segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

PARA MATAR A SAUDADE OU MORRER DE ÓDIO.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

SABADO É SAMBA

Dona Yvone Lara e Nilze Carvalho

ACREDITAR


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Um império contra um operário.

A mídia, Globo na frente, não dá trégua ao ex-presidente







Nunca foram boas as relações entre a mídia brasileira e o torneiro mecânico Lula, desde que, nos anos 1970, ele emergiu no comando das jornadas sindicais no ABC paulista, onde estão algumas das empresas do moderno, mas ainda incipiente capitalismo brasileiro. Em consequência, quase natural, o operário não foi recebido com entusiasmo quando, após três fracassos, venceu a disputa para a Presidência da República, em 2002.

Os desentendimentos se sucederam entre o novo governo e o chamado “quarto poder” e culminaram com a crise de 2005 quando televisões, jornais, rádios e revistas viraram porta-vozes da oposição que se esforçava para apear Lula do poder. Inicialmente, com a tentativa de impeachment. Posteriormente, após esse processo que não chegou a se consumar, armou-se um “golpe branco” em forma de pressão para o presidente desistir da reeleição, em 2006.

Lula ganhou e, em 2010, fez o sucessor. No caso, sucessora. Dilma Rousseff sofreu quase todos os tipos de constrangimentos políticos. Ela tomou posse e, no dia seguinte, foi saudada por deselegante manchete do jornal O Globo, do Rio de Janeiro: “Lula elege Dilma e aliados preparam sua volta em 2014”.

A reportagem era um blefe político. Uma “cascata” no jargão jornalístico. O jornal O Globo, núcleo do império da família Marinho, tornou-se a ponta de lança da reação conservadora da mídia e adotou, desde a posse de Lula, um jornalismo de combate onde a maior vítima, como sempre ocorre nesses casos, é o fato. Sem o fato abre-se uma avenida para suspeitas versões.

O comportamento inicial da presidenta, mar­ca­do por discrição e austeridade, foi uma surpresa para todos. O Globo inclusive. Não há sinais de que seja uma capitulação ao poder dos donos da mídia com os quais Dilma tem travado discretos diálogos. Armou-se circunstancialmente um clima de armistício. Na prática, significou um fogo mais brando, a provocar um visível recuo de comentaristas que eram mais agressivos com Lula. Soltam, porém, elogios hesitantes por não saberem até onde poderão seguir.

Esse armistício se sustenta numa visão de que as situações não são iguais. Dilma não é Lula. É claro que há diferenças entre o governo de ontem e o de hoje. No entanto, o carimbo pessoal da presidenta na administração do País faz a imprensa engolir a propaganda de que ela era um “poste”. Essa contradição se aguça na sequência dessa história. Dilma passou a ser elogiada e Lula criticado.

Alguns casos, colhidos da primeira página de O Globo ao longo de uma semana, expressam o que ocorre, em geral, em toda a mídia:

"Atos de Dilma afastam governo do estilo Lula (6/2) – críticas ao ex no elogio ao governo Dilma."

"Por qué no te callas? (8/2) – crítica atribuída a um sindicalista, mantido no anonimato, sobre apoio de Lula ao salário mínimo proposto por Dilma."

"A fatura da gastança eleitoral (10/2) – a respeito de despesas do governo Lula com suposta intenção eleitoral."

"Dilma aposenta slogan de Lula (11/2) – sobre a frase “Brasil, um país de todos”."

"Herança fiscal de Lula limita o começo do governo Dilma – (13/2) – crítica a Lula ao corte no Orçamento proposto por Dilma."

Ela recebe afagos e ele, pedradas. Procura-se, sem muito disfarce, cavar um fosso entre o ex e a presidenta. Situação que levou Lula, na festa de aniversário do PT, a reagir: “Minha relação com Dilma é indissociável”.


Maurício Dias.
Maurício Dias é jornalista, editor especial e colunista da edição impressa de CartaCapital. A versão completa de sua coluna é publicada semanalmente na revista. mauriciodias@cartacapital.com.br

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Para ouvir Domingo

Zeca Pagodinho


Neste momento em algum lugar do mundo tem alguém ouvindo o Zeca

Quando eu contar iaiá
Brincadeira tem hora



Não sou mais disto

"Só tomo uma no bar. Bastou..."

Ok, Zeca. A gente acredita. É a música, né?



Maneiras.
"Se eu quiser fumar, eu fumo. Se eu quiser beber, eu bebo.Pago tudo que consumo com o suor do meu emprego..."

E AGORA EGITO?



O assunto mais discutido entre os formadores de opinião políticos, neste momento, é o futuro do Egito, simplesmente porque a situação político-institucional daquele país pode tanto mudar significativamente o equilíbrio de poder no mundo quanto manter tudo como está. Antes de adentrar nessa questão, no entanto, faz-se necessário preâmbulo algo longo.

