quarta-feira, 23 de abril de 2014

Liberdade, enjoy it!

Liberdade, enjoy it!

Por ROGERIO FARIA
A imprensa, ao invés de ser apenas um dos instrumentos para o exercício democrático, tornou-se a maior inimiga da democracia. Ela tem na desvalorização da política a sua estratégia de poder, colocando-se como a panaceia para os males sociais. A solução passa por aceitar essa como mais uma atividade comercial, sujeita a regras e limites, como qualquer cidadão, empresa e relação entre ambos.
A Coca-Cola, quando identificou no estilo de vida saudável seu inimigo, associou sua imagem a ele, pondo-se como aliado intrínseco, até crucial. Da mesma forma as famílias empresárias donas dos meios de comunicação fizeram ao vincular sua imagem à democracia, a maior adversária ao seu poder.
Para vender sua imagem de paladina democrática, ela apregoa a desordem, o descalabro, e se arvora como único antídoto. Ela cria inimigos que supostamente só ela pode combater. Daí o papel despolitizador da imprensa. A censura imposta pelos donos dos meios de comunicações retira das manchetes qualquer avanço democrático, qualquer aspecto positivo do debate político, qualquer valorização da participação democrática. Assim, deixamos de confiar em nós mesmos como agentes de mudança, delegando esse poder ao Jornal Nacional.
Como qualquer atividade humana, ela deve ser regrada obedecer às leis e servir à democracia. Tratemos ela como atividade comercial dentro de uma sociedade capitalista. É essa a visão dos donos, disputando mercado com a política, instrumento social de transformação. Leis devem surgir que permitam ao povo conduzir a imprensa, que os múltiplos pontos de vista tenham o mesmo peso nos jornais. Deve se por fim aos monopólios midiáticos, à concentração ideológica. A tarefa não é fácil, pois a imprensa, com seu poder de fogo, vai gritar, espernear e morder, mas nossa democracia precisa avançar.
“Tem que ser possível equilibrar liberdade de expressão com responsabilidade social e moral.” David Puttnam

Saiu na seção “Outro canal”, de Keila Jimenez, na Folha (*):

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/162514-record-aposenta-o-slogan-a-caminho-da-lideranca.shtml

(…)

Em 2004, a média diária da Globo (das 7h à meia-noite) era de 21,7 pontos em São Paulo. O SBT tinha a vice-liderança, com 8,4 pontos, e a Record registrava 4,2 pontos. Cada ponto equivale a 65 mil domicílios na Grande SP. 

Em 2014, os números parciais, dos primeiros meses do ano, trazem a Globo com média diária de 13,8 pontos, uma perda de 35% de público. A Record registra 6 pontos, e o SBT, 5. 

(…)
GLOBO PERDE 35% DA AUDIÊNCIA. 


