terça-feira, 11 de outubro de 2011

Não tem uísque grátis




Enviado por  em 07/10/2011
No início dos tempos, na parte sul das Américas, habitava um gigante. Um dos poucos que andavam sobre a Terra.
Gigante pela própria natureza, e sendo natureza ele próprio, era feito de rochas, terra e matas, que moldavam sua figura. Pássaros e bichos pousavam e viviam em seu corpo e rios corriam em suas veias. Era como um imenso pedaço de paisagem que andava e tinha vontade própria.
Caminhava com passadas vastas como vales e tinha a estatura de montanhas sobrepostas. Ao norte, em seu caminho, encontrava sol quente e brilhante nas quatro estações do ano. Ao sul, planaltos infindáveis. A oeste, planícies e terras cheias de diversidade. E a leste, quilômetros e quilômetros de praias onde o mar tocava a terra gentilmente, desde sempre. Havia também uma floresta como nenhuma outra no planeta. Tão grande, verde e viva que funcionava como o pulmão de todo o continente à sua volta.
Mesmo diante de tudo isso, um dia, enquanto caminhava, o gigante se inquietou.
Parou então à beira-mar e ali, entre as águas quentes do Atlântico e uma porção de terra que subia em morros, deitou-se. E, deitado nesse berço esplêndido, olhou para o céu azul acima se perguntando: "O que me faz gigante?".
Em seguida, imaginando respostas, caiu em sono profundo.
Por eras, que para os gigantes são horas, ele dormiu. Seu corpo gigantesco estirado, o joelho dobrado formando um grande monte, uma rocha imensa denunciando seu torso titânico e a cabeça indizível, coberta de árvores e limo.
Dormiu até se tornar lenda no mundo. Uma lenda que dizia que o futuro pertencia ao gigante, mas que ele nunca acordaria e que o futuro seria para ele sempre isso: futuro.
No entanto, com o passar do tempo ficou claro que nem mesmo as lendas devem dizer "nunca".
Depois de muito sonhar com a pergunta sobre si, o gigante finalmente despertou com a resposta.
Acordou, ergueu-se sobre a terra da qual era parte e ficou de frente para o horizonte.
Tirou então um dos pés do chão e, adentrando o mar, deu um primeiro passo.
Um passo decidido em direção ao mundo lá fora para encontrar seu destino.
Agora sabendo que o que o faz um gigante não é seu tamanho, mas o tamanho dos passos que dá.



®KEEP WALKING, BRAZIL



Sempre se brinca com a frase “não existe almoço grátis”, atribuída – parece que indevidamente – ao economista conservador Milton Friedman.
Bom, também – e muito menos – existe uísque grátis.
Quem se surpreendeu com o comercial do uísque Johnnie Walker sobre o Brasil – muito bem feito, aliás e eu o reproduzo aí em cima – talvez não saiba o que está por trás dele.
É que o Brasil se tornou o maior consumidor desta marca, depois dos Estados Unidos. E deve ultrapassar o volume de vendas nos EUA nos próximos anos, segundo o fabricante.
As vendas mundiais cresceram  11%, mas  no mercado brasileiro quase triplicaram este número, aumentando 30%entre junho do ano passado e junho deste ano. O aumento  do mercado brasileiro de uísques, considerando todas as marcas, foi de 22%.
O mercado é tão promissor que a empresa montou uma diretoria para cuidar do produto aqui e a peça publicitária foi desenvolvida em cima desta perspectiva de mercado.
Claro que os publicitários captaram o sentimento de progresso e afirmação do país para vender o seu “peixe” destilado.
É bom notar que isso não está acontecendo por qualquer favor tributário. Um levantamento do Estadão, em agosto, mostra que um uísque desta marca custa 80% mais caro em São Paulo que em Nova York.
Cada vez que o pessoal do “Cansei” brinda mais um recorde do impostômetro,  paga 61% da dose ao Fisco. Devia ser mais.

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