segunda-feira, 31 de outubro de 2011

TICO TICO NO FUBÁ - por 4-tissimo.

A Líbia que eu conheci – 6




“Sobreviverei ao meu verdugo” - Omar Moukhtar o herói nacional da Líbia, preso e arrebentado pelos colonialistas italianos

Quando desembarcamos em Benghazi, a belíssima Benghazi, tamareiras enfeitavam suas praias.

Estavam ali como os coqueiros nas praias do nordeste.

Era colher e comer tâmaras dulcíssimas.

Um jornalista suíço que chegara a Benghazi uma  semana antes, me confidenciou que não deveria perder um casamento. Qualquer um, disse.

Estava realmente deslumbrado com a festa e o que o deixou mais impressionado, é que os noivos, depois da cerimônia, recebem um envelope do governo com o equivalente a 50 mil dólares de presente.

Bem, essa era a Líbia que pouca gente conhecia e a mídia ocidental não fazia nenhuma questão de mostrá-la.

E não poderia, pois como explicar a seus leitores que havia ascendido ao poder um jovem coronel que não utilizou a riqueza em benefício próprio?

Pelo contrario.

Havia dividido a riqueza com a população do país.

Que não queria ver ninguém sem teto, sem fome, sem educação e sem
muitas outras coisas mais.

Eu, naturalmente, iria sem dúvida nortear a minha entrevista a partir desses pontos.

Mas antes da entrevista, fomos a três festas com músicos árabes de diversos países.

E haja doce.

E haja suco.

E nem um “uisquinho”, lamentavam alguns jornalistas que, sinceramente, acho que estavam no país sem saber porque e para que.

As festas corriam em tendas beduínas, algo que Kadafi sempre prezou.

Finalmente cara a cara com Kadafi.

Em sua tenda.

Aparentava cansaço.

Alguns dos assuntos discutidos:

1-Socialismo líbio;
2-Educação;
3-Reforma agrária;
4-Moradia
5-Alinhamento
6-Arabismo
7-Socialismo chinês, soviético, cubano;
8-Apoio aos movimentos revolucionários;
9-Che Guevara;
10-Estados Unidos;
11-Brasil;
12-liberação feminina
13-Reencarnaçao de Omar Moukhtar.

A entrevista, que seria de 40 minutos, durou mais de duas horas e creio que passaríamos a noite conversando se ele não fosse a toda hora solicitado.

Naturalmente a Globo achou melhor não colocar o programa no ar, pois poderia melindrar a ditadura.

Foi feita uma proposta para que um programa de 15 minutos fosse ao ar no Fantástico.

Foi realizada a reedição, mas o programa teria sido proibido pelos  censores oficiais da ditadura (civil-militar-midiatica.)

Tudo culpa da ditadura.

Será?

Óh  céus! óh terrra! Quando nos livraremos desse sistema putrefato?
CONTINUA...

