segunda-feira, 29 de julho de 2013

Mais uma vez jabuticaba.



Mais uma para a jabuticaba: corrupção sem corrupto

29 de Jul de 2013 | 15:25
Estou pensando em criar uma seção “Jabuticaba” aqui no blog, para reunir as histórias incríveis, fantásticas e extraordinárias que só acontecem no Brasil, como a simpática frutinha.
Já tivemos o grampo sem áudio, o boato sem boateiro, a sala de espionagem aberta à visitação pública, a empresa offshore na Flórida com sede num apartamento funcional em Brasília e, agora, temos a corrupção sem corrompido.
É o que o leitor desavisado pode depreender da matéria publicada hoje pela Folha, dizendo que “em reunião com promotores de Justiça na semana passada, a multinacional Siemens admitiu devolver aos cofres públicos parte do valor que teria sido superfaturado no fornecimento de equipamentos de trens e metrô ao governo de São Paulo”.
Muito bem, um grande gesto, claro que em troca da imunidade criminal e administrativa da empresa, que já tomou multas de bilhões nos EUA e na Alemanha por práticas semelhantes.
Mas se a Siemens recebeu superfaturado, quem superfaturou? E quem superfaturou pediu quanto?
Istoé diz que cálculos parciais apontam um desvio de mais de R$ 163 milhões já comprovados e que pode chegar a R$ 425 milhões.
E como se desvia tudo isso sem o conhecimento da mais alta cúpula da administração estadual, à qual estão subordinados o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.
Pagamentos deste volume não são feitos colocando grana num envelope e mandando o contínuo ir lá entregar à secretária do Dr. Fulano. Envolvem contratos e transferências, aqui e lá fora, para empresas previamente determinadas, como forma de impedir a identificação do dinheiro.
Mas tudo isso “fura” se a empresa que pagou propina diz a quem pagou e por ordem de quem, porque há a transferência documentada de dinheiro para os intermediários.
Entretanto, apesar de feita por uma repórter com todas as qualidades de boa apuradora, a matéria da Folha não menciona ninguém, rigorosamente ninguém, das administrações tucanas de São Paulo onde ocorreram quase todos os negócios, embora tenham existido também com o Governo do Distrito Federal, na gestão de José Roberto Panetone Arruda.
Viva a jabuticaba!

Por: Fernando Brito

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