quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A vitória de Severina e Maria das Dores

Política

Editorial

A vitória de Severina e Maria das Dores

Aqui está uma das razões da reeleição de Dilma contra a reação golpista
por Mino Carta — publicado 29/10/2014 05:46
Andréa Martins da Silva / Leilao Soraia Cals
Botão Eleições 2014Conto uma história singela. Minha doméstica se chama Severina da Silva e está comigo desde 1981. É da minha família. Casada, 61 anos, casa própria, dois filhos formados engenheiros pela USP e muito bem empregados. Nasceu no Recife, onde vivem a mãe, lúcida aos 97, e a irmã Maria das Dores. E esta liga na segunda-feira 20, e informa: “Votei na Dilma e domingo volto a votar”.
Todos os nossos Silva estão com Dilma, no Recife e em São Paulo. “Deus me livre do Aécio ganhar – diz Maria das Dores –, quero realizar o sonho de visitar vocês de avião.” Severina já foi ao Recife três vezes, logo mais virá a irmã. Ambas de avião.
Enredo rigorosamente verdadeiro e altamente simbólico, chave do mais claro entendimento da vitória que Dilma Rousseff colhe ao se reeleger para a Presidência da República. Neste mesmo espaço na edição de 24 de setembro passado eu me atirava “a um vaticínio que muitos reputarão prematuro”. Ou seja, previa que a nação saberia “evitar o risco” de eleger quem representa o regresso.
Aí está o sentido do apoio de CartaCapital à permanência da presidenta Dilma. Sua vitória é a garantia da continuidade da política social e da política exterior independente executadas nos últimos 12 anos. Ganhamos agora a certeza de que o neoliberalismo não vingará, que o salário mínimo não será cortado, que a Petrobras não será privatizada, que o pré-sal não será loteado.
CartaCapital nunca deixou de manifestar a sua decepção com o PT que vi fundar e que por muito tempo na oposição desempenhou a contento o inédito papel de verdadeiro partido para, no poder, imitar os demais. Partidos se declaram, impropriamente. Inegável é, porém, que o governo, por cima e às vezes à revelia da maioria parlamentar, privilegiou os interesses do País.
Verifica-se, assim, uma estranha discrepância de comportamentos. É como se o PT tivesse perdido a sua identidade enquanto o governo mantinha a fé inicial. Dizia um sábio: quem perde a ideologia torna-se contemplativo. Sim, a gente sabe, não faltam aqueles que decretam o enterro das ideologias. De algumas, sim, contingentes, varridas pelo fracasso. Outras as substituem, coerentes com o tempo que passa. E uma ideia não morre, a da igualdade, tanto mais no nosso Brasil ainda tão desigual.
Nesta eleição, até pareceu só ter valor a ideologia reacionária e golpista. Já a alternância no poder se aplicaria somente no plano federal. No estadual, caberia analisar caso a caso. Em São Paulo, por exemplo, a alternância não se recomenda, de sorte a permitir que o governo tucano prossiga no seu caminho 
de desmandos e desastres.
Está claro que se o PSDB vencesse não se daria apenas a frustração de Maria das Dores. Voltariam, antes de mais nada, as ideologias professadas à sombra de Fernando Henrique Cardoso. Contra Aécio Neves nada tenho na esfera pessoal. Conheço-o, como esclareci em outras oportunidades, há mais de 30 anos, desde quando carregava a pasta do avô Tancredo. Ao longo da campanha, deu-se quanto antecipamos. Foi tragado pelo apoio da mídia nativa e se entregou ao golpismo separatista de São Paulo, sobretudo.
Textos foram publicados, e falas proferidas, de puro humorismo no decorrer do percurso. Não me refiro, obviamente, a quem viu no Brasil um país rachado em dois. FHC incumbe-se de exibir a fratura e se torna valioso cabo eleitoral de Dilma. Se bem entendi, ele faz a diferença entre ricos cultos e pobres desinformados. De verdade, o Brasil sempre esteve a pagar por três séculos e meio de escravidão e a manter de pé casa-grande e senzala. De um lado, a minoria que pretende deixar as coisas como estão. Surge, porém, do outro, quem gostaria de enterrar de vez a herança maldita. A bem de todos.
Aquela acredita viver em Dubai no topo da pirâmide, ou em patamar inferior, sonha em chegar lá. Felizmente, na maioria figuram cidadãs como Severina e Maria das Dores. Elas percebem o que lhes convém.