DIA DO SACI PERERÊ




Não há nada mais servil do que se deixar dominar culturalmente. Quando a força das armas vem, pode-se até entender. Mas quando o domínio se dá de forma sub-reptícia, via cultura, parece mais letal. O Brasil vive isso de forma visceral. A música estadunidense invade as rádios e a juventude canta sem entender a mensagem. No comércio abundam os nomes de lojas em inglês e até as marcas de roupa ou sapato são na língua anglo-saxônica. E tudo acontece automaticamente, como se fosse natural. Não é!
Outra prática que vem invadindo as escolas e até os jardins de infância é a comemoração do Halloween, o dia das bruxas dos estadunidenses. Lá, no país de Obama, esta data, o 31 de outubro, é um lindo dia de festividades com as crianças, no qual elas saem fazendo estripulias, exigindo guloseimas. Tudo muito legal dentro da cultura daquele povo, que incorporou esta milenar festa irlandesa lá pelo início do 1800. Nesta festa misturam-se velhas lendas de almas penadas, de gente que enganou o diabo e outras tantas comemorações pagãs. Além disso, hoje, ela nada mais é do que mais uma boa desculpa para frenéticas compras, bem ao estilo do capitalismo selvagem, predador.
Aqui no Brasil esta festa não tem qualquer razão de ser, exceto por conta das mentes colonizadas, que também associam o Halloween ao consumo. Não temos raízes celtas, nem irlandesas ou inglesas. Nossas raízes são outras, Guarani, Caraíba, Tupinambá, Pataxó… Nossos mitos – e são tantos – guardam relação com a floresta, com a vida livre, com a beleza. O mais conhecido deles é ainda mais bonito, fala de alegria e liberdade. É o Saci Pererê. Uma figurinha buliçosa que tem sua origem nas lendas dos povos originários, como guardião das generosas florestas que garantiam a vida plena das gentes. Com a chegada dos povos das mais variadas regiões da África, o menino guardião foi agregando novos contornos. Ficou negro, perdeu uma perna e ganhou um barrete vermelho na cabeça, símbolo da liberdade. Leva na boca um cachimbo (o petyngua), muito usado pelos mais velhos nas comunidades indígenas. Sua missão no mundo é brincar, idéia muito próxima do mito fundador de quase todas as etnias de que o mundo é um grande jardim.
Pois é para reviver a cada ano as lendas e mitos do povo brasileiro que vários movimentos culturais e sociais usam o 31 de outubro para comemorar o Dia do Saci. Com atividades nas ruas, as gentes discutem a necessidade da libertação – coisa própria do Saci – das práticas culturais colonizadas. Ao trazer para o conhecimento público figuras como o Saci, o Caipora, o Boitatá, o Curupira, a Mula Sem Cabeça, todos personagens do imaginário popular, busca-se, na brincadeira que é próprias destes personagens mitológicos, incutir um sentimento nacional, de brasilidade, de reverência pela cultura autóctone. Não como sectária diferença, mas como afirmação das nossas raízes.
Por Elaine Tavares* Portal Vermelho

domingo, 30 de outubro de 2011

Não Somos Todos Iguais.

A Libia que eu conheci – 5


A bela Benghazi, antes da invasão dos EUA-OTAN

Vamos falar francamente.

Eu estava me esforçando para realizar um programa que dificilmente seria exibido.

Naquela época o Globo Repórter registrava uma audiência enorme, entre 50 e 65, com pico de 72.

Alem do mais, vivíamos sob o tacão da ditadura.

Mas já que estávamos lá, vamos tocar o barco e ver no que vai dar.

À noite, no hotel, alguém abre a porta e me pergunta se posso conversar um pouco.

Era o chefe da delegação de Guiné-Bissau e estava empolgado. Nunca imaginara conhecer um país como a Líbia.

Perguntou como foi o meu encontro com Kadafi.

Respondi que o encontro seria no dia seguinte em Benghazi.

Enquanto conversávamos, um “fiscal” do governo, entra no quarto e nos cumprimenta sorridente.

Dá uma olhada rápida e com aquele sorriso de comissária de bordo, nos agradece e vai embora.

Mal passaram 10 minutos e a porta novamente é aberta. Um jornalista do Rio de Janeiro, meu vizinho de quarto entra desesperado.

-Uma coca cola pelo amor de Deus. Meu reino por uma coca-cola. Vou descer até saguão, alguém precisa me informar onde consigo comprar coca cola nesse país de birutas.

E nem esperou o elevador. Desceu pela escada mesmo.

-Maluco esse seu vizinho, me confidenciou o guine-bissauense( é assim mesmo que se diz?). E alem do mais ainda ofendeu  Shakespeare.

Em seguida ele me revela que conheceu muitos revolucionários de países diferentes que se encontravam na Líbia em busca de recursos.

Inclusive sul africanos.

-Entregaram uma carta de Nelson Mandela para o Kadafi pedindo para ele não esquecer seus irmãos africanos, respondeu feliz dando a entender que eles foram atendidos.