Navalha
O infeliz que tiver assistido ao jornal nacional dessa terça-feira, 22, entenderá perfeitamente o que se passa na Globo.
É o desespero.
Só no Brasil, um serviço público, entregue a título precário a um concessionário, tem o direito de impor ao cidadão concedente seus interesses materiais e ideológicos de uma forma deliberadamente viciada.
Foi um espetáculo de desconstrução do Brasil.
Da primeira à última notícia.
O jornal nacional conseguiu transformar uma vitória de 100 milhões de internautas e do Governo – “Dilma aprova por unanimidade o Marco Civil”“Aécio podia ir dormir sem essa” – num retumbante fracasso.
A Copa do Mundo, onde a Globo salva o faturamento que deixará de ter, daqui para a frente, é a glorificação de um tal de Volcke, sub-do-sub da FIFA, que encarna o Dragão da Maldade.
Ficará tudo para a ultima hora !
Como fica tudo para a ultima hora, em todos os eventos dessa natureza, no mundo inteiro.
Se o sub-do-sub tivesse ido ao estádio da abertura das Olimpíadas de Londres, na véspera da abertura, diria a mesma coisa: que horror, esses ingleses ineptos ! Tudo para a ultima hora.
Mas, aqui, os provincianos que não saem do circuito Barra-Projac pensam que o espectador é idiota.
Que já não viu jogo ser jogado no Itaquerão.
Não vai ter Copa !, brada o jornal nacional.
Mas, o faturamento da Globo com a Copa, no Brasil ou na Malásia, este está garantido.
O jornal nacional dessa terça-feira embalou uma barriga da Folha – aqui desmascarada pelo Fernando Brito no Tijolaço – numa “matéria” essencialmente anti-televisiva: era uma leitura de jornal na tevê.
Ou seja, um editorial.
(É a corrente de elos Golpistas: jornais de audiência decrescente pautam o jornal nacional de audiência decrescente, que pauta o Congresso, de representatividade decrescente, que pauta o jornal nacional do “i”… )
É por isso que a Globo desaba.
Porque trocou informação por opinião – Golpista.
A Globo precisa eleger Aécio ou o Dudu.
Desesperadamente.
É a única forma de impedir o avanço do progresso – e a sua obsolescência.
De impedir a fuga em massa de espectadores para a internet, ainda mais com o Marco Civil.
Aos domingos, onde a audiência do Fantástico se iguala ao nível das aguas do Alckmin, o pessoal subiu de vida e foi à pizzaria, foi visitar a sogra com o carro que comprou a prazo – e paga em dia, para desespero da Urubóloga …
Do 4G e o apagão do analógico: a Globo não sabe quantos espectadores perderá, porque não tem como controlar quantos substituirão o analógico por digital
Do fim da tevê a cabo, com a inevitável introdução da tecnologia da Aero.
Uma maquininha infernal que, por dúzia de dólares por mês, leva à sua tevê, em casa, qualquer imagem que tenha sido exibida em rede aberta.
Isso vai fechar o cabo e cortar o faturamento das emissoras abertas – como a Globo – que ganham dinheiro para fornecer conteúdo ao cabo.
Mesmo que a Suprema Corte americana vote com as Globos de lá, qualquer dia desses um menino do Pavão-Pavãozinho, com um computador comprado nas Casas Bahia, “oferece” o Aero ao distinto público.
Só Aécio e Dudu podem impedir a introdução da tecnologia do 4G no Brasil.
A audiência da tevê aberta não justificará a tabela de preços da Globo.
Vai ter Copa no Brasil.
O que não vai ter é a Globo, depois da Copa.
Se o Dudu e o Aécio não se elegerem.



Em tempo: o jornal nacional se transformou, também, num veículo da ideologia do “não, não somos racistas” do Ali Kamel, aqui chamado de Gilberto Freire com “i” (*).

Ele deu destaque excepcional a uma decisão – reacionária, segundo o New York Times – do presidente da Suprema Corte americana (nomeado por George Bush, filho, aquele herói do Iraque), que conferiu aos Estados o direito de, por plebiscito, decidir sobre as cotas nas universidades.

Como se sabe, a Suprema Corte brasileira – por UNANIMIDADE e com a relatoria brilhante de Ricardo Lewandowski – aprovou as cotas nas universidades.

Mas, o “i” não se conforma.

Porque, segundo ele, quase não há negros no Brasil.

Portanto, não há necessidade de beneficiá-los.

Um jenio.

Mas, como onde há muita opinião não há opinião, seria interessante o dr Roberto saber que um empregado usa seu produto para defender ideia tão popular – e só dele.

Quem sabe o “i” não sobe o Pavão-Pavaozinho para defender um plebiscito sobre as cotas ?

Depois não entendem por que a Globo perde 35% da audiência em 10 anos.

Se a Globo não fosse uma para-estatal, que vive de BV que os petistas não podem usar, ia todo mundo pra rua.

Os filhos do Roberto Marinho – que não têm nome próprio – inclusive.


Paulo Henrique Amorim

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