“Deveriam agradecer a Deus pelas políticas sociais", diz Lula


Jornal GGN - Em mensagem após a vitória de Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2014, o ex-presidente Lula disse que seu “coração está leve” e que a luta para reduzir as desigualdades sociais no País ainda não terminou. Após uma disputa acirrada - na qual o candidato do PSDB, Aécio Neves, angariou mais de 50 milhões de votos e ficou apenas 3 pontos atrás de Dilma - Lula avaliou que é hora de conversar mais com a sociedade e tentar desfazer os mitos que colocam as políticas públicas construídas desde 2003 em xeque.
Segundo o presidente de honra do PT, “as pessoas deveriam agradecer a Deus pelas políticas sociais”, pois elas mudaram a vida de milhões de pessoas, o que deveria ser motivo de comemoração, não alvo de preconceitos. Ele citou o Bolsa Família como um exemplo de política social de sucesso, criado durante seu governo e mantido e aprofundado na gestão Dilma. “Mais generosidade e menos preconceito vai fazer um bem imenso para esse País. É o que todo mundo deseja na verdade: um Brasil mais sólido, economicamente mais forte, mas um Brasil mais justo. Que todos tenham a mesma oportunidade”, falou.
Para Lula, porém, não é possível imaginar que as pessoas que ascenderam socialmente durante as administrações petistas iriam depositar, instantaneamente, o voto na candidata do PT. “Uma parte dessa nova classe social que tem a possibilidade de viajar de avião, que tem acesso às coisas modernas, a computador, banda larga, internet, tudo mais sofisticado, essas pessoas, no fundo, são eleitores de Dilma e são eleitores de outros [candidatos]. Não tem um jeito de criar um curral eleitoral em função das classes sociais. Não existe possibilidade disso! Existe, na verdade, uma mensagem política que tem que se passar”, defendeu.
Na visão do ex-presidente, a campanha petista, este ano, sofreu “agressão como em nenhum outro momento da história houve. Ou seja, foi uma coisa muito dura contra o PT, a ponto de Aécio ficar dizendo o tempo todo que é preciso tirar o PT [do poder], acabar com o PT”, comentou. “Mas o meu coração está leve porque o povo brasileiro, mais uma vez, nos ensinou muita coisa. Basta que a gente analise bem as eleições para trabalhar os próximos anos”, endossou.

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sábado, 25 de outubro de 2014

OBRIGADO, DIREITA

Obrigado, direita! 

Por Rafael Castilho*
Obrigado, direita por mostrar tão nitidamente a sua face mais destrutiva e violenta.

Obrigado, direita por tornar visíveis os seus preconceitos e o desejo de restauração das velhas hierarquias.

Obrigado por deixar a olho nu o seu autoritarismo. Por mostrar o seu desprezo pelas escolhas alheias. Por desconsiderar uma visão de mundo que não seja a de vocês.

Obrigado por nos xingar de desinformados, ignorantes, acomodados, preguiçosos, corruptos. Obrigado por não nos acolher e nos deixar de fora deste camarote VIP eleitoral onde só entra quem se supõe mais esclarecido e iluminado que os outros.

Senhores reacionários, agradeço por defenderem tão explicitamente a ditadura militar e a tortura. Ficou muito mais fácil para identificar o real projeto político de vocês e encorajou muito mais as nossas escolhas.

Damos graças aos eleitores conservadores que despejam ódio nos fóruns de internet. Vocês explicitaram tudo aquilo que fica oculto numa candidatura oficial e escancararam os desejos mais inconfessáveis.

Agradecemos até mesmo as perseguições. Os ataques de fúria. As agressões físicas em praça pública aos companheiros que usavam camiseta vermelha. Foi bom que vocês fizeram isso antes da eleição. Pensando bem, até que vocês foram honestos. Normalmente as candidaturas nos afagam e depois do pleito nos enchem de porrada. Vocês não! Já nos dão mostras grátis do tamanho da opressão que iríamos sofrer. Prometem justamente o que iriam cumprir.

Obrigado direita pela Guerra Fria requentada. Por mostrar como vocês estão atrasados. Que não superaram nem o fim da escravidão, que dirá a ameaça de "golpe comunista". Obrigado por defender tão ardorosamente o neoliberalismo. Ficou mais fácil perceber qual seria o nosso futuro olhando para as grandes economias, agora decadentes, sem potencial econômico e sem vitalidade social.