Novamente o “fiscal” com sorriso de comissária de bordo entra. Desta vez para nos convidar a assistir no salão do hotel a um filme sobre os “horrores” da herança colonialista.

Na verdade não era um filme, mas um documentário de 15 minutos e se a idéia era para que a platéia se indignasse, o efeito foi o contrário.

O documentário mostrava a noite em Trípoli. Garotas seminuas andando nas ruas em busca de clientes, “inferninhos”, cabarés, bebidas alcoólicas, muitas bebidas, e por aí vai.

E o pior, terminada a exibição vários aplausos da platéia, principalmente de jornalistas, pedindo a volta dos colonizadores...

Isso sim é que era época boa, exclamou o jornalista carioca, agora ao lado de um colega mineiro que completou: “eta paizinho que nem coca-cola tem”.

Quatro da manhã somos acordados. Do aeroporto de Tripoli seguimos  para Benghazi, onde finalmente vamos entrevistar Kadafi.

Continua...

sábado, 29 de outubro de 2011

A Líbia que eu conheci - 4



 Kadafi libertou as mulheres alistando-as nas Forças Armadas

Então o senhor considera Kadafi um Gênio?

Sim! Respondeu o embaixador. Um Gênio! E amanhã o senhor vai ter uma prova disso.

Não entendi.

Amanhã vai haver um desfile em comemoração ao décimo aniversario da Revolução. Assista e veja se não tenho razão.

O dia seguinte amanheceu glorioso. E eu já estava preocupado.

Se o país vai parar para comemorar o décimo aniversário da Revolução, será que Kadafi vai encontrar tempo para a entrevista?

A população lotava a praça e as ruas onde seriam realizados os desfiles.

Um fato me chamou a atenção.

Havia milhares de meninas adolescentes com uniformes militares prontas para o desfile.

Sorriam um sorriso que somente as adolescentes possuem. 


Impressionante a sua alegria.

Foi assim que Kadafi libertou as mulheres, que antes não podiam atravessar a porta de casa e nem tirar as vestimentas que cobriam seu corpo de cima abaixo, me confidenciou o embaixador.

É ou não um gênio?

Essas adolescentes saem de casa bem cedinho usando o uniforme militar e retornam para suas casas no fim do dia. Elas só não dormem no quartel.

E têm autorização para não tirar o uniforme.

Depois do serviço militar elas jamais voltam a se vestir como anteriormente.

Então é por isso que as mulheres líbias se vestem como as ocidentais?

Mas vez ou outra deparamos com mulheres com roupas tradicionais.

Terminado o desfile, um membro do governo me diz que Kadafi nos receberia não mais em Trípoli, mas em Benghazi, a bela cidade mediterrânea.

E que nos buscariam de madrugada pra viajarmos os 600 quilômetros que separam as duas cidades.

Fico sabendo nesse dia que a energia elétrica que ilumina o país é de graça.

Ninguém recebe a conta de luz, seja em casa ou no comércio.

E quem tiver aptidão para empresário, pode buscar os recursos necessários no banco estatal e não paga nenhum centavo de juros.

A divisão da riqueza do país  com sua população, em nome do islamismo, criou um sério problema para os demais países muçulmanos, principalmente Arábia Saudita.

E desde então, Kadafi nunca poupou os dirigentes sauditas que acusou de terem se apossado de um país que jamais lhes pertenceu e de serem “infiéis que conspurcavam o verdadeiro islamismo”.

“Trocaram o Profeta pelo petróleo”.

Pela primeira vez usava-se o Alcorão contra aqueles que se diziam seus defensores.

Os sauditas, acuados, só conseguiam dizer que ele era “comunista”.

Kadafi respondia que ele apenas seguia o Alcorão ao pé da letra.

Várias revoltas começaram a eclodir na Arábia Saudita e países do Golfo.

Estados Unidos e mídia associada começaram a arregaçar as mangas.

Era preciso defender a vassala Arábia Saudita e transformar Kadafi num pária.

Na volta ao hotel, dou de cara com revolucionários da África do Sul. Estavam na Líbia em busca de fundos para lutar contra o apartheid.

