma nova geração dos Filhotes dos filhotes da ditadura.  
Anos mais tarde Leonel Brizola viu o neo liberalismo chegar ao poder no Brasil, dando um arremate final à obra da ditadura, ou seja, o que foi construido para o capital internacional, agora era do capital internacional, dado. A essa turma, ele não perdeu a sua verve e os apelidou de "mauricinhos".
O velho Brizola nunca esqueceu da história política desse país, pois ela vai caminhando em ondas e desse modo evitaria de  cair no mesmo erro, apesar das novas embalagens. O que ele não imaginava era que um dia a farda seria trocada pela toga. 
Uma outra coisa, o Jango quando caiu era para evitar o comunismo, e também porque ele era corrupto?
Por Aluizio Palmar
Do Documentos Revelados
O Instituto João Goulart encaminhou no final de novembro denúncia ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro sobre a suspeita de que o embaixador José Jobim foi assassinado por agentes da ditadura militar em março de 1979. Poucos meses antes de sua morte, o embaixador declarou para políticos em Brasília que escrevia suas memórias em que denunciaria o esquema de corrupção na construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
José Jobim foi sequestrado em frente à sua casa em 22 de março de 1979. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado no bairro do Cosme Velho, na cidade do Rio de Janeiro. Segundo a investigação do delegado Rui Dourado, Jobim se enforcou com uma corda. A hipótese é refutada pela filha do embaixador, a advogada Lygia Jobim, que busca a verdade sobre a morte do pai há 35 anos.
O documentário Itaipu, a quem interessa e escuridão? fornece mais informações sobre o possível assassinato do embaixador:
Em 1964, José Jobim foi enviado pelo presidente João Goulart ao Paraguai para acertar junto ao governo daquele país a compra de turbinas russas. José Jobim foi um diplomata experiente com longa carreira no Itamaraty e ocupou cargos nas embaixadas da Colômbia, Vaticano, Argélia e outras. Após o golpe civil-militar de 64, o consórcio brasileiro e paraguaio responsável pela obra cancelou as negociações com os russos e comprou equipamentos da multinacional Siemens. O projeto ‘Sete Quedas’ de João Goulart, orçado em 1,3 bilhão de dólares, foi substituído por outro que custou dez mais, R$ 13 bilhões de dólares.
O primeiro presidente da Itaipu Binacional foi o militar Costa Cavalcanti da linha dura entre os golpistas. Ele conspirou contra Jango, considerava branda a posição política do general Castello Branco e foi um dos articuladores da candidatura de Costa e Silva à presidência. Votou a favor da implantação do AI-5 em 13 de dezembro de 1968, na época, ocupava o cargo de ministro de Minas e Energia.
Por pressão do governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, as investigações sobre a morte de José Jobim foram reabertas em 1983. A promotora Telma Musse Diuana foi designada para cuidar do caso e solicitou novas investigações à polícia, baseando-se na “dubiedade do laudo que concluiu pelo suicídio”. Um inquérito foi finalmente instaurado, o qual considerou os fatores da morte do embaixador “todos incompatíveis com a hipótese adotada pelos legistas oficiais”. O processo acabou arquivado em 1985, sendo a morte de Jobim qualificada de “homicídio por autor desconhecido”.