Se há um ano dissessem que o maior país árabe – que há décadas vinha sendo o porto-seguro para os interesses geopolíticos e econômicos dos Estados Unidos no Oriente Médio – poderia vir a deixar de ser um títere do Ocidente, poucos acreditariam. Tudo parecia sob absoluto controle, ao ponto de que todos os mais importantes líderes políticos de todas as partes do mundo, ao longo das três últimas décadas, confraternizaram com o agora ex-ditador Hosni Mubarak.

Do democrata Jimmy Carter ao republicano George Bush pai, chegando a Barack Obama, ou de Sarney a Lula, todos mantiveram uma relação com a ditadura egípcia que ia da cordialidade à aliança explícita, tudo fundado na certeza de que havia meramente que aceitar um regime que perseguia opositores políticos, praticava a censura, assassinava, torturava, fraudava eleições e roubava descaradamente o patrimônio público.

Só um completo sem-vergonha diria que há qualquer coisa de melhor ou de desculpável na ditadura egípcia para justificar que, nas últimas três décadas, não tenha sido atacada pela grande imprensa ocidental como a inegável ditadura cubana, a semi-ditadura iraniana ou a legítima democracia venezuelana são atacadas ininterruptamente.

Pelo contrário: a ditadura egípcia era pior, mais violenta, mais corrupta, mais desavergonhada do que a cubana, por exemplo. Ainda que não haja gradações para falta de liberdade política, característica primeira das ditaduras, há que olhar o que esta ou aquela ditadura fazem com o poder.

Ainda que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Cuba, por questões políticas, tenha sido deixado de lado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) desde 2007, o país figurava na 40ª posição, naquele ano, e o Egito ocupa 101ª posição no ranking de qualidade de vida divulgado em 2010.

Apesar disso, o último relatório do PNUD “explica” que ano passado Cuba não foi incluída no estudo “devido à indisponibilidade de números do rendimento dos cidadãos comparáveis internacionalmente”, mas ressalva que Cuba tem realizações sólidas e continuadas na saúde e na educação.

Detalhe: o Brasil ocupa a 73ª posição no IDH.

Ou seja: ditaduras são ditaduras, mas algumas são usadas para oprimir o povo de forma a que os ditadores obtenham benesses particulares, enquanto que outras fazem parte de projetos político-ideológicos convictos e aparentemente bem-intencionados, ainda que equivocados. Este fato vai ficando cada vez mais claro e difícil de esconder.

Não é por outra razão que, na última sexta-feira, quando do anúncio da renúncia de Mubarak e de sua camarilha, uma Globo, por exemplo, admitiu, de forma inédita, os interesses e a condescendência histórica dos EUA com aquele regime, o que certamente fez o telespectador pensante se perguntar por que a ditadura egípcia nunca foi atacada pela mídia como Cuba ou Irã.

Contextualizada a situação, pois, passamos a um esforço para entender os futuros possíveis para o Egito, sempre na linha lógica de pensamento, a que resta quando o futuro é nebuloso.

Há, pelo menos, um consenso entre todas as correntes político-ideológicas da opinião pública e da mídia: a queda da ditadura coloca o Egito diante de um desafio quase tão grande quanto o de reconstruir institucionalmente o Iraque, o que, como se sabe, anos e anos após a invasão americana ainda não foi conseguido.

Não surgiu uma verdadeira liderança política durante a revolução mais popular e espontânea de que se tem notícia na história contemporânea, o que dá margem a supor desde uma perpetuação no poder da junta militar que agora governa os egípcios, passando pela ascensão de um regime teocrático fundamentalista nos moldes iranianos e chegando ao cenário dourado de um processo eleitoral livre, com a chegada ao poder de um grupo político independente e democrático que nem se sabe se existe naquele país.

Especulações envolvendo os atores políticos, existem aos montes. Jornais, televisões, revistas e internet oferecerão detalhes políticos que os “egipcianistas”, digamos assim, vão divulgando. Uma dessas especulações, porém, sobrepõe-se a todas as outras: o papel dos militares no processo.

O mais provável, em situação normal, seria imaginar que os militares, que controlam até a economia atuando como empresários, fraudarão a vontade popular, impedindo a livre disputa política entre partidos existentes ou por se formar e colocando um títere no poder, inclusive fraudando o processo eleitoral, pois recebem bilhões de dólares dos EUA anualmente e têm poder para fazer jus aos pagamentos.

A minúscula elite egípcia, que vive à farta enquanto a massa sobrevive em condições de miséria, segundo vários analistas é composta por uma maioria de famílias ligadas aos militares e tudo o que lhe interessa é manter privilégios, tendo poder e influência para tanto. Contudo, não se sabe se esse poder e essa influência serão suficientes, depois do que ocorreu no país.

Haverá que combinar tudo com as efervescentes ruas egípcias, nas quais um quarto da população de um país de mais de oitenta milhões de almas fez dos tanques do regime palanques e quadros de aviso para as mensagens insurrecionais e que teriam que ser massacradas pelos militares para cederem a uma nova ditadura produzida por nova eleição fraudada.

A mobilização egípcia, o acesso do povo à informação e a fantástica comunicação eletrônica entre a sociedade civil (esta um ator que hoje parece ser a grande força política emergente no país) certamente manterão fragilizado qualquer novo regime que não seja absolutamente legítimo.