Continua...

Força, Lula



A fatalidade não se abate igualmente sobre todos os homens. O destino, com seus mistérios, reserva a alguns deles um papel que, embora continuem seres humanos comuns, como nós, os tornam especiais para as coletividades.
Lula é um deles.
Estes homens são capazes de catalisar a força das aspirações de um povo que, de outra forma, ficaria dispersa. Como no magnetismo, têm o poder de orientar todas as partículas humanas que integram uma sociedade e, com isso, criar e fazer agir a imensa força das coletividades que empurra a roda da História.
A estes homens e mulheres, chamamos líderes.
E os líderes, como já disse alguém sobre os príncipes, também se alimentam da força que são capazes de despertar em seus povos.
Agora, neste momento difícil, Lula precisa e terá esta força do seu povo.
Os insondáveis mistérios da natureza das coletividades têm este poder. Não é religião, não é  misticismo. É apenas a sensação humana, comum a todos os seres humanos, de sermos, assim como finitos, infinitos nos nossos desejos e pensamentos.
Veremos e viveremos.




PARA EMBALAR O PRAZER DA MÍDIA BRASILEIRA COM O CANCER DO LULA>

 O PIG ( Partido da Imprensa Golpista ) não passará

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A Líbia que eu conheci – 3



 Kadafi ao lado de seu eterno ídolo, o presidente Násser do Egito

Belo e os dois policiais estão parados ao lado de um reluzente carro Mercedes Benz novinho em folha.

Perguntei o que estava acontecendo.

Um dos policiais me disse que o meu companheiro não parava de apontar a chave do carro na ignição. E que eles não sabiam a razão, pois Belo não falava o árabe e nem eles o “brasileiro”.

Então era por isso que eles saíram juntos do hotel.

Nada preocupante.

Belo me explicou e eu traduzi para o policial que ele, ao ver a chave na ignição, ficou preocupado de alguém roubar o carro.

Os dois policiais começaram a rir e disseram tratar-se de um carro abandonado.

Era um costume no país.

Quem não gostasse do carro bastava abandoná-lo com a chave dentro. O interessado podia levá-lo.

Essa era a Líbia da época.

Muita fartura, nenhuma miséria e a abundância ao alcance de todos.

Alias isso podia se observar nas pessoas.

Os mais velhos, que viveram sob o domínio dos colonialistas e durante a monarquia, eram pessoas alquebradas, corpo seco.

As crianças e os jovens eram saudáveis e alegres.

Só para se ter uma idéia da Líbia sob Kadafi, tudo custava mais ou menos o equivalente a 3 dólares.

Havia supermercados gigantescos, mas nada era vendido a varejo.

Quem quisesse arroz, por exemplo, pagava 3 dólares pelo saco de 50 quilos.

Tudo era nessa base.

Fomos visitar o parque industrial de Trípoli e eu pedi para conhecer uma tecelagem.

Perguntei como era a relação com os clientes e um técnico  alemão  que ali se encontrava para montar o maquinário, começou a rir.

“Os líbios são loucos”, me disse. E completou: “eles não vendem nada aqui por metro, somente a peça inteira. E para qualquer um que entrar na fábrica e pedir”.

Perguntei o preço da peça: 3 dólares a peça de 50 metros...

Mas se você, por exemplo, quisesse comprar uma gravata, qualquer uma, o preço mínimo era o equivalente a 200 dólares.

Um cachimbo, 300 dólares.

Ou seja, todo produto que que lembrasse os colonizadores e, de acordo com eles, representasse ou sugerisse consumo supérfluo, era altamente taxado.

Bebida alcoólica, nem pensar. Dava prisão sumária.

E foi o que aconteceu com dois jornalistas argentinos, cuja “esperteza” os remeteu ao porto e ali compraram de um cargueiro, uma garrafa de uísque.

Um dos funcionários do hotel sentiu o bafo e os denunciou.

É verdade que eles não foram presos, porque eram convidados do governo.