DEPOIMENTO DE LÍGIA JOBIM
‘1979-2014 – Foram necessários 35 anos para que meu pai – JOSÉ JOBIM – tivesse sua dignidade de volta. Foi encontrado morto, pendurado numa árvore, seu corpo marcado por sevícias e suas roupas sujas de sangue. Foi interrogado sob tortura para dizer quem lhe passava as informações, que estava prestes a divulgar, sobre a corrupção em Itaipu. Devem ter achado que sua morte o tornava – e a nós – em vencidos. Não perceberam que vencidos foram eles que perderam a condição de seres humanos ao se deixarem dominar pela bestialidade. Lamento por seus filhos… De cachorro morto em beira de estrada a vítima da sórdida e boçal ditadura militar que dominou o país por 21 anos, o caminho foi longo. Não quero, nem posso, não agradecer àqueles cujo apoio foi de imensa importância para mim na fase final de mais uma etapa, e que não será a última. Acreditem que cada curtida foi um abraço, cada compartilhamento a certeza de que esse alguém não quer que o país viva novamente o arbítrio. Muitas vezes me perguntam por que tanta tenacidade. A resposta é simples: meu pai, como os Aézios, Amarildos e o Brasil merecem respeito. Nos últimos meses o incentivo maior foi o apoio de meus filhos e seus amigos. O apoio dessa juventude reforçou em mim a convicção de que minha esperança num futuro mais digno possa se concretizar. Meninos, quero que saibam que parte do que fiz foi por vocês. E também pelas Marinas, Henriques, Marias e Lucas, Tomás, Júlias, Pedros, e Erics, sem faltar minha Isabel Liz e Dom Alba. A lista de agradecimentos seria infindável, mas não posso deixar de destacar a CNV, na pessoa do Ministro Antonio Mesple, o Instituto João Goulart, nas pessoas de João Vicente e Verônica. À Carolina Cooper um obrigada especial, pois muito vem fazendo por generosidade e iniciativa própria. A cada um dos que acreditaram, um grande abraço, com a certeza de que passarão esta história adiante, para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça.”

 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O mundo sombrio do petróleo

O mundo sombrio do petróleo

Oil-War (1)


Não é que sirva de consolo, mas ajuda a nos dar uma referência e, sobretudo, a não tirarmos falsas conclusões do escândalo de corrupção na Petrobrás.
Em meados de 2011, dois jornalistas americanos lançaram um livro que abalou a política do Alaska.
Até meados dos anos 90, o Alaska era o principal estado produtor de petróleo nos EUA.
Hoje as suas reservas e sua produção foram ultrapassadas por Texas, Dakota do Norte e o Golfo do México.
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O livro, intitulado Crude Awakening, denuncia décadas de relação promíscua e corrupta entre as grandes empresas de petróleo atuantes no Alaska e a elite política local.
As companhias pagavam propinas milionárias a parlamentares, além de contribuições de campanha, para que estes lhes assegurassem impostos baixos e propusessem projetos de infra-estrutura que lhes beneficiassem.
O exemplo me parece adequado para nos alertar sobre o esforço de nossa mídia em associar a corrupção na Petrobrás ao fato dela ser uma estatal.
O petróleo era explorado no Alaska por companhias privadas, e havia corrupção do mesmo jeito. Com uma diferença: as petroleiras pagavam pouco imposto, enquanto a nossa Petrobrás é a maior pagadora de impostos do Brasil.
Na verdade, a indústria de petróleo, segundo a ONG Transparency International, ganhou a medalha de setor mais corrupto do mundo.
Há explicação para isso, naturalmente. O setor de petróleo é o que envolve mais riscos, mais perigos, mais guerras, mais dinheiro, mais especulação, mais geopolítica.
Ao mesmo tempo, é o setor estrategicamente mais importante do planeta, porque ligado àquela que ainda é, e continuará sendo por décadas, a principal fonte de energia para transportes e indústria.
É um jogo bruto, num mundo sombrio.
A queda nos preços do petróleo tem sido atribuída, em diversas reportagens, como esta publicada ontem pelo NY Times, a uma operação da Arábia Saudita para forçar a Rússia e Irã a não mais ajudarem a Síria.
O que a mídia americana, a mais governista do mundo, não fala, é que os EUA também devem estar por trás da estratégia, porque o petróleo barato impulsiona a economia americana, de um lado, e enfraquece todos os seus principais inimigos políticos: Rússia, Irã e Venezuela.
A monarquia saudita tem reservas de US$ 733 bilhões e aguentaria uns cinco anos de preços baixos. Além disso, os sauditas tornaram-se exímios operadores em bolsa, e seguramente compensam as perdas no preço do barril através de ações especulativas. Por exemplo, ficam “vendidos” em ações de Petrobrás, e ganham bilhões quando as cotações da estatal caem na bolsa de NY.
A queda no preço das ações da Petrobrás se deve a uma conjuntura negativa.