Os Estados Unidos teriam condições de sustentar um banho de sangue? Parece difícil, vendo a persistência daquele tsunami humano que varreu Mubarak e seus asseclas do poder. E a grande imprensa internacional, que sai escaldada dessa primeira fase da revolução egípcia, pois vai ficando claro seu envolvimento no discurso hipócrita dos americanos sobre ditaduras, pode decidir não arriscar perder mais credibilidade.

O uso da internet pelo povo egípcio certamente impedirá que a mídia tente acobertar uma nova ditadura naquele país. E muito mais uma eventual repressão sangrenta do povo pelas forças armadas, de forma a instalar outro regime ilegítimo.

A fragilização de Israel será inevitável, caso o Egito se torne democrático e independente. Deve levar a um inédito ímpeto negociador essa potência militar intransigente que tantos genocídios praticou ao longo do século XXI. É pouco ou alguém quer mais?

Por outro lado, as outras ditaduras da região, mancomunadas com os EUA e com a direita mundial, têm grande interesse em sabotar a revolução egípcia. Fracasso ou sucesso dessa revolução determinarão, respectivamente, continuidade das ditaduras ou um desejável efeito dominó democrático. Esse é o jogo que agora passa a ser jogado no Oriente Médio.


3 Comentário

Ertha Lucia

12/02/2011 • 13:44 .Eduardo,

O penúltimo e último parágrafos, para mim, resumem toda a questão, presente e futura. Tenho uma expectativa enorme de que os árabes se unam em defesa da palestina, forçando Israel a negociar a criação do estado palestino como idealizado em 1967. Nos telegramas do Assange sobre o tema, ficou clara a intensão de Israel de não permitir a criação do estado palestino e a expansão da ocupação dos territórios até não sobrar ninguém e nada árabe.

Minha mãe diria: “não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe”.

Gostaria de saber como os egípcios (cidadão comum) se relacionam com os palestinos. É possível se unirem para derrubar as barreiras na fronteira? É possível serem aliados contra a tirania de Israel ou eu estou viajando na maionese. Abraços


Abdon Grilo

12/02/2011 • 14:19 .Para os Estados Unidos não interessa se outro país vive sob democracia ou ditadura
Cabe relembrar Teddy Roosevelt: “Somoza é um filho da puta, mas é nosso filho da puta

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

UMA PROPOSTA PARA A PAZ.

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blog do bourdoukan


Enquanto houver um explorado, um oprimido não haverá paz
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1-Agora que os países de língua árabe tentam se livrar de seus dirigentes fantoches do Império, entendo ser de suma importância republicar o artigo com o titulo acima que sinaliza uma paz definitiva para a região.


É claro que o ator principal é Israel e depende de seu povo decidir se querem continuar como um reles posto militar ou tornar-se uma nação.

A proposta, com 10 pontos, poderá ajudar na resolução do “conflito” entre israelenses e palestinos.

1-Demolir o muro erguido para segregar os palestinos, atitude que envergonha qualquer nação civilizada;

2-Devolver todos os territórios ocupados a partir de 1967;

3-Reconhecer o direito dos palestinos ao retorno;

4-Respeitar e acatar as Resoluções da ONU para a região.

5-Definir suas fronteiras porque até agora Israel é o único país do mundo sem fronteiras definidas, ocupando três países (Palestina, Síria e Líbano);

6-Seguir o exemplo dos palestinos e criar uma Constituição;

7-Abolir de vez o crime hediondo de tortura, legitimado por sua Corte Suprema;

8-Punir os militares que assassinam adolescentes palestinos para a extração de órgãos, pratica essa denunciada por Hanna Friedman, dirigente do Comitê Público Contra a Tortura em Israel.

9-Abolir as barreiras e os postos de vigilância que impedem os palestinos de ir e vir;

10-Punir exemplarmente seus soldados que utilizam crianças palestinas como escudos humanos.

Feito isso, os israelenses terão os palestinos como principais aliados e parceiros, colocando um ponto final nesse conflito que já dura mais de 60 anos.

Em seguida, os israelenses completarão esse acordo, sempre em parceria com os palestinos, com a reconstrução dos hospitais, escolas, estradas, além, naturalmente, de dividir eqüitativamente a água, tão importante para os dois países.

Poderão ajudar também na reconstrução das casas demolidas por seus buldozers e abolir o castigo coletivo.

Como se vê, a aplicação desses pontos é simples, basta vontade.

As novas gerações agradecem.


2 -Antes de mais nada vamos esclarecer um fato.Não existe nenhum conflito na Palestina como insiste a mídia sicofanta. O que há é uma ocupação e, portanto onde se lê conflito leia-se resistência. Resistência dos semitas palestinos contra o ocupante euro-israelense.


Se os israelianos (governantes arianos de Israel), não entenderem isso, e entender isso significa abandonar os territórios ocupados, não haverá a mínima possibilidade de paz.

O que é lamentável.