Mas não puderam entrevistar ninguém, muito menos o Kadafi...

E nós só soubemos disso porque o embaixador do Brasil, uma figura simpaticíssima, uma noite nos convidou para a Embaixada e, ali, nos ofereceu um uísque de não sei quantos anos (guardado a sete chaves num cofre), que Manse e Belo acharam delicioso.

Claro que eu também bebi um gole, apesar de detestar uísque.

Seja de que marca for, de que ano for.

Sempre me lembrou o gosto de iodo.

Evidentemente não faria uma desfeita ao embaixador tão solícito.

Não estalei a língua porque aí seria demais.

Antes de nos despedirmos, o embaixador nos ofereceu um litro de  leite para cada um, pois segundo ele o leite disfarçaria o nosso hálito.

Na porta, perguntei ao embaixador se ele poderia nos dar um depoimento.

“O Kadafi é um Gênio”, respondeu.

Surpreso, perguntei.

O senhor considera o Kadafi um Gênio?

Sim! Um Gênio!
Continua...

Alguém sabe dizer se espionagem é crime?



do R7

O repórter William Waack, da Rede Globo de Televisão, foi apontado como informante do governo americano, segundo post do blog Brasil que Vai - citando documentos sigilosos trazidos a público pelo site Wikileaks há pouco menos de dois meses.

De acordo com o texto, Waack foi indicado por membros do governo dos EUA para “sustentar posições na mídia brasileira afinadas com as grandes linhas da política externa americana”.

- Por essa razão é que se sentiu à vontade de protagonizar insólitos episódios na programação que conduz, nos quais não faltaram sequer palavrões dirigidos a autoridades do governo brasileiro.

O post informa que a política externa brasileira tem “novas orientações” que “não mais se coadunam nem com os interesses americanos, que se preocupam com o cosmopolitismo nacional, nem com os do Estado de Israel, influente no ‘stablishment’ norte- americano”. Por isso, o Departamento de Estado dos EUA “buscou fincar estacas nos meios de comunicação especializados em política internacional do Brasil” - no que seria um caso de “infiltração da CIA [a agência norte-americana de inteligência] nas instituições do país”.

O post do blog afirma ainda que os documentos divulgados pelo Wikileaks de encontros regulares de Waack com o embaixador do EUA no Brasil e com autoridades do Departamento de Estado e da Embaixada de Israel “mostram que sua atuação atende a outro comando que não aquele instalado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro”.


Wikileaks mostra Fernando Rodrigues como informante dos EUA

Nos documentos vazados pelo Wikileaks, o jornalista Fernando Rodrigues, colunista da Folha de S. Paulo, também aparece como informante, em encontro na embaixada dos EUA.

Numa conversa de 2006, Rodrigues teve um encontro com representantes da embaixada americana, e disse entre as quatro paredes que o TCU (Tribunal de Contas da União) era aparelhado politicamente pelos demo-tucanos, e tinha relatórios feitos para usar como batalha partidária da oposição contra o governo.

Disse que o tribunal faz análises não confiáveis e seus noves ministros são geralmente ex-senadores ou ex-deputados escolhidos por seus colegas para atuarem partidariamente. Rodrigues citou nominalmente o ministro Aroldo Cedraz, a quem classificou como “carlista” – ligado ao finado Antonio Carlos Magalhães.

De acordo com os documentos, Rodrigues também fazia análises políticas para a embaixada americana e avaliou o cenário da Câmara em 2006, que teve como oponentes Arlindo Chinaglia, do PT, e Aldo Rebelo, do PCdoB. Rodrigues disse que, se Aldo perdesse, ganharia como prêmio de consolação o Ministério da Defesa (o que não ocorreu). (Com informações do Portal 247)

Lula agradece ao #LulaDay



O aniversário de 66 anos de Lula, hoje, colocou a expressão #LulaDay ( Dia do Lula, em português,) entre os tópicos mais comentados do Twitter no Brasil. E o ex-presidente correspondeu, colocando no Yotube uma mansagem de agradecimento aos “tuiteiros”. Veja acima.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A Líbia que eu conheci - 2




A bela Tripoli antes da invasão dos Estados Unidos e da OTAN

Estamos em Tripoli, ano 1979.