A estatal vive uma situação delicada, em virtude, paradoxalmente, de uma coisa boa. A Petrobrás descobriu o pré-sal num momento em que o mundo vivia um problema grave de liquidez, e por isso teve dificuldades para alavancar dinheiro para iniciar os trabalhos de exploração nos novos campos.
Com a “revolução do xisto”, um petróleo disperso em meios às rochas, cuja exploração se tornou viável apenas recentemente, em função de novas tecnologias, os EUA de repente voltaram a ser grandes produtores, em especial o estado do Texas.
Aliás: a Petrobrás está posicionada estrategicamente bem no coração do Texas, com a refinaria de Pasadena, tão maltratada pela mídia, pela Graça e por Dilma, mas que, em virtude do xisto tornou-se um dos ativos internacionais mais promissores da empresa.
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Ou seja, não há perspectiva de déficit de petróleo para os EUA pelo menos até 2035. Ao contrário, o país deverá se tornar exportador de gás e petróleo a partir de 2019, segundo estudos da BP e da Agência Internacional de Petróleo (IEA).
Essa conjuntura não oferece um cenário favorável a preços altos para o petróleo, o que é bom para o mundo, porque ajuda a baixar o custo de vida em todo o planeta, incluindo o Brasil, mas prejudica países dependentes da exportação de petróleo – o que não é o nosso caso.
Entretanto, os já citados estudos também apontam para um crescimento contínuo do consumo de petróleo e gás, durante as próximas décadas, impulsionado sobretudo pelos mercados emergentes, em especial Índia e China, onde a quantidade de veículos per capita ainda deve crescer de maneira extraordinária.
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Em tese, para a Petrobrás e o Brasil, o mercado de petróleo é lucrativo na alta ou na baixa, por causa do monopólio virtual sobre a produção e a distribuição. Se o preço está baixo, a Petrobrás ganha no refino e na distribuição. Se está alto, ganha na produção.
O problema é que a Petrobrás encontra-se num momento delicado de investimento em exploração.
A necessidade de investir obrigou a Petrobrás a se endividar.
Ela se endividou para poder investir nas novas plataformas de exploração no pré-sal.
Aí quando a cotação do petróleo começou a cair, foi como uma puxada de tapete.
A nossa sorte é que o pior já passou. Já temos plataformas instaladas suficientes para iniciarmos um processo crescente de produção nas áreas do pré-sal. Se essa crise viesse dois ou três anos atrás, as coisas seriam bem mais difíceis.
A partir do momento que a produção do pré-sal aumentar, como já está acontecendo, o caixa da Petrobrás sentirá um grande alívio financeiro, porque vai reduzir a sua dependência de capital externo.
De qualquer forma, a Petrobrás, após ser vítima de ladrões dentro e fora dela, agora é atacada de maneira igualmente injusta por uma mídia absolutamente partidária.
Os números da Petrobrás são ótimos. Recorde em cima de recorde. Nunca uma petroleira conseguiu extrair tanto petróleo de novas reservas em tão pouco tempo.
Segundo o último boletim da ANP, a produção de petróleo no Brasil, em dezembro de 2014, alcançou 2,49 milhões de barris/dia, alta de 18% sobre igual mês de 2013 e crescimento de 6% sobre mês anterior.
A produção de gás natural disparou quase 17% em dezembro, na comparação com o ano anterior, e 4%, sobre o mês anterior.
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Nos últimos anos, a Petrobrás aumentou suas reservas, sua produção, seu refino, construiu as plataformas mais modernas do mundo, financiou o ressurgimento da indústria naval.
Não foi à tôa que, apenas este ano, a Petrobrás ultrapassou a Exxon e se tornou a maior produtora de petróleo do mundo, entre empresas com papeis negociados na bolsa, e ganhou o maior prêmio mundial do setor de offshore.
Graça Foster, a agora ex-presidente da Petrobrás, por sua vez, ganhou, também este ano, o principal prêmio mundial concedido a engenheiros do setor.
Todos os estudos sinalizam que o petróleo continuará sendo um insumo vital para o planeta até pelo menos meados de 2050.