Obrigado por criticarem tanto os programas sociais. Ficou fácil perceber o egoísmo e indiferença de vocês frente à fome e a miséria.

Direitona, obrigado por revelarem ao grande público estes humoristas yuppies tão ruins. Que reivindicam o direito de fazer piada sobre qualquer barbaridade, violência e exploração. Por serem emissários, através de suas "piadas", do preconceito e do servilismo de vocês. Por não deixarem oculto o desejo de reestabelecer os velhos privilégios e colocar novamente os negros, as mulheres, os gays e os pobres em seu "devido lugar".

Obrigado por resgatarem alguns antigos "astros do rock". O problema é que eles ressurgiram meio carcomidos e caquéticos. Fazendo Cover de si mesmos. Muito bobos e imaturos, mas foi legal perceber como a mídia pode colocar as pessoas no esquecimento ou dar uma canja final, desde que os palhaços estejam dispostos a servir o rei.

Obrigado, direita pelas machetes, noticias e capas escandalosas. Por não deixar nenhuma dúvida que não há nada na velha imprensa que não seja entreguismo e interesses corporativos.

Aliás, obrigado por divulgarem em capa aquela foto da Dilma presa, encaminhada para a tortura nos porões da ditadura. Eu sei que a intenção de vocês era escandalizar a sociedade e causar pânico. Mas vocês humanizaram ainda mais a figura da presidenta. Mostraram ao grande público uma Dilma jovem, corajosa e combativa, que inspira milhões de pessoas que não se conformam diante da injustiça. Agora, aquela imagem ficou eternizada e se tornou uma grande bandeira.

Por tudo isso que foi dito, agradecemos muito a direita!

Seremos eternamente gratos por não nos roubar ilusões e fazer com que a gente entenda de uma vez por todas que não se pode confiar em vocês nem um tantinho assim, nada!

Porque nunca estivemos tão unidos e tão fortes. Porque a truculência de vocês nos mobilizou e nos fez agir.

Vocês aproximaram todos aqueles que não fecham com este discurso violento, rancoroso, preconceituoso, homofóbico e cruel.

Nos unimos num fraterno abraço. Um abraço tão gostoso que promete durar décadas.

Dessa vez, o crédito pela vitória não será de nenhuma aliança espúria com vocês. Pois vocês tiveram que arrancar a máscara, sujar a mão de graxa para no final das contas engolir mais uma derrota.
*Rafael Castilho é sociólogo da FESPSP, Pós-Graduado em Política e Relações Internacionais e em Gestão Pública pela FESPSP. É Consultor e Coordenador de Projetos da FESPSP.

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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Por que Aécio encolhe? Porque é muito pequeno, mesmo