Esta noite quase não consegui pegar no sono.

No hotel onde estava hospedado, alem dos diplomatas e alguns jornalistas, estavam também delegações de países africanos de língua portuguesa.

Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, etc.

E foram eles que não me deixaram pegar no sono já que, sabendo que eu teria um encontro com Kadafi no dia seguinte, queriam que eu lhe pedisse mais explicações sobre o socialismo Líbio.

Disseram que nunca haviam visto algo igual. Nem mesmo em livros.

Ficaram admirados com a Lei do Colchão (veja post abaixo), com a assistência medica, remédios e educação tudo gratuito.

E pelo fato de ninguém ser obrigado a trabalhar na Líbia e mesmo assim receber uma remuneração “ fantástica”  no dizer de um angolano.

Prometi que tentaria obter uma resposta, desde que, de fato, eu conseguisse falar com Kadafi, por saber  que ele era imprevisível e não poucas vezes deixou jornalistas aguardando ad infinitum.

Antes, preciso esclarecer que as portas dos apartamentos dos hotéis não possuíam fechaduras.

Por isso todos podiam entrar no apartamento de todos razão pela qual nossos apartamentos eram sempre “visitados”.

Perguntei ao gerente do hotel a razão da falta de fechaduras.

Respondeu que na Líbia não havia ladrões como na “época da colonização italiana e por isso as fechaduras eram prescindíveis”.

Mas um diplomata me esclareceu que a falta de fechaduras era para que os “fiscais” do governo pudessem entrar a qualquer hora do dia ou da noite para ver se não havia mulheres “convidadas” nos apartamentos.

“Porque, prosseguiu o diplomata, os líbios até hoje falam que durante a colonização italiana e o reinado de Idris, os hotéis serviam apenas para orgias”.

No dia seguinte me preparo para o encontro com Kadafi.

Manse, com a sua câmera e Belo com seu gravador Nagra me aguardavam ao lado do elevador.

Com cara de sono, reclamaram que seus apartamentos foram “penetrados” umas três vezes de madrugada e foi um susto só.

O carro enviado pelo governo nos esperava na entrada, mas Manse queria tomar mais um cafezinho.

Entrei no carro e aguardei.

Cinco minutos depois Luis Manse, com sua inseparável câmera chegava sozinho.

Perguntei pelo Belo, ele disse que o imaginava comigo.

Perguntei ao nosso acompanhante se ele havia visto o nosso companheiro.

Imediatamente ele foi à portaria perguntar.

Um rapaz simpático respondeu que tinha visto Belo acompanhado por dois policiais uniformizados a caminho da praça que ficava a uns cinqüenta metros do hotel.

Fiquei preocupado, imaginando o pior.

Jornalista acompanhado por policiais no Brasil nunca era um bom augúrio.
Continua...

CAIU NA REDE

Angela Merkel & Sarkozy

Emir Sader: “O governo tem sido pautado pela mídia”