Sou daqueles que entendem que o diálogo é sempre o melhor caminho. E o melhor caminho, se me permitem, tanto para israelenses como palestinos é a criação de um Estado único, laico e democrático onde todos possam conviver sejam eles ateus, cristãos, judeus, muçulmanos ou quem mais.

Nada de Estado teocrático.

Não generalizando, mas a religião só tem servido para o usufruto dos canalhas.

Basta consultar a História.

Na impossibilidade momentânea de um Estado único, ficam valendo as propostas do artigo anterior (Leiam post abaixo).

Há três mil anos que a Palestina sofre ocupações. E há três mil anos que os palestinos resistem.

A Palestina foi usada invadida por Persas, gregos, egípcios, hebreus, romanos, bizantinos, cruzados e finalmente turcos, para ficarmos apenas nos mais conhecidos.

E no século 20 a Palestina foi novamente invadida, desta vez pela Inglaterra que abriu a porta para europeus de quase todas as etnias, seguidos de norte americanos, latinos americanos e por todos aqueles que se intitulavam e se intitulam descendentes dos antigos hebreus, que teriam herdado a terra diretamente de Deus.

E citam a Bíblia por testemunho.

É verdade que de acordo com a Bíblia Deus teria dito algo nesse sentido ao iraquiano Abraão e ao egípcio Moisés. Mas isso já faz mais de três mil anos.

Aliás, utilizar o texto bíblico como contexto para a usurpação é crer que o cérebro humano é feito de excremento.

E a se considerar esse tipo de argumento, muito mais direito têm os denominados índios das Américas, que foram massacrados e tiveram suas terras usurpadas pelos europeus que por aqui aportaram a partir do século XVI.

O povo palestino resiste há três mil anos e com certeza continuará resistindo.

Só quem não entende a natureza humana pode acreditar na vitória da opressão.

Por isso, o melhor caminho para os israelenses é o caminho da negociação e da paz.

A humanidade agradece.

Postado por Georges Bourdoukan

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Personagens da História : Olga Benario Prestes

Olga Benario Prestes: um exemplo para os jovens de hoje.






Olga Benario Prestes nasceu em Munique (Alemanha) a 12 de fevereiro de 1908. Aos quinze anos de idade, sensibilizada pelos graves problemas sociais presentes na Alemanha dos anos de 1920, Olga viria a aproximar-se da Juventude Comunista, organização política em que passaria a militar ativamente. Aos 16 anos, apaixonada pelo jovem dirigente comunista Otto Braum, Olga sai da casa paterna e junto com o companheiro viaja para Berlim, onde ambos irão desenvolver intensa atividade política no bairro operário de Neukölln. Embora vivendo com nomes falsos, na clandestinidade, Olga e Otto acabam sendo presos em outubro de 1926. Ainda que Olga tenha ficado detida apenas dois meses, Otto permaneceu preso, acusado de “alta traição à pátria”. Em abril de 1928, Olga, à frente de um grupo de jovens comunistas, lidera assalto à prisão de Moabit para libertar Otto. A ação foi coroada de êxito total, pois além de o prisioneiro ter escapado da prisão de “segurança máxima”, Olga e seus camaradas conseguiram fugir incólumes. A cabeça de Olga é posta a prêmio pelas autoridades alemãs.

Tarefa internacional

Por decisão do Partido Comunista, Olga e Otto viajaram clandestinamente para Moscou, onde a jovem comunista de apenas 20 anos se torna dirigente destacada da Internacional Comunista da Juventude. No final de 1934, já separada de Otto, Olga recebe a tarefa da Internacional Comunista de acompanhar Luiz Carlos Prestes em sua viagem de volta ao Brasil, zelando pela sua segurança, uma vez que o governo Vargas decretara sua prisão. Prestes e Olga partiram de Moscou no final de dezembro de 1934, viajando com passaportes falsos, como marido e mulher, apesar de estarem se conhecendo naqueles dias. Durante a longa e acidentada viagem rumo ao Brasil, os dois se apaixonam, tornando-se efetivamente marido e mulher.

Em março de 1935, Prestes é aclamado, no Rio de Janeiro, presidente de honra da Aliança Nacional Libertadora (ANL), uma ampla frente única, cujo programa visava a luta contra o imperialismo, o latifúndio e a ameaça fascista, que pairava sobre o mundo e também sobre o Brasil. Prestes e Olga chegam ao Brasil em abril desse ano, passando a viver clandestinamente na cidade do Rio de Janeiro. O “Cavaleiro da Esperança” torna-se a principal liderança do movimento antifascista no Brasil e, assessorado o tempo todo por Olga, participa da preparação da insurreição armada contra o governo Vargas, a qual deveria estabelecer no país um governo Popular Nacional Revolucionário, representativo das forças sociais e políticas agrupadas na ANL.