Por que Aécio encolhe? Porque é muito pequeno, mesmo

23 de outubro de 2014 | 09:55 Autor: Fernando Brito
ralo
Aécio Neves começou o segundo turno das eleições, há apenas três semanas, menos até,  como favorito.
Seu resultado, no primeiro turno, surpreendeu, menos pelos votos que atingiu – semelhantes aos de Serra, em 2010 – mas pelo inesperado de alcançá-los depois, segundo as pesquisas, de patinar numa faixa muito abaixo deles e o terem mostrado fora do segundo turno.
Também era evidente que, pelo ódio a Dilma e Lula  que mal consegue esconder, Marina iria apoiá-lo e poderia, em outras condições, levar a ele a maioria de seus votos.
Mais inesperado, talvez só para quem estivesse distante da política local, como eu, foi o apoio da viúva de Eduardo Campos. As origens da família, a simpatia pessoal e a carga de dor familiar nos fizeram crer, erradamente, que garantidas as posições do grupo do ex-governador e dada a preferência dos pernambucanos por Lula, a família fosse recolher-se no segundo turno. Não sou capaz de compreender que argumentos soaram para leva-los a expor o prestígio recém-reafirmado no Estado.
Além do mais, os cuidados que a mídia tinha com ele e Marina – protegendo-os enquanto despejava uma inacreditável campanha de desmoralização do Governo, apoiada em criminosos que dele haviam sido expelidos – agora seriam só seus.
Então, o que fez, em exíguos 17 dias, Aécio decair a esta situação deplorável, onde consegue exalar o cheiro de derrota em imagens, palavras e gestos, cada vez mais agressivos?
É simples: o seu tamanho pessoal ou o que Leonel Brizola chamaria de “luz própria”.
Mesmo tendo presidido a Câmara dos Deputados, governado o segundo maior Estado da Federação e sido eleito, sem contestação possível, senador pelos mineiros, Aécio Jamais foi um líder.
Foi apenas um chefe de máquina política, uma versão “playboy” das velhas oligarquias interioranas. Ou o que em tempos antigos, chamaríamos de “herdeiro perdulário”.
Não fosse sua pequenez, Aécio teria feito o que só ele poderia fazer na passagem para o segundo turno: apresentar-se como o “pacificador”, o candidato que se propunha a encerrar a temporada de ódios que marca o processo político brasileiro, reconhecido os erros do tucanato, anunciado a abertura de uma nova etapa da política, menos feroz, mais humana, menos “mercadista”…
Digamos que um pós-neoliberalismo, reconhecendo que o Estado não podia nem ser ausente nem mero provedor de lucros financeiros.
A despolitização que os governos de esquerda, por tibieza e excesso de pruridos “republicanos”, deixaram crescer, sem reação, numa sociedade que não progrediu senão por suas próprias políticas, convenhamos, abriu espaço para a eleição de um governante conservador “light”.
Um nome novo para a direita, para “recomeçar” e não para negar.
Em lugar de demonizar os adversários,  um conservador  “light” ter-lhes-ia feito acenos, chamado à razão, dito que não prescindia deles e, até, que gostaria de contar, em seu governo, com a colaboração de Lula, que se tornou mundialmente um símbolo do Brasil.
Não pôde florescer um “Aecinho Paz e Amor” a partir do dia 6 de outubro por duas essenciais razões.
A primeira é a fraqueza pessoal do personagem, que é pífio.
Reconheçamos: como político e administrador, José Serra está a anos luz à frente de Aécio. Tem uma trajetória – desviada, errada, traidora de quem foi, não importa – construída por seus próprios pés.
Foi candidato a presidente duas vezes em condições dificílimas: no final do desastre de Fernando Henrique e no boom de crescimento do país em 2010.
Só deixou o oceano de ódio que habita sua alma mesquinha fluir naquelas eleições porque não poderia ser diferente.
Para Aécio, sim, havia outra opção.
A segunda razão foi o ódio.
E ele não tinha, até o início da campanha eleitoral, o estigma de pecados mortais em sua testa. Conversas sobre seus hábitos pessoais, um suposto “barraco” numa festa animada, pequenas falcatruas comuns aos políticos, o que mais?  Nada que o tempo e a missão não pudessem sublimar nos deslizes da juventude de quem amadurece e tem uma missão para si.
Mas Aécio resolver ser o que não foi na carreira política – embora tenha sido na vida pessoal : um “coxinha” elitista e agressivo, uma espécie de (já não tão) jovem  pit-bull  da direita e marcar a si mesmo com o ferro em brasa da volta ao passado, ao escolher como símbolo de seus planos o capataz do desastre econômico do final da era FHC.
O dedo em riste não era um acaso: sua campanha era apontar os males alheios, sem ter o bem para mostrar.
Seu discurso era o do terror e do medo e da falsificação simplória: o desemprego (o menor da história brasileira, confirmado hoje pelo IBGE), a inflação (ora, ora, ora, como se não tivéssemos tido piores e muito, com o PSDB) e a estagnação da economia…
Faltou-lhe, que sabe, um padre bem mineiro que lhe dissesse: “meu filho, o Paraíso é lindo, mas ninguém se atira do precipício por achar que vai pra lá, tirando a turma do Jim Jones
Mas Aécio, não tem juízo e, sobretudo, não tem um caráter que lhe permita isso.
Quis ser o porta-voz do ódio e o ódio tirou-lhe qualquer razão, exceto para os que não precisam de razões, tanto é o ódio que lhes possui.
Seu comportamento e seus modos agressivos e carregados de valentia podem fazer algum sucesso nos meios “mauricinhos e patricinhas” mas ninguém quer ter um pit-bull em casa, como genro.
Agora, ao se fazer de “vítima” de agressões, depois dos seus arroubos de “machão”, só o que consegue transmitir é falsidade e fraqueza.
Não se culpe marqueteiro ou estrategistas pelo desastre de Aécio.
Ele está sendo derrubado por seu próprio nanismo político.
Aécio deu no que deu porque não tinha tamanho para dar em outra coisa.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A gente somos inútil !