Desde a crise de Palocci, ao longo de seis meses, o governo tem sido pautado pela mídia. Dá para fazer a periodização do governo, conforme os casos na berlinda pelas denúncias da mídia.
Agora correspondeu a Orlando Silva. O roteiro é mais ou menos o mesmo, as acusações podem aparentar ter mais ou menos credibilidade, mas o ímpeto e a reiteração são os mesmos, ate’ derrubar o ministro. O método tem se mostrado infalível.
A decisão de substituição de Orlando Silva estava tomada pelo governo na semana passada, não porque desse fé às acusações, mas porque acreditava que ele estava enfraquecido para ser uma peça fundamental na parada dura que o governo encara com o envio do projeto de lei sobre a Copa do Mundo ao Congresso.
O esquema que foi aventado de uma troca que envolvia outro ministério (Cultura) era real, terminou não funcionando porque a pessoa (Pelé) sondada para substituir Orlando no ministério não aceitou e a questão voltou para o ponto de partida.
Orlando pediu um tempo para rebater as acusações, mas para o governo o que contava era a possibilidade dele retomar condições políticas de conduzir as discussões em torno da Copa do Mundo, a contar pela ida à Câmara ontem. A oposição, com uma ferocidade gorila, totalmente destemperada, tratou de perturbar a discussão em pauta, para buscar demonstrar que qualquer aparição do Orlando seria recebida em função das acusações, impedindo-o de politicamente atuar como o ministro que o governo requer.
Esta acabou sendo a razão da saída do Orlando, anunciada para ser formalizada, não a aceitação das acusações contra ele pelo governo. É como se um jogador estratégico de um clube fosse jogar machucado, sem as melhores condições físicas.
A decisão de manter o ministério com o PC do B por parte do governo requer da parte do novo ministro substituição em vários cargos de pessoas envolvidas nas acusações e abandono da utilização de ONGs para projetos do ministério.
Em geral, no caso de um ministro substituído nessas condições, as acusações desaparecem no dia seguinte na imprensa, mostrando que eles não se interessam por acabar com a corrupção, mas se valem de acusações – mesmo vindas de pessoas notoriamente desqualificadas – para derrubar ministros, seja para enfraquecer o governo, seja também para fazer prevalecer seus interesses.
Neste caso, é preciso ver se o quarteto interessado diretamente nas questões centrais do ministério – Abril, Globo, Fifa, Ricardo Teixeira – vai se acalmar ou acreditará que a permanência do ministério com o mesmo partido, seguirá representando obstáculos a que seus interesses prevaleçam, na medida que o mesmo partido seguiria à frente do ministério.
Emir Sader, sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São Paulo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Líbia que eu conheci - 1


Nelson Mandela assim que foi libertado foi agradecer a Kadafi o seu apoio ao povo sul-africano contra o regime do aparheid.

Estive na Líbia em setembro de 1979, por ocasião do décimo aniversario da Revolução que levou Kadafi ao poder.

Me acompanharam na ocasião o cinegrafista Luis Manse e o operador de Nagra Nelson Belo, Belo ( por onde andarão?).

Estávamos ali pelo Globo Repórter, do qual eu era o diretor em São Paulo.

Primeira surpresa. O hotel, para onde o governo nos enviou, estava totalmente ocupado por diplomatas.

Perguntei ao embaixador do Brasil a razão dessa concentração.

 A resposta me surpreendeu ainda mais.

Na Líbia de Kadafi, os aluguéis estavam proibidos.

Os líbios que não tivessem casa, era só solicitar que o governo imediatamente providenciava a construção de uma.

O pais era um imenso canteiro de obras.

E mais: Uma lei em vigor, A LEI DO COLCHÃO, determinava que, qualquer cidadão líbio que soubesse da existência de casa alugada, era só atirar um colchão no quintal que a casa passava a ser sua.

Inúmeras embaixadas sofreram com essa lei já que foram ocupadas por líbios.

O próprio embaixador me contou na ocasião que a embaixada brasileira não ficou imune a essa lei.

Um motorista líbio que ali trabalhava informou a um amigo que ainda não tinha casa, que a embaixada do Brasil era alugada.

Imediatamente esse amigo atirou um colchão e reivindicou a propriedade( uma mansão que pertencia a um italiano que retornou à Itália apos a subida ao poder de Kadafi).

O governo líbio precisou intervir para evitar maiores dissabores.

O Brasil acabou ganhando a embaixada e o líbio uma casa nova.

Isto tudo aconteceu na década de 70, quando a Líbia era uma potência riquíssima, com apenas 3 milhões de habitantes, em quase 1.800.000 quilômetros quadrados.

Os líbios, por lei, eram proibidos de trabalhar como empregados de estrangeiros.

O líbio que não quisesse trabalhar recebia o equivalente, valores de hoje, a cerca de  7 mil dólares por mês.

