quinta-feira, 4 de março de 2010

O NAUFRÁGIO DE SERRA.



Começa a se repetir o script eleitoral de 2002 para o governador de São Paulo, José Serra. Trecho de uma matéria do site Terra Magazine, de autoria de Bob Fernandes, resume o processo autofágico em que sua pré-candidatura à Presidência mergulhou:

“Às 11h55, na inauguração da Cidade Administrativa de Minas Gerais, com o governador José Serra e cúpula do PSDB presentes, os três mil convidados quebram o ritual tucano e gritam: ‘Aécio presidente! Aécio presidente!’ (...)”

Concomitantemente com a sua lenta, gradual e segura queda nas pesquisas, o notoriamente ardiloso governador paulista vai naufragando não só nelas, mas, também, nas alianças.

Apesar da popularidade estrondosa do cabo eleitoral Lula e da aprovação imensa ao seu governo, o processo de apodrecimento da candidatura daquele que é a aposta da direita para retomar controle do Estado surpreende pela prematuridade.

Só quem não entende os princípios da política é que tampouco entende que os métodos serristas estão na raiz de sua progressiva débâcle eleitoral. Vejam só o caso de Aécio Neves. Hesito em publicar aqui os insultos que o principal blogueiro de Serra fez ao correligionário mineiro dele por este ter desafiado sua hegemonia no PSDB.

O uso excessivo dos jornais, revistas, tevês, rádios e portais de internet de Serra contra Dilma e Lula, por sua vez, escancarou a estratégia do tucano para a parcela mais politizada da sociedade. Não é por outra razão que Lula tem aprovação majoritária também entre os mais ricos e escolarizados e que, nesse segmento, Dilma se sai melhor que entre os mais pobres.

Outro componente importante para o naufrágio eleitoral do governador paulista, claro, é o colapso de sua administração em setores que todos sabem. Contudo, o caráter dele assusta até os seus correligionários.

Não se sabe se sua tropa de choque na mídia age como age a seu mando ou se extrapola simplesmente por querer mostrar serviço, mas o fato é que o autoritarismo e a crença cega no poder midiático e na tática da “desconstrução” o inviabilizou novamente.

A pressão extremada dos veículos de comunicação e da cúpula do PSDB sobre Aécio torna sua recusa em compor a chapa serrista cada vez mais irreversível. E nem Serra nem a mídia desistem.

Fosse outro o candidato do PSDB, alguém que não se mostrasse tão incontrolavelmente mau-caráter, acredito que a eleição seria uma incógnita maior. Como a conduta de Serra é pavloviana, é possível que ele afunde de vez bem antes de outubro.



Escrito por Eduardo Guimarães às 18h11

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