Repressão e prisão

Com o insucesso dos levantes de novembro de 1935, desencadeia-se violenta repressão policial contra os comunistas e seus aliados. Em 5 de março de 1936, Prestes e Olga são presos no subúrbio carioca do Méier por ordem do famigerado capitão Filinto Muller, então chefe de polícia do governo Vargas. A ordem expedida aos agentes policiais era clara – a liquidação física de Luiz Carlos Prestes. No momento da prisão, Olga salvou-lhe a vida, interpondo-se entre ele e os policiais, impedindo o assassinato do líder revolucionário. Uma vez localizados e presos, Prestes e Olga foram violentamente separados. Ele, conduzido para o antigo quartel da Polícia Especial, no morro de Santo Antônio, no centro do Rio. Olga, após uma breve passagem pela Polícia Central, foi levada para a Casa de Detenção, situada então à rua Frei Caneca, onde ficou detida junto às demais companheiras que haviam participado do movimento da ANL.

Extradição

Prestes e Olga nunca mais se veriam. Em setembro de 1936, Olga, grávida de sete meses, era extraditada para a Alemanha hitlerista pelo governo de Getúlio Vargas. Junto com Elise Ewert, outra comunista e internacionalista alemã que participara da luta antifascista no Brasil, foi embarcada à força, na calada da noite, no navio cargueiro alemão “La Coruña”, viajando ilegalmente, sem culpa formada, sem julgamento nem defesa. O comandante do navio recebeu ordens expressas de cônsul alemão no Brasil para dirigir-se direto a Hamburgo, sem parar em nenhum outro porto estrangeiro, pois havia precedentes de os portuários franceses e espanhóis resgatarem prisioneiros deportados para a Alemanha, quando tais navios aportavam à Espanha ou à França. Após longa e pesada travessia, as duas prisioneiras foram conduzidas incomunicáveis para a prisão de mulheres de Barnimstrasse, em Berlim, onde Olga deu à luz sua fi lha Anita Leocadia, em novembro de 1936.

Numa exígua cela dessa prisão, submetida a regime de rigoroso isolamento, Olga conseguiu criar a fi lha até a idade de 14 meses, graças à ajuda, em alimentos, roupas e dinheiro, que recebeu da mãe e da irmã de Prestes. Ambas se encontravam em Paris dirigindo a campanha internacional de solidariedade aos presos políticos no Brasil. Com a deportação de Olga, a campanha se ampliara em defesa da esposa de Prestes e de sua filha. Várias delegações estrangeiras foram à Alemanha pressionar a Gestapo, obtendo afinal a entrega da criança à avó paterna – Leocádia Prestes, mulher valente e decidida, a quem o grande poeta chileno Pablo Neruda dedicou o poema Dura Elegia, que se inicia com o verso : “Señora, hiciste grande, más grande, a nuestra América...”

Assassinada numa câmara de gás

A campanha internacional, que atingiu vários continentes, não conseguiu, contudo, a libertação de Olga. Logo depois ela seria transferida para a prisão de Lichtenburg, situada a cem quilômetros ao sul de Berlim. Um ano mais tarde, Olga era confinada no campo de concentração de Ravensbruck, onde juntamente com milhares de outras prisioneiras seria submetida a trabalhos forçados para a indústria de guerra da Alemanha nazista. A situação de Olga seria particularmente penosa, pois carregava consigo duas pechas consideradas fatais – a de comunista e a de judia. Em abril de 1942, Olga era transferida, numa leva de prisioneiras marcadas para morrer, para o campo de concentração de Bernburg, onde seria assassinada numa câmara de gás.

O exemplo

Olga, segundo os depoimentos de todos que a conheceram e conviveram com ela, nunca vacilou diante das grandes provações que teve que enfrentar. Até o último dia de sua trágica existência, manteve-se firme perante o inimigo e solidária com as companheiras. Ao despedir-se do marido e da fi lha, antes de ser levada para a morte, escreveu: ”Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo”; “até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver”.

A vida e a luta de uma revolucionária como Olga, comunista e internacionalista, não foi em vão; seu heroísmo serve de exemplo e de inspiração para os jovens de hoje.


Anita Leocádia Prestes é professora do Programa de Pós-graduação em História Comparada da UFRJ e Presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes.

Artigo publicado originalmente na edição 414 do Brasil de Fato

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ninguém muda com o tempo, com o tempo as pessoas se tornam mais integralmente o que sempre foram.



Os que mudam com a chegada ao poder                             

Enviado por luisnassif, dom, 06/02/2011 - 10:26


Já vi pessoas se deslumbrando com 20 anos, com 30, até com 40. O deslumbramento de José Serra com o governo do Estado foi a primeira que vi em pessoas com mais de 60 anos. Foi um deslumbramento completo, visceral, não apenas nas atitudes autoritárias (sempre foi um tanto autoritário), na falta de educação (sempre foi maleducado), mas até na maneira de andar e falar. Comportava-se como um imperador vistoso, onipotente e ridículo.

Certa vez, perguntado por amigo sobre a diferença entre trabalhar com Alckmin e Serra, o falecido ex-Secretário da Sáude Barradas explicou: o Alckmin fala bom dia.