E mais: médico, hospital e remédios era tudo de graça.

Ninguém pagava escola e o líbio que quisesse aperfeiçoar seus estudos fora do país ganhava uma substancial bolsa.

Conheci muitos desses líbios na França, Itália, Espanha e Alemanha, e outros países onde estive como jornalista.

Continua...

               

terça-feira, 25 de outubro de 2011

CBN - A rádio que troca a notícia


















Eu não sei o que toma essa mulher. Ou por quem ela se toma. Mas a atitude arrogante, de quem se acha livre para dizer o que quer que seja, na hora e onde quiser, mostra apenas o desprezo que os contratados pelas corporações miditáticas têm pela Constituição. Ou dona Lucia Hippolito não teria dito o que disse na CBN, emissora de rádio das Organizações Globo, sobre a morte do líder líbio (que, primeiramente, foi ditador; depois, líder; e finalmente ditador sanguinário), Muamar Kadafi.

Li as barbaridades de dona Hippolito no Blog do Gadelha. Gadelha é meu amigo há mais tempo que boa parte de meus leitores têm de vida. Mesmo assim, estranhei. Pensei: não é possível.

Gadelha é, como eu, um fã de pimenta. Mais o que isso. Ele é um fanático, a ponto de ter livros sobre o tema, enquanto eu me dedico apenas a provar. Então, pensei: teria Gadelha achado a pimenta mágica, o santo daime da capsaicina, e isso o fez delirar? Leia o que ele publicou em seu blog:

Na quinta, estava dirigindo e – como faço sempre – ouvindo a CBN, quando me tornei testemunha de verdadeira barbárie relacionada à questão líbia. A âncora Lucia Hippolito chamou Sérgio Besserman e apresentou, como destaque do dia, a possível captura de Kadafi. Nada mais apropriado, já que era o que se discutia na mídia internacional. Infelizmente, o que se ouviu em seguida foi uma sucessão de barbaridades, despropósitos, mau gosto, algo difícil de acreditar que estivesse sendo perpetrado por duas figuras relevantes em nosso mundo informativo, político e cultural. Lucia Hippolito começou ridicularizando Kadafi por conta de suas roupas extravagantes (como se essa fosse a maior de suas extravagâncias!). Mas essa bobagem não foi nada, diante do que veio a seguir. Besserman mostrou-se indignado sabem com o quê? Não admitia que Kadafi (que, segundo ele, já deveria saber há meses que seria derrotado) não tivesse se entregado há mais tempo para evitar tantas mortes na Líbia!!! Dá pra acreditar? As cenas que correm o mundo revelando os detalhes da morte de Kadafi será que respondem a Besserman? Lucia Hippolito sugeriu que ele, Kadafi, deveria ter-se matado. Besserman concordou, lembrando o suicídio de Allende!!! Lucia Hippolito diz que Kadafi deveria ter-se queimado em praça pública, se lançado do alto de algum lugar – e isso tudo dito aos risos. Afinal de contas, segundo eles, Kadafi somente fez o mal...
Como pode a CBN permitir algo assim? Por mais que Kadafi tenha tido ações extremamente condenáveis (como ajudar os Estados Unidos na tortura de presos políticos), ele também teve papel positivo para seu povo. Evitou a sangria das riquezas do petróleo que, antes, jorravam para o exterior, combateu o analfabetismo, fortaleceu e projetou o seu país no continente e no mundo. Independente disso, não se combate a barbárie com mais barbárie. A dupla de jornalistas deveria mirar-se no exemplo de Dilma que, opondo-se ao oportunismo belicoso de Obama e outros dirigentes ocidentais, demonstrou serenidade e visão de estadista, ao afirmar que “não é possível comemorar a morte de qualquer líder” e concluir que “não se faz apedrejamento moral de ninguém”.

Mas fui conferir no site da CBN e era isso mesmo, como você pode conferir a seguir.



Agora, a foto de Kadafi morto. Dona Hippolito está satisfeita?