sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Garçons


Viver no Rio - comendo fora

Não é só no Rio



Garçons

A principal tarefa do garçom carioca é cuidar para nunca estabelecer contato visual 
com o cliente. Se os olhos do garçom cruzam com os do cliente, pode ser que este o 
chame. O cliente fará um pedido qualquer. O garçom será obrigado a atendê-lo.
 O cliente ficará satisfeito. Isso é algo a ser evitado a todo custo.

Não é fácil. Não dá para ficar passando um pano qualquer
 sobre as mesas vazias, de olhos baixos. Não o tempo todo. Virar de costas também é 
expediente que serve apenas para as emergências. Há que desenvolver o chamado 
"olhar de garçom": vagamente remoto, fixo no infinito, passando por cima das cabeças d
aqueles que tentam desesperadamente chamá-lo para pedir mais um chope ou uma
porção de batatinhas.

Há variações. Os garçons do restaurante Lagoa, por exemplo. Eles são famosos por seu 
mau humor. Até vão à sua mesa. Mas de cara amarrada. Como é mesmo esse filé a 
Oswaldo Aranha? Quem nem qualquer filé a Oswaldo Aranha da cidade, senhor. 
Dá para trocar o arroz com brócolis por arroz branco? Não dá, o prato é assim, 
se não gostar pede outro.

Nos restaurantes do Rio, não basta ser cliente assíduo. Tem que conquistar a amizade do 
garçom. O pessoal de São Paulo pensa que é preciso dar boas gorjetas. Por isso, são 
atendidos na maior má-vontade. Tem que chamar o garçom pelo nome de batismo, 
perguntar pelas crianças, saber como anda a saúde da sogra. Aí você vai ser tratado 
como um rei. Como um rei, não. Como um consumidor que paga para ser atendido, 
esperando um bom serviço daquele estabelecimento comercial.

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