As demonstrações de poder se davam nos menores detalhes. Nas companhias que levava nas inaugurações fechadas (como a do Metrô da Praça da República), nos desafios de derrubar jornalistas, na absoluta cegueira em relação à caricatura em que tinha se transformado - dois amigos íntimos chegaram a procurá-lo e a taxá-lo de "politicamente burro", quando passou a se valer dos seus esquemas na imprensa (particularmente no jornalismo de esgoto) para atacar indiscriminadamente adversários e aliados do mesmo partido.

Cheguei a conjeturar com conhecidos dele se havia algum componente de senilidade em suas atitudes, tal a mudança operada.

O pefil abaixo explica com maestria parte do que ocorreu com o ex-Serra.

Por Aldo Cardoso

Repassando,

Chegada ao "Pudê"

O psicólogo Ricardo Vieira, da UERJ, levanta os quatro(*) primeiros indicadores de mudanças que ocorrem com as pessoas que chegam ao poder:

1) no modo de vestir: o terno, a gravata, o blazer e o tailleur que, antes eram utilizados em circunstâncias especiais, passam a ser usados cotidianamente, mesmo quando não é necessário utilizá-los. Alguns demonstram certo constrangimento em trocar a surrada camiseta e passar a usar um blazer ou uma camisa de linho, pelo menos nas ocasiões especiais. Se antes usava um cabelo comprido, despenteado, logo é orientado a cortá-lo, penteá-lo, dar um trato. Na última eleição para prefeito de Maringá, um candidato foi orientado pelo seu marketeiro para mudar o cabelo enrolado por um penteado de brilhantina. Perdeu a eleição.

2) mudam as relações pessoais: os antigos companheiros poderão ser substituídos por novos, que o leva a sentir-se menos ameaçado. O sentimento persecutório de "ser mal visto", precisa ser evitado a qualquer preço por quem ocupa o poder.

3) altera o tratamento com o outro, que torna-se autoritário com seus subordinados; gritos e ameaças passam a ser seu estilo. Certa vez, perguntaram a Maquiavel se era melhor ser amado que temido? O autor de O príncipe respondeu que "os dois mas se houver necessidade de escolha, é melhor ser temido do que amado".

4) mudam os antigos apoios e alianças. Aqueles que o apoiaram a chegar ao poder, transformam-se em arquivos vivos dos seus defeitos. O poder leva a desidentificação com os antigos colegas de profissão. É o caso do presidente FHC e do seu Ministro da Educação Paulo Renato Souza, depois de executivos, ambos não se vêem mais professores.

5) Resistência em fazer auto-crítica. Antes, vivia criticando tudo que era governo ou tudo que constituía como efeito de governo. Mas, logo que passa a ocupar o poder, revela "sua outra face", não suportando a mínima crítica. O poder os torna cegos e surdos a crítica. Uma pesquisa de Pedro Demo, da Universidade de Brasília, constata que os profissionais de academias apreciam criticar a tudo e a todos, mas são pouco eficazes na crítica para consigo mesmos. Enquanto só teorizavam, nada resolviam, mas quando passam a ocupar um cargo que exige ação prática, terá que testar a teoria; agora é que "a prática se torna o critério da verdade" [5] . Por falta de referencial e por excesso de idealismo, é freqüente ocorrerem bobagens e repetições dos antigos adversários, tais como: fazer aumentos abusivos de impostos, aplicar multas injustas, discursos cínicos para justificar um ato imoral de abuso de poder, etc. Há um provérbio oriental que diz: "quem vence dragões, também vira dragão".

Os sujeitos quando no poder protege-se da crítica reforçando pactos de auto-engano com seus colegas de partido. Reforçam a crença de que representam o Bem contra o Mal, recusam escutar o outro que lhe faz crítica e que poderia norteá-lo para corrigir seus erros e ajudar a superar suas contradições. Se entrincheirarem no grupo narcísico, o discurso político tornar-se-á dogmático, duro, tapado, e podemos até prever qual será o seu futuro se tomar o caminho de também eliminar os divergentes internos e fazer mais ações de governo contra o povo, "em nome do povo".

Léo Mendes
Msn : liorcino@yahoo.com.br

PS - (*) Não seriam cinco e uns complementos?

sábado, 5 de fevereiro de 2011

PARA OUVIR DOMINGO.

Reunião de genios



Unica imagem em filme de Noel Rosa.




Música Cubana de 1916




Autor: Maria Teresa Vera y Rafael Zequeira

Veinte Años

Qué te importa que te ame
si tú no me quieres ya
El amor que ya ha pasado
no se debe recordar.

Fui la ilusión de tu vida
un día lejano ya,
hoy represento el pasado
no me puedo conformar.

Si las cosas que uno quiere
se pudieran alcanzar
tú me quisieras lo mismo
que veinte años atrás.

Con qué tristeza miramos
un amor que se nos va
es un pedazo del alma
que se arranca sin piedad.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

BBB 11 e a CASA DE VIDRO.

Colhido na Web



BIG BROTHER BRASIL


Autor: ANTONIO BARRETO,

Cordelista natural de Santa Bárbara-BA, residente em Salvador.


Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto à poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal!

FIM



Salvador, 16 de janeiro de 2010.

