segunda-feira, 18 de outubro de 2010

CANAL LIVRE - ADIB JATENE - 17-10-2010


O problema abordado pelo ex minitro Jatene na sua entrevista foi basicamente o financiamento, o maior problema do SUS. O que muita gente não fala por medo, que o PSDB e o DEM junto com setores do PMDB derrubaram a CPMF e tiram da saúde R$ 40 bilhões ano, simplesmente pra inviabilizar um governo. Um dos argumentos ods empresários era que a CPMF onerava a cadeia produtiva em 4%. pois bem a CPMF foi derruba, os preço não cairam e com isso aumentou a margem de lucro dos empresários e consequentemente a concentração de riquezas e prejudicaram sim o SUS e por isso a EC29 ainda não foi regulamentada pela falta de recursos.
É impressionante a cara de saia justa dos jornalistas quando ele reclama dos empresários que retiram recursos da CPFM da saúde. Tratam logo de mudar de assunto.
Existe uma grande confusão com relação a remuneração dos médico no SUS, quem recebe esses valores são as unidades de saúde e não os profissionais. Existe uma remuneração que fixada por plantões e salários, a exemplo dos PSF que remuneram esses profissionais em até R$ 20.000,oo mês a depender da região do país .O Estado da Bahia recentemente aprovou um PCCV e está tentando vencer um processo de precarização dos vinculos de trabalho de todos os profissionais de saúde, pois saúde não é feito só com medicos.
O por isso precisamos romper com esse modelo que remunera o profissional por produção, precisamos estabelecer um processo de metas, com humanização, com integralidade da assistência, buscando sempre a redução e o não agravamento das doenças, fortalecendo as estragias do saúde da familia, bem como uma rede pública de saúde que efetivamente funcione e que a iniciativa privada atue de forma complementar como determina a constituição e não como defendem os neoliberais. Precisamos debater a Lei de responsabilidade Fiscal que de certa forma vem dificultando principalmente os municipios de implantarem novos serviços justamente por conta dos gastos com pessoal, isso tudo terá como consequência a privatização de várias atividades do sistema de saúde como já vem acontecendo em algumas áreas de média e alta complexidade onde os recursos são maiores e a remuneração compensa a exploração pela iniciativa privada como por exemplo as clínicas de hemodiálises.
O assunto é muito longo e um tanto complexo, mas a verdade é que o SUS tem avançado e a única politica pública de estado que temos. O SUS é uma conquista do povo brasilerio e não podemos deixar que a ganância de poucos o destrua!

A entrevista:
Parte 1
http://videos.band.com.br/v_74028_canal_livre_discute_sobre_a_saude_publica_no_pais__parte_1.htm

Parte 2
http://videos.band.com.br/v_74029_canal_livre_discute_sobre_a_saude_publica_no_pais__parte_2.htm

Parte 3
http://videos.band.com.br/v_74051_canal_livre_discute_sobre_a_saude_publica_no_pais__parte_3.htm

Parte 4
http://videos.band.com.br/v_74054_canal_livre_discute_sobre_a_saude_publica_no_pais__parte_4.htm

Folha de São `Paulo 18/10/10
O modelo do Acre
ADIB D. JATENE

O Acre teve a sorte de contar com pessoas que lhe devolvem a esperança de dias melhores, de recuperar a autoestima e a confiança nas pessoas
Recentemente, voltei de viagem-relâmpago a Rio Branco. Fui convidado a participar de cerimônia de ingresso de novos membros da Academia Acreana de Medicina e a receber, junto com o prof. José Tavares-Neto, diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, homenagem dos colegas daquele Estado.
Aproveitei para circular pela cidade, apreciar as imensas realizações que ocorreram nos últimos 12 anos. É inacreditável o avanço em termos viários.
É a primeira vez que vi avenidas novas, com canteiro central de aproximadamente dois metros de largura, protegidas por muretas, para funcionar como verdadeira ciclovia. A cidade, que não tinha nenhum prédio, hoje tem mais de duas dezenas, com até 12 andares, bastante valorizados, a atestar a pujança econômica.
Visitei a exposição agroindustrial, em que vi um gado nelore que não fica a dever ao de nossas exposições. Soube que foram vendidos, neste ano, perto de mil tratores, atestando a busca de produtividade que contém o desmatamento.
Vi quantidade imensa de toras sendo desdobradas em laminados, numa grande indústria, bem como usadas em fábrica de móveis locais, tudo para exportação, exclusivamente com madeira certificada.
Visitei uma biblioteca como não conheço outra igual em nossas grandes cidades, com uma quantidade de computadores a fazer inveja. Vi, na praça fronteira à biblioteca, bancos associados a mesas.
E, nessas mesas, na face inferior do tampo, tomadas que permitem a qualquer pessoa ligar seu computador. Aliás, a cidade inteira tem internet disponível e gratuita, e este benefício está sendo levado às demais cidades do Estado.
As escolas que visitei apresentam ambiente de conservação e controle invejáveis. Segundo o Ideb, para os alunos do 6º ao 9º ano, o Acre está em 4º lugar no Brasil. Era o último há 12 anos.
Todos os alunos na conclusão do curso médio recebem um "netbook", o que contribui para difundir ainda mais a informática.
A visita à maternidade, ao Hospital do Câncer, ao Hospital de Clínicas e às Unidades de Pronto Atendimento, uma delas com cem leitos de observação; o Hospital da Criança sendo reformado, a unidade de prematuros, que consegue viabilizar nascituros de 600 gramas, tudo atestando o zelo com o setor.
Como, em 12 anos, se conseguiu fazer renascer um Acre que, na década de 1920, atraía as atenções do país? Ao longo da minha vida, aprendi a distinguir diferentes grupos políticos. Alguns entram na política para enriquecer, acumular patrimônio, e nisso têm sucesso, em país marcado por impunidade.
Outros almejam o poder e se realizam no seu exercício, seja autoritário, seja demagógico, pretendendo serem apreciados e reconhecidos como capazes de oferecer aos amigos benesses em prejuízo do erário público.
Mas há pessoas que entram na política para servir, para trabalhar em benefício da população, sem pretender nada além do bom combate, sem esperar recompensa que não seja o respeito da comunidade.
O Acre teve a sorte de contar com pessoas assim, que lhe devolvem a esperança de dias melhores, de recuperar a autoestima e, ao lado de desenvolvimento material, recuperar a confiança nas pessoas, não se envergonhar de atuar com comportamento ético e dar aos jovens o exemplo de postura e de convívio social saudável.
Estou certo de que o modelo do Acre precisa não só ser conhecido, mas imitado pela geração que ascende ao poder, sem os vícios dos que utilizaram a política de forma degradante, dando aos jovens exemplos de comportamento que devem ser sepultados.
Voltei do Acre com a esperança renovada e a certeza de que com competência, seriedade e vontade de servir, pelo prazer que isto proporciona, pode-se mudar a realidade e repor o privilégio dos princípios sobre os interesses.


ADIB D. JATENE, 81, cardiologista, é professor emérito da Faculdade de Medicina da USP e diretor-geral do Hospital do Coração. Foi ministro da Saúde (governos Collor e FHC), secretário da Saúde do Estado de São Paulo (governo Maluf) e diretor do InCor.

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