quarta-feira, 1 de agosto de 2012

OLIMPÍADAS


Olimpíada - cobertura da TV

Comentaristas do Brasil

O armador do time de basquete adversário sai com a bola, 
dá dois dribles, entra no garrafão, finta, sobe na bandeja e 
faz uma cesta sensacional. Comentário do entendido 
da vez:

- Mas não pode deixar o cara entrar assim!

O boxeador brasileiro entra para o último round cansado 
de apanhar. O placar está 16 x 5 para o outro. 
Comentário:

- Agora o Fulano tem que ir para cima. É tudo ou nada!

Vôlei. O levantador do outro lado solta uma bola de meio rapidíssima, o atacante crava.

- Assim não dá! Tem que prestar mais atenção!

Eles não comentam. Eles torcem. Se comentam, não comentam o jogo.
 Comentam o Brasil.

Olimpíada - racismo
Rafaela, vencedora

A judoca Rafaela Silva é da Cidade 
de Deus, uma comunidade muito pobre 
do Rio. Criança, ela brigava muito. Batia 
até nos meninos maiores. O pai achou 
que era legal ela fazer judô. O judô tem 
fama - acho que justificada - de acalmar 
os brigões.

Um dia, a Rafaela ganhou umas sandálias 
novas. Foi brincar, deixou as sandálias no portão. Roubaram as sandálias. Vi ela contar 
na TV. É uma história significativa para ela. Não lembro se o pai bateu, se deu bronca... 
só sei que eram umas sandálias, caramba.

O treinador da Rafaela, num desses projetos de esporte para crianças pobres, 
foi para Londres graças a uma vaquinha feita na comunidade.

A Rafaela tem só 20 anos. Já foi medalha de prata no Pan, campeã mundial sub-20 e 
campeã mundial adulta.

Em Londres, ela foi desclassificada. Aplicou um golpe que é proibido. Até 2010 podia. 
Agora não pode mais. No reflexo, ela errou. Faz parte do esporte.

No Twitter, criminosos a chamaram de "macaca", mandaram ela voltar a nado,
 disseram que não podia ganhar nada "porque é negra".

Confesso que eu chorei junto com a Rafaela, quando ela perdeu. Confesso que
 também me dá vontade de chorar, escrevendo agora. Só que é de raiva.

Olimpíada - o machismo de hoje

Sovaco

É impressionante. Todo dia tem uma notícia, uma matéria, 
uma foto (várias fotos), onde as mulheres são objetualizadas.

É a bunda da jogadora de vôlei. São as coxas das "leonas",
 meninas do hóquei argentino. É a fragilidade emocional dessa 
ou daquela perdedora. São as musas disso ou daquilo.
 É a sexualidade da goleira do handebol.

A atleta australiana Seen Lee disputou o levantamento de peso 
na categoria até 63 quilos.

Ela se classificou? Ela ganhou medalha? Espera aí. Vou pesquisar. Ela chegou em 
sétimo lugar.

Porque o destaque em vários sites... acredite, blogonauta... o destaque foi que a moça 
não tinha depilado as axilas!

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