SAUDADES DO DR. HUMBERTO

Programa Partidário. A "chacoalhada" do PSDB.

Até as múmias retornam.   
Mas o povo tem memória.
A mijada do Clinton.
A covardia do capacho.



Com exclusividade, nosso blog resgatou de arquivos internacionais, um vídeo de 1999, com o então presidente Fernando Henrique Cardoso em Florença (Itália) no encontro de governantes dos países ricos da chamada terceira via.


Nossa edição tem um compacto com os "melhores momentos", ou seja, os mais relevantes.

O vídeo reabilita a memória de como o governo FHC era submisso, incompetente, não tinha respeito internacional, e o plano real, em 1999, já tinha acabado e colecionava mais fracassos e instabilidade do que sucessos, quando visto longe dos olhos da imprensa demo-tucana nacional.

O Brasil estava quebrado, pendurado no FMI, e sua economia não inspirava confiança, nem era vista como tão estável, nem em 1995 (crise mexicana), nem em 1997 (crise asiática) e nem em 1998 (crise russa), exigindo overdose de juros para controlar a inflação.

FHC fez o discurso da choradeira dos quebrados, pedindo aos líderes dos EUA e Europa, que criassem uma espécie de CPMF mundial para salvar o Brasil da fuga de capitais especulativos.

Bill Clinton (então presidente dos EUA), Tony Blair (Inglaterra) e Gerhard Schroeder (Alemanha) receberam mal a proposta.

Clinton passou um verdadeiro sermão em FHC, sugerindo que faltava CONFIANÇA, HONESTIDADE, eficiência e boa governança sob FHC. Enquanto isso, outros países resolveram estes problemas frente as crises, citando Chile e Uganda, como exemplos para FHC seguir.

Clinton e os demais líderes agiram na defesa dos interesses de seus países, que eram os vencedores naquela ordem mundial.

FHC agiu pessimamente, com incompetência política, ao não articular previamente ao encontro, para não passar esse vexame, e também por não tentar conquistar resultados de fato.

E agiu pior, de forma humilhante e envergonhando o Brasil, ao não defender o país, ficando calado após o sermão de Clinton (se é que tinha jeito de defender, naquele governo submisso e dependente, sob intervenção do FMI).

Apesar de tratar-se da gravação de evento público e oficial no exercício da presidência, televisionado na época (pela Globonews, se não me engano), foi necessário recorrer a arquivos internacionais para resgatar o vídeo, uma vez o que o acervo do iFHC parece preferir apagá-lo da história, e que o PIG (Partido da Imprensa Golpista) também esconde a sete chaves para não constranger seu amigo e correligionário FHC, com a divulgação.



 Por: Zé Augusto

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Propriedade cruzada total é como jaboticaba: só tem no Brasil




João Brant, do Intervozes, é um dos maiores especialistas em comunicação que tive o prazer de conhecer. Seu artigo abaixo reproduzido tem um caráter seminal pelo esclarecimento definitivo sobre o por que de a comunicação brasileira ser a Zorra Total que é. Uma bagunça na qual as vozes de meia dúzia de multimilionários se sobrepõem às de todos os outros setores majoritários da sociedade que pensam diferente e que são impedidos, pelos talões de cheque desses barões da imprensa, de expor suas idéias. Não deixe de ler.



—Por João Brant, no Observatório do Direito à Comunicação (via portal Vermelho)


Na maior parte das democracias consolidadas, há limites a essa prática por se considerar que ela afeta a diversidade informativa. No Brasil, não existem limites, e justamente por isso esse é um dos temas em pauta no debate sobre uma nova lei para os serviços de comunicação audiovisual.

Aparentemente não foi bem isso que o ministro Paulo Bernardo afirmou, o que significa que o jornal resolveu dizer o não dito por conta própria. Curioso é que o mesmo jornal afirma regularmente ser a favor de medidas anticoncentração da mídia. Seria então um alerta às forças democráticas? Durante o último processo eleitoral, o Estadão declarou em editorial estar “de pleno acordo” com a necessidade de se discutir os limites à propriedade cruzada. E ainda: “não é de hoje que o Estado critica a concentração da propriedade na mídia e as facilidades para que um punhado de grupos econômicos controle, numa mesma praça, emissoras e publicações”.
Em 2003, o jornal fez mais de um editorial criticando a “cartelização da mídia” nos EUA, que iria surgir como resultado de medidas propostas pela FCC (Federal Communications Commission), órgão regulador das comunicações por lá. Aquele processo (e a revisão seguinte, de 2007) resultou num certo afrouxamento das regras norte-americanas, embora as mudanças mais liberalizantes propostas pela FCC tenham sido barradas pelo Poder Judiciário e pelo Congresso – com votos contrários inclusive dos republicanos –, após uma grande mobilização popular. Mas, afinal, por que esses limites são tão importantes a ponto de milhões de pessoas, em um país então governado por George W. Bush, terem se mobilizado para defendê-los?