Sem Aécio e Lobão, o Brasil vai bater um bolão!

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Está chegando a hora de Deus provar que é brasileiro. Há algumas semanas, o roqueiro-reaça Lobão fez uma promessa ao país: se Dilma Rousseff se reeleger, ele se manda daqui.
Será que merecemos tanto?
As más (boas) línguas dizem que, se a presidente vencer a eleição, Lobão, de brinde, ainda levaria outro roqueiro-reaça junto: Roger, aquele que já avisava o país há décadas, em música muito popular, que ele e sua turma não sabiam eleger presidente por serem “inútil”.
Lobão fez essa promessa em encontro recente com outros artistas “inútil” em um espaço esvaziado na rua Frei Caneca, em São Paulo. Ao lado de Regina “tenho medo” Duarte, o roqueiro-reaça dizia-se apavorado com a “ditadura” do PT, que, à diferença dos regimes de que gosta, permite que ele vitupere tudo que passa por sua cabeça oca.
Ano passado, em entrevista ao Roda Viva, programa de uma TV que deveria ser pública e que o PSDB aparelhou, Lobão defendeu ardorosamente o golpe militar de 64. Segundo ele, graças à ditadura “A gente se safou de algo muito pior”. E defendeu a tortura de militantes de esquerda: “Arrancaram só umas unhazinhas”.
Veja só, portanto, leitor, quanta coisa boa pode resultar ao Brasil se Dilma se reeleger: Lobão, se tiver palavra, se manda daqui, leva o seu amigo inútil com ele e, glória das glórias, ainda nos livramos do aprendiz de ditador Aécio Neves, que conseguiu implantar censura em Minas em plena democracia.
Diante de tantas possibilidades alvissareiras, a veia poética do blogueiro pulsa com um verso que poderia virar mote nas festas comemorativas da vitória de Dilma que se espalharão pelo país na noite do próximo domingo:
“Sem Aécio e Lobão, o Brasil vai bater um bolão”
Estou treinando a voz desde já. Não quero, além de blogueiro sujo, ser também um blogueiro desafinado.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