Há uma tendência crescente e saudável por combustíveis menos poluentes, que fará com que não apenas a posição das energias limpas aumente substancialmente, como os novos motores sejam mais econômicos e eficientes (rodando mais quilômetros com menos gasolina).
Mas o petróleo ainda será dominante por um bom tempo, e espera-se um aumento vigoroso da demanda, por causa dos mercados emergentes.
Segundo o boletim mais recente da Agência Internacional do Petróleo (IEA), o equilíbrio entre oferta e demanda, folgado hoje, voltará a ficar apertado até o fim do ano, o que poderá contribuir para a melhora dos preços do petróleo.
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Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, edição de 2014, informa que as reservas mundiais de petróleo, provadas, estão em 1,69 trilhão de barris, sendo que os países membros da OPEP detêm 72% delas.
Acho importante a gente conhecer a situação dos principais países do setor (em produção ou consumo). Então preparei um quadro com os números da ANP:
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A lista de países nos causa um frisson geopolítico…
Conclusões:
1) A queda nas cotações do petróleo, ao contrário do que prega a mídia brasileira, comprova a importância de manter a Petrobrás no comando de ambos os lados do balcão: na produção e na distribuição, porque assim ela pode ganhar na alta ou na baixa – e continuar sendo a maior pagadora de impostos do país (à diferença da mídia, que sonega).
2) Nossas reservas, em verdade, mesmo com o pré-sal, não são grande coisa, então deveriam ser guardadas apenas para o consumo doméstico. O mundo pode pegar fogo lá fora, as cotações podem explodir ou derreter, que manteremos uma tranquila autonomia em petróleo.
3) Por isso é tão importante também construir refinarias, outro fator de soberania e segurança econômica.
4) A corrupção tem de ser combatida, com transparência, investigação e implementação de um sistema de governança mais rígido. Não é preciso nenhuma pirotecnia midiática, nenhuma privatização, nenhuma “abertura”. A Petrobrás tem de aguentar o tranco, com firmeza.
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Não comentei nada sobre esse novo terrorismo da mídia e das redes, sobre “impeachment” da Dilma, porque esse papo não me engana mais.
O terceiro turno já acabou.
Esse terrorismo vulgar parece, em verdade, apenas estupidez da oposição, por um lado, e oportunismo da ala direita do governismo, de outro, porque, de certa maneira, blinda o governo contra críticas crescentes da esquerda.
Afinal, quem vai criticar um governo que está sendo ameaçado de golpe?
Se o Congresso botar em votação o impeachment da presidenta, não será militância petista que irá para a rua, e sim o povão, e isso é deveras perigoso.
A Dilma apanha da esquerda que nem gente grande, mas é nossa. A gente tem o direito de criticá-la quanto quiser.  Mas se tocarem na democracia, aí é guerra!
Não vejo, por isso mesmo, clima nenhum para golpe.
Além do mais, quem vai substituir Dilma? Michel Temer? Cunha? Aécio? Ora, não está todo mundo envolvido com a corrupção da Petrobrás, ou qualquer outro escândalo?
Será um congresso completamente desprestigiado que irá votar o impeachment da presidenta?
Impeachment não é palhaçada.
Se forem derrubar Dilma porque alguém roubou, sem o seu conhecimento, então não sobraria mais um prefeito para contar história.
Seria a mesma coisa que deportar o vovô pra Indonésia porque o netinho fumou maconha no colégio…
O primeiro a rodar, por exemplo, seria Geraldo Alckmin, governador de São Paulo.
Os problemas da Petrobrás não afetam diretamente a vida de ninguém. Pelo contrário, a Petrobrás continua pagando impostos bilionários e sustentando o Estado brasileiro. E a produção de petróleo e gás bate recorde todo mês.
Já o problema da água, gera prejuízos humanos e econômicos que afetam profundamente a saúde física de milhões de pessoas.
Sem água, doenças se proliferam. Escolas são fechadas. Indústrias interrompem produção. A agricultura sofre. Hospitais sofrem.
Por que FHC não manda o Ives Gandra escrever um parecer sobre o impeachment de Alckmin?