Por quê

Historicamente, são duas as razões para se limitar a concentração de propriedade nas comunicações. A primeira é econômica, e pode ser entendida como tendo a mesma base das leis antitruste. A concentração em qualquer setor é considerada prejudicial ao consumidor porque gera um controle dos preços e da qualidade da oferta por poucos agentes econômicos, além de desestimular a inovação. Em alguns mercados entendidos como monopólios naturais (como a de transmissão de energia, de água ou telecomunicações), a concentração é tolerada, mas para combater seus efeitos são adotadas diversas medidas que evitam o exercício do ‘poder de mercado significativo’ que tem aquela empresa.

O segundo motivo tem mais a ver com questões sociais, políticas e culturais. Os meios de comunicação são os principais espaços de circulação de ideias, valores e pontos de vista, e portanto são as principais fontes dos cidadãos no processo diário de troca de informação e cultura. Se este espaço não reflete a diversidade e a pluralidade de determinada sociedade, uma parte das visões ou valores não circula, o que é uma ameaça à democracia. Assim, é preciso garantir pluralidade e diversidade nas comunicações para garantir a efetividade da democracia.

Uma das maneiras mais efetivas de se conseguir pluralidade e diversidade de conteúdos é garantindo que os meios de comunicação estejam em mãos de diferentes grupos, com diferentes interesses, que representem as visões de diferentes segmentos da sociedade. Ainda que a pluralidade na posse dos meios de comunicação não reflita necessariamente a pluralidade do conteúdo veiculado, na maior parte dos exemplos estudados essa correlação é positiva, especialmente no tocante à diversidade de ideias e pontos de vista (no caso da diversidade de tipos de programa, não necessariamente).

Como

Limites à propriedade cruzada tem a ver fundamentalmente com essa segunda justificativa. Países como Estados Unidos, França e Reino Unido adotam esses limites por entenderem que a concentração de vozes afeta suas democracias. É importante notar que nesses países esses limites são antigos, mas têm sido revistos e, via de regra, mantidos – ainda que relaxados, em alguns casos. Mesmo com todos os processos liberalizantes, revisões regulares de seus marcos regulatórios e convergência tecnológica, esses países seguem mantendo enxergando a propriedade cruzada como um problema.

O que aconteceu nas últimas décadas foi uma complexificação dos critérios de análise adotados, incluindo alcance e audiência como critérios definidores. Os Estados Unidos, por exemplo, tinham uma regra clássica de limite à concentração cruzada em âmbito local: nenhuma emissora poderia ser dona de um jornal que circulasse na cidade em que ela atua.

Essa regra foi levemente flexibilizada em 2007, quando se passou a levar em conta o índice de audiência das emissoras e o número de meios de comunicação independentes presentes naquela localidade. Mas essa flexibilização só vale para as vinte maiores áreas de mercado dos EUA (são 210 no total) e só acontece se o canal de TV não está entre os quatro mais vistos e se restam pelo menos oito meios independentes. Dá para ver, portanto, que a flexibilização é a exceção, não a regra.

Na França, há regras para propriedade cruzada em âmbito nacional e em âmbito local. Em cada localidade, nenhuma pessoa pode deter ao mesmo tempo licenças para TV, rádio e jornal de circulação geral distribuídos na área de alcance da TV ou da rádio. No Reino Unido, nenhuma pessoa pode adquirir uma licença do Canal 3 (segundo maior canal de TV, primeiro entre os canais privados) se ela detém um ou mais jornais de circulação nacional que tenham juntos mais que 20% do mercado. Essa regra vale também para o âmbito local. No caso britânico, há outras regras que utilizam um complexo sistema de pontuação para sopesar o impacto de licenças nacionais e locais de TV e rádio e jornais de circulação local e nacional.

Como se vê, nem com as mais agressivas tentativas de liberalização conseguiu-se chegar perto da situação brasileira, que simplesmente não prevê limites à propriedade cruzada. Exemplos como o da Globo no Rio de Janeiro, que controla a principal TV, as principais rádios e o único jornal da cidade voltado ao público formador de opinião (sem contar TV a cabo, distribuidora de filmes etc.) são completamente impensáveis em democracias avançadas. Assim, independentemente da fórmula que irá adotar, se o Brasil quiser aprovar um novo marco regulatório para o setor que seja de fato fortalecedor da diversidade informativa, e portanto de nossa democracia, essa questão não pode estar ausente. A despeito do que digam Estados e Globos.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

ESPERANDO O CARNAVAL

VOLTEI

Contraste


Padre Antonio Thomaz


Quando partimos no verdor dos anos,

Da vida pela estrada florescente,

As esperanças vão conosco à frente,

E vão ficando atrás os desenganos.



Rindo e cantando, célebres, ufanos,

Vamos marchando descuidosamente;

Eis que chega a velhice, de repente,

Desfazendo ilusões, matando enganos.



Então, nós enxergamos claramente

Como a existência é rápida e falaz,

E vemos que sucede, exatamente,



O contrário dos tempos de rapaz:

– Os desenganos vão conosco à frente,

E as esperanças vão ficando atrás.



Sigamos. Que venha 2011.