PARA SEGUIR ACREDITANDO NA VIDA

PARA SEGUIR ACREDITANDO NA VIDA

out 15, 2014 por 

Apresentação de trabalho na 1ª mostra Nacional de Praticas em Psicologia Social - em 2000- trabalho incluía os padrões de comunicação da TV.
Apresentação de trabalho na 1ª mostra Nacional de Praticas em Psicologia Social – em 2000- trabalho incluía os padrões de comunicação da TV.
Destrinchar os padrões de comunição da midia, em particular da televisão já fez parte do meu trabalho junto a educadores. Confesso arrependimento pelo abandono.
Era um trabalho pequeno e solitário. Mas hoje é exatamente o conhecimento que falta ao país.
Alguns anos atrás desliguei a TV.
Não tenho boas defesas para algumas coisas e a medida que a idade avança, a falta de defesa aumenta. Sou invadida pelas dores dos outros, energias dos outros e violência me indigna.
 A televisão é particularmente torturante, seja porque nos denigre como pessoas, em particular à mulher, especialmente nas novelas da Globo, ou porque nos impõe padrões de conduta e crenças pela repetição incessante. Os personagens malévolos que não descansam senão com a morte começam a ser mostrados a tarde e continuam noite a dentro. A ideologia dos programas pode ser resumido ao seguinte: desista, nada pode ser mudado, exceto se você cair nas graças do(a) herdeiro(a) de milionários ou do próprio milionário, ou milionária. Ninguém cresce, muda, constrói a própria ascensão social e isto, para o expectador que só quer relaxar depois de um dia pesado, é destrutivo.
 O mesmo principio provoca a entrada de muito dinheiro, pois os anunciantes pagam para que expectadoreu vejam seus produtos, muitas vezes  usados pelo(a) personagem bem amado(a) ou desejado(a).
 Mas a pior parte é que a própria instituição “televisão” age de maneira tão manipulativa quanto seus perversos personagens. Faz isso de diversas formas: misturando níveis de conteúdos – ficcional e real, por exemplo – o que já é, em si, esquizofrenizante; retirando elementos de um contexto e o apresentando como uma totalidade ou reconotando e revalorizando certos elementos. Tudo isso perversamente mostrado sob a tarja de “veículo de informação” dotado de neutralidade.
 Parece um quadro negro. Mas é pior que isso. Esses veículos formam uma rede de retroalimentação com revistas e jornais. Na maior rede, na mais visível, identificamos claramente a revista Veja, o jornal Folha, o Globo, revista Época e a rede Globo, incluindo canais pagos.
A repetição incessante deixam as lentes com que olhamos o mundo viciadas. Assim esse grupo que está infiltrado em todos os cantos do país tem um poder avassalador. Nem os monarcas do absolutismo tinham poder igual.
Com a televisão desconectada não acompanhei a chuva de denúncias cuidadosamente articulada para atingir o país no segundo turno. Mas fiquei chocada com a reação de pessoas com quem convivo e decidi ver todos os vídeos dispostos na internet a respeito da tal delação premiada. Queria saber se havia nela algo que desabonasse meu voto. Fiquei ainda mais chocada ao ver que o depoimento mostra nada a mais que velha corrupção infiltrada nos diferentes setores da sociedade e da economia do Brasil.
O delator, também réu confesso, retrata o Cartel da Empreiteiras e o recebimento de vantagens financeiras por ele e por políticos de diversos partidos. São crimes financeiros. Devem ser investigados e os culpados devem ser punidos. Mas o politico citado frequentemente, a quem o réu atribui a articulação do esquema de recebimento de propina, morreu em 2012 e sequer pode se pronunciar. Trata-se de José Janene, ruralista, do PP daqui do Paraná, No meio do depoimento, em algumas falas o réu diz que uma parte dos recebimentos iam para o Partido dos Trabalhadores e sugere nomes, com os quais ele próprio deixa claro, não teve nenhuma conversa a respeito. Reafirmo, é crime, deve ser investigado e se comprovado, punido. Mas a mídia pune por antecipação e isso tem sido regra e isto não é justiça. É linchamento.
Ao mesmo tempo o delator afirma com segurança que o setor que faz os orçamentos iniciais, antes que ocorram as licitações, não deixa que ocorram vazamentos. Quando a vencedora da licitação apresenta valores que ultrapassarem em mais de 20% dos orçados e não há negocia para adequar, a licitação é anulada e reiniciada. Quem faz os orçamentos não faz parte da corrupção, o que leva a conclusão que não há super faturamento de obras. A propina é adicional dado pelas empresas do cartel.
Dito isso resta questionar: por que os telespectadores não estão indignados com o monstruoso desvio de dinheiro do metro de São Paulo, gerido pelo PSDB? Será que ele não existe de fato ou denuncia-lo não é de interesse do conglomerado da grande mídia?
 Por que não ficam indignados com o montante roubado na venda do Banestado? Por que a venda, a preço ínfimo, da Vale do Rio Doce, que geraria imensos recursos ao país, não provocou indignação semelhante? Afinal nós pagamos a construção da Vale, assim como pagamos a construção de nossas antigas companhias telefônicas.
 Depois de ver os vídeos do depoimento vi outro: https://www.youtube.com/watch?v=wwZ0Lvtt8A4
 A apreensão de pasta de cocaína completamente documentada, com imagens do flagrante, entrevista de um dos envolvidos reafirmando a veracidade do fato, entre outras coisas. Soma-se ao fato mais que comprovado, outro, incontestável: a construção de aeroporto em terras do tio do então governador de Minas Gerais.
 Chegamos ao ponto mais grave. Com tantas provas incontestáveis a justiça nega-se a investigar e tudo é devolvido àqueles que deveriam estar encarcerados. Enquanto isso o amigo do dono do helicóptero concorre a presidência do pais.
 O que, afinal, acontece com o judiciário brasileiro? A que podemos recorrer?
 Enquanto isso discute-se a redução da idade penal. Para que? Para que crianças cada vez mais novas sejam aliciadas? É este o país que queremos?
 Mas a Globo não noticiou, a Veja não encheu suas páginas com as fotos dos flagrantes, a Folha não publicou um editoral a respeito, então podemos seguir indignados com vendas nos olhos até que um dos nossos caiam na rede.
Prefiro continuar falando o que vejo. Prefiro crer que é possível  sair deste cerco. Prefiro crer que é possível viver no Brasil!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Escândalo das rádios de Aécio foi descoberto em blitz da lei seca

Escândalo das rádios de Aécio foi descoberto em blitz da lei seca

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Imagine, leitor, se Lula tivesse dado dinheiro público a algum parente durante seu governo. A mídia e a oposição não se contentariam com impeachment. Possivelmente, exigiriam pena de morte. De preferência, por imersão do petista em óleo fervente.
Para que se possa mensurar o nível de intolerância da imprensa, do Ministério Público, do Judiciário e da Polícia Federal com petistas e o nível inacreditável de tolerância com tucanos, basta lembrar que um dos filhos de Lula foi julgado e condenado pelos meios de comunicação por uma empresa com a qual se associou ter tido relações com o governo do pai.
Pois bem: na edição de terça-feira (14) da Folha de São Paulo, em matéria escondidinha no “caderno especial” sobre as eleições – e, claro, sem chamada alguma na primeira página –, o jornal relata um escândalo surpreendente: quando governou Minas Gerais, Aécio Neves deu dinheiro do Estado diretamente a empresas de sua família. No caso, algumas rádios.
A matéria da Folha escandaliza por revelar um nível quase inacreditável de, ao menos, espantosa incúria dos governos do PSDB de Minas Gerais com a “res publica”, razão pela qual a matéria espantosa saiu muito bem escondida no jornal da família Frias. Talvez por isso, ao fim da manhã do dia da publicação, essa matéria tenha ganhado pouco destaque.
Confira, abaixo, a denúncia – pero no mucho – da Folha.
Clique aqui para visitar a página original da matéria
O escândalo foi descoberto em 2011. A Folha diz que, naquele ano, “o PT pediu que o Ministério Público investigasse a publicidade nas empresas da família [de Aécio]”. Porém, o que o jornal não diz é que a descoberta decorreu de um dos fatos que mais depõem contra um político que, tragicamente, tem chance de governar o Brasil (!).
Leia, abaixo, matéria do portal G1 de abril de 2011
Clique aqui para visitar a página original da matéria
Esse é o homem que nos gera o risco de que venha a governar o país.
Continuando. De fato, foi o PT de Minas Gerais que pediu para o Ministério Público investigar pagamentos que o governo Aécio Neves fez à família do então governador daquele Estado entre 2003 e 2010. Porém, o que a matéria não diz é como foi que o PT descobriu, em 2011, que o agora ex-governador mineiro se beneficiava PESSOALMENTE daqueles pagamentos.
Quase um ano após a detenção de Aécio no Rio de Janeiro por supostamente estar dirigindo embriagado – já que se recusou a fazer o teste do bafômetro –, o Ministério Público de Minas Gerais instaurou inquérito civil, a pedido do PT, para investigar repasses feitos entre 2003 e 2010 pelo governo mineiro à rádio Arco Íris, de propriedade da família do tucano.
Além de Aécio, também consta no inquérito MPMG-0024.12001113-5 a irmã dele, Andrea Neves, responsável pelo controle de gastos do governo mineiro com comunicação durante o governo do irmão.
Mas como foi que o PT descobriu tudo isso? Simplesmente porque o veículo que Aécio dirigia quando foi detido em 2011 no Rio por dirigir com a carteira de habilitação vencida e por ter se recusado a fazer o teste do bafômetro pertencia a ninguém mais, ninguém menos do que à emissora de rádio da família do tucano.
Aécio dirigia um jipe Land Rover, placas HMA-1003, comprado em novembro de 2010 em nome da emissora.
Sem a detenção de Aécio na blitz da lei seca no Rio em 2011, nada disso teria sido descoberto. E quem diz não é este Blog, mas outro jornal que, tal qual a Folha, apoia o PSDB: o Estadão. Por isso, esse jornal publicou em 2012, também sem destaque e sem continuidade, a matéria que você pode conferir abaixo.

Clique aqui para visitar a página original da matéria
Como se viu na matéria recente da Folha, o caso não deu em nada porque, tal qual ocorre em São Paulo, a ditadura tucana mineira cooptou o Ministério Público local. O então procurador-geral do Estado, Alceu Marques, encerrou o caso sem sequer verificar os valores que o Erário de Minas Gerais doou às rádios da família de Aécio e, como prêmio, foi nomeado secretário do Meio Ambiente pelo governo tucano que os mineiros acabam de rejeitar nas urnas.
Se tudo que vai acima não o convenceu de que pôr alguém como Aécio na Presidência seria um suicídio coletivo do povo brasileiro, a menos que você esteja sendo pago pela campanha tucana é melhor que procure, com urgência, tratamento psicológico.